Quatro amigos e sócios de uma empresa bem sucedida, discutindo por mais de uma hora, tentando escolher qual deles vai passar 7 anos na cadeia após a Receita Federal descobrir uma transação ilegal que todos estavam cientes. É exatamente isso: 77 minutos em uma mesma locação, com apenas 5 atores e só diálogos! Essa é a história de "7 anos", produção Original da Netflix de 2016. O conceito é o mesmo (ou muito parecido) que vimos nos bem sucedidos "Perfectos Desconocidos"e de "El Bar" - do genial Álex de la Iglesia!
Muito talentoso, premiado em filmes anteriores e diretor de alguns episódios da série "As telefonistas", Roger Gual guia a história de uma forma muito segura. Nos coloca no meio de discussões que deixariam qualquer um constrangido, tantas são as camadas que o texto começa a desvendar conforme o tempo (e a paciência dos personagens) vai passando. É impressionante como não nos damos conta que estamos quase sempre no mesmo ambiente, com as mesmas pessoas. O Fato é que "7 anos" tem diálogos inteligentes e atores muito bem dirigidos (destaque para o ótimo Manuel Morón).
Não é um filme tão fácil, nem todos vão vão gostar, mas se você vem assistindo a nova geração de diretores (e filmes) espanhóis e tem se divertido, "7 años" é, digamos, uma versão mais séria desse movimento!
Vale o play!
Quatro amigos e sócios de uma empresa bem sucedida, discutindo por mais de uma hora, tentando escolher qual deles vai passar 7 anos na cadeia após a Receita Federal descobrir uma transação ilegal que todos estavam cientes. É exatamente isso: 77 minutos em uma mesma locação, com apenas 5 atores e só diálogos! Essa é a história de "7 anos", produção Original da Netflix de 2016. O conceito é o mesmo (ou muito parecido) que vimos nos bem sucedidos "Perfectos Desconocidos"e de "El Bar" - do genial Álex de la Iglesia!
Muito talentoso, premiado em filmes anteriores e diretor de alguns episódios da série "As telefonistas", Roger Gual guia a história de uma forma muito segura. Nos coloca no meio de discussões que deixariam qualquer um constrangido, tantas são as camadas que o texto começa a desvendar conforme o tempo (e a paciência dos personagens) vai passando. É impressionante como não nos damos conta que estamos quase sempre no mesmo ambiente, com as mesmas pessoas. O Fato é que "7 anos" tem diálogos inteligentes e atores muito bem dirigidos (destaque para o ótimo Manuel Morón).
Não é um filme tão fácil, nem todos vão vão gostar, mas se você vem assistindo a nova geração de diretores (e filmes) espanhóis e tem se divertido, "7 años" é, digamos, uma versão mais séria desse movimento!
Vale o play!
Acho que um dos grandes méritos dessa "segunda fase" do Globoplay é fazer o caminho inverso ao da Netflix, mas com o objetivo de chegar, exatamente, no mesmo lugar. Quando o Globoplay foi lançado, encontrávamos apenas conteúdo da Globo, ou seja, um catálogo enorme de produções próprias de altíssima qualidade, mas que não eram inéditos e representavam um material com características bem regionais. Com o tempo a plataforma foi mudando sua estratégia, ampliando seu olhar para o mercado e alinhando seu conteúdo inédito com as estréias da TV, até que veio a excelente sacada de lançar antes na plataforma e, em alguns casos, tudo de uma vez para o usuário "maratonar". Agora o Globoplay evoluiu ainda mais, pois passou a produzir projetos exclusivos para o streaming, sem nem passar pela TV e também licenciar conteúdo criado (e exibido) fora da emissora!!! Vamos falar muito desses conteúdos, mas fiz essa introdução toda apenas para dizer que: "A Million Little Things" está lá, no Globoplay, e você não pode deixar de assistir!!!!!
Essa série é a versão da ABC do sucesso da NBC, "This is Us". Na verdade uma série não tem nada a ver com a outra no seu conteúdo, mas a forma de contar a história e os sentimentos que ela é capaz de gerar ao assistirmos cada episódio é exatamente o mesmo! "A Million Little Things" não foca na família, foca na amizade! Seu ponto de partida é o suicídio de um dos protagonistas e, sempre misturando passado e presente, como essa tragédia refletiu na vida de cada um dos seus melhores amigos. Veja o trailer:
A trama não é complicada e talvez não tenha a genialidade narrativa de "This is Us", mas entrega um entretenimento de muita qualidade, humano, sensível e muito, mas muito, fácil de se identificar. Cada um dos personagens tem seu fantasma, seu drama pessoal, mas o roteiro não faz questão nenhuma de enrolar a audiência, ele vai mostrando cada traço da personalidade dos personagens e suas respectivas ações de uma maneira muito orgânica e de repente, você está preso na trama e quer saber sempre mais. Todo episódio tem um detalhe novo que te coloca imediatamente na posição do outro - até julgamento fazemos...rs. Eu assisti três episódios de uma levada só e não queria parar. Durante a 1ª temporada minha única dúvida era se episódios manteriam a qualidade inicial e não se perderiam pelo número absurdo que a TV aberta americana ainda exige para manter sua audiência - para se ter uma idéia são 17 episódios, um absurdo se compararmos com os 10 (em média) do streaming!
O elenco é excelente, a direção muito competente - repare no movimento de camera, com uma levada mais solta, equilibrando o documental com a ficção. Muitos planos fechados para captar as sensações dos personagens - enfim, bebeu da fonte de "This is Us" com muita competência e quem ganhou foi o publico com uma série de ótima qualidade!!! Não deixe de assistir, você vai me agradecer por isso!!! Globoplay, como era de se esperar, não veio para brincar...
Acho que um dos grandes méritos dessa "segunda fase" do Globoplay é fazer o caminho inverso ao da Netflix, mas com o objetivo de chegar, exatamente, no mesmo lugar. Quando o Globoplay foi lançado, encontrávamos apenas conteúdo da Globo, ou seja, um catálogo enorme de produções próprias de altíssima qualidade, mas que não eram inéditos e representavam um material com características bem regionais. Com o tempo a plataforma foi mudando sua estratégia, ampliando seu olhar para o mercado e alinhando seu conteúdo inédito com as estréias da TV, até que veio a excelente sacada de lançar antes na plataforma e, em alguns casos, tudo de uma vez para o usuário "maratonar". Agora o Globoplay evoluiu ainda mais, pois passou a produzir projetos exclusivos para o streaming, sem nem passar pela TV e também licenciar conteúdo criado (e exibido) fora da emissora!!! Vamos falar muito desses conteúdos, mas fiz essa introdução toda apenas para dizer que: "A Million Little Things" está lá, no Globoplay, e você não pode deixar de assistir!!!!!
Essa série é a versão da ABC do sucesso da NBC, "This is Us". Na verdade uma série não tem nada a ver com a outra no seu conteúdo, mas a forma de contar a história e os sentimentos que ela é capaz de gerar ao assistirmos cada episódio é exatamente o mesmo! "A Million Little Things" não foca na família, foca na amizade! Seu ponto de partida é o suicídio de um dos protagonistas e, sempre misturando passado e presente, como essa tragédia refletiu na vida de cada um dos seus melhores amigos. Veja o trailer:
A trama não é complicada e talvez não tenha a genialidade narrativa de "This is Us", mas entrega um entretenimento de muita qualidade, humano, sensível e muito, mas muito, fácil de se identificar. Cada um dos personagens tem seu fantasma, seu drama pessoal, mas o roteiro não faz questão nenhuma de enrolar a audiência, ele vai mostrando cada traço da personalidade dos personagens e suas respectivas ações de uma maneira muito orgânica e de repente, você está preso na trama e quer saber sempre mais. Todo episódio tem um detalhe novo que te coloca imediatamente na posição do outro - até julgamento fazemos...rs. Eu assisti três episódios de uma levada só e não queria parar. Durante a 1ª temporada minha única dúvida era se episódios manteriam a qualidade inicial e não se perderiam pelo número absurdo que a TV aberta americana ainda exige para manter sua audiência - para se ter uma idéia são 17 episódios, um absurdo se compararmos com os 10 (em média) do streaming!
O elenco é excelente, a direção muito competente - repare no movimento de camera, com uma levada mais solta, equilibrando o documental com a ficção. Muitos planos fechados para captar as sensações dos personagens - enfim, bebeu da fonte de "This is Us" com muita competência e quem ganhou foi o publico com uma série de ótima qualidade!!! Não deixe de assistir, você vai me agradecer por isso!!! Globoplay, como era de se esperar, não veio para brincar...
Uma das maiores discussões assim que saíram os indicados para o Oscar de 2020 foi a ausência de Jennifer Lopez pelo seu trabalho em "As Golpistas"! Após assistir ao filme, fica claro que Lopez tinha total condição de estar entre as cinco, seu trabalho realmente merece elogios e ela carrega o filme nas costas, mas é um fato que ela deu um pouco de azar pelo alto nível da temporada - eu mesmo posso citar pelo menos mais uma ou duas atrizes que também mereciam estar entre as indicadas: caso da Awkwafina e da Lupita Nyong'o, por exemplo.
Pois bem, disse tudo isso para afirmar que "As Golpistas" se apoia muito na qualidade do seu elenco e como o próprio nome do filme sugere, as personagens tem importância vital perante a história, repare: são strippers que esquematizavam golpes sobre seus clientes cheios da grana, na maioria vindo de Wall Street, que se beneficiavam da situação de crise que assolava o país e, na visão delas, não sofreriam ao perder um pouco de dinheiro em uma noitada de "diversão". Confira o trailer:
Baseado no artigo da New York Magazine "The Hustlers at Scores", assinado pela jornalista Jessica Pressler, e fielmente adaptado pela roteirista Lorene Scafaria, "Hustlers" (título original) entrega quase duas horas de uma trama, se não original, muito bem construída. A apresentação dos fatos segue uma estrutura narrativa que quebra a linha do tempo, mas não confunde quem assiste graças a algumas inserções gráficas que indicam um período especifico da história. A partir dos relatos de Destiny (Constance Wu) para Elizabeth (Julia Stiles), vamos conhecendo cada uma das personagens e os motivos que as colocaram nos crimes.
Muito bem dirigido pela própria Lorene Scafaria, o filme nos transporta para o "submundo" de Wall Street pelos olhos femininos - e isso talvez seja o maior mérito do filme! Quando essa perspectiva ganha força, automaticamente criamos empatia com as personagens e, por incrível que pareça, não as julgamos. É preciso dizer, porém, que o filme oscila um pouco até o meio do segundo ato quando Ramona (Jennifer Lopez) assume a liderança do próprio negócio e cria uma equipe de garotas golpistas para drogar seus clientes e estourar os limites de seus cartões de crédito. O próprio ritmo da direção e da montagem ganha mais vida e parece que a história flui melhor a partir daí.
"As Golpistas" é um ótimo entretenimento, bem despretensioso e muito fácil de se divertir. Com uma trilha sonora sensacional, o empoderamento feminino ganha um ritmo de "vingança" que não agride quem assiste, mas nos enche de curiosidade para saber onde tudo aquilo vai dar - "A Grande Jogada", filme do Diretor e Roteirista Aaron Sorkin tem muito disso!
Vale seu play!
Uma das maiores discussões assim que saíram os indicados para o Oscar de 2020 foi a ausência de Jennifer Lopez pelo seu trabalho em "As Golpistas"! Após assistir ao filme, fica claro que Lopez tinha total condição de estar entre as cinco, seu trabalho realmente merece elogios e ela carrega o filme nas costas, mas é um fato que ela deu um pouco de azar pelo alto nível da temporada - eu mesmo posso citar pelo menos mais uma ou duas atrizes que também mereciam estar entre as indicadas: caso da Awkwafina e da Lupita Nyong'o, por exemplo.
Pois bem, disse tudo isso para afirmar que "As Golpistas" se apoia muito na qualidade do seu elenco e como o próprio nome do filme sugere, as personagens tem importância vital perante a história, repare: são strippers que esquematizavam golpes sobre seus clientes cheios da grana, na maioria vindo de Wall Street, que se beneficiavam da situação de crise que assolava o país e, na visão delas, não sofreriam ao perder um pouco de dinheiro em uma noitada de "diversão". Confira o trailer:
Baseado no artigo da New York Magazine "The Hustlers at Scores", assinado pela jornalista Jessica Pressler, e fielmente adaptado pela roteirista Lorene Scafaria, "Hustlers" (título original) entrega quase duas horas de uma trama, se não original, muito bem construída. A apresentação dos fatos segue uma estrutura narrativa que quebra a linha do tempo, mas não confunde quem assiste graças a algumas inserções gráficas que indicam um período especifico da história. A partir dos relatos de Destiny (Constance Wu) para Elizabeth (Julia Stiles), vamos conhecendo cada uma das personagens e os motivos que as colocaram nos crimes.
Muito bem dirigido pela própria Lorene Scafaria, o filme nos transporta para o "submundo" de Wall Street pelos olhos femininos - e isso talvez seja o maior mérito do filme! Quando essa perspectiva ganha força, automaticamente criamos empatia com as personagens e, por incrível que pareça, não as julgamos. É preciso dizer, porém, que o filme oscila um pouco até o meio do segundo ato quando Ramona (Jennifer Lopez) assume a liderança do próprio negócio e cria uma equipe de garotas golpistas para drogar seus clientes e estourar os limites de seus cartões de crédito. O próprio ritmo da direção e da montagem ganha mais vida e parece que a história flui melhor a partir daí.
"As Golpistas" é um ótimo entretenimento, bem despretensioso e muito fácil de se divertir. Com uma trilha sonora sensacional, o empoderamento feminino ganha um ritmo de "vingança" que não agride quem assiste, mas nos enche de curiosidade para saber onde tudo aquilo vai dar - "A Grande Jogada", filme do Diretor e Roteirista Aaron Sorkin tem muito disso!
Vale seu play!
O novo filmedirigido pelo Spike Lee é extremamente interessante por inverter o processo de re-adaptação de um ex-combatente da Guerra do Vietnã. Enquanto o retorno para casa sempre guiou essa jornada, o diretor faz justamente uma provocação: o que aconteceria se soldados veteranosvoltassem ao Vietnã décadas depois? "Destacamento Blood" segue o conceito narrativo que Lee vem experimentando e que chamou tanto a atenção em "Infiltrado na Klan" - onde ele usa e abusa do seu repertório "multi-plataforma" para promover algum tipo de crítica social ou para expôr algum assunto político que precisa ser discutido!
Em "Destacamento Blood" acompanhamos quatro ex-soldados, não por acaso, negros, que retornam ao Vietnã com o objetivo de encontrar o corpo de um dos membros do destacamento, morto durante a guerra. Acontece que, na verdade, eles querem mesmo é reaver uma grande quantia de ouro que esconderam na época em que estavam em combate. Confira o trailer:
Embora no primeiro momento "Destacamento Blood" tenha um ar quase romântico de um "road movie", onde velhos amigos se reunem para (re)viver alguma grande experiência e finalmente encontrar uma espécie de "paz espiritual", logo percebemos que o filme vai muito além, nos surpreendendo com as várias camadas que Spike Lee nos mostra, sem a menor pressa, com o intuito de desmistificar a complexidade que é lidar com os fantasmas da Guerra. Acontece que os personagens trazem para si a humanidade de serem únicos, ou seja, o trauma se manifesta de maneira diferente entre eles e isso faz com que o conflito se instale de uma forma tão orgânica que fica completamente justificado o mapa mental do diretor ao conectar fatos reais com a ficção - mesmo que em alguns momentos possa parecer didático demais. A "grande experiência" que os amigos buscam está lá, claro, mas a forma como ela vai se materializando é que faz de "Destacamento Blood" o primeiro grande lançamento de 2020 - só por isso já valeria o seu play, mas tenha certeza: o filme tem muito mais para oferecer!
O roteiro é muito inteligente em alternar duas linhas temporais para nos mostrar o valor da amizade entre um grupo de soldados negros, mesmo com ideologias diferentes - e aqui já cabe um comentário sobre a direção de Lee: ele é extremamente inventivo desde as transições entre essas épocas distintas ao tipo de janela que ele usa para contar a história. Embora não seja nada original usar o 4:3 para definir o que é passado e o 16:9 para estabelecer o que é o presente, Lee vai além, ele divide os aspectos da imagem da seguinte forma: "1.33 : 1" nas cenas do passado, "1.85 : 1" para as cenas do presente que se passam na floresta e "2.39 : 1" para as cenas urbanas do presente. Além disso, o diretor brinca com diversas formas de captação de imagens, usando câmeras com negativos 8mm, 16 mm (o que trás aquele visual mais granulado para as cenas) até câmeras digitais, mais tradicionais nos dias de hoje!
Eu sei que as informações acima podem parecer técnicas demais, mas basta reparar na forma como cada fase da história é mostrada na tela que ficará fácil entender a razão pela qual Lee escolheu misturar tantas técnicas e tecnologias. Vale lembrar que o diretor de fotografia do filme é o Newton Thomas Sigel, muito elogiado pela sua criatividade no, também da Netflix, "Resgate"! Outro ponto alto de "Destacamento Blood" é o trabalho do elenco e o equilíbrio perfeito entre o drama e a comédia - se a leveza marca o tom dos primeiros minutos, a sua transformação é tão bem executada durante o segundo ato que temos a impressão de se tratar de um outro filme. O grande destaque, sem dúvida, é Delroy Lindo como Paul - pode ter certeza que, mesmo ainda sendo muito cedo, ele já entra como potencial indicado para o Oscar 2021! Uma decisão criativa do Spike Lee que favoreceu a exposição do elenco principal é que, mesmo em flashbacks,as cenas são interpretadas pelos mesmos atores e sem nenhuma caracterização para rejuvenescê-los, criando assim uma relação quase imaginativa para as cenas de combate - ficou lindo!
"Destacamento Blood" não é um filme de guerra; é notavelmente um drama bem estruturado onde a jornada dos personagens é apresentada em diferentes camadas para classificar as diferentes formas de lidar com o mesmo fantasma! Como todo filme de um diretor com uma identidade tão forte como o Spike Lee, você não vai encontrar uma obra fácil, ou superficial. Suas citações históricas e até a exposição contundente de sua luta, surgem dentro de um contexto que poucos seriam capazes de fazer e isso pode até diminuir a força dramática existente no imaginário de quem procura dramas de guerra, mas tranquilamente vai fortalecer a discussão sobre como lidar com personagens que nada mais são do que o reflexo histórico de uma nação desigual!
O novo filmedirigido pelo Spike Lee é extremamente interessante por inverter o processo de re-adaptação de um ex-combatente da Guerra do Vietnã. Enquanto o retorno para casa sempre guiou essa jornada, o diretor faz justamente uma provocação: o que aconteceria se soldados veteranosvoltassem ao Vietnã décadas depois? "Destacamento Blood" segue o conceito narrativo que Lee vem experimentando e que chamou tanto a atenção em "Infiltrado na Klan" - onde ele usa e abusa do seu repertório "multi-plataforma" para promover algum tipo de crítica social ou para expôr algum assunto político que precisa ser discutido!
Em "Destacamento Blood" acompanhamos quatro ex-soldados, não por acaso, negros, que retornam ao Vietnã com o objetivo de encontrar o corpo de um dos membros do destacamento, morto durante a guerra. Acontece que, na verdade, eles querem mesmo é reaver uma grande quantia de ouro que esconderam na época em que estavam em combate. Confira o trailer:
Embora no primeiro momento "Destacamento Blood" tenha um ar quase romântico de um "road movie", onde velhos amigos se reunem para (re)viver alguma grande experiência e finalmente encontrar uma espécie de "paz espiritual", logo percebemos que o filme vai muito além, nos surpreendendo com as várias camadas que Spike Lee nos mostra, sem a menor pressa, com o intuito de desmistificar a complexidade que é lidar com os fantasmas da Guerra. Acontece que os personagens trazem para si a humanidade de serem únicos, ou seja, o trauma se manifesta de maneira diferente entre eles e isso faz com que o conflito se instale de uma forma tão orgânica que fica completamente justificado o mapa mental do diretor ao conectar fatos reais com a ficção - mesmo que em alguns momentos possa parecer didático demais. A "grande experiência" que os amigos buscam está lá, claro, mas a forma como ela vai se materializando é que faz de "Destacamento Blood" o primeiro grande lançamento de 2020 - só por isso já valeria o seu play, mas tenha certeza: o filme tem muito mais para oferecer!
O roteiro é muito inteligente em alternar duas linhas temporais para nos mostrar o valor da amizade entre um grupo de soldados negros, mesmo com ideologias diferentes - e aqui já cabe um comentário sobre a direção de Lee: ele é extremamente inventivo desde as transições entre essas épocas distintas ao tipo de janela que ele usa para contar a história. Embora não seja nada original usar o 4:3 para definir o que é passado e o 16:9 para estabelecer o que é o presente, Lee vai além, ele divide os aspectos da imagem da seguinte forma: "1.33 : 1" nas cenas do passado, "1.85 : 1" para as cenas do presente que se passam na floresta e "2.39 : 1" para as cenas urbanas do presente. Além disso, o diretor brinca com diversas formas de captação de imagens, usando câmeras com negativos 8mm, 16 mm (o que trás aquele visual mais granulado para as cenas) até câmeras digitais, mais tradicionais nos dias de hoje!
Eu sei que as informações acima podem parecer técnicas demais, mas basta reparar na forma como cada fase da história é mostrada na tela que ficará fácil entender a razão pela qual Lee escolheu misturar tantas técnicas e tecnologias. Vale lembrar que o diretor de fotografia do filme é o Newton Thomas Sigel, muito elogiado pela sua criatividade no, também da Netflix, "Resgate"! Outro ponto alto de "Destacamento Blood" é o trabalho do elenco e o equilíbrio perfeito entre o drama e a comédia - se a leveza marca o tom dos primeiros minutos, a sua transformação é tão bem executada durante o segundo ato que temos a impressão de se tratar de um outro filme. O grande destaque, sem dúvida, é Delroy Lindo como Paul - pode ter certeza que, mesmo ainda sendo muito cedo, ele já entra como potencial indicado para o Oscar 2021! Uma decisão criativa do Spike Lee que favoreceu a exposição do elenco principal é que, mesmo em flashbacks,as cenas são interpretadas pelos mesmos atores e sem nenhuma caracterização para rejuvenescê-los, criando assim uma relação quase imaginativa para as cenas de combate - ficou lindo!
"Destacamento Blood" não é um filme de guerra; é notavelmente um drama bem estruturado onde a jornada dos personagens é apresentada em diferentes camadas para classificar as diferentes formas de lidar com o mesmo fantasma! Como todo filme de um diretor com uma identidade tão forte como o Spike Lee, você não vai encontrar uma obra fácil, ou superficial. Suas citações históricas e até a exposição contundente de sua luta, surgem dentro de um contexto que poucos seriam capazes de fazer e isso pode até diminuir a força dramática existente no imaginário de quem procura dramas de guerra, mas tranquilamente vai fortalecer a discussão sobre como lidar com personagens que nada mais são do que o reflexo histórico de uma nação desigual!
Daqui alguns anos, "Extraordinário" vai passar na Sessão da Tarde tantas vezes quanto "Meu primeiro amor" passou e nem por isso vamos deixar de assistir.
Baseado no best-seller do New York Times, Wonder (título original) lançado por R.J. Palacio em 2012, o filme conta uma inspiradora e emocionante história de um menino, August Pullman (Jacob Tremblay), que tem uma deformidade facial e que, já com 10 anos, é incentivado a frequentar uma escola normal pela primeira vez. Confira o trailer:
"Extraordinário" é um filme delicado, mas acabou se tornando, propositalmente, superficial demais. Explorar algumas discussões tão pertinentes nos dias de hoje nunca foi o foco: claro que o roteiro não deixa de abordar temas como o bullying, mas, de fato, optou por trabalhar com leveza o assunto, mostrando a atitude muito mais como um reflexo de problemas emocionais de quem pratica do que se apegando às profundas marcas que podem deixar em quem sofre. O filme também poderia ter ido mais fundo em outra questão importante: o preconceito - seria uma grande oportunidade, mas a jornada de superação de Auggie era mais relevante para a história do que levantar qualquer uma dessas bandeiras, mas é importante dizer que está tudo lá, basta saber enxergar e entender que o objetivo nunca foi chocar!
Ao fugir dos assuntos mais polêmicos, o filme ficou muito agradável de assistir, deixando claro que seu único objetivo era te fazer chorar - e nesse aspecto cumpre com louvor...rs!
"Extraordinário" vale a pena como entretenimento, mas não espere muito mais que um filme bonitinho e muito emocionante!
Daqui alguns anos, "Extraordinário" vai passar na Sessão da Tarde tantas vezes quanto "Meu primeiro amor" passou e nem por isso vamos deixar de assistir.
Baseado no best-seller do New York Times, Wonder (título original) lançado por R.J. Palacio em 2012, o filme conta uma inspiradora e emocionante história de um menino, August Pullman (Jacob Tremblay), que tem uma deformidade facial e que, já com 10 anos, é incentivado a frequentar uma escola normal pela primeira vez. Confira o trailer:
"Extraordinário" é um filme delicado, mas acabou se tornando, propositalmente, superficial demais. Explorar algumas discussões tão pertinentes nos dias de hoje nunca foi o foco: claro que o roteiro não deixa de abordar temas como o bullying, mas, de fato, optou por trabalhar com leveza o assunto, mostrando a atitude muito mais como um reflexo de problemas emocionais de quem pratica do que se apegando às profundas marcas que podem deixar em quem sofre. O filme também poderia ter ido mais fundo em outra questão importante: o preconceito - seria uma grande oportunidade, mas a jornada de superação de Auggie era mais relevante para a história do que levantar qualquer uma dessas bandeiras, mas é importante dizer que está tudo lá, basta saber enxergar e entender que o objetivo nunca foi chocar!
Ao fugir dos assuntos mais polêmicos, o filme ficou muito agradável de assistir, deixando claro que seu único objetivo era te fazer chorar - e nesse aspecto cumpre com louvor...rs!
"Extraordinário" vale a pena como entretenimento, mas não espere muito mais que um filme bonitinho e muito emocionante!
Orlando, na Florida, é considerada a capital mundial das férias. Um paraíso que recebe anualmente milhões de turistas do mundo inteiro - uma espécie de "Reino Mágico" com incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos, etc. Mas Orlando tem o seu outro lado, sem tanto brilho, sem tanta diversão! É essa história que "Florida Project" teme em contar: Halley (Bria Vinaite) e sua filha Moonee (Brooklynn Prince), de seis anos, vivem em um motel barato de beira de estrada. Enquanto a mãe se vira entre um trabalho mal pago e uma vida caótica, Moonee e suas amigas do motel ao lado passam os dias explorando prédios abandonados, tomando sorvete e pregando peças nos funcionários – tendo como alvo especial o sempre paciente Bobby (Willem Dafoe). Confira o trailer:
Na maratona "Oscar 2018", acho que o filme que mais gostei (e o que tem menos indicações) foi "Florida Project"! Ele é quase um documentário, cruel, realista e visceral de uma sociedade americana que não costuma aparecer em Hollywood! O diretor Sean Baker (de "Tangerine") trouxe uma câmera solta, caótica as vezes - tudo isso para expor, sem pedir licença, as histórias por trás desse Motel baixo-custo de Orlando e, claro, de seus moradores - especialmente de uma mãe completamente irresponsável e de sua filha de 6 anos. São planos curtos, cortes secos e não lineares - o que dá uma dinâmica muito interessante para o filme. A fotografia do mexicano Alexis Zabe é sensacional, muitas vezes vista de baixo para cima, propositalmente sem um enquadramento perfeito e que escancara uma Orlando que não estamos acostumados e como ela interfere na vida dessas crianças "reais", sem condições de viver a magia que a cidade oferece aos turistas.
"Florida Project" é um filme muito interessante com uma narrativa inteligente e muito bem conduzida. O desenho de som, somada a essa fotografia, é um show a parte. A cada plano externo, ouvimos (e vemos) os helicópteros pousando ou decolando, jogando na nossa cara o abismo social que é discutido no filme. A indicação para o Oscar ficou por conta de Willem Dafoe (melhor ator coadjuvante) - essa indicação faz justiça a um belíssimo trabalho. E digo mais, daria pra ter colocado a criança, Brooklyn Prince, e a sua mãe Bria Vinaite, nessa disputa tranquilamente.
Olha, é um grande trabalho... Emocionante!!! Não deixem de assistir!!!
Orlando, na Florida, é considerada a capital mundial das férias. Um paraíso que recebe anualmente milhões de turistas do mundo inteiro - uma espécie de "Reino Mágico" com incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos, etc. Mas Orlando tem o seu outro lado, sem tanto brilho, sem tanta diversão! É essa história que "Florida Project" teme em contar: Halley (Bria Vinaite) e sua filha Moonee (Brooklynn Prince), de seis anos, vivem em um motel barato de beira de estrada. Enquanto a mãe se vira entre um trabalho mal pago e uma vida caótica, Moonee e suas amigas do motel ao lado passam os dias explorando prédios abandonados, tomando sorvete e pregando peças nos funcionários – tendo como alvo especial o sempre paciente Bobby (Willem Dafoe). Confira o trailer:
Na maratona "Oscar 2018", acho que o filme que mais gostei (e o que tem menos indicações) foi "Florida Project"! Ele é quase um documentário, cruel, realista e visceral de uma sociedade americana que não costuma aparecer em Hollywood! O diretor Sean Baker (de "Tangerine") trouxe uma câmera solta, caótica as vezes - tudo isso para expor, sem pedir licença, as histórias por trás desse Motel baixo-custo de Orlando e, claro, de seus moradores - especialmente de uma mãe completamente irresponsável e de sua filha de 6 anos. São planos curtos, cortes secos e não lineares - o que dá uma dinâmica muito interessante para o filme. A fotografia do mexicano Alexis Zabe é sensacional, muitas vezes vista de baixo para cima, propositalmente sem um enquadramento perfeito e que escancara uma Orlando que não estamos acostumados e como ela interfere na vida dessas crianças "reais", sem condições de viver a magia que a cidade oferece aos turistas.
"Florida Project" é um filme muito interessante com uma narrativa inteligente e muito bem conduzida. O desenho de som, somada a essa fotografia, é um show a parte. A cada plano externo, ouvimos (e vemos) os helicópteros pousando ou decolando, jogando na nossa cara o abismo social que é discutido no filme. A indicação para o Oscar ficou por conta de Willem Dafoe (melhor ator coadjuvante) - essa indicação faz justiça a um belíssimo trabalho. E digo mais, daria pra ter colocado a criança, Brooklyn Prince, e a sua mãe Bria Vinaite, nessa disputa tranquilamente.
Olha, é um grande trabalho... Emocionante!!! Não deixem de assistir!!!
Embora a revista Vogue tenha definido "Good Girls" como uma mistura de "Big Little Lies" e "Breaking Bad", eu diria que está mais para "Desperate Housewives" com "Rainhas do Crime" - e isso, por favor, não entendam como demérito, até porque a série de sucesso da NBC, distribuída pela Netflix, é muito (mas muito) divertida! Ela é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho (no caso três protagonistas) vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair! Ao adicionar uma passagem importante da sua sinopse: "três mães decidem que o crime é a única opção para salvar suas famílias"; fica impossível não relacionar com Breaking Bad - e faz até sentido, mas, infelizmente, não dá para cobrar mais do que um ou outro elemento narrativo similar!
"Good Girls" acompanha a jornada de três mães de família em um momento onde precisam lidar com questões difíceis em suas vidas. Beth (Christina Hendricks) descobre que está sendo traída pelo marido depois de 20 anos de casada e, para piorar, ele contraiu uma dívida enorme de hipoteca; Ruby (Retta) e o marido Stan (Reno Wilson) não tem condições de bancar o tratamento médico da filha que precisa urgentemente de um transplante de rim; e Annie (Mae Whitman) precisa se resolver com o ex-marido, que luta pela guarda da filha de 11 anos, Sadie (Izzy Stannard).O fato é que as três precisam de muito dinheiro e por isso resolvem assaltar um supermercado local, o problema é que as consequências desta escolha colocam o trio frente a frente com um dos criminosos mais procurados de Detroit. Confira o trailer:
Já pelo trailer é possível reconhecer muito do tom de "Desperate Housewives" na narrativa, e isso não acontece por acaso: Jenna Bans foi roteirista da série. Embora ela entregue com muita competência uma história que desafia o conceito da vida pacata de uma “boa mãe, esposa e dona de casa” ao mesmo tempo em que se constrói uma (ou três) persona completamente estereotipada do empoderamento "custe o que custar" em meio a traições, crimes e vinganças; é explicita a falta que faz a genialidade de um Vince Gilligan no comando - tanto do roteiro, quanto da direção! Eu devorei os 10 primeiros episódios da primeira temporada e tenho certeza que o fã de Breaking Bad vai curtir também, mas não espere a profundidade no desenvolvimento dos personagens (o que é uma pena) e muito menos uma identidade narrativa e visual marcantes - mas disso falaremos mais a frente! Por enquanto é fácil afirmar: "Good Girls" vale muito pela diversão, pelo entretenimento e pela sensação de sentir algumas das angustias que para esse estilo de série é fundamental!
A primeira temporada de "Good Girls" realmente parece uma brincadeira - no melhor sentido da palavra. Embora traga elementos sérios como um assalto a mão armada, ameaças de morte, sequestros, extorsões e até uma tentativa de estupro, o tom escolhido ameniza a tensão visual e nos provoca muito mais por empatia do que por identificação às personagens. Ao se auto-definir como o "Breaking Bad de mulheres", trazemos a referência de um projeto muito bem construído em sua narrativa, principalmente na transformação dos personagens ao longo das temporadas. É claro que ainda é muito cedo para afirmar que "Good Girls" foge desse objetivo, mas quando vemos em um episódio Beth sofrendo como a esposa traída, mãe de quatro filhos e ainda falida, e no outro ela já se comporta como uma rainha do crime, perdemos completamente aquela experiência de julgamento moral que nos convidava à discussão após os episódios de Breaking Bad. Embora Christina Hendricks esteja dando um show, sua personagem sofre com a superficialidade de suas próprias dores. Quando falamos de Retta e Mae Whitman isso fica ainda mais evidente, porém é de se elogiar a química entre as três atrizes e a forma como a história vai unindo suas personagens e seus respectivos dramas.
Michael Weaver, o principal diretor da série, usa da sua experiencia como diretor de fotografia de Pushing Daisies para trazer um pouco de identidade para "Good Girls" - e aqui é preciso admitir: por se tratar de uma série da TV aberta dos EUA, fica muito complicado pesar a mão e assustar a audiência. O próprio "Breaking Bad", que era da TV fechada, foi construindo a sua durante as temporadas e só se tornou uma relevante, lá pela segunda temporada quando sua trama já estava estabelecida e aí o conceito visual passou a fazer parte da história quase como um protagonista! "Good Girls" é muito bem produzida, mas não arrisca!
Para mim, a série foi uma grande surpresa - me diverti muito. Em alguns momentos senti que faltou coragem para colocar a história em outro nível - como, por exemplo, assumir a tensão sexual entre Rio e Beth. Sacrificar um personagem-chave para mover a história em outra direção também seria interessante - imagina se a filha de Ruby morre por não aceitarem o cheque que pagaria o transplante! Não sei se devemos esperar por essa dramaticidade, mesmo que fantasiada de comédia - não acredito que "Good Girls" possa ir por esse caminho, mas achei tão bacana o que assisti até aqui, que vou pagar para ver e acho que você deveria fazer o mesmo. A segunda temporada já está disponível e uma terceira deve ser lançada ainda em 2020.
Vale muito o seu play! Diversão garantida!
Embora a revista Vogue tenha definido "Good Girls" como uma mistura de "Big Little Lies" e "Breaking Bad", eu diria que está mais para "Desperate Housewives" com "Rainhas do Crime" - e isso, por favor, não entendam como demérito, até porque a série de sucesso da NBC, distribuída pela Netflix, é muito (mas muito) divertida! Ela é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho (no caso três protagonistas) vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair! Ao adicionar uma passagem importante da sua sinopse: "três mães decidem que o crime é a única opção para salvar suas famílias"; fica impossível não relacionar com Breaking Bad - e faz até sentido, mas, infelizmente, não dá para cobrar mais do que um ou outro elemento narrativo similar!
"Good Girls" acompanha a jornada de três mães de família em um momento onde precisam lidar com questões difíceis em suas vidas. Beth (Christina Hendricks) descobre que está sendo traída pelo marido depois de 20 anos de casada e, para piorar, ele contraiu uma dívida enorme de hipoteca; Ruby (Retta) e o marido Stan (Reno Wilson) não tem condições de bancar o tratamento médico da filha que precisa urgentemente de um transplante de rim; e Annie (Mae Whitman) precisa se resolver com o ex-marido, que luta pela guarda da filha de 11 anos, Sadie (Izzy Stannard).O fato é que as três precisam de muito dinheiro e por isso resolvem assaltar um supermercado local, o problema é que as consequências desta escolha colocam o trio frente a frente com um dos criminosos mais procurados de Detroit. Confira o trailer:
Já pelo trailer é possível reconhecer muito do tom de "Desperate Housewives" na narrativa, e isso não acontece por acaso: Jenna Bans foi roteirista da série. Embora ela entregue com muita competência uma história que desafia o conceito da vida pacata de uma “boa mãe, esposa e dona de casa” ao mesmo tempo em que se constrói uma (ou três) persona completamente estereotipada do empoderamento "custe o que custar" em meio a traições, crimes e vinganças; é explicita a falta que faz a genialidade de um Vince Gilligan no comando - tanto do roteiro, quanto da direção! Eu devorei os 10 primeiros episódios da primeira temporada e tenho certeza que o fã de Breaking Bad vai curtir também, mas não espere a profundidade no desenvolvimento dos personagens (o que é uma pena) e muito menos uma identidade narrativa e visual marcantes - mas disso falaremos mais a frente! Por enquanto é fácil afirmar: "Good Girls" vale muito pela diversão, pelo entretenimento e pela sensação de sentir algumas das angustias que para esse estilo de série é fundamental!
A primeira temporada de "Good Girls" realmente parece uma brincadeira - no melhor sentido da palavra. Embora traga elementos sérios como um assalto a mão armada, ameaças de morte, sequestros, extorsões e até uma tentativa de estupro, o tom escolhido ameniza a tensão visual e nos provoca muito mais por empatia do que por identificação às personagens. Ao se auto-definir como o "Breaking Bad de mulheres", trazemos a referência de um projeto muito bem construído em sua narrativa, principalmente na transformação dos personagens ao longo das temporadas. É claro que ainda é muito cedo para afirmar que "Good Girls" foge desse objetivo, mas quando vemos em um episódio Beth sofrendo como a esposa traída, mãe de quatro filhos e ainda falida, e no outro ela já se comporta como uma rainha do crime, perdemos completamente aquela experiência de julgamento moral que nos convidava à discussão após os episódios de Breaking Bad. Embora Christina Hendricks esteja dando um show, sua personagem sofre com a superficialidade de suas próprias dores. Quando falamos de Retta e Mae Whitman isso fica ainda mais evidente, porém é de se elogiar a química entre as três atrizes e a forma como a história vai unindo suas personagens e seus respectivos dramas.
Michael Weaver, o principal diretor da série, usa da sua experiencia como diretor de fotografia de Pushing Daisies para trazer um pouco de identidade para "Good Girls" - e aqui é preciso admitir: por se tratar de uma série da TV aberta dos EUA, fica muito complicado pesar a mão e assustar a audiência. O próprio "Breaking Bad", que era da TV fechada, foi construindo a sua durante as temporadas e só se tornou uma relevante, lá pela segunda temporada quando sua trama já estava estabelecida e aí o conceito visual passou a fazer parte da história quase como um protagonista! "Good Girls" é muito bem produzida, mas não arrisca!
Para mim, a série foi uma grande surpresa - me diverti muito. Em alguns momentos senti que faltou coragem para colocar a história em outro nível - como, por exemplo, assumir a tensão sexual entre Rio e Beth. Sacrificar um personagem-chave para mover a história em outra direção também seria interessante - imagina se a filha de Ruby morre por não aceitarem o cheque que pagaria o transplante! Não sei se devemos esperar por essa dramaticidade, mesmo que fantasiada de comédia - não acredito que "Good Girls" possa ir por esse caminho, mas achei tão bacana o que assisti até aqui, que vou pagar para ver e acho que você deveria fazer o mesmo. A segunda temporada já está disponível e uma terceira deve ser lançada ainda em 2020.
Vale muito o seu play! Diversão garantida!
Dos indicados ao Oscar de 2019 na categoria "Melhor Filme", "Green Book" é sem dúvida o mais sensível!!! É uma espécie de "Sideways" com "Intouchables" no que há de melhor dos dois filmes.
Em um período onde a segregação racial imperava, o pianista Don Shirley (Mahershala Ali) resolve recrutar um motorista, Tony Vallelonga (Viggo Mortensen), para acompanhar-lo em uma turnê pelo sul dos EUA. O titulo do filme é uma referência ao guia usado na época para orientar os negros que viajavam pela região. Nele, eram indicados os hotéis, restaurantes e outros locais onde os negros tinham permissão para circular (e de fato esse guia existiu).
Agora fica fácil imaginar o quanto a amizade improvável dos dois personagens fortalece a relação da audiência com o filme - e o diretor Peter Farrelly (de "Debi & Lóide 2"- isso mesmo meu amigo, o cara está no Oscar agora...rs) não faz questão nenhuma de esconder essa sua estratégia - e ele entrega um grande filme!!!!!
"Green Book" recebeu 5 indicações: (1) "Edição", esquece, não vai levar - embora seja uma montagem muito competente, não trás elementos que justificariam uma vitória sobre "Vice", por exemplo! (2) "Roteiro Original", tem chance, mas a briga é de cachorro grande com "Vice" e "Roma"! (3) "Ator Coadjuvante", Mahershala Ali está incrível no personagem e é a minha aposta! (4) "Ator", Viggo Mortensen mereceu a indicação, é sua terceira e talvez a mais forte delas, mas em uma categoria com Christian Bale e Rami Malek acho muito improvável - uma pena, porque seria merecidíssimo! (5) "Filme", olha, vou dizer uma coisa que disse quando assisti "Moonlight" e "O Artista", não vou me surpreender se ganhar - é difícil, mas tem tantos elementos que a Academia adora, que é factível uma vitória correndo por fora!!!
O fato é que "Green Book" é um grande filme e se não tem a elegância cinematográfica de "Roma", tem, talvez, o único elemento que falta para "Roma" se tornar uma unanimidade: o carisma!!! Assista e me agradeça eternamente, vale muito o play!!!
Up-date: "Green Book" ganhou em três categorias no Oscar 2019: Roteiro Original, Ator Coadjuvante e Melhor Filme"!
Dos indicados ao Oscar de 2019 na categoria "Melhor Filme", "Green Book" é sem dúvida o mais sensível!!! É uma espécie de "Sideways" com "Intouchables" no que há de melhor dos dois filmes.
Em um período onde a segregação racial imperava, o pianista Don Shirley (Mahershala Ali) resolve recrutar um motorista, Tony Vallelonga (Viggo Mortensen), para acompanhar-lo em uma turnê pelo sul dos EUA. O titulo do filme é uma referência ao guia usado na época para orientar os negros que viajavam pela região. Nele, eram indicados os hotéis, restaurantes e outros locais onde os negros tinham permissão para circular (e de fato esse guia existiu).
Agora fica fácil imaginar o quanto a amizade improvável dos dois personagens fortalece a relação da audiência com o filme - e o diretor Peter Farrelly (de "Debi & Lóide 2"- isso mesmo meu amigo, o cara está no Oscar agora...rs) não faz questão nenhuma de esconder essa sua estratégia - e ele entrega um grande filme!!!!!
"Green Book" recebeu 5 indicações: (1) "Edição", esquece, não vai levar - embora seja uma montagem muito competente, não trás elementos que justificariam uma vitória sobre "Vice", por exemplo! (2) "Roteiro Original", tem chance, mas a briga é de cachorro grande com "Vice" e "Roma"! (3) "Ator Coadjuvante", Mahershala Ali está incrível no personagem e é a minha aposta! (4) "Ator", Viggo Mortensen mereceu a indicação, é sua terceira e talvez a mais forte delas, mas em uma categoria com Christian Bale e Rami Malek acho muito improvável - uma pena, porque seria merecidíssimo! (5) "Filme", olha, vou dizer uma coisa que disse quando assisti "Moonlight" e "O Artista", não vou me surpreender se ganhar - é difícil, mas tem tantos elementos que a Academia adora, que é factível uma vitória correndo por fora!!!
O fato é que "Green Book" é um grande filme e se não tem a elegância cinematográfica de "Roma", tem, talvez, o único elemento que falta para "Roma" se tornar uma unanimidade: o carisma!!! Assista e me agradeça eternamente, vale muito o play!!!
Up-date: "Green Book" ganhou em três categorias no Oscar 2019: Roteiro Original, Ator Coadjuvante e Melhor Filme"!
"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:
O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.
O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!
Vale muito a pena!
"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:
O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.
O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!
Vale muito a pena!
"Moonlight" é um grande filme - uma história que mostra uma realidade dura, mas sem ser piegas. Chega ser surpreendente como as coisas acontecem na vida do protagonista! "Moonlight" tem o mérito de focar nas ligações humanas e na auto-descoberta, através da vida de um jovem afro-americano desde a sua infância até à idade adulta, acompanhando a sua luta até encontrar um lugar no mundo à medida que vai crescendo em um bairro pobre de Miami. O filme é um retrato real da vida contemporânea da comunidade afro-americana ao mesmo tempo que é um convite à uma reflexão profundamente pessoal sobre identidade! Confira o trailer:
Sem dúvida, o melhor trabalho entre os indicados ao Oscar 2017 para melhor diretor ao lado do Denis Villeneuve (com "A Chegada") - e isso fez muita diferença no filme, pois a sensibilidade do diretor transformou uma jornada impactante (e até já vista) em algo original e surpreendente em muitos momentos. Baseado no projeto “In Moonlight Black Boys Look Blue” de Tarell Alvin McCraney, acompanhar a transformação na vida de Chiron (Ashton Sanders) durante três fases: infância, adolescência e maturidade, nos tira completamente da zona de conforto e nos move em uma incrível jornada - se não tão emotiva como em "Lion", certamente mais impactante!
Barry Jenkins mandou muito bem nas escolhas dos planos, dos movimentos e principalmente na direção dos atores - Mahershala Ali como Juan é quase uma barbada na categoria de ator coadjuvante! A maneira como Jenkins usou o silencio para trazer as sensações que a história pedia é impressionante! Confesso que não conhecia o trabalho dele e gostei muito! Um diretor com muita personalidade pra quem está apenas no segundo longa-metragem e que merece ser observado de perto - vale ressaltar que Barry Jenkins já tinha uma carreira bastante sólida em festivais de curtas-metragem e seu primeiro filme já havia chamado muita atenção dos críticos!
A fotografia de "Moonlight" do diretor James Laxton (companheiro de longa data de Jenkins desde seu primeiro curta em 2003) também é incrível, mas não acho que levaria o prêmio pelos concorrentes fortes que tem nessa categoria! Outra do elenco que mereceria o prêmio é a Naomie Harris que interpreta a mãe do protagonista e concorre como atriz coadjuvante! Está certo que o papel é um presente: uma viciada em crack! Ma ela simplesmente destrói!
Nas outras categorias em que o filme foi indicado, e são 8 no total, Roteiro Adaptado corre por fora, mas não me surpreenderia se ganhasse. Embora "Moonlight" tenha sido muito premiado em festivas pelo mundo, não acho que teria força pra desbancar os favoritos como Melhor Filme, embora tem tenha todos os elementos para isso! O que eu posso dizer é que, independente de qualquer coisa, temos mais um grande filme em uma temporada muito pulverizada nos gêneros!
Vale muito o seu play - daquele para ver e rever!
Up-date: "Moonlight" ganhou em três categorias no Oscar 2017: Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e, surpreendeu como, Melhor Filme!
"Moonlight" é um grande filme - uma história que mostra uma realidade dura, mas sem ser piegas. Chega ser surpreendente como as coisas acontecem na vida do protagonista! "Moonlight" tem o mérito de focar nas ligações humanas e na auto-descoberta, através da vida de um jovem afro-americano desde a sua infância até à idade adulta, acompanhando a sua luta até encontrar um lugar no mundo à medida que vai crescendo em um bairro pobre de Miami. O filme é um retrato real da vida contemporânea da comunidade afro-americana ao mesmo tempo que é um convite à uma reflexão profundamente pessoal sobre identidade! Confira o trailer:
Sem dúvida, o melhor trabalho entre os indicados ao Oscar 2017 para melhor diretor ao lado do Denis Villeneuve (com "A Chegada") - e isso fez muita diferença no filme, pois a sensibilidade do diretor transformou uma jornada impactante (e até já vista) em algo original e surpreendente em muitos momentos. Baseado no projeto “In Moonlight Black Boys Look Blue” de Tarell Alvin McCraney, acompanhar a transformação na vida de Chiron (Ashton Sanders) durante três fases: infância, adolescência e maturidade, nos tira completamente da zona de conforto e nos move em uma incrível jornada - se não tão emotiva como em "Lion", certamente mais impactante!
Barry Jenkins mandou muito bem nas escolhas dos planos, dos movimentos e principalmente na direção dos atores - Mahershala Ali como Juan é quase uma barbada na categoria de ator coadjuvante! A maneira como Jenkins usou o silencio para trazer as sensações que a história pedia é impressionante! Confesso que não conhecia o trabalho dele e gostei muito! Um diretor com muita personalidade pra quem está apenas no segundo longa-metragem e que merece ser observado de perto - vale ressaltar que Barry Jenkins já tinha uma carreira bastante sólida em festivais de curtas-metragem e seu primeiro filme já havia chamado muita atenção dos críticos!
A fotografia de "Moonlight" do diretor James Laxton (companheiro de longa data de Jenkins desde seu primeiro curta em 2003) também é incrível, mas não acho que levaria o prêmio pelos concorrentes fortes que tem nessa categoria! Outra do elenco que mereceria o prêmio é a Naomie Harris que interpreta a mãe do protagonista e concorre como atriz coadjuvante! Está certo que o papel é um presente: uma viciada em crack! Ma ela simplesmente destrói!
Nas outras categorias em que o filme foi indicado, e são 8 no total, Roteiro Adaptado corre por fora, mas não me surpreenderia se ganhasse. Embora "Moonlight" tenha sido muito premiado em festivas pelo mundo, não acho que teria força pra desbancar os favoritos como Melhor Filme, embora tem tenha todos os elementos para isso! O que eu posso dizer é que, independente de qualquer coisa, temos mais um grande filme em uma temporada muito pulverizada nos gêneros!
Vale muito o seu play - daquele para ver e rever!
Up-date: "Moonlight" ganhou em três categorias no Oscar 2017: Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e, surpreendeu como, Melhor Filme!
“Nada a esconder” (título original - "Le seu") é um filme francês distribuído pela Netflix que é mais uma adaptação do premiadíssimo filme italiano de 2016, “Perfetti Sconosciuti” que, inclusive, já tinha ganhado uma versão espanhola do genial Álex de la Iglesia e que por muito tempo figurou na lista “não deixe de assistir” da Viu Review!
Vamos lá, essa versão francesa é muito parecida com a versão espanhola: Em um jantar entre amigos, para aliviar as tensões típicas da convivência, eles resolvem fazer uma brincadeira: todos os celulares são colocados na mesa e qualquer mensagem, e-mail ou ligação que eles receberem devem ser compartilhadas com os outros em voz alta, imediatamente, não importando o assunto ou quem esteja do outro lado da linha. Bem, só por essa breve sinopse dá para imaginar o constrangimento que se torna esse jantar. Impossível não se colocar na situação dos personagens e o clima que que se estabelece é angustiante e divertido.
O diretor Fred Cavayé trouxe para o filme um pouco menos de non-sense que o diretor espanhol - até por característica cinematográfica; trabalhando aquelas mesmas situações de uma forma mais realista, quase dramáticas em alguns momentos. É um conceito narrativo que funciona - talvez eu tivesse até ido por esse caminho se eu fosse dirigir esse roteiro, mas admito que com essa escolha, perdemos um pouco da inventividade e da fantasia que o Álex de la Iglesia havia mostrado anteriormente e que encaixou tão bem na trama. Certamente, se eu não tivesse assistido a versão espanhola antes, eu teria colocado “Nada a esconder” na lista de imperdíveis com muita tranquilidade, mas eu gostaria de sugerir uma outra proposta com esse meu review: assistam as duas versões e vejam como, com um mesmo texto, os filmes podem ser tão diferentes e igualmente bons! Veja como o Non-sense espanhol é muito mais caricato e como o realismo francês é muito mais delicado. Veja como um não diminui o valor outro - é um bom exercício nos dias de hoje, afinal, ambos tem seus méritos, porém são sódiferentes! ;)
“Nada a esconder” merece ser visto tanto quando “Perfectos Desconocidos”. Vale o play!!!
“Nada a esconder” (título original - "Le seu") é um filme francês distribuído pela Netflix que é mais uma adaptação do premiadíssimo filme italiano de 2016, “Perfetti Sconosciuti” que, inclusive, já tinha ganhado uma versão espanhola do genial Álex de la Iglesia e que por muito tempo figurou na lista “não deixe de assistir” da Viu Review!
Vamos lá, essa versão francesa é muito parecida com a versão espanhola: Em um jantar entre amigos, para aliviar as tensões típicas da convivência, eles resolvem fazer uma brincadeira: todos os celulares são colocados na mesa e qualquer mensagem, e-mail ou ligação que eles receberem devem ser compartilhadas com os outros em voz alta, imediatamente, não importando o assunto ou quem esteja do outro lado da linha. Bem, só por essa breve sinopse dá para imaginar o constrangimento que se torna esse jantar. Impossível não se colocar na situação dos personagens e o clima que que se estabelece é angustiante e divertido.
O diretor Fred Cavayé trouxe para o filme um pouco menos de non-sense que o diretor espanhol - até por característica cinematográfica; trabalhando aquelas mesmas situações de uma forma mais realista, quase dramáticas em alguns momentos. É um conceito narrativo que funciona - talvez eu tivesse até ido por esse caminho se eu fosse dirigir esse roteiro, mas admito que com essa escolha, perdemos um pouco da inventividade e da fantasia que o Álex de la Iglesia havia mostrado anteriormente e que encaixou tão bem na trama. Certamente, se eu não tivesse assistido a versão espanhola antes, eu teria colocado “Nada a esconder” na lista de imperdíveis com muita tranquilidade, mas eu gostaria de sugerir uma outra proposta com esse meu review: assistam as duas versões e vejam como, com um mesmo texto, os filmes podem ser tão diferentes e igualmente bons! Veja como o Non-sense espanhol é muito mais caricato e como o realismo francês é muito mais delicado. Veja como um não diminui o valor outro - é um bom exercício nos dias de hoje, afinal, ambos tem seus méritos, porém são sódiferentes! ;)
“Nada a esconder” merece ser visto tanto quando “Perfectos Desconocidos”. Vale o play!!!
"O melhor está por vir" é um filme francês surpreendente, pois equilibra muito bem dois gêneros que, ao mesmo tempo tão diferentes, se completam: a comédia e o drama. Reparem na história: após descobrir por engano que seu melhor amigo, César (Patrick Bruel), está com câncer e que tem apenas três meses de vida, Arthur (Fabrice Luchini) precisa contar esse duro diagnóstico, porém ele acaba se atrapalhando e deixa a entender que quem está doente é ele e não César. A partir daí eles resolvem deixar os problemas do cotidiano para trás, recuperar o tempo perdido e viver o pouco tempo que lhes restam juntos, da melhor maneira possível!
Olha, o filme é realmente uma graça! Embora a premissa possa parecer batida, dolorida e até indicar uma história cheia de sofrimento fantasiado de nostalgia, "O melhor está por vir" é justamente o contrário, ele é leve, divertido, inteligente e muito sensível para transitar entre o amor e a dor, entre a vida e a morte, sem pegar atalhos! Confesso que fui pego de surpresa, não sabia muito sobre o filme e posso garantir que a experiência não poderia ter sido melhor. Vale muito a pena!
O roteiro, dos também diretores, Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, fala de amizade, claro, mas fala muito sobre o valor e a importância do perdão - para o outro e para si mesmo! É muito inteligente a maneira como o texto pontua algumas das situações de vida desses dois amigos de infância, com personalidades tão diferentes, que precisaram lidar com as consequências de algo que não saiu tão bem como planejado. Arthur tem uma personalidade difícil, sofre com o fim do seu casamento e com a dificuldade de se relacionar com a filha pré-adolescente. Já César é um fracassado profissional, que deve muito dinheiro, mas não abre mão da boa vida. O roteiro dá uma aula de estrutura, tudo é muito bem definido e perceptível: o primeiro ato funciona como apresentação dos personagens, a origem da amizade entre eles e suas particularidades emocionais. O conflito também é naturalmente construído e ainda fortalece a diferença e o estilo de vida de cada um, agora adultos , mas sempre pontuando um elo em comum: a forte amizade! O segundo ato, nos trás muitas referências de “Antes de Partir” com Jack Nicholson e Morgan Freeman, mas mesmo assim só faz aumentar nossa empatia com os personagens e nos divertir com as situações que eles estão passando juntos durante a jornada. E para finalizar, no terceiro ato, uma entrega sem ser excessivamente dramática, com uma mensagem completamente alinhada à tudo que foi construído durante a narrativa e o melhor: uma sensação de missão cumprida absurda - é lindo, emocionante e verdadeiro!
Se no inicio temos a sensação que "O melhor está por vir" é uma comédia "estilo pastelão" com atuações acima do tom, em seguida já percebemos algo mais suave, com mais pausas, olhares e uma química impressionante entre os dois atores que se sustenta até o final, onde a comédia, naturalmente, dá lugar ao drama - mas tudo, absolutamente tudo, sem perder a alma e a sutileza do texto - para mim, grande mérito de uma direção extremamente competente, técnica e segura de onde queria chegar! Uma menção importante: a fotografia do Guillaume Schiffman (indicado ao Oscar pelo "O Artista") é maravilhosa - vemos uma Paris pelos olhos de parisienses e isso faz toda a diferença - parece que estamos ouvindo uma história de quem realmente viveu tudo aquilo! É lindo!
Pode se preparar, "O melhor está por vir", vai mexer com seu coração, mas de uma forma leve, sem muito drama e com muita sinceridade e sutileza.
Vale muito a pena!
"O melhor está por vir" é um filme francês surpreendente, pois equilibra muito bem dois gêneros que, ao mesmo tempo tão diferentes, se completam: a comédia e o drama. Reparem na história: após descobrir por engano que seu melhor amigo, César (Patrick Bruel), está com câncer e que tem apenas três meses de vida, Arthur (Fabrice Luchini) precisa contar esse duro diagnóstico, porém ele acaba se atrapalhando e deixa a entender que quem está doente é ele e não César. A partir daí eles resolvem deixar os problemas do cotidiano para trás, recuperar o tempo perdido e viver o pouco tempo que lhes restam juntos, da melhor maneira possível!
Olha, o filme é realmente uma graça! Embora a premissa possa parecer batida, dolorida e até indicar uma história cheia de sofrimento fantasiado de nostalgia, "O melhor está por vir" é justamente o contrário, ele é leve, divertido, inteligente e muito sensível para transitar entre o amor e a dor, entre a vida e a morte, sem pegar atalhos! Confesso que fui pego de surpresa, não sabia muito sobre o filme e posso garantir que a experiência não poderia ter sido melhor. Vale muito a pena!
O roteiro, dos também diretores, Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, fala de amizade, claro, mas fala muito sobre o valor e a importância do perdão - para o outro e para si mesmo! É muito inteligente a maneira como o texto pontua algumas das situações de vida desses dois amigos de infância, com personalidades tão diferentes, que precisaram lidar com as consequências de algo que não saiu tão bem como planejado. Arthur tem uma personalidade difícil, sofre com o fim do seu casamento e com a dificuldade de se relacionar com a filha pré-adolescente. Já César é um fracassado profissional, que deve muito dinheiro, mas não abre mão da boa vida. O roteiro dá uma aula de estrutura, tudo é muito bem definido e perceptível: o primeiro ato funciona como apresentação dos personagens, a origem da amizade entre eles e suas particularidades emocionais. O conflito também é naturalmente construído e ainda fortalece a diferença e o estilo de vida de cada um, agora adultos , mas sempre pontuando um elo em comum: a forte amizade! O segundo ato, nos trás muitas referências de “Antes de Partir” com Jack Nicholson e Morgan Freeman, mas mesmo assim só faz aumentar nossa empatia com os personagens e nos divertir com as situações que eles estão passando juntos durante a jornada. E para finalizar, no terceiro ato, uma entrega sem ser excessivamente dramática, com uma mensagem completamente alinhada à tudo que foi construído durante a narrativa e o melhor: uma sensação de missão cumprida absurda - é lindo, emocionante e verdadeiro!
Se no inicio temos a sensação que "O melhor está por vir" é uma comédia "estilo pastelão" com atuações acima do tom, em seguida já percebemos algo mais suave, com mais pausas, olhares e uma química impressionante entre os dois atores que se sustenta até o final, onde a comédia, naturalmente, dá lugar ao drama - mas tudo, absolutamente tudo, sem perder a alma e a sutileza do texto - para mim, grande mérito de uma direção extremamente competente, técnica e segura de onde queria chegar! Uma menção importante: a fotografia do Guillaume Schiffman (indicado ao Oscar pelo "O Artista") é maravilhosa - vemos uma Paris pelos olhos de parisienses e isso faz toda a diferença - parece que estamos ouvindo uma história de quem realmente viveu tudo aquilo! É lindo!
Pode se preparar, "O melhor está por vir", vai mexer com seu coração, mas de uma forma leve, sem muito drama e com muita sinceridade e sutileza.
Vale muito a pena!
Embora estivesse na minha lista desde o lançamento, eu comecei assistir "O Método Kominsky" apenas após as premiações do Globo de Ouro de 2019, onde a série levou "Melhor Comédia ou Musical" e "Melhor Ator" com o Michael Douglas. Olha, de cara eu posso te dizer que a série não é para qualquer um; ela tem um humor bem peculiar, muito ácido - quase inglês!!! A narrativa também não é tão dinâmica, pois o texto exige muitas pausas, reflexões - o silêncio diz muito nessa série!!! A verdade é que quem não estiver realmente disposto a mergulhar nesse universo (tão particular e reflexivo), não vai se divertir.
Dois grandes amigos, acima dos 70 anos: um respeitado Professor de Teatro (por isso a referência do título) e seu agente precisam lidar com os reflexos da idade e a relação com mundo em que vivem. E como todo senhor "bem" humorado, é no mal humor dessa intimidade verdadeira que estão as pérolas dessa série. Michael Douglas (como Sandy Kominsky) e Alan Arkin (como Norman) estão simplesmente perfeitos - aliás, merecidíssimo o prêmio de melhor ator para Douglas e a indicação de ator coadjuvante para Arkin!!! Os dois são a série e dão um show!!!
Eu não sabia absolutamente nada sobre a série e logo depois da primeira cena, já me arrependi de não ter assistido antes - ela é sensacional!!! Enganasse quem assiste com o intuito de encontrar uma comédia tipo "Two and a half man", por exemplo (que é do mesmo produtor - Chuck Lorre, por isso a comparação) - é completamente diferente, pois mesmo parecendo estereotipados, os personagens são muito humanos e isso trás para a tela uma complexidade muito bem trabalhada nas situações que esses dois amigos vivem! A série fala de amizade, de relações entre pessoas e com o amadurecimento como ser humano. Fala sobre envelhecer, sobre perder a vitalidade. Fala sobre as novas gerações, suas diferenças, peculiaridades. Mas principalmente, fala sobre o que projetamos para nossa vida em alguns anos! São muito sensíveis essas discussões no roteiro, tudo está muito escondido entre um comentário (que pode até soar engraçado) e uma piada (que nem sempre nos faz rir e sim refletir). Existe um leveza na dor de lidar com o tempo e isso é magnífico!
O Método Kominsky é daquelas séries que você não quer acabe. O fato de termos 8 episódios de 30 minutos ajuda na experiência, pois não cansa viver cada um daqueles minutos. O mal humor tem seu charme (vide Dr. House) e o desprendimento de lidar com ele de uma forma leve, trás muita coisa boa para essa comédia cheia de drama (e de verdade). Se você tem mais de 35 anos, fez teatro na adolescência, tem aqueles amigos de uma vida inteira, faz um favor pra você: não deixe de assistir! Se não se enquadra na lista anterior, mas está disposto a encarar como bom humor o que vem por aí, também aproveite, porque vale o play!
Embora estivesse na minha lista desde o lançamento, eu comecei assistir "O Método Kominsky" apenas após as premiações do Globo de Ouro de 2019, onde a série levou "Melhor Comédia ou Musical" e "Melhor Ator" com o Michael Douglas. Olha, de cara eu posso te dizer que a série não é para qualquer um; ela tem um humor bem peculiar, muito ácido - quase inglês!!! A narrativa também não é tão dinâmica, pois o texto exige muitas pausas, reflexões - o silêncio diz muito nessa série!!! A verdade é que quem não estiver realmente disposto a mergulhar nesse universo (tão particular e reflexivo), não vai se divertir.
Dois grandes amigos, acima dos 70 anos: um respeitado Professor de Teatro (por isso a referência do título) e seu agente precisam lidar com os reflexos da idade e a relação com mundo em que vivem. E como todo senhor "bem" humorado, é no mal humor dessa intimidade verdadeira que estão as pérolas dessa série. Michael Douglas (como Sandy Kominsky) e Alan Arkin (como Norman) estão simplesmente perfeitos - aliás, merecidíssimo o prêmio de melhor ator para Douglas e a indicação de ator coadjuvante para Arkin!!! Os dois são a série e dão um show!!!
Eu não sabia absolutamente nada sobre a série e logo depois da primeira cena, já me arrependi de não ter assistido antes - ela é sensacional!!! Enganasse quem assiste com o intuito de encontrar uma comédia tipo "Two and a half man", por exemplo (que é do mesmo produtor - Chuck Lorre, por isso a comparação) - é completamente diferente, pois mesmo parecendo estereotipados, os personagens são muito humanos e isso trás para a tela uma complexidade muito bem trabalhada nas situações que esses dois amigos vivem! A série fala de amizade, de relações entre pessoas e com o amadurecimento como ser humano. Fala sobre envelhecer, sobre perder a vitalidade. Fala sobre as novas gerações, suas diferenças, peculiaridades. Mas principalmente, fala sobre o que projetamos para nossa vida em alguns anos! São muito sensíveis essas discussões no roteiro, tudo está muito escondido entre um comentário (que pode até soar engraçado) e uma piada (que nem sempre nos faz rir e sim refletir). Existe um leveza na dor de lidar com o tempo e isso é magnífico!
O Método Kominsky é daquelas séries que você não quer acabe. O fato de termos 8 episódios de 30 minutos ajuda na experiência, pois não cansa viver cada um daqueles minutos. O mal humor tem seu charme (vide Dr. House) e o desprendimento de lidar com ele de uma forma leve, trás muita coisa boa para essa comédia cheia de drama (e de verdade). Se você tem mais de 35 anos, fez teatro na adolescência, tem aqueles amigos de uma vida inteira, faz um favor pra você: não deixe de assistir! Se não se enquadra na lista anterior, mas está disposto a encarar como bom humor o que vem por aí, também aproveite, porque vale o play!
"O Pintassilgo" chegou com a pretensão de disputar prêmios importantes em 2019/2020, porém, mesmo sendo um bom entretenimento, sua expectativa não foi nem um pouco alcançada e, para mim, o principal problema está no seu roteiro e na falta de identidade que a história carrega por mais de duas horas. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito por uma autora americana chamada Donna Tartt que, inclusive, lhe rendeu o prêmio Pulitzer de ficção em 2014 e a Medalha Andrew Carnegie de Excelência em Ficção no mesmo ano. A história acompanha a jornada do personagem Theodore Decker (Oakes Fegley/Ansel Elgort), um garoto de 13 anos que perde a mãe em um ataque terrorista no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque. Esse acontecimento impacta para sempre a vida do jovem, porém o elo emocional estabelecido na época do atentado que sobrevive ao tempo (e não sabemos exatamente a razão, mas desconfiamos) é um quadro que estava exposto no museu, “O Pintassilgo“, e que Theodore é incentivado por um desconhecido a levar consigo antes que as autoridades chegassem ao local. Confira o trailer:
Muito mais que um drama profundo, cheio de camadas, que o trailer sugere e que o livro, provavelmente, deve entregar, essa adaptação de "O Pintassilgo" foca no reflexo que o atentado gerou na vida do protagonista e na sua busca pela paz interior através do tempo, mas de uma forma superficial e até atrapalhada. Por se tratar de uma jornada de vida, muitas histórias são desenvolvidas paralelamente, fica impossível conectá-las de uma maneira orgânica e equilibrada, mesmo com o esforço da montadora Kelley Dixon - que notavelmente conhece essa gramática de misturar presente com passado por ter trabalhado em nada mais, nada menos do que "Breaking Bad" e "Better Call Saul".
Defato, o filme não é ruim, eu diria que é até bom, com ótimos momentos - um pouco mais dramáticos no primeiro ato, mais adolescente no segundo e quase um thriller nórdico no terceiro; mas é a falta de unidade entre esses três atos que pode incomodar um pouco se você busca um drama mais existencial e com uma narrativa mais equilibrada como "Em Pedaços", por exemplo. Tecnicamente o filme também é muito bem realizado, tendo o talentoso diretor John Crowley (vencedor do BAFTA em 2016 com "Brooklyn" e em 2007 com "Boy A") no comando e o sensacional diretor de fotografia, multi-premiado (14 vezes indicado ao Oscar e vencedor por "Blade Runner 2049" e "1917"), Roger Deakins, ao seu lado - reparem na belíssima cena em que Theodore está no balanço com seu amigo Boris (Finn Wolfhard)! No elenco Nicole Kidman e Jeffrey Wright sempre competentes, mesmo com personagens secundários e, claro, Finn Wolfhard e Oakes Fegley dão um show.
Olha, sinceramente, vale pelo entretenimento, por ótimas atuações e por um história que é boa, mas que poderia ter sido melhor desenvolvida para o filme!
"O Pintassilgo" chegou com a pretensão de disputar prêmios importantes em 2019/2020, porém, mesmo sendo um bom entretenimento, sua expectativa não foi nem um pouco alcançada e, para mim, o principal problema está no seu roteiro e na falta de identidade que a história carrega por mais de duas horas. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito por uma autora americana chamada Donna Tartt que, inclusive, lhe rendeu o prêmio Pulitzer de ficção em 2014 e a Medalha Andrew Carnegie de Excelência em Ficção no mesmo ano. A história acompanha a jornada do personagem Theodore Decker (Oakes Fegley/Ansel Elgort), um garoto de 13 anos que perde a mãe em um ataque terrorista no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque. Esse acontecimento impacta para sempre a vida do jovem, porém o elo emocional estabelecido na época do atentado que sobrevive ao tempo (e não sabemos exatamente a razão, mas desconfiamos) é um quadro que estava exposto no museu, “O Pintassilgo“, e que Theodore é incentivado por um desconhecido a levar consigo antes que as autoridades chegassem ao local. Confira o trailer:
Muito mais que um drama profundo, cheio de camadas, que o trailer sugere e que o livro, provavelmente, deve entregar, essa adaptação de "O Pintassilgo" foca no reflexo que o atentado gerou na vida do protagonista e na sua busca pela paz interior através do tempo, mas de uma forma superficial e até atrapalhada. Por se tratar de uma jornada de vida, muitas histórias são desenvolvidas paralelamente, fica impossível conectá-las de uma maneira orgânica e equilibrada, mesmo com o esforço da montadora Kelley Dixon - que notavelmente conhece essa gramática de misturar presente com passado por ter trabalhado em nada mais, nada menos do que "Breaking Bad" e "Better Call Saul".
Defato, o filme não é ruim, eu diria que é até bom, com ótimos momentos - um pouco mais dramáticos no primeiro ato, mais adolescente no segundo e quase um thriller nórdico no terceiro; mas é a falta de unidade entre esses três atos que pode incomodar um pouco se você busca um drama mais existencial e com uma narrativa mais equilibrada como "Em Pedaços", por exemplo. Tecnicamente o filme também é muito bem realizado, tendo o talentoso diretor John Crowley (vencedor do BAFTA em 2016 com "Brooklyn" e em 2007 com "Boy A") no comando e o sensacional diretor de fotografia, multi-premiado (14 vezes indicado ao Oscar e vencedor por "Blade Runner 2049" e "1917"), Roger Deakins, ao seu lado - reparem na belíssima cena em que Theodore está no balanço com seu amigo Boris (Finn Wolfhard)! No elenco Nicole Kidman e Jeffrey Wright sempre competentes, mesmo com personagens secundários e, claro, Finn Wolfhard e Oakes Fegley dão um show.
Olha, sinceramente, vale pelo entretenimento, por ótimas atuações e por um história que é boa, mas que poderia ter sido melhor desenvolvida para o filme!
"Olhos que condenam" é uma minissérie Original da Netflix com apenas 4 episódios de uma hora de duração, em média (o último tem quase um hora e meia), produzida pela Oprah Winfrey e que recentemente se tornou a "série" mais assistida nos EUA desde o seu lançamento no final de maio! E olha, posso garantir que não foi por acaso!!! "Olhos que condenam" embrulha o estômago de uma forma que chega a incomodar, pois, embora seja uma ficção, foi baseada em fatos reais e esses fatos são cruéis, injustos, doloridos, e tudo de ruim que você possa imaginar! Saber que tudo aquilo realmente aconteceu transforma nossa experiência de uma forma avassaladora! Sem exageros!
A minissérie conta a história de cinco adolescentes do Harlem - quatro negros e um hispânico - que foram condenados por um estupro que, aparentemente, não cometeram. A trajetória de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise é retratada desde os primeiros interrogatórios em 1989 até a absolvição em 2002 de uma forma muito inteligente e dinâmica. "Olhos que condenam" traz para ficção muito do que vimos no documental "Making a Murderer" - com o agravante dos suspeitos serem adolescentes! A narrativa tem a preocupação de mostrar todos os lados da história, independente dos seus valores e isso nos choca, nos faz refletir sobre nossos próprios julgamentos ou preconceitos.
A direção da excelente Ava DuVernay, de "Selma" e do indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017, "A 13ª Emenda", é segura e vital para entendimento de cada detalhe da história. Ela mistura cenas reais da época do crime, com planos muito criativos e inteligentes - ela passeia pela linha do tempo sem a necessidade de legendar cada salto com muita delicadeza. A fotografia também é ótima, mas falha em alguns planos por excesso de inventividade - alguns "blurs" chegam atrapalhar o trabalho dos atores, principalmente nos planos fechados. Aliás, os atores estão ótimos: das crianças aos adultos, passando pela família e pelos advogados - todos muito bem escalados e no tom certo. Destaque para: Jharrel Jerome como Korey Wise, Felicity Huffman como Linda Fairstein e os sempre geniais John Leguizamo e Michael Kenneth William como Raymond Santana Sr. e Bobby McCray, respectivamente.
A verdade é que "Olhos que condenam" é o tipo de minissérie que mexe com a gente pelo simples fato de ter uma história surpreendente, que nos coloca na situação daqueles personagens imediatamente. É difícil não se emocionar, não se revoltar, não sofrer com aquilo que estamos assistindo e esse, na minha opinião, é o grande acerto da Netflix em querer contar essa história absurda. Se você gostou de filmes como "Tempo de Matar" ou do já comentado "Making a Murderer", dê o play sem o menor receio porque vale muito a pena, mesmo!!!
"Olhos que condenam" é uma minissérie Original da Netflix com apenas 4 episódios de uma hora de duração, em média (o último tem quase um hora e meia), produzida pela Oprah Winfrey e que recentemente se tornou a "série" mais assistida nos EUA desde o seu lançamento no final de maio! E olha, posso garantir que não foi por acaso!!! "Olhos que condenam" embrulha o estômago de uma forma que chega a incomodar, pois, embora seja uma ficção, foi baseada em fatos reais e esses fatos são cruéis, injustos, doloridos, e tudo de ruim que você possa imaginar! Saber que tudo aquilo realmente aconteceu transforma nossa experiência de uma forma avassaladora! Sem exageros!
A minissérie conta a história de cinco adolescentes do Harlem - quatro negros e um hispânico - que foram condenados por um estupro que, aparentemente, não cometeram. A trajetória de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise é retratada desde os primeiros interrogatórios em 1989 até a absolvição em 2002 de uma forma muito inteligente e dinâmica. "Olhos que condenam" traz para ficção muito do que vimos no documental "Making a Murderer" - com o agravante dos suspeitos serem adolescentes! A narrativa tem a preocupação de mostrar todos os lados da história, independente dos seus valores e isso nos choca, nos faz refletir sobre nossos próprios julgamentos ou preconceitos.
A direção da excelente Ava DuVernay, de "Selma" e do indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017, "A 13ª Emenda", é segura e vital para entendimento de cada detalhe da história. Ela mistura cenas reais da época do crime, com planos muito criativos e inteligentes - ela passeia pela linha do tempo sem a necessidade de legendar cada salto com muita delicadeza. A fotografia também é ótima, mas falha em alguns planos por excesso de inventividade - alguns "blurs" chegam atrapalhar o trabalho dos atores, principalmente nos planos fechados. Aliás, os atores estão ótimos: das crianças aos adultos, passando pela família e pelos advogados - todos muito bem escalados e no tom certo. Destaque para: Jharrel Jerome como Korey Wise, Felicity Huffman como Linda Fairstein e os sempre geniais John Leguizamo e Michael Kenneth William como Raymond Santana Sr. e Bobby McCray, respectivamente.
A verdade é que "Olhos que condenam" é o tipo de minissérie que mexe com a gente pelo simples fato de ter uma história surpreendente, que nos coloca na situação daqueles personagens imediatamente. É difícil não se emocionar, não se revoltar, não sofrer com aquilo que estamos assistindo e esse, na minha opinião, é o grande acerto da Netflix em querer contar essa história absurda. Se você gostou de filmes como "Tempo de Matar" ou do já comentado "Making a Murderer", dê o play sem o menor receio porque vale muito a pena, mesmo!!!
"Palmer" é, essencialmente, um filme muito humano, daqueles que a história nos toca na alma e que nos faz torcer pelo protagonista desde o inicio, já que sabemos que sua transformação faz parte de uma jornada e é ela que vai nos mover em busca de um possível final feliz - eu disse, "possível"! A vida é assim!
Após 12 anos na prisão, Palmer (Justin Timberlake) sai da condicional e retorna para sua cidade natal, Sylvain, na Louisiana, onde sua avó o criou desde adolescente. Ainda sem rumo, tentando se reestabelecer na sociedade, Palmer acaba encontrando um propósito de vida ao conhecer um garoto de sete anos que mora com a mãe drogada em um trailer ao lado da sua casa. Sam (Ryder Allen) sofre todo tipo debullying por gostar de brincar com bonecas, de assistir animações “para” meninas e por vestir-se de maneira diferente dos demais garotos, ou seja, uma criança "diferente" do que a sociedade espera, especialmente em uma cidade tradicional e preconceituosa do interior dos EUA. Confira o trailer:
Ao assistir o trailer já sabemos exatamente onde vamos nos enfiar, certo? "Palmer" tem uma estrutura extremamente clichê, que sabe exatamente quais os atalhos sentimentais que precisa seguir para alcançar o seu objetivo: nos fazer refletir sobre os problemas da sociedade e a falta de empatia do ser humano, codificada em todas as formas de preconceito e personificada na figura de um garoto carismático e apaixonante - a relação com "Extraordinário" será natural, diga-se de passagem.
Como "Extraordinário", "Palmer" também não ousa, não vai além do suportável para mostrar todos os problemas que o roteiro pontua: bullying, drogas, abandono, racismo e preconceito. A narrativa faz o mínimo necessário para passar sua mensagem e nos provocar a reflexão, mas em nenhum momento nos impacta com tanta força como "Florida Project", por exemplo. Isso não é exatamente um problema, que fique claro, até porquê a idéia nunca foi se aprofundar realmente em nenhum desses assuntos tão espinhosos - o que facilita a jornada e fatalmente vai atingir um público muito maior.
O diretor Fisher Stevens (Amigos Inseparáveis) faz um "arroz com feijão" muito competente, mas é visível a falta de personalidade cinematográfica para transformar algumas situações em cenas melhores ou mais criativas - mesmo sem perder o conceito "soft" do projeto. Justin Timberlake faz um excelente trabalho e mostra, mais uma vez, potencial para voar alto na carreira de ator, se houver uma dedicação maior. O garoto Ryder Allen é um achado e não vou me surpreender se aparecer como indicado a "Ator Coadjuvante" em alguma grande premiação - no "Broadcast Film Critics Association Awards, ele já foi reconhecido.
"Palmer" vale muito a pena, é um filme simpático, bem realizado em todos os sentidos e muito inteligente em transformar um roteiro delicado da novata Cheryl Guerriero, em um filme emocionalmente na medida certa. Vai tranquilo!
"Palmer" é, essencialmente, um filme muito humano, daqueles que a história nos toca na alma e que nos faz torcer pelo protagonista desde o inicio, já que sabemos que sua transformação faz parte de uma jornada e é ela que vai nos mover em busca de um possível final feliz - eu disse, "possível"! A vida é assim!
Após 12 anos na prisão, Palmer (Justin Timberlake) sai da condicional e retorna para sua cidade natal, Sylvain, na Louisiana, onde sua avó o criou desde adolescente. Ainda sem rumo, tentando se reestabelecer na sociedade, Palmer acaba encontrando um propósito de vida ao conhecer um garoto de sete anos que mora com a mãe drogada em um trailer ao lado da sua casa. Sam (Ryder Allen) sofre todo tipo debullying por gostar de brincar com bonecas, de assistir animações “para” meninas e por vestir-se de maneira diferente dos demais garotos, ou seja, uma criança "diferente" do que a sociedade espera, especialmente em uma cidade tradicional e preconceituosa do interior dos EUA. Confira o trailer:
Ao assistir o trailer já sabemos exatamente onde vamos nos enfiar, certo? "Palmer" tem uma estrutura extremamente clichê, que sabe exatamente quais os atalhos sentimentais que precisa seguir para alcançar o seu objetivo: nos fazer refletir sobre os problemas da sociedade e a falta de empatia do ser humano, codificada em todas as formas de preconceito e personificada na figura de um garoto carismático e apaixonante - a relação com "Extraordinário" será natural, diga-se de passagem.
Como "Extraordinário", "Palmer" também não ousa, não vai além do suportável para mostrar todos os problemas que o roteiro pontua: bullying, drogas, abandono, racismo e preconceito. A narrativa faz o mínimo necessário para passar sua mensagem e nos provocar a reflexão, mas em nenhum momento nos impacta com tanta força como "Florida Project", por exemplo. Isso não é exatamente um problema, que fique claro, até porquê a idéia nunca foi se aprofundar realmente em nenhum desses assuntos tão espinhosos - o que facilita a jornada e fatalmente vai atingir um público muito maior.
O diretor Fisher Stevens (Amigos Inseparáveis) faz um "arroz com feijão" muito competente, mas é visível a falta de personalidade cinematográfica para transformar algumas situações em cenas melhores ou mais criativas - mesmo sem perder o conceito "soft" do projeto. Justin Timberlake faz um excelente trabalho e mostra, mais uma vez, potencial para voar alto na carreira de ator, se houver uma dedicação maior. O garoto Ryder Allen é um achado e não vou me surpreender se aparecer como indicado a "Ator Coadjuvante" em alguma grande premiação - no "Broadcast Film Critics Association Awards, ele já foi reconhecido.
"Palmer" vale muito a pena, é um filme simpático, bem realizado em todos os sentidos e muito inteligente em transformar um roteiro delicado da novata Cheryl Guerriero, em um filme emocionalmente na medida certa. Vai tranquilo!
Um roteiro muito divertido em um clima completamente non-sense! Poderia estar falando do ótimo "El Bar", mas dessa vez o assunto é outro filme do Álex de la Iglesia: "Perfectos Desconocidos": imagine que você tem um jantar marcado com seus melhores amigos. É um evento corriqueiro, onde os agregados são sempre bem vindos! Eis que no meio da noite, alguém acha que seria uma boa ideia fazer um jogo com os celulares, afinal não existem segredos entre amigos e companheiros, certo? Errado, pois somos várias versões de nós e nos adaptamos ao meio em que estamos para que possamos pertence ao grupo - pode parecer algo absurdo, mas o ser humano age assim! Colocar todos os celulares na mesa e sempre que chegar alguma mensagem é preciso ler em voz alta e sempre que houver uma ligação será preciso atender no viva-voz. Se fato essa é uma brincadeira que pode soar como inofensiva, mas é a receita perfeita para acabar com a noite de todos é sobre isso
O fato é que virei seguidor desse diretor, sem saber que era ele o diretor desse filme e que mais uma vez tinha me chamado a atenção! Ele criou e imprimiu uma marca muito particular (e que é pra poucos) com muita inteligência e personalidade: ele mistura drama com comédia, pontuando as situações mais constrangedoras possíveis, mas sem roubar no jogo e sempre com um tom meio de nonsense ou místico ou até desconhecido - nessa caso o gatilho foi um eclipse lunar (Red Moon)! Me impressionou a maneira divertida de como ele conduz os atores para o tom certo, sem cair no óbvio e muito menos no escracho. Guardem esse nome: Álex de la Iglesia.
Indico de olhos fechados, na verdade "Perfectos Desconocidos" é um ótimo convite para conhecer uma nova geração de diretor espanhóis que já estão fazendo bastante barulho!
Um roteiro muito divertido em um clima completamente non-sense! Poderia estar falando do ótimo "El Bar", mas dessa vez o assunto é outro filme do Álex de la Iglesia: "Perfectos Desconocidos": imagine que você tem um jantar marcado com seus melhores amigos. É um evento corriqueiro, onde os agregados são sempre bem vindos! Eis que no meio da noite, alguém acha que seria uma boa ideia fazer um jogo com os celulares, afinal não existem segredos entre amigos e companheiros, certo? Errado, pois somos várias versões de nós e nos adaptamos ao meio em que estamos para que possamos pertence ao grupo - pode parecer algo absurdo, mas o ser humano age assim! Colocar todos os celulares na mesa e sempre que chegar alguma mensagem é preciso ler em voz alta e sempre que houver uma ligação será preciso atender no viva-voz. Se fato essa é uma brincadeira que pode soar como inofensiva, mas é a receita perfeita para acabar com a noite de todos é sobre isso
O fato é que virei seguidor desse diretor, sem saber que era ele o diretor desse filme e que mais uma vez tinha me chamado a atenção! Ele criou e imprimiu uma marca muito particular (e que é pra poucos) com muita inteligência e personalidade: ele mistura drama com comédia, pontuando as situações mais constrangedoras possíveis, mas sem roubar no jogo e sempre com um tom meio de nonsense ou místico ou até desconhecido - nessa caso o gatilho foi um eclipse lunar (Red Moon)! Me impressionou a maneira divertida de como ele conduz os atores para o tom certo, sem cair no óbvio e muito menos no escracho. Guardem esse nome: Álex de la Iglesia.
Indico de olhos fechados, na verdade "Perfectos Desconocidos" é um ótimo convite para conhecer uma nova geração de diretor espanhóis que já estão fazendo bastante barulho!
"Perfume" é a comprovação que a produção da Alemanha, muito em breve, vai adquirir o respeito mundial das séries nórdicas - pode apostar!!! Depois de "Dark", "Parfum" (título original) dá uma aula de qualidade de produção, alinhando perfeitamente os aspectos técnicos e artísticos sem perder a sua identidade, o DNA do Cinema alemão! Na verdade "Perfume" parece ter saído da cena underground de Berlin Oriental do final dos anos 80, tamanha é a propriedade como o premiado diretor Philipp Kadelbach conduz a minissérie.
A história bebe na mesma fonte da versão cinematográfica de 2006 - o Romance do escritor Patrick Süskind. Mas as similaridades não vão muito além da idéia principal: a busca pelo perfume perfeito, mesmo que para isso seja necessário matar um ser humano para conseguir a matéria-prima! Na minissérie, que se passa nos dias atuais, a busca pelo assassino começa quando uma desconhecida cantora é encontrada morta. As condições em que ela foi encontrada reascende uma série de dramas que cinco amigos da vítima viveram juntos durante a adolescência, em um orfanato na Alemanha. A partir daí, você vai encontrar uma trama extremamente inteligente, difícil e forte!!!
"Perfume" é um thriller realmente impactante, no seu conteúdo, na sua forma e no seu visual!!! Inicialmente, você se choca - é um fato!!! O Diretor não faz questão nenhuma de esconder nada e muito menos de deixar as coisas subentendidas. Ele mostra sem dó de quem está assistindo e "look" da minissérie amplifica tudo isso - é um color grading extremamente contrastado, saturado e com uma predominância verde no presente, e granulado em um amarelo quase queimado no passado. É lindo, mas completamente distante da linha mais clean das séries atuais!!! A atuação também parece um pouco acima do tom, mas com o passar dos episódios, percebemos que ela também se adapta perfeitamente àquele clima sombrio. A fotografia, meu Deus, é maravilhosa. Os movimentos de câmera e a composição dos enquadramentos nas locações que eles filmaram é sensacional - sério, primeiro nível de produção!!! O roteiro também é muito bom, achei que a trama e as sub tramas conversam perfeitamente do início ao fim; os flashbacks estão organicamente bem inseridos na montagem ajudando muito no entendimento dos fatos em duas linhas do tempos complementares. Eu assumo que percebi alguns furos ou algumas inconsistências de informações durante os episódios, mas em nada atrapalhou a minha experiência de acompanhar a investigação dos assassinatos em série. Aliás, outro grande mérito da série é a dinâmica narrativa muito bem equilibrada com a pegada mais poética do texto literário que te prende do começo ao fim. Tudo é muito bem envelopado e ajustado para termos as mesmas sensações que teríamos se estivéssemos lendo um livro de mistério - é genial!!!
São 6 episódios e uma hora em média e embora em alguns momentos o ritmo seja um pouco mais lento, "Perfume" comprova que uma boa história não precisa de enrolação; que a trama está sempre caminhando para a resolução sem muito rodeio: tudo está ali é só ir montando o quebra-cabeça junto com a policia. Meu único "porém": no sexto episódio somos apresentado a uma situação que poderia ter sido melhor desenvolvida durante a minissérie inteira, quase como se ela caísse de para-quedas - embora o roteiro não tivesse a intenção de me enganar, achei que faltaram algumas indicações mais contundentes de que aquilo pudesse realmente acontecer; mas meu amigo, isso é só um detalhe - não se apegue a ele e divirta-se porque a minissérie tem muita qualidade!!!
"Perfume" não é um Original Netflix, apenas os direitos de distribuição são - e tomara que em breve tenhamos mais produções alemãs desse mesmo nível!!!! Coisa linda de se ver e de se viver - vale o play agora!!!!!
"Perfume" é a comprovação que a produção da Alemanha, muito em breve, vai adquirir o respeito mundial das séries nórdicas - pode apostar!!! Depois de "Dark", "Parfum" (título original) dá uma aula de qualidade de produção, alinhando perfeitamente os aspectos técnicos e artísticos sem perder a sua identidade, o DNA do Cinema alemão! Na verdade "Perfume" parece ter saído da cena underground de Berlin Oriental do final dos anos 80, tamanha é a propriedade como o premiado diretor Philipp Kadelbach conduz a minissérie.
A história bebe na mesma fonte da versão cinematográfica de 2006 - o Romance do escritor Patrick Süskind. Mas as similaridades não vão muito além da idéia principal: a busca pelo perfume perfeito, mesmo que para isso seja necessário matar um ser humano para conseguir a matéria-prima! Na minissérie, que se passa nos dias atuais, a busca pelo assassino começa quando uma desconhecida cantora é encontrada morta. As condições em que ela foi encontrada reascende uma série de dramas que cinco amigos da vítima viveram juntos durante a adolescência, em um orfanato na Alemanha. A partir daí, você vai encontrar uma trama extremamente inteligente, difícil e forte!!!
"Perfume" é um thriller realmente impactante, no seu conteúdo, na sua forma e no seu visual!!! Inicialmente, você se choca - é um fato!!! O Diretor não faz questão nenhuma de esconder nada e muito menos de deixar as coisas subentendidas. Ele mostra sem dó de quem está assistindo e "look" da minissérie amplifica tudo isso - é um color grading extremamente contrastado, saturado e com uma predominância verde no presente, e granulado em um amarelo quase queimado no passado. É lindo, mas completamente distante da linha mais clean das séries atuais!!! A atuação também parece um pouco acima do tom, mas com o passar dos episódios, percebemos que ela também se adapta perfeitamente àquele clima sombrio. A fotografia, meu Deus, é maravilhosa. Os movimentos de câmera e a composição dos enquadramentos nas locações que eles filmaram é sensacional - sério, primeiro nível de produção!!! O roteiro também é muito bom, achei que a trama e as sub tramas conversam perfeitamente do início ao fim; os flashbacks estão organicamente bem inseridos na montagem ajudando muito no entendimento dos fatos em duas linhas do tempos complementares. Eu assumo que percebi alguns furos ou algumas inconsistências de informações durante os episódios, mas em nada atrapalhou a minha experiência de acompanhar a investigação dos assassinatos em série. Aliás, outro grande mérito da série é a dinâmica narrativa muito bem equilibrada com a pegada mais poética do texto literário que te prende do começo ao fim. Tudo é muito bem envelopado e ajustado para termos as mesmas sensações que teríamos se estivéssemos lendo um livro de mistério - é genial!!!
São 6 episódios e uma hora em média e embora em alguns momentos o ritmo seja um pouco mais lento, "Perfume" comprova que uma boa história não precisa de enrolação; que a trama está sempre caminhando para a resolução sem muito rodeio: tudo está ali é só ir montando o quebra-cabeça junto com a policia. Meu único "porém": no sexto episódio somos apresentado a uma situação que poderia ter sido melhor desenvolvida durante a minissérie inteira, quase como se ela caísse de para-quedas - embora o roteiro não tivesse a intenção de me enganar, achei que faltaram algumas indicações mais contundentes de que aquilo pudesse realmente acontecer; mas meu amigo, isso é só um detalhe - não se apegue a ele e divirta-se porque a minissérie tem muita qualidade!!!
"Perfume" não é um Original Netflix, apenas os direitos de distribuição são - e tomara que em breve tenhamos mais produções alemãs desse mesmo nível!!!! Coisa linda de se ver e de se viver - vale o play agora!!!!!
A adaptação da HQ "The Kitchen", da Vertigo, pela estreante na direção Andrea Berloff (indicada ao Oscar pelo roteiro de Straight Outta Compton: A História do N.W.A), é apenas mediana. "Rainhas do Crime" é um exemplo claro de uma história com enorme potencial que é transformada em um bom filme, nada mais que isso. O que poderia ser o grande mérito da produção acabou se transformando no seu maior problema. É clara a tentativa da diretora de usar o empoderamento feminino como bandeira para dar o tom do filme e, sim, isso era importante, mas não essencial, pois a própria dinâmica da história já passaria a mensagem por si só se fosse bem trabalhada. Na minha opinião faltou sensibilidade para equilibrar o propósito com o valor artístico que o filme poderia ter.
Para você ter uma idéia, o filme retrata uma Nova York no final dos anos 70, onde Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) estão casadas com mafiosos irlandeses que comandam os negócios em Hell's Kitchen (exato, o mesmo cenário do Demolidor). Quando seus maridos são presos após um assalto mal sucedido, o trio fica a mercê do novo chefe local, Little Jackie (Myk Watford), que se recusa repassar o dinheiro necessário para o sustento delas e de suas famílias. Entendendo que a situação apenas pioraria com o tempo, Kathy, Ruby e Claire decidem então unir forças para tomar o poder do bairro, oferecendo apoio e proteção aos pequenos comerciantes locais. O poder do trio cresce tanto, que além de começar a incomodar Little Jackie, também chama a atenção da máfia italiana no Brooklin. A partir daí inicia-se uma guerra, onde as três mulheres precisam resolver as diferenças entre elas ao mesmo tempo que procuram se estabelecer no poder e impedir que os homens possam, de alguma forma, retomar os negócios.
"Rainhas do Crime" tem no seu elenco, o maior trunfo. O trio de protagonistas realmente faz a diferença. Destaque para Elisabeth Moss (The Handmaid's Tale) que usa o silêncio como forma de expressão, capaz de passar todo o sentimento de opressão que sua personagem viveu durante seu casamento só com o olhar. Já Melissa McCarthy usa e abusa da sua capacidade de se questionar a todo momento e isso gera uma sensação de insegurança que cai como uma luva para sua personagem. E por fim, Tiffany Haddish, um surpreendente trabalho se levarmos em consideração que sua praia é a comédia! É importante dizer que a diretora Andrea Berloff é competente no que se propõe a fazer, embora eu tenha achado suas escolhas conceituais muito superficiais, o filme que ela entrega é divertido de se assistir. O roteiro derrapa um pouquinho, não desenvolve muito bem as personagens e suas motivações são rapidamente apresentadas (e resolvidas). Faltou um pouco da jornada de transformação e isso fez falta. Um detalhe que me incomodou foi a tentativa do plot twist do 3º ato que envolveu a personagem "Ruby" - tudo foi tão mal construído que pareceu idéia do montador e não do roteirista e essa escolha prejudicou demais o final do filme. Digamos que ficou tudo atropelado!
O fato é que "Rainhas do Crime" perdeu uma grande oportunidade de ser um grande filme. Com esse elenco, um pouco mais de violência e um conceito visual com mais identidade, certamente, o filme faria muito mais barulho. Sinceramente pareceu que o propósito pessoal da diretora se tornou maior que a sua própria obra e isso imprimiu na tela e vem gerando muitas críticas. Uma pena, eu até gostei do filme, me diverti, mas de fato a impressão que ficou é que "Rainhas do Crime" não decola. Acho o até que a história é tão boa que funcionaria muito melhor se tivesse sido desenvolvida como série. Como filme, apenas uma nota 7!
A adaptação da HQ "The Kitchen", da Vertigo, pela estreante na direção Andrea Berloff (indicada ao Oscar pelo roteiro de Straight Outta Compton: A História do N.W.A), é apenas mediana. "Rainhas do Crime" é um exemplo claro de uma história com enorme potencial que é transformada em um bom filme, nada mais que isso. O que poderia ser o grande mérito da produção acabou se transformando no seu maior problema. É clara a tentativa da diretora de usar o empoderamento feminino como bandeira para dar o tom do filme e, sim, isso era importante, mas não essencial, pois a própria dinâmica da história já passaria a mensagem por si só se fosse bem trabalhada. Na minha opinião faltou sensibilidade para equilibrar o propósito com o valor artístico que o filme poderia ter.
Para você ter uma idéia, o filme retrata uma Nova York no final dos anos 70, onde Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) estão casadas com mafiosos irlandeses que comandam os negócios em Hell's Kitchen (exato, o mesmo cenário do Demolidor). Quando seus maridos são presos após um assalto mal sucedido, o trio fica a mercê do novo chefe local, Little Jackie (Myk Watford), que se recusa repassar o dinheiro necessário para o sustento delas e de suas famílias. Entendendo que a situação apenas pioraria com o tempo, Kathy, Ruby e Claire decidem então unir forças para tomar o poder do bairro, oferecendo apoio e proteção aos pequenos comerciantes locais. O poder do trio cresce tanto, que além de começar a incomodar Little Jackie, também chama a atenção da máfia italiana no Brooklin. A partir daí inicia-se uma guerra, onde as três mulheres precisam resolver as diferenças entre elas ao mesmo tempo que procuram se estabelecer no poder e impedir que os homens possam, de alguma forma, retomar os negócios.
"Rainhas do Crime" tem no seu elenco, o maior trunfo. O trio de protagonistas realmente faz a diferença. Destaque para Elisabeth Moss (The Handmaid's Tale) que usa o silêncio como forma de expressão, capaz de passar todo o sentimento de opressão que sua personagem viveu durante seu casamento só com o olhar. Já Melissa McCarthy usa e abusa da sua capacidade de se questionar a todo momento e isso gera uma sensação de insegurança que cai como uma luva para sua personagem. E por fim, Tiffany Haddish, um surpreendente trabalho se levarmos em consideração que sua praia é a comédia! É importante dizer que a diretora Andrea Berloff é competente no que se propõe a fazer, embora eu tenha achado suas escolhas conceituais muito superficiais, o filme que ela entrega é divertido de se assistir. O roteiro derrapa um pouquinho, não desenvolve muito bem as personagens e suas motivações são rapidamente apresentadas (e resolvidas). Faltou um pouco da jornada de transformação e isso fez falta. Um detalhe que me incomodou foi a tentativa do plot twist do 3º ato que envolveu a personagem "Ruby" - tudo foi tão mal construído que pareceu idéia do montador e não do roteirista e essa escolha prejudicou demais o final do filme. Digamos que ficou tudo atropelado!
O fato é que "Rainhas do Crime" perdeu uma grande oportunidade de ser um grande filme. Com esse elenco, um pouco mais de violência e um conceito visual com mais identidade, certamente, o filme faria muito mais barulho. Sinceramente pareceu que o propósito pessoal da diretora se tornou maior que a sua própria obra e isso imprimiu na tela e vem gerando muitas críticas. Uma pena, eu até gostei do filme, me diverti, mas de fato a impressão que ficou é que "Rainhas do Crime" não decola. Acho o até que a história é tão boa que funcionaria muito melhor se tivesse sido desenvolvida como série. Como filme, apenas uma nota 7!
A jovem diretora Julia Hart, chamou a atenção no circuito de filmes independentes e agora entrega em "Sou sua Mulher", um filme que mistura ação e drama com uma narrativa aparentemente clássica, muito parecida com "Rainhas do Crime", inclusive; mas com toques autorais muito marcantes que trazem uma originalidade bem interessante para o filme.
Na história, estamos em 1970, onde Jean (Rachel Brosnahan) é casada com o misterioso Eddie (Bill Heck) e cuida de um bebê, Harry - que foi levado inesperadamente para casa pelo marido. O cotidiano comum de um típico jovem casal americano da época é abalado após Eddie aparentemente trair seus parceiros. A partir daí, sem muitas informações sobre o real ofício do marido ou o que de fato aconteceu com ele, ela precisa fugir com a criança imediatamente enquanto é perseguida pelos ex-comparsas traídos em busca de vingança. Confira o trailer:
Talvez o mais bacana de "I'm Your Woman"(título original) é a forma como a narrativa é desconstruída para propor uma experiência completamente diferente das expectativas, graças a maneira como a protagonista se relaciona com as inúmeras incógnitas criadas pelos acontecimentos do primeiro ato. De fato, Rachel Brosnahan é capaz de nos transmitir toda a angústia ao ver sua vida ser revirada e completamente transformada, sem nada ter a ver com as irresponsabilidades do marido - e acreditem, será uma surpresa atrás da outra!
Todo esse mistério acaba criando um suspense graças a falta de informações e é isso que nos move: a curiosidade! É aí que o trabalho da diretora Julia Hart ganha força, pois ao mesmo tempo que ela não se descuida do arco dramático de Jean, ela cria uma série de camadas psicológicas que vão transformando a jornada interna da personagem, deixando parecer que a ação é o elemento mais importante, quando na verdade é o auto-conhecimento e a capacidade de se emancipar que move a história - vale dizer que, desde o início, Jean é sufocada pelo machismo e por cobranças de que não seria “mulher” suficiente para os padrões sociais conservadores da época e isso é tão bem trabalhado que acaba ganhando uma profundidade muito maior que as excelentes cenas de ação que Hart no apresenta - aliás, reparem na cena da boate!
"Sou sua Mulher" é surpreendente por todos esse fatores, é muito bem realizado e é um ótimo entretenimento; mas não é apenas uma jornada superficial de tiros, perseguição, vingança e máfia! Sim, a narrativa estabelece uma perspectiva explicita sobre a importância do empoderamento feminino - no que é dito e no que pensado! Porém não força a barra, não cria malabarismos narrativos toscos só para provar uma posição ideológica e isso faz com que o filme cresça, agrade e flua.
Não é inesquecível, mas um bom entretenimento! Vale o play!
A jovem diretora Julia Hart, chamou a atenção no circuito de filmes independentes e agora entrega em "Sou sua Mulher", um filme que mistura ação e drama com uma narrativa aparentemente clássica, muito parecida com "Rainhas do Crime", inclusive; mas com toques autorais muito marcantes que trazem uma originalidade bem interessante para o filme.
Na história, estamos em 1970, onde Jean (Rachel Brosnahan) é casada com o misterioso Eddie (Bill Heck) e cuida de um bebê, Harry - que foi levado inesperadamente para casa pelo marido. O cotidiano comum de um típico jovem casal americano da época é abalado após Eddie aparentemente trair seus parceiros. A partir daí, sem muitas informações sobre o real ofício do marido ou o que de fato aconteceu com ele, ela precisa fugir com a criança imediatamente enquanto é perseguida pelos ex-comparsas traídos em busca de vingança. Confira o trailer:
Talvez o mais bacana de "I'm Your Woman"(título original) é a forma como a narrativa é desconstruída para propor uma experiência completamente diferente das expectativas, graças a maneira como a protagonista se relaciona com as inúmeras incógnitas criadas pelos acontecimentos do primeiro ato. De fato, Rachel Brosnahan é capaz de nos transmitir toda a angústia ao ver sua vida ser revirada e completamente transformada, sem nada ter a ver com as irresponsabilidades do marido - e acreditem, será uma surpresa atrás da outra!
Todo esse mistério acaba criando um suspense graças a falta de informações e é isso que nos move: a curiosidade! É aí que o trabalho da diretora Julia Hart ganha força, pois ao mesmo tempo que ela não se descuida do arco dramático de Jean, ela cria uma série de camadas psicológicas que vão transformando a jornada interna da personagem, deixando parecer que a ação é o elemento mais importante, quando na verdade é o auto-conhecimento e a capacidade de se emancipar que move a história - vale dizer que, desde o início, Jean é sufocada pelo machismo e por cobranças de que não seria “mulher” suficiente para os padrões sociais conservadores da época e isso é tão bem trabalhado que acaba ganhando uma profundidade muito maior que as excelentes cenas de ação que Hart no apresenta - aliás, reparem na cena da boate!
"Sou sua Mulher" é surpreendente por todos esse fatores, é muito bem realizado e é um ótimo entretenimento; mas não é apenas uma jornada superficial de tiros, perseguição, vingança e máfia! Sim, a narrativa estabelece uma perspectiva explicita sobre a importância do empoderamento feminino - no que é dito e no que pensado! Porém não força a barra, não cria malabarismos narrativos toscos só para provar uma posição ideológica e isso faz com que o filme cresça, agrade e flua.
Não é inesquecível, mas um bom entretenimento! Vale o play!