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Halston

“Halston” é mais uma produção Original Netflix assinada por Ryan Murphy (“American Horror Story”, “O Povo contra O.J. Simpson”, “O Assassinato de Gianni Versace”), depois dos mais recentes lançamentos como “Hollywood”, “The Politician” e “Ratched”, além dos filmes “Baile de Formatura” e “The Boys in the Band”. Pois bem, a minissérie conta a história da ascensão e queda do lendário estilista que virou um ícone da moda nos anos 70, Roy Halston. Estrelada por Ewan McGregor, essa é uma minissérie que já vale o destaque entre os lançamentos da plataforma em 2021.

Baseado na biografia “Simply Halston: The Untold Story” de Steven Gaines, “Halston” reconstitui as famosas festas no Studio 54 e mostra, sem nenhum pudor, as farras com drogas e sexo do estilista. Ao longo dos 5 episódios, podemos acompanhar o seu processo criativo, além de ver suas peças mais icônicas tais como o chapéu “pillbox” de Jackie Kennedy, os macacões decotados e brilhantes de Liza Minelli (uma das melhores amigas do estilista) e os lindos figurinos dos balés da Martha Graham. Sua alta produtividade e versatilidade o levavam a criar até 10 coleções por ano, algo até hoje impensável. Sua ambição, segundo ele, era “vestir todas as pessoas da América”. Multifacetado, além de roupas, ele assinou uma linha luxuosa de cama e banho, óculos escuros, tapetes, sapatos, luvas e até o uniforme da polícia de Nova York. Confira o Trailer:

Roy Halston Frowick (1932-1990) foi o primeiro estilista americano a se tornar uma celebridade. Ewan McGregor está excelente no papel e encarnou com perfeição os maneirismos e até a forma peculiar com que Halston falava, tendo recebido elogios rasgados de Ryan Murphy por sua atuação. Todos os trejeitos e estilo de Halston faziam parte do seu branding pessoal. Ele intuitivamente sabia que tinha que se destacar como uma personalidade excêntrica da moda e se inventar como marca, a fim de se tornar um ícone do mundo fashion. A minissérie mostra bem como sua personalidade destemida ajudou a transformar seu nome numa marca tão famosa. Halston conseguia ser tão envolvente e persuasivo que montou o seu primeiro ateliê sem ainda ter os recursos (milionários) necessários, convencendo clientes a investir em sua marca. O que Halston queria, conseguia realizar. 

Embora tenha sentido falta de alguns artistas famosos e intelectuais que faziam parte do círculo de Halston, entre eles Andy Warhol e Bianca Jagger, aparentemente a produção preferiu focar mais na genialidade do estilista e na evolução dos seus negócios desde o bem-sucedido licenciamento da marca Halston nos anos 70, fazendo com que a marca se expandisse além das roupas e acessórios até o seu famoso perfume, lançado em 1975, que vendeu 85 milhões de dólares em apenas dois anos. 

Se você gosta de dramas biográficos, com aquele toque de empreendedorismo,  “Halston” é sob medida para você. Seja pela grande atuação de Ewan McGregor, pela produção impecável ou apenas para conhecer a história desse grande ícone da moda!

Escrito por Ana Cristina Paixão

Assista Agora

“Halston” é mais uma produção Original Netflix assinada por Ryan Murphy (“American Horror Story”, “O Povo contra O.J. Simpson”, “O Assassinato de Gianni Versace”), depois dos mais recentes lançamentos como “Hollywood”, “The Politician” e “Ratched”, além dos filmes “Baile de Formatura” e “The Boys in the Band”. Pois bem, a minissérie conta a história da ascensão e queda do lendário estilista que virou um ícone da moda nos anos 70, Roy Halston. Estrelada por Ewan McGregor, essa é uma minissérie que já vale o destaque entre os lançamentos da plataforma em 2021.

Baseado na biografia “Simply Halston: The Untold Story” de Steven Gaines, “Halston” reconstitui as famosas festas no Studio 54 e mostra, sem nenhum pudor, as farras com drogas e sexo do estilista. Ao longo dos 5 episódios, podemos acompanhar o seu processo criativo, além de ver suas peças mais icônicas tais como o chapéu “pillbox” de Jackie Kennedy, os macacões decotados e brilhantes de Liza Minelli (uma das melhores amigas do estilista) e os lindos figurinos dos balés da Martha Graham. Sua alta produtividade e versatilidade o levavam a criar até 10 coleções por ano, algo até hoje impensável. Sua ambição, segundo ele, era “vestir todas as pessoas da América”. Multifacetado, além de roupas, ele assinou uma linha luxuosa de cama e banho, óculos escuros, tapetes, sapatos, luvas e até o uniforme da polícia de Nova York. Confira o Trailer:

Roy Halston Frowick (1932-1990) foi o primeiro estilista americano a se tornar uma celebridade. Ewan McGregor está excelente no papel e encarnou com perfeição os maneirismos e até a forma peculiar com que Halston falava, tendo recebido elogios rasgados de Ryan Murphy por sua atuação. Todos os trejeitos e estilo de Halston faziam parte do seu branding pessoal. Ele intuitivamente sabia que tinha que se destacar como uma personalidade excêntrica da moda e se inventar como marca, a fim de se tornar um ícone do mundo fashion. A minissérie mostra bem como sua personalidade destemida ajudou a transformar seu nome numa marca tão famosa. Halston conseguia ser tão envolvente e persuasivo que montou o seu primeiro ateliê sem ainda ter os recursos (milionários) necessários, convencendo clientes a investir em sua marca. O que Halston queria, conseguia realizar. 

Embora tenha sentido falta de alguns artistas famosos e intelectuais que faziam parte do círculo de Halston, entre eles Andy Warhol e Bianca Jagger, aparentemente a produção preferiu focar mais na genialidade do estilista e na evolução dos seus negócios desde o bem-sucedido licenciamento da marca Halston nos anos 70, fazendo com que a marca se expandisse além das roupas e acessórios até o seu famoso perfume, lançado em 1975, que vendeu 85 milhões de dólares em apenas dois anos. 

Se você gosta de dramas biográficos, com aquele toque de empreendedorismo,  “Halston” é sob medida para você. Seja pela grande atuação de Ewan McGregor, pela produção impecável ou apenas para conhecer a história desse grande ícone da moda!

Escrito por Ana Cristina Paixão

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High Flying Bird

"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...

O filme fala sobre um "lockout" da NBA.  "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir. 

O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!

Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????

"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!! 

Vale o play!!! Vale a reflexão!!!

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"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...

O filme fala sobre um "lockout" da NBA.  "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir. 

O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!

Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????

"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!! 

Vale o play!!! Vale a reflexão!!!

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Icahn: O Bilionário Incansável

Você certamente já ouviu falar de Warren Buffett - grande investidor (e filantropo) americano. Mas provavelmente o nome "Carl Icahn" ainda soe pouco familiar. Embora ambos sejam investidores de peso (e multi-bilionários) o modus operandi de cada um é bem particular e talvez esteja aí o grande valor do documentário da HBO, "Icahn: O Bilionário Incansável" -  apresentar de uma forma simples e direta mais uma estratégia de investimento que ajudou a construir um mito - sim, Carl Icahn é um mito e você vai entender a razão nesse filme de um pouco mais de 90 minutos.

Como a própria sinopse oficial descreve, "Icahn: The Restless Billionaire" (no original) fornece acesso sem precedentes à visão do provocativo e franco financista bilionário, Carl Icahn, explorando as fascinantes contradições de um incansável investidor que acumulou cerca de US$ 20 bilhões ao longo do último meio século e que está na vanguarda de alguns dos negócios mais lendários de nossos tempos, como Apple, Netflix, entre outros. Confira o trailer (em inglês):

A trajetória de Icahn se confunde com a história do capitalismo americano e isso por si só já é um dos grandes motivos para você que gosta do assunto assistir esse documentário dirigido (e escrito) pelo Bruce David Klein. O diretor explora com maestria toda essa jornada, desde sua entrada no mercado financeiro (em 1961), passando por sua participação na aquisição hostil da TWA até criar a gestora de investimentos Icahn Enterprises onde Icahn ganhou fama e força no mercado na década de 90 graças ao seu estilo, digamos, pouco amistoso com os CEOs das empresas em que investia.

Icahn sempre foi um personagem interessante, vindo de uma família judia e de poucos recursos, ele entendeu que poderia ganhar muito dinheiro graças a sua enorme capacidade de aprendizado - do pôquer ao seu estilo de investir em empresas em queda na bolsa.  É claro que sua personalidade impositiva (para ser educado) resultou em uma longa lista de disputas e animosidades - um dos casos mais marcantes de sua carreira foi uma discussão na TV, ao vivo, com o também investidor Bill Ackman, sobre a Herbalife - Ackman que recentemente comprou 1,1 bilhão de dólares de ações da Netflix (empresa que Icahn é o maior acionista). 

O único assunto que na minha opinião faltou no documentário diz respeito a breve trajetória de Icahn na política. Também cercada de polêmicas e desentendimentos, seu posicionamento ganhou destaque mundial na eleição de 2016, época em que ele fez parte da chapa do presidente eleito Donald Trump.

O fato é que "Icahn: O Bilionário Incansável" é um retrato importante do desenvolvimento econômico dos EUA, pelos olhos de Wall Street. Sem abrir mão de explorar os fracassos do protagonista e de seu relacionamento com a esposa Gail, o documentário traz ótimos depoimentos (como de Bill Gates e de Andrew Ross Sorkin, roteirista de "Grande Demais para Quebrar" e "Billions"), imagens de arquivo (inclusive pessoais) e, claro, a presença do próprio Carl Icahn que analisa em retrospectiva passagens importantes da sua carreira de sucesso.

Vale muito a pena!

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Você certamente já ouviu falar de Warren Buffett - grande investidor (e filantropo) americano. Mas provavelmente o nome "Carl Icahn" ainda soe pouco familiar. Embora ambos sejam investidores de peso (e multi-bilionários) o modus operandi de cada um é bem particular e talvez esteja aí o grande valor do documentário da HBO, "Icahn: O Bilionário Incansável" -  apresentar de uma forma simples e direta mais uma estratégia de investimento que ajudou a construir um mito - sim, Carl Icahn é um mito e você vai entender a razão nesse filme de um pouco mais de 90 minutos.

Como a própria sinopse oficial descreve, "Icahn: The Restless Billionaire" (no original) fornece acesso sem precedentes à visão do provocativo e franco financista bilionário, Carl Icahn, explorando as fascinantes contradições de um incansável investidor que acumulou cerca de US$ 20 bilhões ao longo do último meio século e que está na vanguarda de alguns dos negócios mais lendários de nossos tempos, como Apple, Netflix, entre outros. Confira o trailer (em inglês):

A trajetória de Icahn se confunde com a história do capitalismo americano e isso por si só já é um dos grandes motivos para você que gosta do assunto assistir esse documentário dirigido (e escrito) pelo Bruce David Klein. O diretor explora com maestria toda essa jornada, desde sua entrada no mercado financeiro (em 1961), passando por sua participação na aquisição hostil da TWA até criar a gestora de investimentos Icahn Enterprises onde Icahn ganhou fama e força no mercado na década de 90 graças ao seu estilo, digamos, pouco amistoso com os CEOs das empresas em que investia.

Icahn sempre foi um personagem interessante, vindo de uma família judia e de poucos recursos, ele entendeu que poderia ganhar muito dinheiro graças a sua enorme capacidade de aprendizado - do pôquer ao seu estilo de investir em empresas em queda na bolsa.  É claro que sua personalidade impositiva (para ser educado) resultou em uma longa lista de disputas e animosidades - um dos casos mais marcantes de sua carreira foi uma discussão na TV, ao vivo, com o também investidor Bill Ackman, sobre a Herbalife - Ackman que recentemente comprou 1,1 bilhão de dólares de ações da Netflix (empresa que Icahn é o maior acionista). 

O único assunto que na minha opinião faltou no documentário diz respeito a breve trajetória de Icahn na política. Também cercada de polêmicas e desentendimentos, seu posicionamento ganhou destaque mundial na eleição de 2016, época em que ele fez parte da chapa do presidente eleito Donald Trump.

O fato é que "Icahn: O Bilionário Incansável" é um retrato importante do desenvolvimento econômico dos EUA, pelos olhos de Wall Street. Sem abrir mão de explorar os fracassos do protagonista e de seu relacionamento com a esposa Gail, o documentário traz ótimos depoimentos (como de Bill Gates e de Andrew Ross Sorkin, roteirista de "Grande Demais para Quebrar" e "Billions"), imagens de arquivo (inclusive pessoais) e, claro, a presença do próprio Carl Icahn que analisa em retrospectiva passagens importantes da sua carreira de sucesso.

Vale muito a pena!

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Império dos Sonhos

Se tem uma coisa que o Disney+ vem nos proporcionando, é o acesso a documentários raros e que, embora muitos deles naturalmente datados, tem um conteúdo simplesmente espetacular. O "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" entra nessa prateleira e te adianto: é mais um daqueles "estudos de caso" que mais parecem um curso de MBA em empreendedorismo - mais ou menos como "A História do Imagineering". Emboraproduzido em 2004 para compor os “extras” do lançamento de uma edição especial da Trilogia Star Wars ainda em DVD, o documentário é mais uma imersão na visão e no comportamento de George Lucas do que uma história construída para os fãs da franquia. 

Em pouco menos de 150 minutos, os diretores Edith Becker e Kevin Burns, ambos de "Playboy: Inside the Playboy Mansion", nos conduzem pelos bastidores da criação da Trilogia Original de Star Wars, focando no processo de desenvolvimento, produção e lançamento de "Guerra nas Estrelas", o filme original de 1977, e depois, com um pouco menos de profundidade, mas não menos interessante, nas histórias de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Confira o trailer:

A partir do acesso aos arquivos da Lucasfilm e do próprio Lucas, Becker e Burns desenvolvem uma narrativa dinâmica e inteligente, mas sem inventar muita moda, ou seja, a partir de uma montagem cronológica simples, os diretores contam a história pelos olhos do seu criador e de vários personagens que transitaram pelas produções dos três filmes. O interessante - e aqui cabe um elogio: é que o documentário parte da visão inovadora, mas também estratégica de Lucas para pontuar a mudança dos paradigmas de Hollywood no início da década de 70, passando pelo seu trabalho na Universidade com o curta-metragem THX-1138 (que depois se transformou em um longa), depois pela pré-produção, produção e pós-produção de Guerra nas Estrelas, seguido pelo receio do seu lançamento até a transformação em uma espécie de fenômeno mundial instantâneo - o roteiro, aliás, é muito feliz ao fazer paralelos com a realidade social e cultural da época e assim tentar explicar toda essa jornada.

O roteirista Ed Singer também foi muito inteligente ao estabelecer sua linha narrativa em cima de uma novidade que foi o "Guerra nas Estrelas" e tudo que envolveu sua produção, para depois simplesmente pontuar o documentário com curiosidades dos outros dois filmes, como a criação do Mestre Yoda, as estratégias para evitar que vazasse a informação sobre a revelação de quem era o pai de Luke, os Ewoks, etc. Singer aproveita e traz para a história nomes como Ralph McQuarrie - artista que trabalhou na Boeing e foi capaz de criar o conceito visual para Gorge Lucas tentar convencer os Estúdios que valia a pena apoiar seu projeto eAlan Ladd Jr., então presidente da Fox, que convenceu a diretoria do Estúdio em financiar o primeiro filme (pouco mais de 8 milhões de dólares) e quem segurou as pontas quando o orçamento e os prazos estouraram nas mãos daquele jovem diretor.

O fato é que o "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" é um rico e delicioso documentário sobre uma franquia que ultrapassou os limites do cinema e se transformou em um dos mais festejados produtos da cultura pop através dos tempos. Da genialidade de George Lucas, conseguimos entender seu propósito como cineasta, mas também sua visão de negócios e de mercado como poucos tiveram até hoje.

Vale muito a pena!

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Se tem uma coisa que o Disney+ vem nos proporcionando, é o acesso a documentários raros e que, embora muitos deles naturalmente datados, tem um conteúdo simplesmente espetacular. O "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" entra nessa prateleira e te adianto: é mais um daqueles "estudos de caso" que mais parecem um curso de MBA em empreendedorismo - mais ou menos como "A História do Imagineering". Emboraproduzido em 2004 para compor os “extras” do lançamento de uma edição especial da Trilogia Star Wars ainda em DVD, o documentário é mais uma imersão na visão e no comportamento de George Lucas do que uma história construída para os fãs da franquia. 

Em pouco menos de 150 minutos, os diretores Edith Becker e Kevin Burns, ambos de "Playboy: Inside the Playboy Mansion", nos conduzem pelos bastidores da criação da Trilogia Original de Star Wars, focando no processo de desenvolvimento, produção e lançamento de "Guerra nas Estrelas", o filme original de 1977, e depois, com um pouco menos de profundidade, mas não menos interessante, nas histórias de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Confira o trailer:

A partir do acesso aos arquivos da Lucasfilm e do próprio Lucas, Becker e Burns desenvolvem uma narrativa dinâmica e inteligente, mas sem inventar muita moda, ou seja, a partir de uma montagem cronológica simples, os diretores contam a história pelos olhos do seu criador e de vários personagens que transitaram pelas produções dos três filmes. O interessante - e aqui cabe um elogio: é que o documentário parte da visão inovadora, mas também estratégica de Lucas para pontuar a mudança dos paradigmas de Hollywood no início da década de 70, passando pelo seu trabalho na Universidade com o curta-metragem THX-1138 (que depois se transformou em um longa), depois pela pré-produção, produção e pós-produção de Guerra nas Estrelas, seguido pelo receio do seu lançamento até a transformação em uma espécie de fenômeno mundial instantâneo - o roteiro, aliás, é muito feliz ao fazer paralelos com a realidade social e cultural da época e assim tentar explicar toda essa jornada.

O roteirista Ed Singer também foi muito inteligente ao estabelecer sua linha narrativa em cima de uma novidade que foi o "Guerra nas Estrelas" e tudo que envolveu sua produção, para depois simplesmente pontuar o documentário com curiosidades dos outros dois filmes, como a criação do Mestre Yoda, as estratégias para evitar que vazasse a informação sobre a revelação de quem era o pai de Luke, os Ewoks, etc. Singer aproveita e traz para a história nomes como Ralph McQuarrie - artista que trabalhou na Boeing e foi capaz de criar o conceito visual para Gorge Lucas tentar convencer os Estúdios que valia a pena apoiar seu projeto eAlan Ladd Jr., então presidente da Fox, que convenceu a diretoria do Estúdio em financiar o primeiro filme (pouco mais de 8 milhões de dólares) e quem segurou as pontas quando o orçamento e os prazos estouraram nas mãos daquele jovem diretor.

O fato é que o "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" é um rico e delicioso documentário sobre uma franquia que ultrapassou os limites do cinema e se transformou em um dos mais festejados produtos da cultura pop através dos tempos. Da genialidade de George Lucas, conseguimos entender seu propósito como cineasta, mas também sua visão de negócios e de mercado como poucos tiveram até hoje.

Vale muito a pena!

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Indústria Americana

Indústria Americana

"Indústria Americana" é um recorte dos mais interessantes sobre o que não se deve fazer em um processo de internacionalização de uma empresa (ou no caso de uma indústria). O documentário vencedor do Oscar de 2020 é tão bem construído que fica tão evidente o choque cultural que, sinceramente, é impossível definir quem é o mocinho e quem é o bandido - e isso nos provoca uma excelente reflexão, já que em grande parte da história ouvimos sempre os dois lados.

No Estado de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para criar uma filial da sua empresa de vidros automotivos, Fuyao, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário de Dayton (e obviamente lucrar muito com isso), após milhares de pessoas perderem emprego. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores locais, as perspectivas para cidade se amplificam, porém a cultura corporativa dos dois países são muito diferentes e é nesse momento que os embates ficam ainda mais sérios. Confira o trailer:

É inegável que existe uma certa miopia americana sobre a importância cultural no resto do mundo - claro que isso vem mudando ao longo dos anos, mas aqui estamos falando de uma cidadezinha do interior de Ohio onde a memória afetiva do local está diretamente ligada a um símbolo do capitalismo americano: a GM. Imagine, no entanto, que graças a globalização, esse cenário passe a impactar diretamente no inconsciente coletivo já que agora, os nativos estão à mercê dos imigrantes. Opa, mas isso seria possível depois do eterno discurso sobre o "american way of life" que ajudou a construir uma sociedade onde os subempregos eram relegados aos imigrantes e não aos americanos?

É nessa dicotomia que "Indústria Americana", dos diretores Steven Bognar e Julia Reichert, tenta equilibrar a formalidade do assunto com um interesse "sincero" pelas vidas - e aqui não me soou um "filme denúncia" e sim uma provocação das mais pertinentes nos dias de hoje. Se os executivos americanos da filial chinesa não conseguem alinhar a nova cultura com seus próprios compatriotas, por que não trazer um executivo chinês para jogar na cara desses mesmos americanos que seu povo é, de fato, melhor e mais produtivo? Esses embates são muito bem conduzidos pelo roteiro e vai fazendo com que nossa opinião vá mudando a cada nova situação - e talvez a melhor conclusão seja que ambos os lados estavam certos dentro o seu contexto cultural, mas muito errados ao não olhar o "diferente".

Existe uma tendência do filme pintar os chineses como tipos desumanizados, capitalistas, opressores e robotizados pelo pensamento industrial, em contraponto ao calor amigável e familiar do americano do Centro-Oeste - o que traz uma ironia genial para a história. Quando Bognar e Reichert enxergam esse potencial, naturalmente eles se afastam do estilo espalhafatoso Michael Moore retratava os trabalhadores de colarinho azul nos seus primeiros documentários, e fortalecem sua identidade.

Se alguém ainda tiver dúvida sobre a importância da cultura dentro de uma organização e a necessidade de adaptações nos processos e na comunicação durante a internacionalização, não perca tempo e dê o play - esse documentário mostra "da pior forma possível" como as diferenças podem destruir uma enorme oportunidade (para os dois lados)!

Vale muito a pena!

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"Indústria Americana" é um recorte dos mais interessantes sobre o que não se deve fazer em um processo de internacionalização de uma empresa (ou no caso de uma indústria). O documentário vencedor do Oscar de 2020 é tão bem construído que fica tão evidente o choque cultural que, sinceramente, é impossível definir quem é o mocinho e quem é o bandido - e isso nos provoca uma excelente reflexão, já que em grande parte da história ouvimos sempre os dois lados.

No Estado de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para criar uma filial da sua empresa de vidros automotivos, Fuyao, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário de Dayton (e obviamente lucrar muito com isso), após milhares de pessoas perderem emprego. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores locais, as perspectivas para cidade se amplificam, porém a cultura corporativa dos dois países são muito diferentes e é nesse momento que os embates ficam ainda mais sérios. Confira o trailer:

É inegável que existe uma certa miopia americana sobre a importância cultural no resto do mundo - claro que isso vem mudando ao longo dos anos, mas aqui estamos falando de uma cidadezinha do interior de Ohio onde a memória afetiva do local está diretamente ligada a um símbolo do capitalismo americano: a GM. Imagine, no entanto, que graças a globalização, esse cenário passe a impactar diretamente no inconsciente coletivo já que agora, os nativos estão à mercê dos imigrantes. Opa, mas isso seria possível depois do eterno discurso sobre o "american way of life" que ajudou a construir uma sociedade onde os subempregos eram relegados aos imigrantes e não aos americanos?

É nessa dicotomia que "Indústria Americana", dos diretores Steven Bognar e Julia Reichert, tenta equilibrar a formalidade do assunto com um interesse "sincero" pelas vidas - e aqui não me soou um "filme denúncia" e sim uma provocação das mais pertinentes nos dias de hoje. Se os executivos americanos da filial chinesa não conseguem alinhar a nova cultura com seus próprios compatriotas, por que não trazer um executivo chinês para jogar na cara desses mesmos americanos que seu povo é, de fato, melhor e mais produtivo? Esses embates são muito bem conduzidos pelo roteiro e vai fazendo com que nossa opinião vá mudando a cada nova situação - e talvez a melhor conclusão seja que ambos os lados estavam certos dentro o seu contexto cultural, mas muito errados ao não olhar o "diferente".

Existe uma tendência do filme pintar os chineses como tipos desumanizados, capitalistas, opressores e robotizados pelo pensamento industrial, em contraponto ao calor amigável e familiar do americano do Centro-Oeste - o que traz uma ironia genial para a história. Quando Bognar e Reichert enxergam esse potencial, naturalmente eles se afastam do estilo espalhafatoso Michael Moore retratava os trabalhadores de colarinho azul nos seus primeiros documentários, e fortalecem sua identidade.

Se alguém ainda tiver dúvida sobre a importância da cultura dentro de uma organização e a necessidade de adaptações nos processos e na comunicação durante a internacionalização, não perca tempo e dê o play - esse documentário mostra "da pior forma possível" como as diferenças podem destruir uma enorme oportunidade (para os dois lados)!

Vale muito a pena!

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Industry

"Industry", co-produção da BBC com a HBO, está mais para "Billions" do que para "Succession", no entanto, e é preciso que se diga, essa característica menos "premium" acaba não exigindo muito da audiência, deixando a experiência muito mais próxima do entretenimento despretensioso do que se a narrativa fosse construída em cima de camadas mais profundas e com personagens mais complexos. O que eu quero dizer, é que a série criada pela Lena Dunham (de "Girls") é daquelas que vamos acompanhando sem a necessidade de maratonar ou ficar revisitando outros episódios para entender a trama como um todo - "Industry" é divertida por ser ágil e envolvente, mesmo dentro de sua superficialidade (lembram dos bons tempos de "How To Get Away With Murder" ou de "Suits"?).

Aqui somos apresentados a uma perspectiva única do competitivo setor financeiro de Londres. A trama acompanha um grupo de jovens recém-formados em busca de sucesso, dinheiro e reconhecimento em um prestigioso banco de investimentos, o Pierpoint. "Industry" mergulha no submundo corporativo, expondo os desafios enfrentados por esses jovens profissionais enquanto lidam com ambição, rivalidade e dilemas éticos do dia a dia. Confira o trailer:

Citar "How To Get Away With Murder" não foi por acaso, pois "Industry" é basicamente construída em cima de quatro personagens-chave, na faixa dos vinte e poucos anos, que estão buscando se estabelecer profissionalmente custe o que custar - como dito no próprio roteiro: "fazer parte dos 3% no topo da pirâmide, enquanto são temidos por todos". É nesse contexto que passamos a entender, mais ou menos no quarto episódio (não desista antes disso), como o texto deseja trabalhar a riqueza de seus personagens, mesmo que apoiado em alguns estereótipos. Cada um dos protagonistas representam uma classe muito bem definida - seja socialmente, politicamente e até na orientação sexual. Obviamente que essas características geram motivações pessoais mais complexas devido ao ambiente onde a história acontece e é justamente por isso que os dilemas profissionais passam a nos impactar, deixando a narrativa ainda mais divertida.

A série apresenta uma diversidade muito bem-vinda como conflito narrativo, abordando questões relevantes sobre inclusão e representatividade no ambiente corporativo, sem ser didática demais. A atmosfera do Pierpoint se propõe a ser "uma recriação mais realista possível" do mercado financeiro de Londres - e para quem gosta desse universo, fica fácil se conectar. Eu diria até que é como se estivéssemos assistindo uma série baseada no filme "O Clube dos Meninos Bilionários" Com o play você passa a mergulhar em uma cultura corporativa tóxica, destacando a pressão implacável e o ritmo frenético que define esse universo, além de oferecer um olhar atento sobre as relações no ambiente de trabalho, demonstrando como as ambições individuais podem se chocar em um canário tão competitivo.

"Industry" é entretenimento puro. Uma série que cativa mais pelos temas contemporâneos e pela atmosfera imersiva, do que pela profundidade de sua trama ou de seus personagens. Mesmo que inicialmente os assuntos e as relações soem desconexos, tudo vai se ajustando durante a primeira temporada e a entrega passa a ser bem satisfatória, para não dizer viciante! Tem muito sexo, drogas, abusos psicológicos, traições; mas sempre com aquela ideia mais fantasiosa de que se trata de uma ficção e não de um recorte especifico da vida real, certo?

Vale seu play!

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"Industry", co-produção da BBC com a HBO, está mais para "Billions" do que para "Succession", no entanto, e é preciso que se diga, essa característica menos "premium" acaba não exigindo muito da audiência, deixando a experiência muito mais próxima do entretenimento despretensioso do que se a narrativa fosse construída em cima de camadas mais profundas e com personagens mais complexos. O que eu quero dizer, é que a série criada pela Lena Dunham (de "Girls") é daquelas que vamos acompanhando sem a necessidade de maratonar ou ficar revisitando outros episódios para entender a trama como um todo - "Industry" é divertida por ser ágil e envolvente, mesmo dentro de sua superficialidade (lembram dos bons tempos de "How To Get Away With Murder" ou de "Suits"?).

Aqui somos apresentados a uma perspectiva única do competitivo setor financeiro de Londres. A trama acompanha um grupo de jovens recém-formados em busca de sucesso, dinheiro e reconhecimento em um prestigioso banco de investimentos, o Pierpoint. "Industry" mergulha no submundo corporativo, expondo os desafios enfrentados por esses jovens profissionais enquanto lidam com ambição, rivalidade e dilemas éticos do dia a dia. Confira o trailer:

Citar "How To Get Away With Murder" não foi por acaso, pois "Industry" é basicamente construída em cima de quatro personagens-chave, na faixa dos vinte e poucos anos, que estão buscando se estabelecer profissionalmente custe o que custar - como dito no próprio roteiro: "fazer parte dos 3% no topo da pirâmide, enquanto são temidos por todos". É nesse contexto que passamos a entender, mais ou menos no quarto episódio (não desista antes disso), como o texto deseja trabalhar a riqueza de seus personagens, mesmo que apoiado em alguns estereótipos. Cada um dos protagonistas representam uma classe muito bem definida - seja socialmente, politicamente e até na orientação sexual. Obviamente que essas características geram motivações pessoais mais complexas devido ao ambiente onde a história acontece e é justamente por isso que os dilemas profissionais passam a nos impactar, deixando a narrativa ainda mais divertida.

A série apresenta uma diversidade muito bem-vinda como conflito narrativo, abordando questões relevantes sobre inclusão e representatividade no ambiente corporativo, sem ser didática demais. A atmosfera do Pierpoint se propõe a ser "uma recriação mais realista possível" do mercado financeiro de Londres - e para quem gosta desse universo, fica fácil se conectar. Eu diria até que é como se estivéssemos assistindo uma série baseada no filme "O Clube dos Meninos Bilionários" Com o play você passa a mergulhar em uma cultura corporativa tóxica, destacando a pressão implacável e o ritmo frenético que define esse universo, além de oferecer um olhar atento sobre as relações no ambiente de trabalho, demonstrando como as ambições individuais podem se chocar em um canário tão competitivo.

"Industry" é entretenimento puro. Uma série que cativa mais pelos temas contemporâneos e pela atmosfera imersiva, do que pela profundidade de sua trama ou de seus personagens. Mesmo que inicialmente os assuntos e as relações soem desconexos, tudo vai se ajustando durante a primeira temporada e a entrega passa a ser bem satisfatória, para não dizer viciante! Tem muito sexo, drogas, abusos psicológicos, traições; mas sempre com aquela ideia mais fantasiosa de que se trata de uma ficção e não de um recorte especifico da vida real, certo?

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Inspiration4 - Viagem Estelar

Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.

Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):

Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.

"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!

Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.

Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!

Vale muito seu play!

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Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.

Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):

Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.

"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!

Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.

Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!

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Inventando Anna

O grande segredo para você não se decepcionar ao assistir "Inventando Anna" está no alinhamento de expectativas. Veja, a minissérie da Netflix é muito boa, mas não tem uma narrativa realista, tão comum em projetos que usam os elementos documentais de "true crime" para simular a veracidade na ficção. Não, "Inventando Anna" não se propõe a ser um mergulho profundo na mente da protagonista (mesmo sugerindo), a minissérie é dinâmica, divertida, mas entretenimento puro - bem no estilo da sua criadora, Shonda Rhimes (de "Grey’s Anatomy", "How to Get Away with Murder" e "Scandal").

A minissérie acompanha a jornalista Vivian (Anna Chlumsky) enquanto ela investiga a glamourosa e misteriosa Anna Delvey (Julia Garner), uma jovem socialite que tem uma vida de luxos e festas e que se apresenta como uma herdeira alemã milionária, mas que na verdade utiliza dessa fachada para dar inúmeros golpes em bancos e jovens ricos. Depois que os golpes de Anna são expostos e ela acaba sendo processada e presa, Vivian decide contar a história de como Anna conseguiu se tornar uma das maiores figuras da elite burguesa de Nova Iorque mesmo vindo de origem pobre. Confira o trailer:

Você não vai precisar de mais que dois episódios para perceber que "Inventando Anna" poderia, tranquilamente, ser um spin-off de "Gossip Girl" - e não falo isso com demérito, pois a dinâmica imposta por Rhimes, embora nada original, funciona muito bem e diverte. Existe um mood mais jovem na narrativa, sempre pontuada com uma trilha sonora moderninha e interpretações mais caricatas. Eu sei que pode parecer que estou criticando a minissérie, mas não é o caso, porém o estilo escolhido para contar uma história real como essa, pode não agradar quem procura por algo, digamos, mais sério.

Com uma aplicação gráfica criativa, recebemos um aviso no inicio de cada episódio: Esta história é completamente verdadeira. Exceto pelas partes que foram totalmente inventadas”. Baseada em uma publicação da jornalistaJessica Pressler da revista "New York", "Inventando Anna" transita muito bem entre o "fato" e o "conto" em um dos temas mais interessantes na construção de uma narrativa envolvente e que fomenta muita curiosidade para audiência: como o anti-herói conseguiu enganar tanta gente e viver de uma forma que "eu" gostaria de viver, mas dificilmente vou conseguir trabalhando honestamente (por favor, entendam a ironia da afirmação). A maneira como essa premissa nos provoca, reflete exatamente nosso sentimento ao assistir a minissérie: nunca sabemos para quem torcer, quem está certo, errado, o que faríamos em determinada situação - e é esse o charme da experiência, basta reparar no sucesso que "O Golpista do Tinder" fez recentemente.

Muito bem produzida e com Julia Garner (de "Ozark") brilhando, "Inventando Anna" é um retrato de uma sociedade instagramável - vimos isso em "Fake Famous" e em "As Faces da Marca". Mas as referências não param por aí: picaretas que lesaram muita gente também são citados durante os episódios dentro de um contexto que deixa claro como Anna tinha o dom do convencimento. Ela era uma mistura de Elizabeth Holmes (do ótimo e imperdível "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício") com Billy McFarland (criador do "Fyre Festival") - esse último, inclusive, era amigo de Anna e é muito citado na história.

O fato é que "Inventando Anna" é fácil de assistir, diverte de verdade e não cansa. Mesmo com uma falta de unidade na estrutura narrativa, você sempre vai encontrar um artificio visual para renovar sua atenção, seja uma tela dividida, um freeze frame,um corte rápido que te leva para um flashback, uma quebra de linha temporal entre passado e presente na mesma cena. São 9 episódios, mas poderiam ser 7. Os dois últimos focam no julgamento, mas poderiam ser resolvidos com algumas legendas na tela preta, mas como isso não seria um "Shonda Rhimes" acabamos embarcando na proposta.

Antes de finalizar, um detalhe importante: boas atrizes são aquelas que aparecem nos mínimos movimentos e na introspecção de uma ação carregada de sentimento - reparem na cena em que Anna, sem dinheiro algum e sozinha, está no metro e encontra um saco com fast food.Veja como Julia Garner se relaciona com aquela situação e com que prazer que ela come a batata frita - tudo isso sem dizer uma só palavra! Lindo!

Se você chegou até aqui, pode dar o play, você vai se divertir!

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O grande segredo para você não se decepcionar ao assistir "Inventando Anna" está no alinhamento de expectativas. Veja, a minissérie da Netflix é muito boa, mas não tem uma narrativa realista, tão comum em projetos que usam os elementos documentais de "true crime" para simular a veracidade na ficção. Não, "Inventando Anna" não se propõe a ser um mergulho profundo na mente da protagonista (mesmo sugerindo), a minissérie é dinâmica, divertida, mas entretenimento puro - bem no estilo da sua criadora, Shonda Rhimes (de "Grey’s Anatomy", "How to Get Away with Murder" e "Scandal").

A minissérie acompanha a jornalista Vivian (Anna Chlumsky) enquanto ela investiga a glamourosa e misteriosa Anna Delvey (Julia Garner), uma jovem socialite que tem uma vida de luxos e festas e que se apresenta como uma herdeira alemã milionária, mas que na verdade utiliza dessa fachada para dar inúmeros golpes em bancos e jovens ricos. Depois que os golpes de Anna são expostos e ela acaba sendo processada e presa, Vivian decide contar a história de como Anna conseguiu se tornar uma das maiores figuras da elite burguesa de Nova Iorque mesmo vindo de origem pobre. Confira o trailer:

Você não vai precisar de mais que dois episódios para perceber que "Inventando Anna" poderia, tranquilamente, ser um spin-off de "Gossip Girl" - e não falo isso com demérito, pois a dinâmica imposta por Rhimes, embora nada original, funciona muito bem e diverte. Existe um mood mais jovem na narrativa, sempre pontuada com uma trilha sonora moderninha e interpretações mais caricatas. Eu sei que pode parecer que estou criticando a minissérie, mas não é o caso, porém o estilo escolhido para contar uma história real como essa, pode não agradar quem procura por algo, digamos, mais sério.

Com uma aplicação gráfica criativa, recebemos um aviso no inicio de cada episódio: Esta história é completamente verdadeira. Exceto pelas partes que foram totalmente inventadas”. Baseada em uma publicação da jornalistaJessica Pressler da revista "New York", "Inventando Anna" transita muito bem entre o "fato" e o "conto" em um dos temas mais interessantes na construção de uma narrativa envolvente e que fomenta muita curiosidade para audiência: como o anti-herói conseguiu enganar tanta gente e viver de uma forma que "eu" gostaria de viver, mas dificilmente vou conseguir trabalhando honestamente (por favor, entendam a ironia da afirmação). A maneira como essa premissa nos provoca, reflete exatamente nosso sentimento ao assistir a minissérie: nunca sabemos para quem torcer, quem está certo, errado, o que faríamos em determinada situação - e é esse o charme da experiência, basta reparar no sucesso que "O Golpista do Tinder" fez recentemente.

Muito bem produzida e com Julia Garner (de "Ozark") brilhando, "Inventando Anna" é um retrato de uma sociedade instagramável - vimos isso em "Fake Famous" e em "As Faces da Marca". Mas as referências não param por aí: picaretas que lesaram muita gente também são citados durante os episódios dentro de um contexto que deixa claro como Anna tinha o dom do convencimento. Ela era uma mistura de Elizabeth Holmes (do ótimo e imperdível "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício") com Billy McFarland (criador do "Fyre Festival") - esse último, inclusive, era amigo de Anna e é muito citado na história.

O fato é que "Inventando Anna" é fácil de assistir, diverte de verdade e não cansa. Mesmo com uma falta de unidade na estrutura narrativa, você sempre vai encontrar um artificio visual para renovar sua atenção, seja uma tela dividida, um freeze frame,um corte rápido que te leva para um flashback, uma quebra de linha temporal entre passado e presente na mesma cena. São 9 episódios, mas poderiam ser 7. Os dois últimos focam no julgamento, mas poderiam ser resolvidos com algumas legendas na tela preta, mas como isso não seria um "Shonda Rhimes" acabamos embarcando na proposta.

Antes de finalizar, um detalhe importante: boas atrizes são aquelas que aparecem nos mínimos movimentos e na introspecção de uma ação carregada de sentimento - reparem na cena em que Anna, sem dinheiro algum e sozinha, está no metro e encontra um saco com fast food.Veja como Julia Garner se relaciona com aquela situação e com que prazer que ela come a batata frita - tudo isso sem dizer uma só palavra! Lindo!

Se você chegou até aqui, pode dar o play, você vai se divertir!

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John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!

"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.

Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.

Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.

"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!

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Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!

"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.

Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.

Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.

"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!

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Joy

Joy

Quando "Joy" chegou aos cinemas em 2015, o filme veio carregado de críticas - umas coerentes, mas a maioria exagerada. Um filme que tem em seu arco principal a superação de uma personagem mulher em busca de um sonho empreendedor para mudar de vida definitivamente, como em "A Vida e a História de Madam C.J. Walker", precisa ser entendido e interpretado de acordo com sua proposta narrativa, não a partir da filmografia de seu diretor - no caso, David O. Russell que vinha de três grandes sucessos como "O Vencedor", "O Lado Bom da Vida" e "Trapaça", e ainda carregava a pressão de cinco indicações ao Oscar. 

Inspirado em uma história real, o filme mostra a emocionante jornada de Joy (Jennifer Lawrence), uma mulher que é ferozmente determinada a manter sua excêntrica e disfuncional família unida em face da aparentemente e insuperável probabilidade de se dar mal. Motivada pela necessidade, engenhosidade e pelo sonho de uma vida melhor, Joy busca com todas as forças, triunfar como a fundadora e inventora do "esfregão", e assim se tornar a matriarca de um bilionário império que transformou sua vida e a de sua família. Confira o trailer:

Veja, talvez a história de Joy seja de fato mais interessante que o filme, mas em hipótese nenhuma podemos dizer que o filme é ruim - ele não é. Algumas escolhas narrativas de O. Russell, que também escreveu o roteiro, me pareceram equivocadas e destaco duas: a narração em off (e a escolha da personagem que faz isso) é ruim e a fixação em tentar encontrar paralelos com a Soap Opera que fez parte da vida de Joy e razão da inércia da sua mãe, pior ainda. Embora ambos sejam artifícios para cortar o caminho sempre complicado de colocar na tela uma biografia com tão pouco tempo de história, é de se notar a pretensão do diretor de querer ser genial - o que acaba sendo um desperdício de energia, pois a jornada de Joy por si só já entregaria uma conexão imediata com o público deixando espaço para algumas alegorias que ele sempre gostou de pontuar (e bem) em seu filmes.

Ao olharmos pelo prisma empreendedor, meu Deus, "Joy" é um retrato tão palpável, que mesmo no exagero do texto ainda sim nos identificamos com a jornada. Vemos como a vida espanca (sim, esse é o termo exato do que acontece) a protagonista diariamente para então acompanharmos como a determinação, a criatividade, a boa vontade, o trabalho e a esperança podem mudar o rumo das coisas. É impressionante como a protagonista vai ao fundo do poço, e claro que isso é romantizado, mas o que importa (e aqui voltamos na proposta narrativa) é a mensagem quase motivacional de resiliência.

Reparem que logo no inicio o diretor já avisa que o filme é sobre “mulheres fortes”, ou seja, se trata de uma tentativa de estabelecer uma visão de empoderamento feminino - que é válido, mas retórico. Disse tudo isso para afirmar que "Joy" (que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "O Nome do Sucesso") pode soar apressada, mas vai te fisgar de acordo com o olhar pela qual você receber a narrativa. Pessoalmente, achei o filme bom, interessante pelo ponto de vista da jornada do herói, mas especialmente válido por conhecer o desafio empreendedor e a vontade de vencer na vida da protagonista mesmo com tantas dificuldades.

É emocionante e divertido, mesmo que falhe como obra biográfica. Vale o play!

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Quando "Joy" chegou aos cinemas em 2015, o filme veio carregado de críticas - umas coerentes, mas a maioria exagerada. Um filme que tem em seu arco principal a superação de uma personagem mulher em busca de um sonho empreendedor para mudar de vida definitivamente, como em "A Vida e a História de Madam C.J. Walker", precisa ser entendido e interpretado de acordo com sua proposta narrativa, não a partir da filmografia de seu diretor - no caso, David O. Russell que vinha de três grandes sucessos como "O Vencedor", "O Lado Bom da Vida" e "Trapaça", e ainda carregava a pressão de cinco indicações ao Oscar. 

Inspirado em uma história real, o filme mostra a emocionante jornada de Joy (Jennifer Lawrence), uma mulher que é ferozmente determinada a manter sua excêntrica e disfuncional família unida em face da aparentemente e insuperável probabilidade de se dar mal. Motivada pela necessidade, engenhosidade e pelo sonho de uma vida melhor, Joy busca com todas as forças, triunfar como a fundadora e inventora do "esfregão", e assim se tornar a matriarca de um bilionário império que transformou sua vida e a de sua família. Confira o trailer:

Veja, talvez a história de Joy seja de fato mais interessante que o filme, mas em hipótese nenhuma podemos dizer que o filme é ruim - ele não é. Algumas escolhas narrativas de O. Russell, que também escreveu o roteiro, me pareceram equivocadas e destaco duas: a narração em off (e a escolha da personagem que faz isso) é ruim e a fixação em tentar encontrar paralelos com a Soap Opera que fez parte da vida de Joy e razão da inércia da sua mãe, pior ainda. Embora ambos sejam artifícios para cortar o caminho sempre complicado de colocar na tela uma biografia com tão pouco tempo de história, é de se notar a pretensão do diretor de querer ser genial - o que acaba sendo um desperdício de energia, pois a jornada de Joy por si só já entregaria uma conexão imediata com o público deixando espaço para algumas alegorias que ele sempre gostou de pontuar (e bem) em seu filmes.

Ao olharmos pelo prisma empreendedor, meu Deus, "Joy" é um retrato tão palpável, que mesmo no exagero do texto ainda sim nos identificamos com a jornada. Vemos como a vida espanca (sim, esse é o termo exato do que acontece) a protagonista diariamente para então acompanharmos como a determinação, a criatividade, a boa vontade, o trabalho e a esperança podem mudar o rumo das coisas. É impressionante como a protagonista vai ao fundo do poço, e claro que isso é romantizado, mas o que importa (e aqui voltamos na proposta narrativa) é a mensagem quase motivacional de resiliência.

Reparem que logo no inicio o diretor já avisa que o filme é sobre “mulheres fortes”, ou seja, se trata de uma tentativa de estabelecer uma visão de empoderamento feminino - que é válido, mas retórico. Disse tudo isso para afirmar que "Joy" (que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "O Nome do Sucesso") pode soar apressada, mas vai te fisgar de acordo com o olhar pela qual você receber a narrativa. Pessoalmente, achei o filme bom, interessante pelo ponto de vista da jornada do herói, mas especialmente válido por conhecer o desafio empreendedor e a vontade de vencer na vida da protagonista mesmo com tantas dificuldades.

É emocionante e divertido, mesmo que falhe como obra biográfica. Vale o play!

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King Richard

Essa era uma história que merecia ser contada - e o interessante é que o protagonista não é exatamente um personagem que já conhecemos ou admiramos pela sua obra ou conquistas, embora essa percepção esteja completamente errada já que seu nome está diretamente ligado a dois fenômenos do esporte mundial: Venus e Serena Williams.

Motivado por uma visão clara do futuro brilhante de suas talentosas filhas e empregando métodos próprios e nada convencionais de treinamento, Richard (Will Smith) cria um plano detalhado para levar Venus e Serena Williams, das ruas de Compton, na Califórnia, para as quadras de todo o mundo, como lendas vivas do tênis. Profundamente comovente, o filme retrata a importância da família, da perseverança, do trabalho duro e da fé inabalável como instrumentos para alcançar o que para muitos parecia impossível e assim transformar para sempre a história de um esporte considerado até ali, branco e elitista. Confira o trailer:

Obviamente que assistimos esse excelente filme com aquela confortável sensação de que tudo vai dar certo no final, pois já conhecemos (mesmo que muitos superficialmente) a história de sucesso e o que vieram a representar Venus e Serena para o esporte mundial. Portanto, "King Richard" (que no Brasil ganhou o sugestivo e dispensável subtítulo de "Criando Campeãs") se trata de um filme sobre o que representou "a jornada" e não necessariamente "as conquistas"! O interessante, e um dos grandes acertos do roteiro, foi que o filme transformou essa jornada em um recorte bastante claro e importante de onde a trama poderia nos levar (e aqui assunto não é o esporte): o fato de termos duas personagens com um futuro brilhante pela frente, em momento algum impediu que o personagem título brilhasse - o foco é realmente o homem que nunca deixou de acreditar, de lutar, que errava tentando acertar e que, em muitos momentos, convivia com o medo de falhar como pai. Essa construção de camadas do personagem, brilhantemente interpretado por Smith, foi um verdadeiro golaço do roteirista estreante Zach Baylin (que vai assinar "Creed III" e que pode até surpreender como um dos indicados no próximo Oscar por esse trabalho).

Além de Will Smith, todo o elenco está impecável - é praticamente impossível não se apaixonar e depois torcer muito para as meninas tamanho é o carisma que a dinâmica familiar dos Williams traz. Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena são (e estão) incríveis, além, é claro, de mais um belíssimo trabalho da Aunjanue Ellis como Oracene 'Brandy' Williams. Existe um certo equilíbrio entre a leveza e a profundidade em diálogos que não fogem, em nenhum momento, de discussões duras (e delicadas) sobre racismo e desigualdade social - e esse mérito, sem dúvida, deve ser creditado aos atores.

Veja, o recente "O Quinto Set" também trabalha com muito cuidado e sensibilidade os dramas vividos pelos atletas e suas relações familiares fora das quadras (até com um tom mais independente da narrativa), mas talvez se distancie de "King Richard" por se tratar de uma obra de ficção - mesmo sendo cruelmente realista. Porém, também é preciso que se diga que o conceito visual da produção francesa, especialmente nos embates dentro das quadras, são infinitamente superiores ao que vemos aqui sob o comando do diretor Reinaldo Marcus Green. Essa talvez seja a única lacuna que "King Richard – Criando Campeãs" não conseguiu preencher - funciona bem no drama, mas perde no impacto visual da ação.

Cheio de curiosidades sobre os bastidores do tênis, o filme vai dialogar da mesma forma com aqueles que acompanham (e conhecem) o esporte e com outros que apenas se identificam com histórias de superação. Existe muita emoção na narrativa, algumas frases de efeito e um pouco de romantismo perante a jornada, mas te garanto: tudo isso funciona perfeitamente e só soma para a deliciosa experiência que é acompanhar a história de Richard e de Venus - o que deixa um enorme desafio pela frente: quem será capaz e quando a história de Serena será contada - porque o sarrafo agora está bem alto!

Vale cada segundo!

Up-date: "King Richard" foi indicado em seis categorias no Oscar 2022, ganhando em Melhor Ator.

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Essa era uma história que merecia ser contada - e o interessante é que o protagonista não é exatamente um personagem que já conhecemos ou admiramos pela sua obra ou conquistas, embora essa percepção esteja completamente errada já que seu nome está diretamente ligado a dois fenômenos do esporte mundial: Venus e Serena Williams.

Motivado por uma visão clara do futuro brilhante de suas talentosas filhas e empregando métodos próprios e nada convencionais de treinamento, Richard (Will Smith) cria um plano detalhado para levar Venus e Serena Williams, das ruas de Compton, na Califórnia, para as quadras de todo o mundo, como lendas vivas do tênis. Profundamente comovente, o filme retrata a importância da família, da perseverança, do trabalho duro e da fé inabalável como instrumentos para alcançar o que para muitos parecia impossível e assim transformar para sempre a história de um esporte considerado até ali, branco e elitista. Confira o trailer:

Obviamente que assistimos esse excelente filme com aquela confortável sensação de que tudo vai dar certo no final, pois já conhecemos (mesmo que muitos superficialmente) a história de sucesso e o que vieram a representar Venus e Serena para o esporte mundial. Portanto, "King Richard" (que no Brasil ganhou o sugestivo e dispensável subtítulo de "Criando Campeãs") se trata de um filme sobre o que representou "a jornada" e não necessariamente "as conquistas"! O interessante, e um dos grandes acertos do roteiro, foi que o filme transformou essa jornada em um recorte bastante claro e importante de onde a trama poderia nos levar (e aqui assunto não é o esporte): o fato de termos duas personagens com um futuro brilhante pela frente, em momento algum impediu que o personagem título brilhasse - o foco é realmente o homem que nunca deixou de acreditar, de lutar, que errava tentando acertar e que, em muitos momentos, convivia com o medo de falhar como pai. Essa construção de camadas do personagem, brilhantemente interpretado por Smith, foi um verdadeiro golaço do roteirista estreante Zach Baylin (que vai assinar "Creed III" e que pode até surpreender como um dos indicados no próximo Oscar por esse trabalho).

Além de Will Smith, todo o elenco está impecável - é praticamente impossível não se apaixonar e depois torcer muito para as meninas tamanho é o carisma que a dinâmica familiar dos Williams traz. Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena são (e estão) incríveis, além, é claro, de mais um belíssimo trabalho da Aunjanue Ellis como Oracene 'Brandy' Williams. Existe um certo equilíbrio entre a leveza e a profundidade em diálogos que não fogem, em nenhum momento, de discussões duras (e delicadas) sobre racismo e desigualdade social - e esse mérito, sem dúvida, deve ser creditado aos atores.

Veja, o recente "O Quinto Set" também trabalha com muito cuidado e sensibilidade os dramas vividos pelos atletas e suas relações familiares fora das quadras (até com um tom mais independente da narrativa), mas talvez se distancie de "King Richard" por se tratar de uma obra de ficção - mesmo sendo cruelmente realista. Porém, também é preciso que se diga que o conceito visual da produção francesa, especialmente nos embates dentro das quadras, são infinitamente superiores ao que vemos aqui sob o comando do diretor Reinaldo Marcus Green. Essa talvez seja a única lacuna que "King Richard – Criando Campeãs" não conseguiu preencher - funciona bem no drama, mas perde no impacto visual da ação.

Cheio de curiosidades sobre os bastidores do tênis, o filme vai dialogar da mesma forma com aqueles que acompanham (e conhecem) o esporte e com outros que apenas se identificam com histórias de superação. Existe muita emoção na narrativa, algumas frases de efeito e um pouco de romantismo perante a jornada, mas te garanto: tudo isso funciona perfeitamente e só soma para a deliciosa experiência que é acompanhar a história de Richard e de Venus - o que deixa um enorme desafio pela frente: quem será capaz e quando a história de Serena será contada - porque o sarrafo agora está bem alto!

Vale cada segundo!

Up-date: "King Richard" foi indicado em seis categorias no Oscar 2022, ganhando em Melhor Ator.

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Linha Reta

Imagine se o Mark Zuckerberg resolvesse criar um projeto que aparentemente parece impossível de realizar por questões tecnológicas e de logística, você investiria nessa ideia? "Linha Reta" (ou "The Hummingbird Project", no original) conta justamente essa história - inclusive com o Zuckerberg da ficção, Jesse Eisenberg, como protagonista.

O filme apresenta Vincent (Eisenberg) e Anton Zaleski (Alexander Skarsgård), funcionários de uma grande corretora que opera na bolsa de valores de Nova York e investe milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar sua performance e gerar ainda mais lucro para a empresa graças a essas inovações. Ambiciosos, os dois resolvem se demitir para começar um novo empreendimento que promete revolucionar a maneira como o processo de compra e venda de ações acontece - eles queriam construir um cabo de fibra ótica, em linha reta, entre a Bolsa de Valores do Kansas e a de Nova York que geraria uma velocidade superior ao da concorrência, dando assim uma vantagem importante na escala das negociações. O grande problema: eles não sabiam exatamente se a tecnologia funcionaria com a velocidade que prometiam e se, na prática, seria possível traçar essa linha reta imaginária que cruzaria o país, devido aos desafios geográficos do percurso. Confira o trailer:

Embora o filme seja muito interessante e curioso, ele certamente vai dialogar melhor com aqueles que estão, de alguma forma, envolvidos com o universo do empreendedorismo - são tantas lições que fica até difícil enumerar. Talvez o grande elemento dramático que move a narrativa seja justamente a vontade de transformar uma ideia em algo real, custe o que custar (e no caso foram bilhões de dólares). A linha tênue entre ser resiliente e ser teimoso também está presente, em diferentes formas, na construção da personalidade dos dois personagens - se Vincent é o Steve Jobs, Zaleski é seu Wosniak.

Apesar de o roteiro do canadense Kim Nguyen, que também dirige o filme, conseguir equilibrar uma proposta que mistura a jornada empreendedora com entretenimento (tão bem realizado pela dupla Fincher/Sorkin em "A Rede Social"), a dinâmica da narrativa pode prejudicar a percepção sobre o filme - muitas pessoas vão achar ele lento. Sinceramente não acho que seja o caso. Nguyen também é muito competente tecnicamente, discreto eu diria. Minha única critica diz respeito a direção de atores: ele transformou os personagens de Skarsgård (o nerd, desenvolvedor, introspectivo) e de Salma Hayek (a empresária, ambiciosa, sem escrúpulos) em esteriótipos desnecessários - embora tragam algum alívio cômico para a trama, essa composição gera uma sensação de distanciamento da realidade.

A técnica do PDCA (Promete Depois Corre Atrás) tão comum no meio startupeiro envolve alguns riscos e "Linha Reta" explora muito bem esse elemento, principalmente na relação dos empreendedores com os investidores e depois no impacto que a pressão pelo sucesso (e daquele retorno financeiro prometido) tem na saúde e nas interações com equipe e sócios. O roteiro trabalha muito bem aquele tão falado conceito de "montanha russa" da jornada, onde o tempo e a concorrência podem se tornar definir o sucesso ou o fracasso, e por essa razão não acho que o filme seja sobre "ganância", mas sim sobre "limites" (ou a falta deles) para ser a primeira ou a melhor solução para um problema.

Vale muito o seu play!

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Imagine se o Mark Zuckerberg resolvesse criar um projeto que aparentemente parece impossível de realizar por questões tecnológicas e de logística, você investiria nessa ideia? "Linha Reta" (ou "The Hummingbird Project", no original) conta justamente essa história - inclusive com o Zuckerberg da ficção, Jesse Eisenberg, como protagonista.

O filme apresenta Vincent (Eisenberg) e Anton Zaleski (Alexander Skarsgård), funcionários de uma grande corretora que opera na bolsa de valores de Nova York e investe milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar sua performance e gerar ainda mais lucro para a empresa graças a essas inovações. Ambiciosos, os dois resolvem se demitir para começar um novo empreendimento que promete revolucionar a maneira como o processo de compra e venda de ações acontece - eles queriam construir um cabo de fibra ótica, em linha reta, entre a Bolsa de Valores do Kansas e a de Nova York que geraria uma velocidade superior ao da concorrência, dando assim uma vantagem importante na escala das negociações. O grande problema: eles não sabiam exatamente se a tecnologia funcionaria com a velocidade que prometiam e se, na prática, seria possível traçar essa linha reta imaginária que cruzaria o país, devido aos desafios geográficos do percurso. Confira o trailer:

Embora o filme seja muito interessante e curioso, ele certamente vai dialogar melhor com aqueles que estão, de alguma forma, envolvidos com o universo do empreendedorismo - são tantas lições que fica até difícil enumerar. Talvez o grande elemento dramático que move a narrativa seja justamente a vontade de transformar uma ideia em algo real, custe o que custar (e no caso foram bilhões de dólares). A linha tênue entre ser resiliente e ser teimoso também está presente, em diferentes formas, na construção da personalidade dos dois personagens - se Vincent é o Steve Jobs, Zaleski é seu Wosniak.

Apesar de o roteiro do canadense Kim Nguyen, que também dirige o filme, conseguir equilibrar uma proposta que mistura a jornada empreendedora com entretenimento (tão bem realizado pela dupla Fincher/Sorkin em "A Rede Social"), a dinâmica da narrativa pode prejudicar a percepção sobre o filme - muitas pessoas vão achar ele lento. Sinceramente não acho que seja o caso. Nguyen também é muito competente tecnicamente, discreto eu diria. Minha única critica diz respeito a direção de atores: ele transformou os personagens de Skarsgård (o nerd, desenvolvedor, introspectivo) e de Salma Hayek (a empresária, ambiciosa, sem escrúpulos) em esteriótipos desnecessários - embora tragam algum alívio cômico para a trama, essa composição gera uma sensação de distanciamento da realidade.

A técnica do PDCA (Promete Depois Corre Atrás) tão comum no meio startupeiro envolve alguns riscos e "Linha Reta" explora muito bem esse elemento, principalmente na relação dos empreendedores com os investidores e depois no impacto que a pressão pelo sucesso (e daquele retorno financeiro prometido) tem na saúde e nas interações com equipe e sócios. O roteiro trabalha muito bem aquele tão falado conceito de "montanha russa" da jornada, onde o tempo e a concorrência podem se tornar definir o sucesso ou o fracasso, e por essa razão não acho que o filme seja sobre "ganância", mas sim sobre "limites" (ou a falta deles) para ser a primeira ou a melhor solução para um problema.

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Losers

O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!

Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):

Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.

Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!

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O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!

Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):

Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.

Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!

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Má Educação

"Má Educação" expõe o sistema educacional americano pelos olhos de quem é corrompido por ele - e sim, a ganância do ser humano é mais uma vez protagonista, com a eterna desculpa de que os "fins" justificam os "meios". Se pensarmos que a história do maior roubo de escolas públicas da história dos Estados Unidos foi revelado por uma adolescente que fazia um artigo para o jornal da sua escola, é de se discutir que um esquema fraudulento que desviou cerca de US$ 11 milhões não passou de uma operação quase amadora de quem se achava intocável - e é aí que o filme se transforma em um estudo de personagem dos mais complexos.

Essa  produção original da HBO conta a história real de Frank Tassone (Hugh Jackman), um profissional dedicado e apaixonado pela sua posição de superintendente do distrito escolar de Roslyn. Querido e respeitado por todos, Tassone fez com que sua instituição de ensino chegasse ao Top 5 do ranking de melhores escolas públicas do país - um feito impressionante pela pouca representatividade política de Long Island no cenário estudantil. Pois bem, esse bom desempenho trouxe consequências positivas não apenas à vida acadêmica dos jovens, mas também ao mercado imobiliário, que por muito tempo conseguiu surfar nessa projeção e assim cobrar preços altos pelas casas da região. Um dia, ao ser entrevistado pela adolescente Rachel (Geraldine Viswanathan) para o jornal do colégio, ele a incentiva a sempre inserir sua assinatura em qualquer matéria que faça, por menor que seja. Inspirada pela conversa, ela resolve investigar uma custosa empreitada que está prestes a acontecer, o projeto Skywalk, e acaba descobrindo uma série de fraudes na contabilidade da escola feitas pelo próprio Frank. Confira o trailer:

"Má Educação" é tão surpreende quanto óbvia - ao optar em manter o foco em uma figura, digamos, tão particular como Tassone, a narrativa acaba deixando um pouco de lado o elemento "investigação", mas ao mesmo tempo ganhamos uma profundidade tão bacana no processo de desconstrução do protagonista que só fortalece a experiência de acompanhar tantos segredos sendo revelados e que, de fato, surpreendem todos aqueles que transitavam por sua vida pessoal e profissional. Embora essa escolha pareça ousada, vale destacar que o roteirista Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now) foi aluno de Tassone nessa época e com isso foi capaz de pontuar exatamente o sentimento de toda aquela comunidade e a importância das descobertas de Rachel.

A direção de Cory Finley (do excelente "Puro sangue") impõe uma narrativa bem séria, com leves toques de "overacting" para descolar algumas características dos personagens que se distanciavam de toda comunidade por algum tipo de vaidade - seja a estética de Tassone ou a social de Pam (Allison Janney), sua assistente direta. Finley aproveita do ótimo roteiro de Makowsky para nos fazer gostar do protagonista, mesmo com todas as falhas de caráter que ele possui - Hugh Jackman, aliás, deveria ter ganhado o Emmy de melhor ator pelo papel - reparem na beleza que é a sequência final, da montagem à perfomance sincera de Jackman.

Baseado no artigo da New York Magazine, "The Bad Superintendent", "Má Educação" é um filme excelente - daqueles que nos perguntamos a razão de não termos assistido antes. Sem dúvida o Emmy 2020 na categoria "Melhor filme feito para TV" ficou em boas mãos! Vale muito o seu play!

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"Má Educação" expõe o sistema educacional americano pelos olhos de quem é corrompido por ele - e sim, a ganância do ser humano é mais uma vez protagonista, com a eterna desculpa de que os "fins" justificam os "meios". Se pensarmos que a história do maior roubo de escolas públicas da história dos Estados Unidos foi revelado por uma adolescente que fazia um artigo para o jornal da sua escola, é de se discutir que um esquema fraudulento que desviou cerca de US$ 11 milhões não passou de uma operação quase amadora de quem se achava intocável - e é aí que o filme se transforma em um estudo de personagem dos mais complexos.

Essa  produção original da HBO conta a história real de Frank Tassone (Hugh Jackman), um profissional dedicado e apaixonado pela sua posição de superintendente do distrito escolar de Roslyn. Querido e respeitado por todos, Tassone fez com que sua instituição de ensino chegasse ao Top 5 do ranking de melhores escolas públicas do país - um feito impressionante pela pouca representatividade política de Long Island no cenário estudantil. Pois bem, esse bom desempenho trouxe consequências positivas não apenas à vida acadêmica dos jovens, mas também ao mercado imobiliário, que por muito tempo conseguiu surfar nessa projeção e assim cobrar preços altos pelas casas da região. Um dia, ao ser entrevistado pela adolescente Rachel (Geraldine Viswanathan) para o jornal do colégio, ele a incentiva a sempre inserir sua assinatura em qualquer matéria que faça, por menor que seja. Inspirada pela conversa, ela resolve investigar uma custosa empreitada que está prestes a acontecer, o projeto Skywalk, e acaba descobrindo uma série de fraudes na contabilidade da escola feitas pelo próprio Frank. Confira o trailer:

"Má Educação" é tão surpreende quanto óbvia - ao optar em manter o foco em uma figura, digamos, tão particular como Tassone, a narrativa acaba deixando um pouco de lado o elemento "investigação", mas ao mesmo tempo ganhamos uma profundidade tão bacana no processo de desconstrução do protagonista que só fortalece a experiência de acompanhar tantos segredos sendo revelados e que, de fato, surpreendem todos aqueles que transitavam por sua vida pessoal e profissional. Embora essa escolha pareça ousada, vale destacar que o roteirista Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now) foi aluno de Tassone nessa época e com isso foi capaz de pontuar exatamente o sentimento de toda aquela comunidade e a importância das descobertas de Rachel.

A direção de Cory Finley (do excelente "Puro sangue") impõe uma narrativa bem séria, com leves toques de "overacting" para descolar algumas características dos personagens que se distanciavam de toda comunidade por algum tipo de vaidade - seja a estética de Tassone ou a social de Pam (Allison Janney), sua assistente direta. Finley aproveita do ótimo roteiro de Makowsky para nos fazer gostar do protagonista, mesmo com todas as falhas de caráter que ele possui - Hugh Jackman, aliás, deveria ter ganhado o Emmy de melhor ator pelo papel - reparem na beleza que é a sequência final, da montagem à perfomance sincera de Jackman.

Baseado no artigo da New York Magazine, "The Bad Superintendent", "Má Educação" é um filme excelente - daqueles que nos perguntamos a razão de não termos assistido antes. Sem dúvida o Emmy 2020 na categoria "Melhor filme feito para TV" ficou em boas mãos! Vale muito o seu play!

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Margin Call

"Margin Call" (ou "O dia antes do fim") do diretor e roteirista J.C. Chandor é excelente! O Roteiro foi indicado ao Oscar de 2012 e conta a história, livremente inspirada no Lehman Brothers, da noite que antecedeu a crise de 2008. E para quem gostou de "A Grande Virada" do John Wells, esse filme é simplesmente imperdível.

Peter Sullivan (Zachary Quinto), Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson (Paul Bettany) trabalham no setor de recursos humanos de uma empresa, sendo responsáveis pelos trâmites burocráticos da demissão dos funcionários. Um dos demitidos é Eric Dale (Stanley Tucci), que entrega a Peter um pendrive contendo um projeto que estava trabalhando. É quando Peter descobre que ele excede os níveis históricos de volatilidade com os quais uma instituição financeira é capaz de trabalhar com certa segurança. A situação é tão grave que faz com que os executivos que comandam o banco de investimentos se reúnam durante a madrugada para tentar encontrar uma solução o mais rápido possível. Confira o trailer: 

A história é difícil e o roteiro não ajuda muito, já que trata a rotina do mercado financeiro como se fosse algo simples, sem muitas explicações. Porém, de uma forma muito inteligente, "Margin Call" vai além das palavras e do "bla-bla-bla" corporativo, ele fala de caráter X dinheiro X sucesso profissional como poucas vezes vemos em um filme - ainda mais ao se tratar de um escândalo de créditos imobiliários tão recente e que ajudou a nos levar para uma das maiores recessões da história.

Grande filme! Vale o play com muita tranquilidade!!!!

Assista Agora

"Margin Call" (ou "O dia antes do fim") do diretor e roteirista J.C. Chandor é excelente! O Roteiro foi indicado ao Oscar de 2012 e conta a história, livremente inspirada no Lehman Brothers, da noite que antecedeu a crise de 2008. E para quem gostou de "A Grande Virada" do John Wells, esse filme é simplesmente imperdível.

Peter Sullivan (Zachary Quinto), Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson (Paul Bettany) trabalham no setor de recursos humanos de uma empresa, sendo responsáveis pelos trâmites burocráticos da demissão dos funcionários. Um dos demitidos é Eric Dale (Stanley Tucci), que entrega a Peter um pendrive contendo um projeto que estava trabalhando. É quando Peter descobre que ele excede os níveis históricos de volatilidade com os quais uma instituição financeira é capaz de trabalhar com certa segurança. A situação é tão grave que faz com que os executivos que comandam o banco de investimentos se reúnam durante a madrugada para tentar encontrar uma solução o mais rápido possível. Confira o trailer: 

A história é difícil e o roteiro não ajuda muito, já que trata a rotina do mercado financeiro como se fosse algo simples, sem muitas explicações. Porém, de uma forma muito inteligente, "Margin Call" vai além das palavras e do "bla-bla-bla" corporativo, ele fala de caráter X dinheiro X sucesso profissional como poucas vezes vemos em um filme - ainda mais ao se tratar de um escândalo de créditos imobiliários tão recente e que ajudou a nos levar para uma das maiores recessões da história.

Grande filme! Vale o play com muita tranquilidade!!!!

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Maudie

"Maudie: sua vida e sua arte" é mais um daqueles filmes que poderiam ter ido muito mais longe do que realmente foram - embora tenha levado o prêmio da audiência no Festival de Montclair em 2017, depois de seleções importantes em Berlin e Toronto. O filme é emocionante, tecnicamente impecável e com um elenco de altíssimo nível. A história, baseada em fatos reais, acompanha Maud Lewis (Sally Hawkins) desde sua juventude até se tornar uma das artistas mais populares do Canadá.

Maud, era uma mulher inteligente, cativante, mas suas mãos curvadas denunciavam um sério problema de saúde: ela tinha artrite reumatoide - um doença que causa inflamações e deformações nas articulações do corpo. Já Everett (Ethan Hawke) era um solteiro convicto de 40 anos. Abandonado pelos pais ainda jovem, ele tinha tudo que precisava, exceto alguém para limpar sua casa e cozinhar. Nesse contexto, Everett acaba publicando um anúncio para encontrar, digamos, uma empregada, mesmo assim Maud acaba encontrando ali uma ótima oportunidade para sair da casa de sua tia, a opressora Ida (Gabrielle Rose). Ao ver a aparência frágil de Maud, única candidata à vaga, ele acaba desconfiando da sua capacidade, mas sem opção, decide contratá-la. Em pouco tempo, ela se torna indispensável na vida de Everett, não pelo trabalho que foi contratada, mas pela relação que começa a se estabelecer entre os dois, dando inicio a uma história de aprendizado, crescimento e empoderamento, tendo como base o incrível talento artístico de Maud! Confira o trailer:

"Maudie: sua vida e sua arte" surpreende em muitos elementos que, para mim, transformam uma boa história, mas nada que já não tenhamos visto, em um filme que merece ser assistido. O roteiro soube estruturar grande parte da vida da artista, se apoiando nos seus momentos mais marcantes, e entregar uma ótima biografia em pouco mais de duas horas. A fotografia é um espetáculo e a direção muito competente (mas vamos nos aprofundar sobre os dois assuntos um pouco mais abaixo). O fato é que o filme provavelmente passou despercebido para muitas pessoas, o que é um pecado, pois ele é muito bom - bem ao estilo da minissérie "A Vida e a História de Madam C.J. Walker"! Vale a pena seu play!   

A fotografia do Guy Godfree, um premiado DP canadense, é uma pintura - a impressão é que seu enquadramento funciona exatamente como o ponto de vista de Maud, quando ela está pintando seus quadros. É claro que as locações escolhidas ajudam, e muito, essa concepção visual, mas é preciso ressaltar que a forma como Godfree e a equipe de arte reconstroem a belíssima Nova Escócia de meados 1940/50, é impressionante! A diretora Aisling Walsh, vencedora do BAFTA em 2013 por "Room at the Top", trabalha a direção de atores com muita competência! Ela é muito cirúrgica ao aproveitar o silêncio, os cortes mais emocionais, os planos mais introspectivos, e tudo isso sem cair no piegas ou sem usar "muletas" para contar uma história de superação que todos já sabemos o final! Reparem!

Sally Hawkins merecia uma terceira indicação ao Oscar por esse papel - lembrando que ela bateu na trave duas vezes: uma com "Blue Jasmine" (2014) e outra com "A Forma da Água" (em 2018). Aliás, muito de Maud pode ser encontrado na Elisa Esposito, no filme de Guillermo Del Toro. Ethan Hawke é outro que merecia uma lembrança, talvez tenha sido o seu melhor trabalho depois do Jesse de "Antes do Pôr do Sol" - seria sua quinta indicação ao Oscar, sem nunca ter levado o prêmio para casa!

Refletindo um pouco sobre o desempenho do filme em festivais, talvez o fato da história ser, basicamente, para o canadense assistir e valorizar seus artistas, tenha prejudicado uma caminhada até o Oscar de 2017 - é uma impressão, que é dura de aceitar já que o potencial era enorme. O cuidado técnico e artístico chamam a atenção e logo nos primeiros minutos, fica claro que se trata de um filme acima da média! Como disse anteriormente, "Maudie: sua vida e sua arte" pode até soar como "mais do mesmo" (embora não concorde), o que não se pode, é descartar histórias tão fascinantes como dessa personagem canadense tão peculiar e uma produção que realmente fez jus ao tamanho de sua importância como mulher e como artista visual!

Aproveite e dê o play!

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"Maudie: sua vida e sua arte" é mais um daqueles filmes que poderiam ter ido muito mais longe do que realmente foram - embora tenha levado o prêmio da audiência no Festival de Montclair em 2017, depois de seleções importantes em Berlin e Toronto. O filme é emocionante, tecnicamente impecável e com um elenco de altíssimo nível. A história, baseada em fatos reais, acompanha Maud Lewis (Sally Hawkins) desde sua juventude até se tornar uma das artistas mais populares do Canadá.

Maud, era uma mulher inteligente, cativante, mas suas mãos curvadas denunciavam um sério problema de saúde: ela tinha artrite reumatoide - um doença que causa inflamações e deformações nas articulações do corpo. Já Everett (Ethan Hawke) era um solteiro convicto de 40 anos. Abandonado pelos pais ainda jovem, ele tinha tudo que precisava, exceto alguém para limpar sua casa e cozinhar. Nesse contexto, Everett acaba publicando um anúncio para encontrar, digamos, uma empregada, mesmo assim Maud acaba encontrando ali uma ótima oportunidade para sair da casa de sua tia, a opressora Ida (Gabrielle Rose). Ao ver a aparência frágil de Maud, única candidata à vaga, ele acaba desconfiando da sua capacidade, mas sem opção, decide contratá-la. Em pouco tempo, ela se torna indispensável na vida de Everett, não pelo trabalho que foi contratada, mas pela relação que começa a se estabelecer entre os dois, dando inicio a uma história de aprendizado, crescimento e empoderamento, tendo como base o incrível talento artístico de Maud! Confira o trailer:

"Maudie: sua vida e sua arte" surpreende em muitos elementos que, para mim, transformam uma boa história, mas nada que já não tenhamos visto, em um filme que merece ser assistido. O roteiro soube estruturar grande parte da vida da artista, se apoiando nos seus momentos mais marcantes, e entregar uma ótima biografia em pouco mais de duas horas. A fotografia é um espetáculo e a direção muito competente (mas vamos nos aprofundar sobre os dois assuntos um pouco mais abaixo). O fato é que o filme provavelmente passou despercebido para muitas pessoas, o que é um pecado, pois ele é muito bom - bem ao estilo da minissérie "A Vida e a História de Madam C.J. Walker"! Vale a pena seu play!   

A fotografia do Guy Godfree, um premiado DP canadense, é uma pintura - a impressão é que seu enquadramento funciona exatamente como o ponto de vista de Maud, quando ela está pintando seus quadros. É claro que as locações escolhidas ajudam, e muito, essa concepção visual, mas é preciso ressaltar que a forma como Godfree e a equipe de arte reconstroem a belíssima Nova Escócia de meados 1940/50, é impressionante! A diretora Aisling Walsh, vencedora do BAFTA em 2013 por "Room at the Top", trabalha a direção de atores com muita competência! Ela é muito cirúrgica ao aproveitar o silêncio, os cortes mais emocionais, os planos mais introspectivos, e tudo isso sem cair no piegas ou sem usar "muletas" para contar uma história de superação que todos já sabemos o final! Reparem!

Sally Hawkins merecia uma terceira indicação ao Oscar por esse papel - lembrando que ela bateu na trave duas vezes: uma com "Blue Jasmine" (2014) e outra com "A Forma da Água" (em 2018). Aliás, muito de Maud pode ser encontrado na Elisa Esposito, no filme de Guillermo Del Toro. Ethan Hawke é outro que merecia uma lembrança, talvez tenha sido o seu melhor trabalho depois do Jesse de "Antes do Pôr do Sol" - seria sua quinta indicação ao Oscar, sem nunca ter levado o prêmio para casa!

Refletindo um pouco sobre o desempenho do filme em festivais, talvez o fato da história ser, basicamente, para o canadense assistir e valorizar seus artistas, tenha prejudicado uma caminhada até o Oscar de 2017 - é uma impressão, que é dura de aceitar já que o potencial era enorme. O cuidado técnico e artístico chamam a atenção e logo nos primeiros minutos, fica claro que se trata de um filme acima da média! Como disse anteriormente, "Maudie: sua vida e sua arte" pode até soar como "mais do mesmo" (embora não concorde), o que não se pode, é descartar histórias tão fascinantes como dessa personagem canadense tão peculiar e uma produção que realmente fez jus ao tamanho de sua importância como mulher e como artista visual!

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Mercado de Capitais

"Mercado de Capitais" já sai perdendo logo de cara por não traduzir o título original (Equity) de uma forma mais atraente e criativa. É claro que o fato de não atrair o assinante, não desmerece o filme - ele é bom como entretenimento. É possível encontrar vários momentos interessantes com uma forte protagonista feminina (Anna Gunn de "Breaking Bad"), mas que precisa se esforçar para aliviar um roteiro cheio de clichês e esteriótipos - esse me pareceu o único problema do filme.

"Mercado de Capitais" tem um argumento interessante e um cenário relevante hoje em dia, pois conta a história de Naomi Bishop (Gunn), dona de um alto cargo em um banco de investimentos americano, especializada em IPOs. A caminho de uma esperada promoção, ela precisa lidar com um erro de avaliação em seu último processo de abertura de capital que custou milhões de dólares para sua empresa e um pesado rótulo na sua vida profissional. Confira o trailer:

Vale dizer que o filme mostra um lado menos romântico do mercado de investimentos e isso tem o seu valor, mas a falta de consistência do roteiro, se aprofundar um pouco mais, melhorar alguns diálogos completamente fora de propósito e equilibrar uma necessidade enorme de levantar algumas bandeiras ideológicas, tudo isso prejudica muito a estrutura narrativa, mas ainda assim não destrói o filme. Talvez o ponto alto seja o final do segundo ato e o terceiro ato inteiro -  isso nos traz uma sensação agradável ao terminar o filme, o que preocupa é se a audiência terá paciência de chegar até lá! 

"Mercado de Capitais" deixa claro que pretende focar no empoderamento feminino em um ambiente dominado por homens. Até aí nenhum problema, porém a forma como essa dinâmica é apresentada soa um pouco forçada - mais nos afastamos, do que entendemos o valor da proposta. Mas é preciso dizer também que o roteiro foi muito feliz em não poupar a protagonista de todas suas falhas pessoais e profissionais e de não subverter o óbvio, porém o fato de se apoiar em tantos clichês, acaba nos interessando muito mais pela fantasia que é construída do que pela realidade dos fatos em si, ou seja, nos divertimos com o filme, mas não nos importamos tanto com a protagonista como deveríamos. 

Grande parte do orçamento do filme foi financiado por mulheres que trabalham ou já trabalharam no mercado financeiro dos EUA. Elas também ajudaram as realizadoras contando suas histórias e as dificuldades de se trabalhar em uma indústria dominada por homens egocêntricos, ambiciosos e poderosos. O filme realmente mostra o potencial que essas histórias tem, porém quando se quer tudo, acaba sem nada - o roteiro da novata Amy Fox é cheio de furos e a direção da Meera Menon vai para o mesmo caminho: se aprofundar em situações que não levam a protagonista a lugar algum. De fato "Mercado de Capitais" poderia ser uma série excelente, cheio da reviravoltas, mas se transformou em um filme bom, porém previsível.

Vale pelo entretenimento e pelo seu final bem interessante!

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"Mercado de Capitais" já sai perdendo logo de cara por não traduzir o título original (Equity) de uma forma mais atraente e criativa. É claro que o fato de não atrair o assinante, não desmerece o filme - ele é bom como entretenimento. É possível encontrar vários momentos interessantes com uma forte protagonista feminina (Anna Gunn de "Breaking Bad"), mas que precisa se esforçar para aliviar um roteiro cheio de clichês e esteriótipos - esse me pareceu o único problema do filme.

"Mercado de Capitais" tem um argumento interessante e um cenário relevante hoje em dia, pois conta a história de Naomi Bishop (Gunn), dona de um alto cargo em um banco de investimentos americano, especializada em IPOs. A caminho de uma esperada promoção, ela precisa lidar com um erro de avaliação em seu último processo de abertura de capital que custou milhões de dólares para sua empresa e um pesado rótulo na sua vida profissional. Confira o trailer:

Vale dizer que o filme mostra um lado menos romântico do mercado de investimentos e isso tem o seu valor, mas a falta de consistência do roteiro, se aprofundar um pouco mais, melhorar alguns diálogos completamente fora de propósito e equilibrar uma necessidade enorme de levantar algumas bandeiras ideológicas, tudo isso prejudica muito a estrutura narrativa, mas ainda assim não destrói o filme. Talvez o ponto alto seja o final do segundo ato e o terceiro ato inteiro -  isso nos traz uma sensação agradável ao terminar o filme, o que preocupa é se a audiência terá paciência de chegar até lá! 

"Mercado de Capitais" deixa claro que pretende focar no empoderamento feminino em um ambiente dominado por homens. Até aí nenhum problema, porém a forma como essa dinâmica é apresentada soa um pouco forçada - mais nos afastamos, do que entendemos o valor da proposta. Mas é preciso dizer também que o roteiro foi muito feliz em não poupar a protagonista de todas suas falhas pessoais e profissionais e de não subverter o óbvio, porém o fato de se apoiar em tantos clichês, acaba nos interessando muito mais pela fantasia que é construída do que pela realidade dos fatos em si, ou seja, nos divertimos com o filme, mas não nos importamos tanto com a protagonista como deveríamos. 

Grande parte do orçamento do filme foi financiado por mulheres que trabalham ou já trabalharam no mercado financeiro dos EUA. Elas também ajudaram as realizadoras contando suas histórias e as dificuldades de se trabalhar em uma indústria dominada por homens egocêntricos, ambiciosos e poderosos. O filme realmente mostra o potencial que essas histórias tem, porém quando se quer tudo, acaba sem nada - o roteiro da novata Amy Fox é cheio de furos e a direção da Meera Menon vai para o mesmo caminho: se aprofundar em situações que não levam a protagonista a lugar algum. De fato "Mercado de Capitais" poderia ser uma série excelente, cheio da reviravoltas, mas se transformou em um filme bom, porém previsível.

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Mito e Magnata: John Delorean

Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.

"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):

Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".

Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.

"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.

Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!

Vale pela aula e pelo entretenimento!

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Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.

"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):

Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".

Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.

"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.

Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!

Vale pela aula e pelo entretenimento!

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Moneyball

"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.

Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:

Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane. 

Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.

"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.

Imperdível!

Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".

Vale seu play!

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"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.

Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:

Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane. 

Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.

"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.

Imperdível!

Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".

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Mythic Quest

"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):

Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!

Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).

Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!

 "Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.

Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.

O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!

Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!

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"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):

Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!

Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).

Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!

 "Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.

Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.

O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!

Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!

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