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Man in the Arena

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

Assista Agora

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

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A Batalha das Correntes

"A Batalha das Correntes" é um filme dos mais interessantes, principalmente para aqueles que buscam referências históricas para entender a jornada da inovação (e eventualmente do empreendedorismo). Com uma narrativa bem próxima de "Radioactive" temos a chance de conhecer uma das mentes mais brilhantes da história, Thomas Edison, mesmo que se apropriando de uma personalidade bastante difícil bem ao estilo Steve Jobs, diga-se de passagem.

Ambientado no final do século XIX, a Guerra das Correntes foi uma disputa entre Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) sobre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade nos EUA. Edison fez uma campanha pela utilização da corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse e Nikola Tesla (Nicholas Hoult) defendiam a corrente alternada. Basicamente, o primeiro dizia que a segunda opção apresentava pouca segurança no seu manejo, podendo, inclusive, causar mortes, enquanto que estes defendiam a economia da prática que empregavam. Confira o trailer:

Pela sinopse temos a impressão que o assunto pode parecer chato, mas dada a referência histórica e respeitando uma época onde grandes descobertas movimentavam a humanidade, era como se Jobs disputasse com Bill Gates a hegemonia de um mercado de computadores pessoais a partir de suas criações. E a analogia vem repleta de coincidências, veja: o roteiro se concentra nas disputas (pessoais e profissionais) entre Edison e Westinghouse, o primeiro apontado como um gênio, famoso, admirado, com temperamento forte, seguro de sua forma de enxergar o mundo e como suas criações poderiam mudar os rumos da história; já o segundo trazia uma visão menos romântica do empresário, mais objetiva, focado na relação custo x beneficio e um pouco incomodado com a falta de reconhecimento, mas nem por isso desprovido de um bom coração e uma capacidade intelectual acima da média. E aqui cabe um elogio: tanto Benedict Cumberbatch como Michael Shannon estão excelentes nos personagens - mesmo com diálogos um pouco pesados, ambos trazem "alma" para um tema completamente técnico e muitas vezes durante o filme, extremamente racional.

Outros dois destaques que saltam aos olhos, sem dúvida, é a fotografia incandescente de Chung-hoon Chung ("It: A Coisa") e o desenho de produção (+ departamento de arte) liderado por Jan Roelfs (indicado duas vezes ao Oscar por "Gattaca" e "Orlando, a mulher imortal") - a junção dessas duas competências criam uma ambientação bastante interessante, mesmo que para alguns um pouco descolada da realidade. O fato é que, no geral, o filme é muito bem realizado tecnicamente e conceitualmente segue o mesmo caminho - com uma direção segura do Alfonso Gomez-Rejon é fácil perceber a identidade do cineasta, porém, fica claro que o filme poderia ter ido além, talvez até como uma minissérie, tamanha era a efervescência da época, por se tratar de um período tão transformador e tão rico em personagens e histórias.

Gostei muito e indico tranquilamente!

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"A Batalha das Correntes" é um filme dos mais interessantes, principalmente para aqueles que buscam referências históricas para entender a jornada da inovação (e eventualmente do empreendedorismo). Com uma narrativa bem próxima de "Radioactive" temos a chance de conhecer uma das mentes mais brilhantes da história, Thomas Edison, mesmo que se apropriando de uma personalidade bastante difícil bem ao estilo Steve Jobs, diga-se de passagem.

Ambientado no final do século XIX, a Guerra das Correntes foi uma disputa entre Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) sobre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade nos EUA. Edison fez uma campanha pela utilização da corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse e Nikola Tesla (Nicholas Hoult) defendiam a corrente alternada. Basicamente, o primeiro dizia que a segunda opção apresentava pouca segurança no seu manejo, podendo, inclusive, causar mortes, enquanto que estes defendiam a economia da prática que empregavam. Confira o trailer:

Pela sinopse temos a impressão que o assunto pode parecer chato, mas dada a referência histórica e respeitando uma época onde grandes descobertas movimentavam a humanidade, era como se Jobs disputasse com Bill Gates a hegemonia de um mercado de computadores pessoais a partir de suas criações. E a analogia vem repleta de coincidências, veja: o roteiro se concentra nas disputas (pessoais e profissionais) entre Edison e Westinghouse, o primeiro apontado como um gênio, famoso, admirado, com temperamento forte, seguro de sua forma de enxergar o mundo e como suas criações poderiam mudar os rumos da história; já o segundo trazia uma visão menos romântica do empresário, mais objetiva, focado na relação custo x beneficio e um pouco incomodado com a falta de reconhecimento, mas nem por isso desprovido de um bom coração e uma capacidade intelectual acima da média. E aqui cabe um elogio: tanto Benedict Cumberbatch como Michael Shannon estão excelentes nos personagens - mesmo com diálogos um pouco pesados, ambos trazem "alma" para um tema completamente técnico e muitas vezes durante o filme, extremamente racional.

Outros dois destaques que saltam aos olhos, sem dúvida, é a fotografia incandescente de Chung-hoon Chung ("It: A Coisa") e o desenho de produção (+ departamento de arte) liderado por Jan Roelfs (indicado duas vezes ao Oscar por "Gattaca" e "Orlando, a mulher imortal") - a junção dessas duas competências criam uma ambientação bastante interessante, mesmo que para alguns um pouco descolada da realidade. O fato é que, no geral, o filme é muito bem realizado tecnicamente e conceitualmente segue o mesmo caminho - com uma direção segura do Alfonso Gomez-Rejon é fácil perceber a identidade do cineasta, porém, fica claro que o filme poderia ter ido além, talvez até como uma minissérie, tamanha era a efervescência da época, por se tratar de um período tão transformador e tão rico em personagens e histórias.

Gostei muito e indico tranquilamente!

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A Falha

"A Falha" (ou "The Flaw" no original) é um documentário dos mais interessantes, principalmente para aqueles que se interessam por economia e por história. É um verdadeiro estudo sobre o capitalismo, mas partindo de um ponto marcante da história moderna dos EUA: a crise de 2008 - e aqui é preciso fazer um comentário pertinente: o filme não tem a pretensão de ser um manifesto ou uma crítica superficial sobre o capitalismo, ele é mais um recorte sobre os erros do sistema financeiro nos últimos 20 anos.

O premiado diretor David Sington apresenta a história da crise de crédito financeiro de 2008 que trouxe sofrimento para milhões de americanos. Abandonando explicações fáceis de banqueiros gananciosos e reguladores incompetentes, esta investigação vai às raízes da crença iludida dos EUA e do Reino Unido de que todos poderiam ser ricos e que os preços dos imóveis subiriam para sempre. Confira o trailer (em inglês):

Embora interessante, a abordagem de Sington para contar essa história pode soar um pouco mais técnica, embora o diretor se esforce muito para deixar sua mensagem a mais clara possível - em alguns momentos ele consegue, em outros nem tanto.  Quando Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal norte-americana, em uma declaração no Congresso, admitiu uma "falha" ao ter acreditado no poder de auto-correção dos mercados, um enorme estrago já tinha acontecido. Muitos documentários, inclusive, partem do mesmo principio para tentar explicar as causas da crise, mas em "A Falha" o que assistimos é um mergulho quase antropológico na raiz do problema e não nas suas ramificações.

Alguns dos economistas mais importantes do mundo, incluindo Joseph Stiglitz, Robert Wade, Louis Hyman e Robert Shiller, oferecem suas perspectivas sobre o que causou a crise, a enorme desigualdade presente na sociedade americana até hoje e como a ideologia do mercado livre de Alan Greenspan levou as pessoas acreditarem que todos poderiam estar sempre em uma melhor situação, mesmo sem nenhum ajuste em seus recebimentos. É muito interessante como Sington intercala esses depoimentos com cenas de desenhos animados utilizados como propaganda anticomunista para os soldados norte-americanos dos anos 50 e 60. 

“É uma crise de dívida, mas também é uma crise de teoria econômica” - assim definiu o diretor na época do lançamento do seu documentário indicado ao prêmio máximo do Festival de Sundance em 2011. Além de muito inteligente, "A Falha" provoca algumas reflexões sobre o momento que estamos vivendo e o que pode vir pela frente se ganância continuar pontuando as decisões pouco empáticas de quem está no 1% do topo da pirâmide.

Vale o play e vale a discussão para aqueles que não se contentam com o óbvio!

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"A Falha" (ou "The Flaw" no original) é um documentário dos mais interessantes, principalmente para aqueles que se interessam por economia e por história. É um verdadeiro estudo sobre o capitalismo, mas partindo de um ponto marcante da história moderna dos EUA: a crise de 2008 - e aqui é preciso fazer um comentário pertinente: o filme não tem a pretensão de ser um manifesto ou uma crítica superficial sobre o capitalismo, ele é mais um recorte sobre os erros do sistema financeiro nos últimos 20 anos.

O premiado diretor David Sington apresenta a história da crise de crédito financeiro de 2008 que trouxe sofrimento para milhões de americanos. Abandonando explicações fáceis de banqueiros gananciosos e reguladores incompetentes, esta investigação vai às raízes da crença iludida dos EUA e do Reino Unido de que todos poderiam ser ricos e que os preços dos imóveis subiriam para sempre. Confira o trailer (em inglês):

Embora interessante, a abordagem de Sington para contar essa história pode soar um pouco mais técnica, embora o diretor se esforce muito para deixar sua mensagem a mais clara possível - em alguns momentos ele consegue, em outros nem tanto.  Quando Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal norte-americana, em uma declaração no Congresso, admitiu uma "falha" ao ter acreditado no poder de auto-correção dos mercados, um enorme estrago já tinha acontecido. Muitos documentários, inclusive, partem do mesmo principio para tentar explicar as causas da crise, mas em "A Falha" o que assistimos é um mergulho quase antropológico na raiz do problema e não nas suas ramificações.

Alguns dos economistas mais importantes do mundo, incluindo Joseph Stiglitz, Robert Wade, Louis Hyman e Robert Shiller, oferecem suas perspectivas sobre o que causou a crise, a enorme desigualdade presente na sociedade americana até hoje e como a ideologia do mercado livre de Alan Greenspan levou as pessoas acreditarem que todos poderiam estar sempre em uma melhor situação, mesmo sem nenhum ajuste em seus recebimentos. É muito interessante como Sington intercala esses depoimentos com cenas de desenhos animados utilizados como propaganda anticomunista para os soldados norte-americanos dos anos 50 e 60. 

“É uma crise de dívida, mas também é uma crise de teoria econômica” - assim definiu o diretor na época do lançamento do seu documentário indicado ao prêmio máximo do Festival de Sundance em 2011. Além de muito inteligente, "A Falha" provoca algumas reflexões sobre o momento que estamos vivendo e o que pode vir pela frente se ganância continuar pontuando as decisões pouco empáticas de quem está no 1% do topo da pirâmide.

Vale o play e vale a discussão para aqueles que não se contentam com o óbvio!

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A Grande Jogada: Além das Quadras

Se você gostou de "Arremessando Alto" (a ficção "Hustle", da Netflix) e de "Rise" (cinebiografia de Giannis Antetokounmpo do Disney+) certamente você vai se encantar com "The Long Game: Bigger Than Basketball" (no original) da AppleTV+. A minissérie de 5 episódios é na verdade uma mistura dos dois filmes, só que com mais tempo para desenvolver os personagens e em formato de documentário. Veja, se em "Arremessando Alto" conhecemos o tutor/coach Sugerman (Adam Sandler), aqui Ed Smith exerce essa função; enquanto em "Rise" a jornada da família nigeriana/grega "Antetokounmpo" está no foco, aqui estamos falando da família sudanesa/australiana "Maker".

Makur Maker era um forte candidato a ser recrutado nas primeiras posições do Draft da NBA quando uma escolha ideológica o levou do Ensino Médio para Howard (uma Universidade historicamente negra dos EUA e sem muita tradição no esporte). A minissérie conta a história de Makur após essa decisão, suas dificuldades esportivas em meio a chegada avassaladora do Covid e, principalmente, discute os caminhos e a forma como seu staff projetava sua carreira com o objetivo de coloca-lo entre os melhores da liga. Confira o trailer (em inglês):

Dirigida pelo talentoso Seth Gordon (de "For All Mankind"), a minissérie é muito inteligente em equilibrar os dramas esportivos com as inseguranças pessoais em relação ao "negócio", ou melhor, em como a NBA enxerga suas futuras estrelas com uma forte orientação aos dados - chega ser impressionante (e na minha opinião até limitada) a forma como a imprensa especializada americana e a liga profissional se apoiam apenas nos números para definir o futuro dos jovens atletas.

Como pode ser visto em "Rise" e em "Arremessando Alto", a relação entre o tutor e o atleta imigrante, pobre, mas incrivelmente talentoso que vê no esporte a chance de mudar de vida, levanta uma série de questões éticas que muitas vezes são discutidas sem muita profundidade, mas que, confesso, chega a incomodar - embora o próprio Ed, use o exemplo de outro Maker, o primo mais velho de Makur, Thon, décima escolha no Draft de 2016, para justificar a importância do seu trabalho, ele chega a questionar (para não dizer provocar) o diretor: você conhece algum atleta sudanês que em três anos colocou 12 milhões de dólares no bolso?

Esse recorte mais íntimo da vida de Makur como estudante/atleta que sonha em chegar na NBA é a linha narrativa principal da minissérie, mas com muita habilidade, Gordon ainda cria paralelos entre Makur, seu primo Thon (mostrando que a dificuldade de chegar entre os 10 primeiros do Draft é só o inicio da jornada e que, isoladamente, não garante o sucesso profissional) e ainda a família de Ed, que se divide entre preparar o jovem para os desafios da carreira e lidar com uma série de problemas pessoais. Obviamente que todas essas histórias misturadas, porém conectadas, criam uma dinâmica muito interessante e muito agradável de acompanhar, principalmente para quem gosta de esportes, de cases de atletas de alta performance e, claro, dos bastidores esportivo como negócio.

Dito isso, "A Grande Jogada: Além das Quadras" é uma verdadeira pérola escondida no catálogo da AppleTV+ que merece demais a sua atenção - e não vou me surpreender se algumas importantes indicações começarem a surgir daqui para frente. Vale muito seu play!

PS: Outra série da Apple sobre basquete, "Swagger", também traça ótimos paralelos entre vida pessoal e profissional de um atleta (fenômeno) que sofre com as suas próprias expectativas, com sua personalidade marcante, suas orientações familiares e até com os reflexos do Covid na construção da sua carreira. As semelhanças são impressionantes.

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Se você gostou de "Arremessando Alto" (a ficção "Hustle", da Netflix) e de "Rise" (cinebiografia de Giannis Antetokounmpo do Disney+) certamente você vai se encantar com "The Long Game: Bigger Than Basketball" (no original) da AppleTV+. A minissérie de 5 episódios é na verdade uma mistura dos dois filmes, só que com mais tempo para desenvolver os personagens e em formato de documentário. Veja, se em "Arremessando Alto" conhecemos o tutor/coach Sugerman (Adam Sandler), aqui Ed Smith exerce essa função; enquanto em "Rise" a jornada da família nigeriana/grega "Antetokounmpo" está no foco, aqui estamos falando da família sudanesa/australiana "Maker".

Makur Maker era um forte candidato a ser recrutado nas primeiras posições do Draft da NBA quando uma escolha ideológica o levou do Ensino Médio para Howard (uma Universidade historicamente negra dos EUA e sem muita tradição no esporte). A minissérie conta a história de Makur após essa decisão, suas dificuldades esportivas em meio a chegada avassaladora do Covid e, principalmente, discute os caminhos e a forma como seu staff projetava sua carreira com o objetivo de coloca-lo entre os melhores da liga. Confira o trailer (em inglês):

Dirigida pelo talentoso Seth Gordon (de "For All Mankind"), a minissérie é muito inteligente em equilibrar os dramas esportivos com as inseguranças pessoais em relação ao "negócio", ou melhor, em como a NBA enxerga suas futuras estrelas com uma forte orientação aos dados - chega ser impressionante (e na minha opinião até limitada) a forma como a imprensa especializada americana e a liga profissional se apoiam apenas nos números para definir o futuro dos jovens atletas.

Como pode ser visto em "Rise" e em "Arremessando Alto", a relação entre o tutor e o atleta imigrante, pobre, mas incrivelmente talentoso que vê no esporte a chance de mudar de vida, levanta uma série de questões éticas que muitas vezes são discutidas sem muita profundidade, mas que, confesso, chega a incomodar - embora o próprio Ed, use o exemplo de outro Maker, o primo mais velho de Makur, Thon, décima escolha no Draft de 2016, para justificar a importância do seu trabalho, ele chega a questionar (para não dizer provocar) o diretor: você conhece algum atleta sudanês que em três anos colocou 12 milhões de dólares no bolso?

Esse recorte mais íntimo da vida de Makur como estudante/atleta que sonha em chegar na NBA é a linha narrativa principal da minissérie, mas com muita habilidade, Gordon ainda cria paralelos entre Makur, seu primo Thon (mostrando que a dificuldade de chegar entre os 10 primeiros do Draft é só o inicio da jornada e que, isoladamente, não garante o sucesso profissional) e ainda a família de Ed, que se divide entre preparar o jovem para os desafios da carreira e lidar com uma série de problemas pessoais. Obviamente que todas essas histórias misturadas, porém conectadas, criam uma dinâmica muito interessante e muito agradável de acompanhar, principalmente para quem gosta de esportes, de cases de atletas de alta performance e, claro, dos bastidores esportivo como negócio.

Dito isso, "A Grande Jogada: Além das Quadras" é uma verdadeira pérola escondida no catálogo da AppleTV+ que merece demais a sua atenção - e não vou me surpreender se algumas importantes indicações começarem a surgir daqui para frente. Vale muito seu play!

PS: Outra série da Apple sobre basquete, "Swagger", também traça ótimos paralelos entre vida pessoal e profissional de um atleta (fenômeno) que sofre com as suas próprias expectativas, com sua personalidade marcante, suas orientações familiares e até com os reflexos do Covid na construção da sua carreira. As semelhanças são impressionantes.

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A Grande Virada

A Grande Virada

Esse filme é uma pancada muito bem dada! Sério, é impressionante como "A Grande Virada" aborda de uma maneira incrivelmente realista e contundente os efeitos devastadores do desemprego e, consequentemente, da perda de identidade que muitos executivos enfrentaram pós-crise de 2008, quando, da noite para o dia, foram demitidos sem muitas explicações. O talentoso diretor e roteirista John Wells (de "West King") constrói uma narrativa muito sólida, cheia de nuances, que mergulha nas vidas dos protagonistas de modo a explorar suas lutas mais íntimas e suas transformações pessoais, além, obviamente, de fazer um recorte emocionante sobre os reflexos sociais dessa delicada situação - tudo como se fosse um documentário (não na forma, mas na profundidade do conteúdo).

"The Company Men" (no original) acompanha a vida de três executivos de uma grande empresa que são demitidos devido a crise financeira de 2008. O filme explora as consequências emocionais e financeiras que eles enfrentam enquanto tentam se adaptar a uma nova realidade e encontrar um propósito além de suas carreiras. Confira o trailer (em inglês):

O filme, de cara, se destaca por seu elenco brilhante. Ben Affleck interpreta Bobby Walker, um jovem executivo ambicioso e bem-sucedido, cuja vida desmorona após ser demitido. Affleck oferece uma interpretação convincente, retratando de forma comovente o impacto emocional que o desemprego tem sobre seu personagem. Tommy Lee Jones (Gene McClary) é um executivo de alto escalão que sofre com as demissões de sua equipe, no entanto sua atuação traz uma mistura de determinação e vulnerabilidade, enquanto ele lida com as mudanças em sua vida e as pressões financeiras de uma possível (e latente) demissão. A forma como Jones acrescenta essa camada de insegurança mesmo quando navega por mares aparentemente tranquilos, tem um impacto impressionante na nossa experiência como audiência. Mas talvez seja o personagem de Chris Cooper, o Phil Woodward (um veterano funcionário da empresa que está prestes a se aposentar) que transmite a maior angústia entre todos - pela idade, pela forma como enxerga a vida e, principalmente, pela dificuldade de encontrar um propósito ao perder a segurança que tinha em sua carreira.

É interessante como através de todas essas personas,  "A Grande Virada" é capaz de oferecer uma crítica perspicaz sobre o mundo corporativo e, consequentemente, sobre aqueles que tomam as decisões, a fim de mostrar como as empresas priorizam o lucro em detrimento de seus colaboradores e como a ganância pode, tranquilamente, destruir muitas vidas sem ao menos se dar conta disso. O roteiro é ainda muito feliz ao abordar questões sociais relevantes, como a perda de empregos durante uma crise econômica e a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho em diferentes aspectos - da manutenção dos altos salários ao problema de se ter uma idade avançada.

A fotografia do mestre Roger Deakins (de "1917") captura toda essa atmosfera melancólica e desoladora da história, com uma paleta de cores frias e com cenas que refletem a solidão dos personagens que chega a incomodar! Mesmo que o filme possa parecer lento em certos momentos, é no seu esmero estético e nas performances de seu elenco que encontramos o valor dramático de sua proposta. Reparem como, a todo momento, o filme nos oferece uma reflexão profunda sobre a vida além do trabalho enquanto a busca pelo significado pessoal parece estar tão conectada ao dinheiro que nos esquecemos do que realmente vale a pena. Olha, uma aula!

Vale muito o seu play!

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Esse filme é uma pancada muito bem dada! Sério, é impressionante como "A Grande Virada" aborda de uma maneira incrivelmente realista e contundente os efeitos devastadores do desemprego e, consequentemente, da perda de identidade que muitos executivos enfrentaram pós-crise de 2008, quando, da noite para o dia, foram demitidos sem muitas explicações. O talentoso diretor e roteirista John Wells (de "West King") constrói uma narrativa muito sólida, cheia de nuances, que mergulha nas vidas dos protagonistas de modo a explorar suas lutas mais íntimas e suas transformações pessoais, além, obviamente, de fazer um recorte emocionante sobre os reflexos sociais dessa delicada situação - tudo como se fosse um documentário (não na forma, mas na profundidade do conteúdo).

"The Company Men" (no original) acompanha a vida de três executivos de uma grande empresa que são demitidos devido a crise financeira de 2008. O filme explora as consequências emocionais e financeiras que eles enfrentam enquanto tentam se adaptar a uma nova realidade e encontrar um propósito além de suas carreiras. Confira o trailer (em inglês):

O filme, de cara, se destaca por seu elenco brilhante. Ben Affleck interpreta Bobby Walker, um jovem executivo ambicioso e bem-sucedido, cuja vida desmorona após ser demitido. Affleck oferece uma interpretação convincente, retratando de forma comovente o impacto emocional que o desemprego tem sobre seu personagem. Tommy Lee Jones (Gene McClary) é um executivo de alto escalão que sofre com as demissões de sua equipe, no entanto sua atuação traz uma mistura de determinação e vulnerabilidade, enquanto ele lida com as mudanças em sua vida e as pressões financeiras de uma possível (e latente) demissão. A forma como Jones acrescenta essa camada de insegurança mesmo quando navega por mares aparentemente tranquilos, tem um impacto impressionante na nossa experiência como audiência. Mas talvez seja o personagem de Chris Cooper, o Phil Woodward (um veterano funcionário da empresa que está prestes a se aposentar) que transmite a maior angústia entre todos - pela idade, pela forma como enxerga a vida e, principalmente, pela dificuldade de encontrar um propósito ao perder a segurança que tinha em sua carreira.

É interessante como através de todas essas personas,  "A Grande Virada" é capaz de oferecer uma crítica perspicaz sobre o mundo corporativo e, consequentemente, sobre aqueles que tomam as decisões, a fim de mostrar como as empresas priorizam o lucro em detrimento de seus colaboradores e como a ganância pode, tranquilamente, destruir muitas vidas sem ao menos se dar conta disso. O roteiro é ainda muito feliz ao abordar questões sociais relevantes, como a perda de empregos durante uma crise econômica e a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho em diferentes aspectos - da manutenção dos altos salários ao problema de se ter uma idade avançada.

A fotografia do mestre Roger Deakins (de "1917") captura toda essa atmosfera melancólica e desoladora da história, com uma paleta de cores frias e com cenas que refletem a solidão dos personagens que chega a incomodar! Mesmo que o filme possa parecer lento em certos momentos, é no seu esmero estético e nas performances de seu elenco que encontramos o valor dramático de sua proposta. Reparem como, a todo momento, o filme nos oferece uma reflexão profunda sobre a vida além do trabalho enquanto a busca pelo significado pessoal parece estar tão conectada ao dinheiro que nos esquecemos do que realmente vale a pena. Olha, uma aula!

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A História da Pixar

"A História da Pixar" é um ótimo documentário de 2007, dirigido pela mesma diretora que lançou recentemente, "A História do Imagineering", também pela Disney+. O fato é que Leslie Iwerks construiu um material histórico importantíssimo para os dias de hoje, captando depoimentos raros de gênios como Steve Jobs, George Lucas, Michael Eisner, Roy Disney; sem falar no próprio Bob Iger, John Lasseter e Ed Catmull. 

"A História da Pixar" (ou The Pixar Story) é um olhar curioso sobre os primeiros anos do Estúdio. Desde a época em que era apenas um braço experimental da "Industrial Light & Magic" de George Lucas, passando pelo sucesso de "Toy Story" até a construção de seu enorme campus em East Bay e na relação de sucesso que culminou na aquisição pela Disney. Não é exagero dizer que sua notável sequência sucessos é só a ponta do iceberg de uma jornada muito pessoal de Lasseter, Catmull e Jobs e o documentário detalha muito bem como essas peças se encaixaram. O interessante, e hoje fica mais fácil perceber isso, é que a história da Pixar se confunde com o próprio caminho que a animação veio a percorrer através dos anos e mesmo se tratando de um documentário datado, é impossível não valorizar a aula de inovação, gestão e cultura que ele nos oferece a partir das histórias de cada um dos protagonistas e da paixão por algo que parecia tão distante.

Para quem é empreendedor ou amante do cinema de animação, esse documentário é simplesmente imperdível. São tantos elementos que nos inspiram que fica até difícil pontuar. Pode ter certeza que você vai querer se aprofundar, já que o documentário não tem essa preocupação, então eu aproveito para sugerir o livro "Criatividade S.A." do Ed Catmull - lá você vai encontrar muitas das passagens do documentário um pouco mais desenvolvidas.Olha, se assistir esse documentário e depois ler o livro, acredite, você terá um verdadeiro estudo de caso nas mãos, digno dos melhores cursos de pós-gradução do planeta. Vale muito a pena!

Assista Agora 

"A História da Pixar" é um ótimo documentário de 2007, dirigido pela mesma diretora que lançou recentemente, "A História do Imagineering", também pela Disney+. O fato é que Leslie Iwerks construiu um material histórico importantíssimo para os dias de hoje, captando depoimentos raros de gênios como Steve Jobs, George Lucas, Michael Eisner, Roy Disney; sem falar no próprio Bob Iger, John Lasseter e Ed Catmull. 

"A História da Pixar" (ou The Pixar Story) é um olhar curioso sobre os primeiros anos do Estúdio. Desde a época em que era apenas um braço experimental da "Industrial Light & Magic" de George Lucas, passando pelo sucesso de "Toy Story" até a construção de seu enorme campus em East Bay e na relação de sucesso que culminou na aquisição pela Disney. Não é exagero dizer que sua notável sequência sucessos é só a ponta do iceberg de uma jornada muito pessoal de Lasseter, Catmull e Jobs e o documentário detalha muito bem como essas peças se encaixaram. O interessante, e hoje fica mais fácil perceber isso, é que a história da Pixar se confunde com o próprio caminho que a animação veio a percorrer através dos anos e mesmo se tratando de um documentário datado, é impossível não valorizar a aula de inovação, gestão e cultura que ele nos oferece a partir das histórias de cada um dos protagonistas e da paixão por algo que parecia tão distante.

Para quem é empreendedor ou amante do cinema de animação, esse documentário é simplesmente imperdível. São tantos elementos que nos inspiram que fica até difícil pontuar. Pode ter certeza que você vai querer se aprofundar, já que o documentário não tem essa preocupação, então eu aproveito para sugerir o livro "Criatividade S.A." do Ed Catmull - lá você vai encontrar muitas das passagens do documentário um pouco mais desenvolvidas.Olha, se assistir esse documentário e depois ler o livro, acredite, você terá um verdadeiro estudo de caso nas mãos, digno dos melhores cursos de pós-gradução do planeta. Vale muito a pena!

Assista Agora 

A História do Imagineering

"A História do Imagineering" é uma série documental de seis episódios de 60 minutos, em média, do Disney+, que mais parece um curso de MBA em empreendedorismo e inovação - e isso é incrível! Sem exageros, a forma como o documentário dirigido pela Leslie Iwerks, indicada ao Oscar de 2007 pelo curta documental "Recycled Life" e também responsável pelo excelente "A História da Pixar", é simplesmente sensacional - são tantos elementos inseridos organicamente no processo de construção de um império do entretenimento pelos olhos da força mais criativa da empresa, que fica até difícil citá-los sem correr o risco de esquecer algo importante!

Mesmo que você seja uma das milhões de pessoas que tiveram a oportunidade de visitar algum dos parques temáticos da Disney em todo o mundo, você pode não ter a noção e até não conhecer sobre um dos conceitos culturais mais importantes que a empresa até estabeleceu como profissão: a do Imagineer. A palavra foi criada para designar os criadores de tudo que está nos seus parques temáticos, da idealização à construção de várias das atrações. O documentário tem, entre outras coisas, o objetivo de mostrar um lado secreto que a Disney habitualmente não revelaria e a relação mágica entre a criação e o público que já começa com seu criador Walt, o primeiro dos Imagineers. Confira o trailer:

Da criação da Disneylândia original em Anaheim, na Califórnia, passando pela da Euro Disney em Paris, até chegar nos parques mais recentes, como o de Xangai, a série percorre os altos e baixos destas tarefas gigantescas e dá voz aos seus protagonistas em uma verdadeira radiografia que expõe os bastidores da empresa, tanto criativo como corporativo - e é aqui que o documentário ganha em conteúdo, pois Iwerks mostra um material riquíssimo de arquivo, com conversas de Walt e seu irmão Roy, depoimentos dos primeiros Imagineers, CEOs e executivos da empresa como Michael Eisner, Frank Wells e Bob Iger, além de figuras quase míticas como Steve Jobs, George Lucas e James Cameron.   

"A História do Imagineering" é muito mais que uma série que fala sobre um legado, ela é a mais espetacular análise sobre o real significado de empreendedorismo na prática, uma aula de cultura, gestão, propósito, criatividade, inovação, growth, customer experience, internacionalização, propriedade intelectual, etc. Sério, é simplesmente imperdível e me desculpem a redundância, mas talvez seja o melhor conteúdo sobre o assunto disponível atualmente nos serviços de streaming.

Como de costume nesse tipo de review focado em empreendedorismo, seguem algumas indicações bibliográficas que vão te ajudar a se aprofundar no conteúdo que a série cobre. O primeiro chama "Se você pode sonhar, pode fazer"- esse é um livro de consulta, bem fácil, com vários conceitos dos Imagineers que ajudam a impulsionar a criatividade. A segunda indicação já é um pouco mais complexa, "Disney War" mostra os bastidores da Era Eisner na Disney e como ele foi capaz de recuperar uma empresa quase falida e transformar em uma potencia global do entretenimento. Existem mais dois livros que também podem interessar: "A Magia do Império Disney"de Ginha Nader é basicamente o conteúdo que você vai assistir no documentário e "Criando Magia" do Lee Cockerell que enumera dez estratégias de liderança disseminadas no Disney Institute.

Agora vamos ao que interessa! Só dar o play e ser feliz!

Assista Agora

"A História do Imagineering" é uma série documental de seis episódios de 60 minutos, em média, do Disney+, que mais parece um curso de MBA em empreendedorismo e inovação - e isso é incrível! Sem exageros, a forma como o documentário dirigido pela Leslie Iwerks, indicada ao Oscar de 2007 pelo curta documental "Recycled Life" e também responsável pelo excelente "A História da Pixar", é simplesmente sensacional - são tantos elementos inseridos organicamente no processo de construção de um império do entretenimento pelos olhos da força mais criativa da empresa, que fica até difícil citá-los sem correr o risco de esquecer algo importante!

Mesmo que você seja uma das milhões de pessoas que tiveram a oportunidade de visitar algum dos parques temáticos da Disney em todo o mundo, você pode não ter a noção e até não conhecer sobre um dos conceitos culturais mais importantes que a empresa até estabeleceu como profissão: a do Imagineer. A palavra foi criada para designar os criadores de tudo que está nos seus parques temáticos, da idealização à construção de várias das atrações. O documentário tem, entre outras coisas, o objetivo de mostrar um lado secreto que a Disney habitualmente não revelaria e a relação mágica entre a criação e o público que já começa com seu criador Walt, o primeiro dos Imagineers. Confira o trailer:

Da criação da Disneylândia original em Anaheim, na Califórnia, passando pela da Euro Disney em Paris, até chegar nos parques mais recentes, como o de Xangai, a série percorre os altos e baixos destas tarefas gigantescas e dá voz aos seus protagonistas em uma verdadeira radiografia que expõe os bastidores da empresa, tanto criativo como corporativo - e é aqui que o documentário ganha em conteúdo, pois Iwerks mostra um material riquíssimo de arquivo, com conversas de Walt e seu irmão Roy, depoimentos dos primeiros Imagineers, CEOs e executivos da empresa como Michael Eisner, Frank Wells e Bob Iger, além de figuras quase míticas como Steve Jobs, George Lucas e James Cameron.   

"A História do Imagineering" é muito mais que uma série que fala sobre um legado, ela é a mais espetacular análise sobre o real significado de empreendedorismo na prática, uma aula de cultura, gestão, propósito, criatividade, inovação, growth, customer experience, internacionalização, propriedade intelectual, etc. Sério, é simplesmente imperdível e me desculpem a redundância, mas talvez seja o melhor conteúdo sobre o assunto disponível atualmente nos serviços de streaming.

Como de costume nesse tipo de review focado em empreendedorismo, seguem algumas indicações bibliográficas que vão te ajudar a se aprofundar no conteúdo que a série cobre. O primeiro chama "Se você pode sonhar, pode fazer"- esse é um livro de consulta, bem fácil, com vários conceitos dos Imagineers que ajudam a impulsionar a criatividade. A segunda indicação já é um pouco mais complexa, "Disney War" mostra os bastidores da Era Eisner na Disney e como ele foi capaz de recuperar uma empresa quase falida e transformar em uma potencia global do entretenimento. Existem mais dois livros que também podem interessar: "A Magia do Império Disney"de Ginha Nader é basicamente o conteúdo que você vai assistir no documentário e "Criando Magia" do Lee Cockerell que enumera dez estratégias de liderança disseminadas no Disney Institute.

Agora vamos ao que interessa! Só dar o play e ser feliz!

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A Inventora

Imagine uma jovem, ex-aluna de Stanford, bem relacionada e inserida no ecossistema mais inovador do mundo: o Vale do Silício! Agora imagine que essa jovem possui um propósito real: revolucionar a maneira como os exames de sangue são realizados e processados, eliminando a necessidade do médico e do laboratório para obter um resultado capaz de identificar 200 doenças - tudo isso com apenas uma gota de sangue e a um custo de 10 dólares, em média! Incrível, não?

Pois o documentário da HBO, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício", conta justamente a história dessa jovem chamada Elizabeth Holmes e como ela convenceu vários investidores a colocarem muito, mas muito, dinheiro na sua startup Theranos - considerada uma das mais disruptivas empresas da época e liderada pela mulher comparada a nada menos que Steve Jobs ou Bill Gates! O documentário é impecável e descreve cada passo que transformou o valuation da empresa de 10 bilhões à zero num piscar de olhos!

Holmes é daqueles personagens que transformam um cara como Billy McFarland (criador do Fyre Festival) em mais um "menino criado pela vó". É sério, a capacidade de convencimento de Holmes é algo a ser estudado e não por acaso ela foi comparada com Jobs. Sua visão de negócio ia muito além da sua capacidade técnica de transformar seu projeto em realidade, mas isso foi só um detalhe, pois até alguém entender que era impossível entregar o que foi prometido, muitos anos se passaram e bilhões de dólares foram gastos. Seu discurso rendeu participações em TEDs, palestras, seminários, programas de TV; esteve em capas de revistas como a Fortune por exemplo, participou de jantares com presidentes ao lado dos fundadores do Google, do Facebook e da Tesla, ou seja, ela era a personificação da líder feminina que revolucionaria o mercado da saúde nos EUA e no Mundo - ela, de fato, acreditava nisso!

O documentário foi muito feliz em começar seus testemunhos com a própria Elizabeth contando sobre suas experiências pessoais que a motivaram na busca do seu propósito de simplificar exames, usando a nanotecnologia para eliminar tanto a enorme quantidade de sangue na coleta, como os laboratórios no processamento desse material e até os médicos no diagnóstico de possíveis doenças! Ela explica em detalhes sua idéia, o sonho que seu device se tornasse tão popular como os computadores da Apple e passa tanta segurança, com uma fé tão inabalável pelo seu objetivo, que justifica o número de pessoas experientes que ela "enganou" para financiá-la e a quantidade de consumidores que usaram seu serviço, porque o produto mesmo (chamado de Edson), nunca foi lançado - é preciso dizer que em alguns momentos o Diretor, premiado cineasta Alex Gibney, acaba até sugerindo que Holmes vivia em um mundo paralelo, desconectada da realidade, capaz de tudo para se manter nos holofotes e, de alguma forma, continuar sua "história de faz de conta"! São muitos depoimentos: de uma antiga professora de Stanford - que inclusive foi a primeira a duvidar da possibilidade de execução do projeto, passando por ex-funcionários frustados que presenciaram o que acontecia nos laboratórios da empresa até chegar no repórter do Wall Street Journal que publicou a matéria que acabou sendo o golpe fatal para a Theranos! 

"A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" é daqueles filmes que nos fazem refletir sobre a real capacidade humana X a ganância ou o ego de se tornar um ícone! Aliás, no Vale do Silício existe um conceito muito comum: "Fingir, até conseguir" - mas qual seria o limite de mindset? No caso de Elizabeth Holmes ela me pareceu ter um propósito real, mas seria impossível ela não perceber os limites da sua idéia e como a manutenção do seu plano de ação poderia prejudicar tanta gente. Ela chega a citar Tomas Edson quando diz: "Eu não fracassei, só encontrei 10.000 formas que não funcionam"! Ok, é uma maneira resiliente de pensar no negócio e hoje, acusada de fraude massiva, fica mais fácil julgar suas falhas como gestora, mas será que ela tinha a real noção disso? É muito possível! Será que a lição foi aprendida pelos investidores? Parece que não, basta ler o que vem acontecendo com a WeWork, por exemplo!

O documentário da HBO é excelente para quem gosta de empreendedorismo, mas também para quem gosta de um ótimo estudo de caso tanto da empresa como da sua fundadora, pois além de levantar a jornada da Theranos em detalhes, tenta desvendar o que representou Elizabeth Holmes para o ecossistema durante anos - uma única brecha (óbvio) é o fato de que o lado dela da história tenha sido tão superficial e rapidamente relatado no veredito jornalístico, mas mesmo assim, vale muito o play porque a história está muito bem contada!

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Imagine uma jovem, ex-aluna de Stanford, bem relacionada e inserida no ecossistema mais inovador do mundo: o Vale do Silício! Agora imagine que essa jovem possui um propósito real: revolucionar a maneira como os exames de sangue são realizados e processados, eliminando a necessidade do médico e do laboratório para obter um resultado capaz de identificar 200 doenças - tudo isso com apenas uma gota de sangue e a um custo de 10 dólares, em média! Incrível, não?

Pois o documentário da HBO, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício", conta justamente a história dessa jovem chamada Elizabeth Holmes e como ela convenceu vários investidores a colocarem muito, mas muito, dinheiro na sua startup Theranos - considerada uma das mais disruptivas empresas da época e liderada pela mulher comparada a nada menos que Steve Jobs ou Bill Gates! O documentário é impecável e descreve cada passo que transformou o valuation da empresa de 10 bilhões à zero num piscar de olhos!

Holmes é daqueles personagens que transformam um cara como Billy McFarland (criador do Fyre Festival) em mais um "menino criado pela vó". É sério, a capacidade de convencimento de Holmes é algo a ser estudado e não por acaso ela foi comparada com Jobs. Sua visão de negócio ia muito além da sua capacidade técnica de transformar seu projeto em realidade, mas isso foi só um detalhe, pois até alguém entender que era impossível entregar o que foi prometido, muitos anos se passaram e bilhões de dólares foram gastos. Seu discurso rendeu participações em TEDs, palestras, seminários, programas de TV; esteve em capas de revistas como a Fortune por exemplo, participou de jantares com presidentes ao lado dos fundadores do Google, do Facebook e da Tesla, ou seja, ela era a personificação da líder feminina que revolucionaria o mercado da saúde nos EUA e no Mundo - ela, de fato, acreditava nisso!

O documentário foi muito feliz em começar seus testemunhos com a própria Elizabeth contando sobre suas experiências pessoais que a motivaram na busca do seu propósito de simplificar exames, usando a nanotecnologia para eliminar tanto a enorme quantidade de sangue na coleta, como os laboratórios no processamento desse material e até os médicos no diagnóstico de possíveis doenças! Ela explica em detalhes sua idéia, o sonho que seu device se tornasse tão popular como os computadores da Apple e passa tanta segurança, com uma fé tão inabalável pelo seu objetivo, que justifica o número de pessoas experientes que ela "enganou" para financiá-la e a quantidade de consumidores que usaram seu serviço, porque o produto mesmo (chamado de Edson), nunca foi lançado - é preciso dizer que em alguns momentos o Diretor, premiado cineasta Alex Gibney, acaba até sugerindo que Holmes vivia em um mundo paralelo, desconectada da realidade, capaz de tudo para se manter nos holofotes e, de alguma forma, continuar sua "história de faz de conta"! São muitos depoimentos: de uma antiga professora de Stanford - que inclusive foi a primeira a duvidar da possibilidade de execução do projeto, passando por ex-funcionários frustados que presenciaram o que acontecia nos laboratórios da empresa até chegar no repórter do Wall Street Journal que publicou a matéria que acabou sendo o golpe fatal para a Theranos! 

"A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" é daqueles filmes que nos fazem refletir sobre a real capacidade humana X a ganância ou o ego de se tornar um ícone! Aliás, no Vale do Silício existe um conceito muito comum: "Fingir, até conseguir" - mas qual seria o limite de mindset? No caso de Elizabeth Holmes ela me pareceu ter um propósito real, mas seria impossível ela não perceber os limites da sua idéia e como a manutenção do seu plano de ação poderia prejudicar tanta gente. Ela chega a citar Tomas Edson quando diz: "Eu não fracassei, só encontrei 10.000 formas que não funcionam"! Ok, é uma maneira resiliente de pensar no negócio e hoje, acusada de fraude massiva, fica mais fácil julgar suas falhas como gestora, mas será que ela tinha a real noção disso? É muito possível! Será que a lição foi aprendida pelos investidores? Parece que não, basta ler o que vem acontecendo com a WeWork, por exemplo!

O documentário da HBO é excelente para quem gosta de empreendedorismo, mas também para quem gosta de um ótimo estudo de caso tanto da empresa como da sua fundadora, pois além de levantar a jornada da Theranos em detalhes, tenta desvendar o que representou Elizabeth Holmes para o ecossistema durante anos - uma única brecha (óbvio) é o fato de que o lado dela da história tenha sido tão superficial e rapidamente relatado no veredito jornalístico, mas mesmo assim, vale muito o play porque a história está muito bem contada!

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A Maldição da Von Dutch

O roteiro está pronto! Transformar a história da "Von Dutch" em uma minissérie de ficção seria como assistir uma espécie de "Breaking Bad da moda" - não tenho a menor dúvida que funcionaria! Esse documentário em três partes prova isso: ele é um verdadeiro mergulho no que há de mais obscuro quando se pretende construir um negócio de sucesso com potencial de render milhões e milhões de dólares - mesmo que o preço dessa jornada envolva muita ganância, drogas, morte, egoísmo, traição, etc.

A Von Dutch, no início dos anos 2000, era uma das marcas de moda mais proeminentes, onipresentes e ousadas do mercado, particularmente famosa pelos bonés no estilo "caminhoneiro". No entanto, por trás da ascensão instantânea da marca, ela carregava uma história densa e completamente fora dos padrões empreendedores. O documentário "The Curse of Von Dutch: A Brand to Die For" (no original)  investiga justamente essa jornada, explorando os eventos e a postura de quatro homens que afirmavam ser os responsáveis por tanto sucesso. Confira o trailer (em inglês):

Muito bem dirigido pelo Andrew Renzi (de "Ready for War" e do premiadíssimo curta-metragem "Karaoke!") a partir do roteiro de Jeremiah Murphy (de "Colosseum"), "A Maldição da Von Dutch" é uma verdadeira aula de construção narrativa apoiada em um conceito visual irretocável - é como se o documentário fosse, de fato, a extensão da marca, como se essa "voz" migrasse da moda e se tornasse parte de um projeto audiovisual 100% direcionado para um determinado nicho. Obviamente que essa sensação não é 100% real, mas a emulação dessa atmosfera nos prende de uma forma impressionante, trazendo uma nostalgia absurda em meio a uma história dinâmica e surpreendente, digna de uma obra do Vince Gilligan com seus personagens tão complexos quanto empolgantes.

"Nunca subestime o mal gosto dos americanos"! Talvez essa frase defina bem o que foi a jornada da "Von Dutch" no final dos anos 90 e inicio dos 2.000 - impossível para aqueles com mais de 30 anos não se lembrarem da febre que foi essa marca. E o interessante é que Renzi foi capaz de organizar uma linha do tempo bastante competente para contar essa história, mesmo com tantas nuances, que vai muito (mas, muito) além do sucesso econômico e da representatividade cultural em um período pré-rede social. A conexão com um determinado público, a relação entre marca e celebridade, os perrengues, o sucesso, a queda; tudo isso é perfeitamente decupado e interpretado por quatro personagens intimamente ligados à marca, mas que não necessariamente se beneficiaram com ela: Ed Boswell, um coleccionador de arte de Los Angeles; Mike Cassel, outrora traficante de droga; e o surfista Bobby Vaughn; além, é claro, do dinamarquês Tonny Sorensen, empresário e campeão dinamarquês de taekwondo, que comprou uma fatia majoritária da empresa e que assumiu o cargo de CEO deixando todos os "fundadores" para trás.

"A Maldição da Von Dutch: Uma Marca de Morrer" mostra no primeiro episódio a origem da marca (mesmo antes de ser efetivamente "Von Dutch" ); no segundo, a transformação em fenômeno cultural (chegando a atingir ganhos anuais de 150 milhões de dólares); e no terceiro, a derrocada, como todos os personagens citados acima, de alguma maneira, destruiram uma marca que chegou a ser a segunda mais pirateada do mundo, apenas atrás da Louis Vuitton. Além de uma trama insana de bastidores, a minissérie é uma aula de empreendedorismo (do que fazer, mas principalmente do que não fazer), dito isso, tenho certeza que, independente de como você vai se relacionar com essa história, sua diversão estará mais que garantida!

Vale muito o seu play!

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O roteiro está pronto! Transformar a história da "Von Dutch" em uma minissérie de ficção seria como assistir uma espécie de "Breaking Bad da moda" - não tenho a menor dúvida que funcionaria! Esse documentário em três partes prova isso: ele é um verdadeiro mergulho no que há de mais obscuro quando se pretende construir um negócio de sucesso com potencial de render milhões e milhões de dólares - mesmo que o preço dessa jornada envolva muita ganância, drogas, morte, egoísmo, traição, etc.

A Von Dutch, no início dos anos 2000, era uma das marcas de moda mais proeminentes, onipresentes e ousadas do mercado, particularmente famosa pelos bonés no estilo "caminhoneiro". No entanto, por trás da ascensão instantânea da marca, ela carregava uma história densa e completamente fora dos padrões empreendedores. O documentário "The Curse of Von Dutch: A Brand to Die For" (no original)  investiga justamente essa jornada, explorando os eventos e a postura de quatro homens que afirmavam ser os responsáveis por tanto sucesso. Confira o trailer (em inglês):

Muito bem dirigido pelo Andrew Renzi (de "Ready for War" e do premiadíssimo curta-metragem "Karaoke!") a partir do roteiro de Jeremiah Murphy (de "Colosseum"), "A Maldição da Von Dutch" é uma verdadeira aula de construção narrativa apoiada em um conceito visual irretocável - é como se o documentário fosse, de fato, a extensão da marca, como se essa "voz" migrasse da moda e se tornasse parte de um projeto audiovisual 100% direcionado para um determinado nicho. Obviamente que essa sensação não é 100% real, mas a emulação dessa atmosfera nos prende de uma forma impressionante, trazendo uma nostalgia absurda em meio a uma história dinâmica e surpreendente, digna de uma obra do Vince Gilligan com seus personagens tão complexos quanto empolgantes.

"Nunca subestime o mal gosto dos americanos"! Talvez essa frase defina bem o que foi a jornada da "Von Dutch" no final dos anos 90 e inicio dos 2.000 - impossível para aqueles com mais de 30 anos não se lembrarem da febre que foi essa marca. E o interessante é que Renzi foi capaz de organizar uma linha do tempo bastante competente para contar essa história, mesmo com tantas nuances, que vai muito (mas, muito) além do sucesso econômico e da representatividade cultural em um período pré-rede social. A conexão com um determinado público, a relação entre marca e celebridade, os perrengues, o sucesso, a queda; tudo isso é perfeitamente decupado e interpretado por quatro personagens intimamente ligados à marca, mas que não necessariamente se beneficiaram com ela: Ed Boswell, um coleccionador de arte de Los Angeles; Mike Cassel, outrora traficante de droga; e o surfista Bobby Vaughn; além, é claro, do dinamarquês Tonny Sorensen, empresário e campeão dinamarquês de taekwondo, que comprou uma fatia majoritária da empresa e que assumiu o cargo de CEO deixando todos os "fundadores" para trás.

"A Maldição da Von Dutch: Uma Marca de Morrer" mostra no primeiro episódio a origem da marca (mesmo antes de ser efetivamente "Von Dutch" ); no segundo, a transformação em fenômeno cultural (chegando a atingir ganhos anuais de 150 milhões de dólares); e no terceiro, a derrocada, como todos os personagens citados acima, de alguma maneira, destruiram uma marca que chegou a ser a segunda mais pirateada do mundo, apenas atrás da Louis Vuitton. Além de uma trama insana de bastidores, a minissérie é uma aula de empreendedorismo (do que fazer, mas principalmente do que não fazer), dito isso, tenho certeza que, independente de como você vai se relacionar com essa história, sua diversão estará mais que garantida!

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A Melhor Ideia

"A Melhor Ideia" é um documentário produzido pela National Geographic que você vai poder assistir pelo Disney+, que tem uma estrutura muito mais próxima de um reality show de competição do que propriamente de um projeto jornalístico. Essa escolha conceitual tem seus prós e seus contras, mas antes de discutir sobre isso, talvez o que mais importe nessa jornada é a reflexão que o filme nos provoca: existem mentes brilhantes em todos os lugares do mundo, de Nairobi à Nova York, e esse processo de inovação e empreendedorismo, tema discutido aqui, precisa ser fomentado, são esses jovens que vão transformar esse planeta para todas as gerações que virão! Esse documentário é um recorte do que acredito ser o caminho ideal e por isso fiz questão de dividir com vocês!

Em pouco mais de 90 minutos, acompanhamos cinco estudantes de diferentes cantos do planeta que levam suas grandes ideias a uma das competições para empreendedores mais prestigiadas do mundo. Além de todas as dificuldades inerentes ao empreendedorismo, cada um deles superou imensos obstáculos em busca do sonho de transformar seu propósito em um grande negócio: foram furacões, dificuldades econômicas, guerras civis, etc; e foi essa resiliência que os trouxeram até aqui! É aí que surge a questão: essas ideias já mudaram suas vidas, mas será que elas estão prontas para mudar o mundo? Confira o trailer:

Agora vamos entender o que a escolha conceitual de "A Melhor Ideia" tem de bom - o melhor de um reality são seus personagens e a maneira como a narrativa é construída que nos faz torcer por eles. Aqui, Santosh vem de uma pequena cidade agrícola do Nepal,  Alondra trabalha como caixa da padaria de sua família em Porto Rico, Henry é um gênio da programação de Nairóbi, Jason é uma máquina de marketing da Grécia e Daniela, uma imigrante que foge da crise na Venezuela, estuda química na Universidade de Nova York - cada um deles é apresentado com muita competência, seguindo dois caminhos: o primeiro, claro, que conta suas histórias de vida e as dificuldades que os levaram até aquele momento e o segundo, foca na forma como eles acreditam poder resolver uma dor do mercado. A jornada de cada um deles funciona como entretenimento, mas falta tempo para unir esses dois caminhos de uma maneira mais profunda - o famoso "CPF com CNPJ". O "contra" se encaixa justamente aí: o lado empreendedor de cada um deles, suas soluções, desafios, perrengues, vitórias, derrotas, pivotadas; tudo isso soa muito superficial, é pouquíssimo explorado - talvez se fosse uma série de 6 episódios, com um episódio para cada personagem e um sexto com a final da competição em si, seria o ideal!

 "A Melhor Ideia" é gostoso de assistir, mesmo sem essa profundidade empreendedora ou discussões mais fundamentadas nas dificuldades e na capacidade de enxergar uma oportunidade em meio ao ambiente que estão inseridos. Criar a expectativa sobre quem vai vencer uma competição importante funciona pela empatia e pela emoção, mas equilibrar uma assunto importante com a razão poderia funcionar muito melhor. O que, de fato, o filme tem de sobra é humanidade e isso é transformador, motivador e provoca reflexões pertinentes com o momento que estamos vivendo. 

 "A Melhor Ideia" é mais um convite para transformarmos o mundo em um lugar melhor e como citou Henry: "Se a oportunidade não bater na sua porta, quebre a parede!"

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"A Melhor Ideia" é um documentário produzido pela National Geographic que você vai poder assistir pelo Disney+, que tem uma estrutura muito mais próxima de um reality show de competição do que propriamente de um projeto jornalístico. Essa escolha conceitual tem seus prós e seus contras, mas antes de discutir sobre isso, talvez o que mais importe nessa jornada é a reflexão que o filme nos provoca: existem mentes brilhantes em todos os lugares do mundo, de Nairobi à Nova York, e esse processo de inovação e empreendedorismo, tema discutido aqui, precisa ser fomentado, são esses jovens que vão transformar esse planeta para todas as gerações que virão! Esse documentário é um recorte do que acredito ser o caminho ideal e por isso fiz questão de dividir com vocês!

Em pouco mais de 90 minutos, acompanhamos cinco estudantes de diferentes cantos do planeta que levam suas grandes ideias a uma das competições para empreendedores mais prestigiadas do mundo. Além de todas as dificuldades inerentes ao empreendedorismo, cada um deles superou imensos obstáculos em busca do sonho de transformar seu propósito em um grande negócio: foram furacões, dificuldades econômicas, guerras civis, etc; e foi essa resiliência que os trouxeram até aqui! É aí que surge a questão: essas ideias já mudaram suas vidas, mas será que elas estão prontas para mudar o mundo? Confira o trailer:

Agora vamos entender o que a escolha conceitual de "A Melhor Ideia" tem de bom - o melhor de um reality são seus personagens e a maneira como a narrativa é construída que nos faz torcer por eles. Aqui, Santosh vem de uma pequena cidade agrícola do Nepal,  Alondra trabalha como caixa da padaria de sua família em Porto Rico, Henry é um gênio da programação de Nairóbi, Jason é uma máquina de marketing da Grécia e Daniela, uma imigrante que foge da crise na Venezuela, estuda química na Universidade de Nova York - cada um deles é apresentado com muita competência, seguindo dois caminhos: o primeiro, claro, que conta suas histórias de vida e as dificuldades que os levaram até aquele momento e o segundo, foca na forma como eles acreditam poder resolver uma dor do mercado. A jornada de cada um deles funciona como entretenimento, mas falta tempo para unir esses dois caminhos de uma maneira mais profunda - o famoso "CPF com CNPJ". O "contra" se encaixa justamente aí: o lado empreendedor de cada um deles, suas soluções, desafios, perrengues, vitórias, derrotas, pivotadas; tudo isso soa muito superficial, é pouquíssimo explorado - talvez se fosse uma série de 6 episódios, com um episódio para cada personagem e um sexto com a final da competição em si, seria o ideal!

 "A Melhor Ideia" é gostoso de assistir, mesmo sem essa profundidade empreendedora ou discussões mais fundamentadas nas dificuldades e na capacidade de enxergar uma oportunidade em meio ao ambiente que estão inseridos. Criar a expectativa sobre quem vai vencer uma competição importante funciona pela empatia e pela emoção, mas equilibrar uma assunto importante com a razão poderia funcionar muito melhor. O que, de fato, o filme tem de sobra é humanidade e isso é transformador, motivador e provoca reflexões pertinentes com o momento que estamos vivendo. 

 "A Melhor Ideia" é mais um convite para transformarmos o mundo em um lugar melhor e como citou Henry: "Se a oportunidade não bater na sua porta, quebre a parede!"

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A Milhões de Quilômetros

Esse é mais um filme com uma história improvável, e por isso bastante inspiradora, que de fato merecia ser contada! Mas isso faz de "A Milhões de Quilômetros" inesquecível? Não, longe disso - no entanto, você pode ter a mais absoluta certeza que mesmo com um roteiro repleto de estereótipos, como entretenimento, ele é mais que ótimo! Veja, é como se misturássemos o ótimo e profundo drama francês "A Jornada" com o divertido e descomplicado "Flamin' Hot"! Baseado no livro "El Nino Que Alcanzo Las Estrellas", a diretora Alejandra Márquez Abella (do premiado "Os Céus do Norte sobre o Vazio") entrega uma biografia que derrapa pelo enorme recorte escolhido para contar uma história sobre a busca incansável pelo sonho americano, mas que por outro lado nos prende pela enorme conexão que desenvolvemos com o protagonista, o astronauta mexicano-americano, José Hernández.

Inspirado na história real de Hernández (Michael Peña), "A Million Miles Away" (no original) acompanha toda a jornada do jovem, e sua família, de uma vila rural em Michoacán, no México, para mais de 300 quilômetros acima da Terra na Estação Espacial Internacional. Com o apoio incondicional de sua esposa, muito foco e uma determinação fora do comum, o filme pontua passagens marcantes que levaram esse engenheiro brilhante ter a oportunidade de alcançar seu objetivo que, para muitos, parecia impossível. Confira o trailer:

Nascido em 13 de agosto de 1962, Hernández cresceu em uma família de trabalhadores rurais que se mudaram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor - o valor e a dificuldade que representam essa jornada rumo ao espaço é rapidamente contextualizada em uma ou duas cenas do prólogo, o suficiente para entendermos que estamos diante de uma receita que normalmente agrada a audiência: um protagonista humilde e perseverante que passa por todas as dificuldades e alcança o seu objetivo. A grande questão é que Abella escolhe um tom mais leve para contar uma história até certo ponto batida, só que em nenhum momento ela se apega ao drama profundo e introspectivo, nem quando a própria a situação pede, e isso é um golaço. Ela sabe que naturalmente o personagem vai nos conquistar e que em algum momento vamos passar a torcer por ele, sofrer com suas derrotas e nos emocionar com suas conquistas. De fato isso acontece - talvez tirando o sofrimento, esse nunca é tão impactante pela pressa de colocar tudo na tela em apenas 120 minutos. É como se faltasse profundidade, mas embarcando na proposta da diretora, isso não faz a menor falta.

O ponto alto do filme, sem dúvida, está na química entre Michael Peña e Rosa Salazar, que interpreta a esposa do astronauta, Adela. Eles se comunicam pelo olhar, mesmo sem a necessidade daqueles gatilhos emocionais que um filme desse gênero gosta de usar (e abusar) - não que não tenha, mas aqui a performance dos atores vai além, nos conquista sem muito esforço. É quase como e assistíssemos o filme com aquele leve sorriso querendo escapar. E por isso faço um elogio: Peña é absoluto, um ator que já demonstrou seu talento inúmeras vezes, capaz de usar de uma delicadeza e sensibilidade, sem falar no seu carisma que é mesmo impressionante. Apesar da estrutura narrativa atrapalhar essa construção de grandes emoções, Peña sabe por quais caminhos seguir sem soar piegas - o próprio Jesse Garcia fez muito bem isso em  "Flamin' Hot".

Hernández enfrentou inúmeras dificuldades em sua juventude, incluindo barreiras linguísticas e financeiras. No entanto, sua paixão pela ciência e pela exploração espacial o impulsionou a superar esses obstáculos. Ele obteve um diploma em engenharia elétrica e posteriormente um mestrado em engenharia de computação, demonstrando seu compromisso com a educação e aprimoramento pessoal. Aprendeu a pilotar aviões, com mais de 800 horas de voo; mergulhar mesmo com certa fobia e até a falar russo para ser aprovado pela Nasa depois de 12 tentativas. Sim, José Hernández deve ser considerado um verdadeiro exemplo e sua história de sucesso, uma fonte de inspiração para todos - esse é o propósito de "A Milhões de Quilômetros" e ele cumpre muito bem esse papel.

Ficou curioso? Então pode dar o play que você não vai se arrepender, mas traz a pipoca, ok?

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Esse é mais um filme com uma história improvável, e por isso bastante inspiradora, que de fato merecia ser contada! Mas isso faz de "A Milhões de Quilômetros" inesquecível? Não, longe disso - no entanto, você pode ter a mais absoluta certeza que mesmo com um roteiro repleto de estereótipos, como entretenimento, ele é mais que ótimo! Veja, é como se misturássemos o ótimo e profundo drama francês "A Jornada" com o divertido e descomplicado "Flamin' Hot"! Baseado no livro "El Nino Que Alcanzo Las Estrellas", a diretora Alejandra Márquez Abella (do premiado "Os Céus do Norte sobre o Vazio") entrega uma biografia que derrapa pelo enorme recorte escolhido para contar uma história sobre a busca incansável pelo sonho americano, mas que por outro lado nos prende pela enorme conexão que desenvolvemos com o protagonista, o astronauta mexicano-americano, José Hernández.

Inspirado na história real de Hernández (Michael Peña), "A Million Miles Away" (no original) acompanha toda a jornada do jovem, e sua família, de uma vila rural em Michoacán, no México, para mais de 300 quilômetros acima da Terra na Estação Espacial Internacional. Com o apoio incondicional de sua esposa, muito foco e uma determinação fora do comum, o filme pontua passagens marcantes que levaram esse engenheiro brilhante ter a oportunidade de alcançar seu objetivo que, para muitos, parecia impossível. Confira o trailer:

Nascido em 13 de agosto de 1962, Hernández cresceu em uma família de trabalhadores rurais que se mudaram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor - o valor e a dificuldade que representam essa jornada rumo ao espaço é rapidamente contextualizada em uma ou duas cenas do prólogo, o suficiente para entendermos que estamos diante de uma receita que normalmente agrada a audiência: um protagonista humilde e perseverante que passa por todas as dificuldades e alcança o seu objetivo. A grande questão é que Abella escolhe um tom mais leve para contar uma história até certo ponto batida, só que em nenhum momento ela se apega ao drama profundo e introspectivo, nem quando a própria a situação pede, e isso é um golaço. Ela sabe que naturalmente o personagem vai nos conquistar e que em algum momento vamos passar a torcer por ele, sofrer com suas derrotas e nos emocionar com suas conquistas. De fato isso acontece - talvez tirando o sofrimento, esse nunca é tão impactante pela pressa de colocar tudo na tela em apenas 120 minutos. É como se faltasse profundidade, mas embarcando na proposta da diretora, isso não faz a menor falta.

O ponto alto do filme, sem dúvida, está na química entre Michael Peña e Rosa Salazar, que interpreta a esposa do astronauta, Adela. Eles se comunicam pelo olhar, mesmo sem a necessidade daqueles gatilhos emocionais que um filme desse gênero gosta de usar (e abusar) - não que não tenha, mas aqui a performance dos atores vai além, nos conquista sem muito esforço. É quase como e assistíssemos o filme com aquele leve sorriso querendo escapar. E por isso faço um elogio: Peña é absoluto, um ator que já demonstrou seu talento inúmeras vezes, capaz de usar de uma delicadeza e sensibilidade, sem falar no seu carisma que é mesmo impressionante. Apesar da estrutura narrativa atrapalhar essa construção de grandes emoções, Peña sabe por quais caminhos seguir sem soar piegas - o próprio Jesse Garcia fez muito bem isso em  "Flamin' Hot".

Hernández enfrentou inúmeras dificuldades em sua juventude, incluindo barreiras linguísticas e financeiras. No entanto, sua paixão pela ciência e pela exploração espacial o impulsionou a superar esses obstáculos. Ele obteve um diploma em engenharia elétrica e posteriormente um mestrado em engenharia de computação, demonstrando seu compromisso com a educação e aprimoramento pessoal. Aprendeu a pilotar aviões, com mais de 800 horas de voo; mergulhar mesmo com certa fobia e até a falar russo para ser aprovado pela Nasa depois de 12 tentativas. Sim, José Hernández deve ser considerado um verdadeiro exemplo e sua história de sucesso, uma fonte de inspiração para todos - esse é o propósito de "A Milhões de Quilômetros" e ele cumpre muito bem esse papel.

Ficou curioso? Então pode dar o play que você não vai se arrepender, mas traz a pipoca, ok?

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A Noite que Mudou o Pop

Você precisa assistir esse documentário! Independente da sua idade, mas sabendo que para os maiores de 40 anos a história terá uma camada extra de nostalgia, "A Noite que Mudou o Pop" é uma das melhores coisas que você vai assistir em muito tempo. Sim, eu sei que posso parecer exagerado, mas o documentário do diretor Bao Nguyen ("Be Water") é um verdadeiro mergulho na emocionante gravação de "We Are the World", canção beneficente contra fome na Etiópia, que reuniu as maiores estrelas da música naquele ano. O filme é uma aula de criatividade, de network, de planejamento (naquelas condições tão especiais), de liderança e, principalmente, de generosidade (embora aqui dê para separar o "joio do trigo").

Em 28 de janeiro de 1985, ícones da música como Lionel Richie, Michael Jackson, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, entre outros; se reuniram para gravar "We Are the World", uma canção composta por Richie e Jackson para combater a fome na África que alcançava números alarmantes. Aqui acompanhamos os bastidores desse projeto histórico, desde a ideia, a concepção da música, a logística para que todos estivessem em Los Angeles no mesmo dia, até a gravação final; revelando os desafios, as alegrias e uma envolvente camaradagem entre tantos profissionais bem acima da média. Confira o trailer (em inglês):

Cheio de preciosidades, o roteiro de Nguyen é preciso ao construir uma linha temporal clara e objetiva sobre o projeto e como tudo foi se encaixando. Bob Geldof e Midge Ure iniciaram um movimento contra a fome que originou o "Do They Know It’s Christmas?"- uma gravação realizada por uma "super banda" chamada Band Aid e que contava com nomes como George Michael, Phil Collins, Bono Vox, Paul McCartney, Sting, entre outros. Inspirado por Geldof e Ure, Harry Belafonte pediu para o agente musical e produtor americano Ken Kragen começar a reunir nomes importantes do que viria a se tornar o fenômeno "We Are the World". A grande questão é que não se reune quase 50 astros da música em apenas uma semana. Dito isso, dá para se ter uma ideia da maratona (e todas as dificuldades) que foi colocar esse projeto em pé, culminando nas gravações (de áudio e vídeo) em uma única noite e que acabou durando por toda a madrugada - era isso ou nada!

Com imagens de arquivo e entrevistas com alguns participantes memoráveis como Springsteen, Richie e Lauper, o documentário não só captura a magia daquele momento único como também pontua casos curiosos de bastidores que nunca antes foram revelados. Nguyen é sensível ao criar uma dinâmica que soa como uma viagem no tempo, intercalando essas entrevistas com imagens da gravação e cenas da época, fazendo um recorte histórico importante daquela noite - e digo histórico no sentido mais amplo da palavra, já que, infelizmente, muitos que estiveram ali, já se foram, e claro, não preciso nem dizer o quanto "We Are the World" foi importante como obra. Talvez, ou até justamente por isso, senti que "A Noite que Mudou o Pop" parece ter uma duração apertada. Para lidar com tantos nomes importantes, eu diria que é admirável o esforço da produção em não esquecer de ninguém ou de nenhum detalhe - o desconforto de Bob Dylan é tão evidente quanto a sua transformação quando ele vira protagonista da gravação. Reparem.

"The Greatest Night in Pop" (no original) vai além da música que estava sendo gravada - é um filme sobre esperança, união e o poder da arte para fazer a diferença. É um lembrete da importância da ação social e da responsabilidade que os artistas têm e de como usar sua enorme capacidade criativa (até da voz, claro) para causas tão importantes. Mais do que um documentário, o que temos aqui é uma experiência emocionante, inspiradora e muito envolvente - um filme que vai te tocar a alma e, certamente, te fazer cantar. Imperdível!

Vale muito o seu play!

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Você precisa assistir esse documentário! Independente da sua idade, mas sabendo que para os maiores de 40 anos a história terá uma camada extra de nostalgia, "A Noite que Mudou o Pop" é uma das melhores coisas que você vai assistir em muito tempo. Sim, eu sei que posso parecer exagerado, mas o documentário do diretor Bao Nguyen ("Be Water") é um verdadeiro mergulho na emocionante gravação de "We Are the World", canção beneficente contra fome na Etiópia, que reuniu as maiores estrelas da música naquele ano. O filme é uma aula de criatividade, de network, de planejamento (naquelas condições tão especiais), de liderança e, principalmente, de generosidade (embora aqui dê para separar o "joio do trigo").

Em 28 de janeiro de 1985, ícones da música como Lionel Richie, Michael Jackson, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, entre outros; se reuniram para gravar "We Are the World", uma canção composta por Richie e Jackson para combater a fome na África que alcançava números alarmantes. Aqui acompanhamos os bastidores desse projeto histórico, desde a ideia, a concepção da música, a logística para que todos estivessem em Los Angeles no mesmo dia, até a gravação final; revelando os desafios, as alegrias e uma envolvente camaradagem entre tantos profissionais bem acima da média. Confira o trailer (em inglês):

Cheio de preciosidades, o roteiro de Nguyen é preciso ao construir uma linha temporal clara e objetiva sobre o projeto e como tudo foi se encaixando. Bob Geldof e Midge Ure iniciaram um movimento contra a fome que originou o "Do They Know It’s Christmas?"- uma gravação realizada por uma "super banda" chamada Band Aid e que contava com nomes como George Michael, Phil Collins, Bono Vox, Paul McCartney, Sting, entre outros. Inspirado por Geldof e Ure, Harry Belafonte pediu para o agente musical e produtor americano Ken Kragen começar a reunir nomes importantes do que viria a se tornar o fenômeno "We Are the World". A grande questão é que não se reune quase 50 astros da música em apenas uma semana. Dito isso, dá para se ter uma ideia da maratona (e todas as dificuldades) que foi colocar esse projeto em pé, culminando nas gravações (de áudio e vídeo) em uma única noite e que acabou durando por toda a madrugada - era isso ou nada!

Com imagens de arquivo e entrevistas com alguns participantes memoráveis como Springsteen, Richie e Lauper, o documentário não só captura a magia daquele momento único como também pontua casos curiosos de bastidores que nunca antes foram revelados. Nguyen é sensível ao criar uma dinâmica que soa como uma viagem no tempo, intercalando essas entrevistas com imagens da gravação e cenas da época, fazendo um recorte histórico importante daquela noite - e digo histórico no sentido mais amplo da palavra, já que, infelizmente, muitos que estiveram ali, já se foram, e claro, não preciso nem dizer o quanto "We Are the World" foi importante como obra. Talvez, ou até justamente por isso, senti que "A Noite que Mudou o Pop" parece ter uma duração apertada. Para lidar com tantos nomes importantes, eu diria que é admirável o esforço da produção em não esquecer de ninguém ou de nenhum detalhe - o desconforto de Bob Dylan é tão evidente quanto a sua transformação quando ele vira protagonista da gravação. Reparem.

"The Greatest Night in Pop" (no original) vai além da música que estava sendo gravada - é um filme sobre esperança, união e o poder da arte para fazer a diferença. É um lembrete da importância da ação social e da responsabilidade que os artistas têm e de como usar sua enorme capacidade criativa (até da voz, claro) para causas tão importantes. Mais do que um documentário, o que temos aqui é uma experiência emocionante, inspiradora e muito envolvente - um filme que vai te tocar a alma e, certamente, te fazer cantar. Imperdível!

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A Queda

Se você não for magro, Deus não te aceitará! Sim, eu sei que pode parecer um absurdo essa afirmação, mas é a partir dessa premissa surreal que a história da líder religiosaGwen Shamblin é contada nessa minissérie de 5 episódios da HBO - e já te adianto: o que pode parecer um absurdo para você (e para mim), certamente faz muito sentido para milhares de pessoas e é justamente por isso que "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" será uma das coisas mais surpreendentes que você vai assistir na vida.

Abrangendo anos de investigação e extensas entrevistas com ex-membros e outras pessoas afetadas pela Remnant Fellowship Churchou por um programa de emagrecimento religioso chamado Weigh Down, essa minissérie documental explora o legado da controversa guru e líder religiosa Gwen Shamblin, cuja vida teve um fim abrupto após a queda de seu avião em maio de 2021. Confira o trailer:

Muito bem conduzida pela mesma diretora do premiado "Polanski: Procurado e Desejado", Marina Zenovich, "A Queda" se apoia, basicamente, na figura tão particular de Gwen Shamblin, e do seu entorno (principalmente seu marido Joe Lara), para construir uma linha narrativa extremamente equilibrada e fluida que mistura assuntos que vão da religião ao sucesso profissional - e aqui é fácil analisar a estratégia de Shamblin e como a junção dos fatos que moldaram a sua vida faz, de fato, todo sentido no resultado final de sua jornada empreendedora, pois ela foi capaz que encontrar e trabalhar a vulnerabilidade de milhares de pessoas que buscavam uma certa paz no "corpo" e na "alma" sem dissociar as duas "dores"; tudo isso, claro, em uma região dos EUA marcada pelo fervor religioso.

"The Way Down: God, Greed and the Cult of Gwen Shamblin" (no original), inicialmente, teria apenas três episódios, porém em 29 de maio de 2021, depois que Zenovich já havia finalizado as filmagens, com todas as entrevistas captadas, e estava dando os toques finais para o lançamento da minissérie, Gwen Shamblin morreu tragicamente em uma queda de avião, no qual também faleceram seu marido e alguns outros líderes da congregação. Enquanto no primeiro momento os entrevistados ficaram preocupados com a repercussão de seus depoimentos, depois do acidente outras pessoas mudaram de ideia, decidiram participar do documentário e assim expor suas histórias, com isso a HBO reeditou o projeto, acrescentou mais uma hora e meia de conteúdo, dividido em dois episódios, e acabou entregando uma obra tão completa quando complexa - um verdadeiro estudo sobre os princípios "malucos" da Remnant Fellowship Church! 

Revoltante em muitos aspectos (como as ações físicas que os líderes pregavam ser o melhor caminho para a educação das crianças) e emocionante em tantos outros (como a jornada solitária de Natasha Pavlovich contra Joe Lara pela guarda de sua filha), "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" é mais um retrato da insanidade como condição humana que se apoia na fé para justificar uma série de barbaridades ao mesmo tempo em que o bolso de seus líderes vão ficando cada vez mais cheio.

Se prepare, não será uma jornada fácil e cuidado, pois os impactos que as histórias provocam não são nada confortáveis. Dito isso, como obra audiovisual e importância narrativa, vale muito o seu play!

PS: Recentemente a HBO Max anunciou que Sarah Paulson (de "American Horror Story") foi escalada para estrelar a versão roteirizada de "A Queda" - ela será Gwen Shamblin.

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Se você não for magro, Deus não te aceitará! Sim, eu sei que pode parecer um absurdo essa afirmação, mas é a partir dessa premissa surreal que a história da líder religiosaGwen Shamblin é contada nessa minissérie de 5 episódios da HBO - e já te adianto: o que pode parecer um absurdo para você (e para mim), certamente faz muito sentido para milhares de pessoas e é justamente por isso que "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" será uma das coisas mais surpreendentes que você vai assistir na vida.

Abrangendo anos de investigação e extensas entrevistas com ex-membros e outras pessoas afetadas pela Remnant Fellowship Churchou por um programa de emagrecimento religioso chamado Weigh Down, essa minissérie documental explora o legado da controversa guru e líder religiosa Gwen Shamblin, cuja vida teve um fim abrupto após a queda de seu avião em maio de 2021. Confira o trailer:

Muito bem conduzida pela mesma diretora do premiado "Polanski: Procurado e Desejado", Marina Zenovich, "A Queda" se apoia, basicamente, na figura tão particular de Gwen Shamblin, e do seu entorno (principalmente seu marido Joe Lara), para construir uma linha narrativa extremamente equilibrada e fluida que mistura assuntos que vão da religião ao sucesso profissional - e aqui é fácil analisar a estratégia de Shamblin e como a junção dos fatos que moldaram a sua vida faz, de fato, todo sentido no resultado final de sua jornada empreendedora, pois ela foi capaz que encontrar e trabalhar a vulnerabilidade de milhares de pessoas que buscavam uma certa paz no "corpo" e na "alma" sem dissociar as duas "dores"; tudo isso, claro, em uma região dos EUA marcada pelo fervor religioso.

"The Way Down: God, Greed and the Cult of Gwen Shamblin" (no original), inicialmente, teria apenas três episódios, porém em 29 de maio de 2021, depois que Zenovich já havia finalizado as filmagens, com todas as entrevistas captadas, e estava dando os toques finais para o lançamento da minissérie, Gwen Shamblin morreu tragicamente em uma queda de avião, no qual também faleceram seu marido e alguns outros líderes da congregação. Enquanto no primeiro momento os entrevistados ficaram preocupados com a repercussão de seus depoimentos, depois do acidente outras pessoas mudaram de ideia, decidiram participar do documentário e assim expor suas histórias, com isso a HBO reeditou o projeto, acrescentou mais uma hora e meia de conteúdo, dividido em dois episódios, e acabou entregando uma obra tão completa quando complexa - um verdadeiro estudo sobre os princípios "malucos" da Remnant Fellowship Church! 

Revoltante em muitos aspectos (como as ações físicas que os líderes pregavam ser o melhor caminho para a educação das crianças) e emocionante em tantos outros (como a jornada solitária de Natasha Pavlovich contra Joe Lara pela guarda de sua filha), "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" é mais um retrato da insanidade como condição humana que se apoia na fé para justificar uma série de barbaridades ao mesmo tempo em que o bolso de seus líderes vão ficando cada vez mais cheio.

Se prepare, não será uma jornada fácil e cuidado, pois os impactos que as histórias provocam não são nada confortáveis. Dito isso, como obra audiovisual e importância narrativa, vale muito o seu play!

PS: Recentemente a HBO Max anunciou que Sarah Paulson (de "American Horror Story") foi escalada para estrelar a versão roteirizada de "A Queda" - ela será Gwen Shamblin.

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A Rede Social

Se você ainda não assistiu, assista! Se você já assistiu, posso te garantir: nos dias de hoje, nossa percepção sobre a história da criação do Facebook é completamente diferente daquela que tínhamos em 2010 quando o filme foi lançado. Indicado em 8 categorias no Oscar de 2011, "A Rede Social" foi uma das produções mais premiadas daquela temporada em festivais importantes ao redor do planeta, com cerca de 175 vitórias e mais de 180 indicações - um verdadeiro fenômeno! A questão é que "o filme do Facebook" foi construído em cima do livro, "Bilionários por Acaso" do Bem Mezrich, em uma época que ainda não estávamos familiarizados com termos como Startup, Equity, Venture Capital e até, podemos dizer, com o enorme potencial que uma rede social viria a ter para gerar lucros. Te garanto que todos esses detalhes ganham uma outra dimensão no segundo "play", por isso mereceu uma análise mais atual!

Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), um jovem desenvolvedor de Harvard, senta na frente de seu computador e irritado com o término de um relacionamento, começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história graças ao sucesso de sua nova rede social: o Facebook. Esse sucesso, no entanto, acaba gerando muita dor de cabeça para ele, já que muitas pessoas envolvidas na criação do Facebook passam a cobrar de Zuckerberg os créditos e, talvez o mais impressionante, valores astronômicos referente a uma porcentagem dos investimentos feitos até ali na plataforma. Confira o trailer:

Dirigido pelo genial David Fincher e com um roteiro primoroso (vencedor do Oscar) do Aaron Sorkin, "A Rede Social" é extremamente competente ao retratar os bastidores do surgimento da Rede Social que mudou a maneira como nós nos relacionamos com a internet, pelos olhos de seu criador. Obviamente que atribuir esse status ao Mark Zuckerberg (brilhantemente interpretado pelo Eisenberg) e esquecer do brasileiro Eduardo Saverin (com um show do Andrew Garfield) e talvez (um pouco menos) dos irmãos Winklevoss (Armie Hammer), pode soar um pouco injusto, mas é inegável que a construção narrativa do filme deixa claro que o embate psicológico dessa jornada, de fato, merecia ser contada - e aqui cabe uma observação: o plot principal não tem nada a ver com tecnologia, mas sim com as relações estabelecidas durante a criação e o desenvolvimento do projeto.

Muito bem editado pelo Kirk Baxter e pelo Angus Wall (ambos vencedores do Oscar também por "The Girl with the Dragon Tattoo"), o filme é tão dinâmico quanto a forma como Mark Zuckerberg vai conectando suas ideias - para aqueles que se apoiam na legenda para entender os diálogos, se preparem, pois a leitura exige rapidez. Com a quebra da linha temporal, Fincher retratar pontos-chaves de uma complexa e turbulenta história real sem nos dar a sensação de que faltou algo. Talvez, com o streaming e se "A Rede Social" fosse uma minissérie, seu sucesso seria ainda mais estrondoso -  basta reparar em tantas produções com a mesma temática que vieram depois:  de Google Earth até Spotify, passando pelo Uber, pela Theranos e pelo WeWork.

A beleza de assistir filmes como "A Rede Social", aqui por muito mérito de Fincher e Sorkin, está justamente na possibilidade de olhar para o novo pela perspectiva de quem esteve lá desde o princípio, sem necessariamente ter que mergulhar em um documentário denso ou mais cadenciado. Quando Fincher se propôs a contar essa história, ele tinha em mente nos permitir olhar para um fato e, dadas as informações, julgar algumas atitudes - ou pelo menos a de entender a razão delas. Quando ouvimos que o sucesso de uma startup está na forma como seu fundador constrói uma solução de um problema em um mercado enorme, nem nos damos conta que muita coisa acontece por acaso, dentro de um contexto nem tão brilhante assim, onde é necessário ligar alguns pontos e que para isso crescer, alguém precisa acreditar (e investir). Talvez hoje, isso fique mais claro para a audiência e, para mim, esse filme foi como abrir uma janela de possibilidades onde perceber que a disrupção tem um custo e quem nem todos estão dispostos a pagar, faz parte do jogo!

Vale muito seu play!  

Up-date: "A Rede Social" ganhou em três das oito indicações no Oscar 2011: Melhor Edição, e Melhor Música e Melhor Roteiro Adaptado!

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Se você ainda não assistiu, assista! Se você já assistiu, posso te garantir: nos dias de hoje, nossa percepção sobre a história da criação do Facebook é completamente diferente daquela que tínhamos em 2010 quando o filme foi lançado. Indicado em 8 categorias no Oscar de 2011, "A Rede Social" foi uma das produções mais premiadas daquela temporada em festivais importantes ao redor do planeta, com cerca de 175 vitórias e mais de 180 indicações - um verdadeiro fenômeno! A questão é que "o filme do Facebook" foi construído em cima do livro, "Bilionários por Acaso" do Bem Mezrich, em uma época que ainda não estávamos familiarizados com termos como Startup, Equity, Venture Capital e até, podemos dizer, com o enorme potencial que uma rede social viria a ter para gerar lucros. Te garanto que todos esses detalhes ganham uma outra dimensão no segundo "play", por isso mereceu uma análise mais atual!

Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), um jovem desenvolvedor de Harvard, senta na frente de seu computador e irritado com o término de um relacionamento, começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história graças ao sucesso de sua nova rede social: o Facebook. Esse sucesso, no entanto, acaba gerando muita dor de cabeça para ele, já que muitas pessoas envolvidas na criação do Facebook passam a cobrar de Zuckerberg os créditos e, talvez o mais impressionante, valores astronômicos referente a uma porcentagem dos investimentos feitos até ali na plataforma. Confira o trailer:

Dirigido pelo genial David Fincher e com um roteiro primoroso (vencedor do Oscar) do Aaron Sorkin, "A Rede Social" é extremamente competente ao retratar os bastidores do surgimento da Rede Social que mudou a maneira como nós nos relacionamos com a internet, pelos olhos de seu criador. Obviamente que atribuir esse status ao Mark Zuckerberg (brilhantemente interpretado pelo Eisenberg) e esquecer do brasileiro Eduardo Saverin (com um show do Andrew Garfield) e talvez (um pouco menos) dos irmãos Winklevoss (Armie Hammer), pode soar um pouco injusto, mas é inegável que a construção narrativa do filme deixa claro que o embate psicológico dessa jornada, de fato, merecia ser contada - e aqui cabe uma observação: o plot principal não tem nada a ver com tecnologia, mas sim com as relações estabelecidas durante a criação e o desenvolvimento do projeto.

Muito bem editado pelo Kirk Baxter e pelo Angus Wall (ambos vencedores do Oscar também por "The Girl with the Dragon Tattoo"), o filme é tão dinâmico quanto a forma como Mark Zuckerberg vai conectando suas ideias - para aqueles que se apoiam na legenda para entender os diálogos, se preparem, pois a leitura exige rapidez. Com a quebra da linha temporal, Fincher retratar pontos-chaves de uma complexa e turbulenta história real sem nos dar a sensação de que faltou algo. Talvez, com o streaming e se "A Rede Social" fosse uma minissérie, seu sucesso seria ainda mais estrondoso -  basta reparar em tantas produções com a mesma temática que vieram depois:  de Google Earth até Spotify, passando pelo Uber, pela Theranos e pelo WeWork.

A beleza de assistir filmes como "A Rede Social", aqui por muito mérito de Fincher e Sorkin, está justamente na possibilidade de olhar para o novo pela perspectiva de quem esteve lá desde o princípio, sem necessariamente ter que mergulhar em um documentário denso ou mais cadenciado. Quando Fincher se propôs a contar essa história, ele tinha em mente nos permitir olhar para um fato e, dadas as informações, julgar algumas atitudes - ou pelo menos a de entender a razão delas. Quando ouvimos que o sucesso de uma startup está na forma como seu fundador constrói uma solução de um problema em um mercado enorme, nem nos damos conta que muita coisa acontece por acaso, dentro de um contexto nem tão brilhante assim, onde é necessário ligar alguns pontos e que para isso crescer, alguém precisa acreditar (e investir). Talvez hoje, isso fique mais claro para a audiência e, para mim, esse filme foi como abrir uma janela de possibilidades onde perceber que a disrupção tem um custo e quem nem todos estão dispostos a pagar, faz parte do jogo!

Vale muito seu play!  

Up-date: "A Rede Social" ganhou em três das oito indicações no Oscar 2011: Melhor Edição, e Melhor Música e Melhor Roteiro Adaptado!

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A Verdadeira História do Roubo do Século

Parece ficção, mas é real -  e justamente por isso é simplesmente genial esse documentário da Netflix! "A Verdadeira História do Roubo do Século" é um "La Casa de Papel" da vida real, contado pelos próprios assaltantes anos depois do crime - aliás, a riqueza de detalhes com que o diretor Matías Gueilburt (de "El Che" e "Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua") constrói a narrativa é tão impressionante que até parece mentira!

Em 2006, a Argentina sofreu o maior assalto a banco da sua história. Um plano perfeito colocado em prática foi capaz de enganar 23 reféns, 300 policias e a toda mídia argentina por um bom tempo. "Los Ladrones" (no original) conta com os depoimentos de todos os envolvidos no golpe e expõe em detalhes como toda essa jornada foi arquitetada e realizada. Confira o trailer (em espanhol):

O que mais me chamou a atenção em "A Verdadeira História do Roubo do Século" foi justamente a qualidade dos elementos que transformam qualquer obra em um grande sucesso. O fato de ser um documentário, naturalmente, dificulta essa conjunção, porém aqui temos personagens incríveis (destaque para o "professor" Fernando Araujo), uma história sensacional e uma produção de altíssima qualidade. A forma como Gueilburt aproveita todo esse material, cria uma dinâmica que dificilmente encontramos no gênero - são várias técnicas, elementos gráficos, reconstituições conceituais, além é claro dos já tradicionais depoimentos e cenas de arquivo.

Muito criativo, Gueilburt nos provoca uma reflexão ao melhor estilo Vince Gilligan (de "Breaking Bad"): seriam esses personagens verdadeiros anti-heróis (quem sabe até heróis) com personalidades marcantes, que merecem nossa torcida já que o propósito de suas ações eram justificáveis e talvez até nobres? Essa dualidade narrativa é tão empolgante que chegamos ao ponto de nos irritarmos quando descobrimos que um "pequeno detalhe" impediu que o plano fosse 100% perfeito - até o protagonista Fernando Araujo que no inicio parece uma pessoa estranha, pouco empática, se transforma em um personagem único que nutre uma certa genialidade em seu âmago.

Se você gostou da série "Roubos Inacreditáveis", pode dar um play tranquilamente que esse filme foi feito especialmente para a sua diversão - e não se julgue caso resolva torcer para os bandidos, pois toda história te fará ponderar sobre o que é "certo", o que é "errado" e, principalmente, se "valeria o risco". Essa é a "brincadeira" que sustenta esse entretenimento da melhor qualidade.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Parece ficção, mas é real -  e justamente por isso é simplesmente genial esse documentário da Netflix! "A Verdadeira História do Roubo do Século" é um "La Casa de Papel" da vida real, contado pelos próprios assaltantes anos depois do crime - aliás, a riqueza de detalhes com que o diretor Matías Gueilburt (de "El Che" e "Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua") constrói a narrativa é tão impressionante que até parece mentira!

Em 2006, a Argentina sofreu o maior assalto a banco da sua história. Um plano perfeito colocado em prática foi capaz de enganar 23 reféns, 300 policias e a toda mídia argentina por um bom tempo. "Los Ladrones" (no original) conta com os depoimentos de todos os envolvidos no golpe e expõe em detalhes como toda essa jornada foi arquitetada e realizada. Confira o trailer (em espanhol):

O que mais me chamou a atenção em "A Verdadeira História do Roubo do Século" foi justamente a qualidade dos elementos que transformam qualquer obra em um grande sucesso. O fato de ser um documentário, naturalmente, dificulta essa conjunção, porém aqui temos personagens incríveis (destaque para o "professor" Fernando Araujo), uma história sensacional e uma produção de altíssima qualidade. A forma como Gueilburt aproveita todo esse material, cria uma dinâmica que dificilmente encontramos no gênero - são várias técnicas, elementos gráficos, reconstituições conceituais, além é claro dos já tradicionais depoimentos e cenas de arquivo.

Muito criativo, Gueilburt nos provoca uma reflexão ao melhor estilo Vince Gilligan (de "Breaking Bad"): seriam esses personagens verdadeiros anti-heróis (quem sabe até heróis) com personalidades marcantes, que merecem nossa torcida já que o propósito de suas ações eram justificáveis e talvez até nobres? Essa dualidade narrativa é tão empolgante que chegamos ao ponto de nos irritarmos quando descobrimos que um "pequeno detalhe" impediu que o plano fosse 100% perfeito - até o protagonista Fernando Araujo que no inicio parece uma pessoa estranha, pouco empática, se transforma em um personagem único que nutre uma certa genialidade em seu âmago.

Se você gostou da série "Roubos Inacreditáveis", pode dar um play tranquilamente que esse filme foi feito especialmente para a sua diversão - e não se julgue caso resolva torcer para os bandidos, pois toda história te fará ponderar sobre o que é "certo", o que é "errado" e, principalmente, se "valeria o risco". Essa é a "brincadeira" que sustenta esse entretenimento da melhor qualidade.

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Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda

Esse documentário da Netflix é mais um estudo de caso dos mais interessantes sobre "cultura corporativa" - e que, pode ter certeza, vai te provocar várias reflexões. A "Abercrombie & Fitch" se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas nos anos 90, porém sua jornada foi marcada por inúmeras acusações que vão desde abusos (inclusive sexuais) até atitudes de preconceito e racismo. 

"Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" faz uma análise sobre o impacto da marca na cultura pop americana na virada do milênio, esmiuçando as estratégias de marketing e as escolhas conceituais para atingir o imaginário popular, além de discutir em detalhes como a marca prosperou e depois entrou em queda livre por defender o principio da exclusão durante três décadas. Confira o trailer (em inglês):

Definida como uma marca que representava o verdadeiro estilo americanos de ser "cool", a "Abercrombie & Fitch" se posicionou entre o sexy da Calvin Klein e o engomadinho da Ralph Lauren. O interessante porém, é que a proposta da empresa não levou em conta o que o público de 18 à 22 anos queria usar, e sim como uma excelente estratégia de marketing faria com que esse mesmo público desejasse usar suas peças - e funcionou!

Dirigido pela premiada Alison Klayman (do excelente "Jagged" da HBO Max), o documentário constrói uma linha do tempo muito competente, criando uma narrativa dinâmica, mas ao mesmo tempo de fácil entendimento. A forma como Klayman aproveita o sucesso da marca para sugerir os problemas que viriam à tona anos depois, é sensacional. Desde a chegada de Lex Wexner da L-Brands (o cara que transformou a Victoria Secret) até a escolha de Michael Jeffries como CEO, passando pelas polêmicas campanhas de Bruce Weber que tem em seu currículo trabalhos para marcas como  Calvin Klein, Ralph Lauren, Pirelli, Revlon e Gianni Versace; o documentário explora como "Abercrombie & Fitch" inovou em muitos sentidos, mas como também parou no tempo, não evoluindo de acordo com as gerações, com a tecnologia e com o entendimento de determinados posicionamentos que já não faziam o menor sentido - essa contextualização é muito importante antes de qualquer julgamento precipitado ou superficial.

Com inúmeros depoimentos de ex-funcionários, ativistas e jornalistas; além de imagens de arquivo e ótimas aplicações gráficas que ajudam a ilustrar tudo o que é contado pelas fontes, "Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" vai além de uma história curiosa e passa a ser um relevante material de estudos sobre como fazer para moldar a percepção de uma sociedade (e de um mercado) e o que não fazer para se manter evoluindo quando o foco é diferenciação de produto (e de experiência).  

Vale muito o seu play!

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Esse documentário da Netflix é mais um estudo de caso dos mais interessantes sobre "cultura corporativa" - e que, pode ter certeza, vai te provocar várias reflexões. A "Abercrombie & Fitch" se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas nos anos 90, porém sua jornada foi marcada por inúmeras acusações que vão desde abusos (inclusive sexuais) até atitudes de preconceito e racismo. 

"Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" faz uma análise sobre o impacto da marca na cultura pop americana na virada do milênio, esmiuçando as estratégias de marketing e as escolhas conceituais para atingir o imaginário popular, além de discutir em detalhes como a marca prosperou e depois entrou em queda livre por defender o principio da exclusão durante três décadas. Confira o trailer (em inglês):

Definida como uma marca que representava o verdadeiro estilo americanos de ser "cool", a "Abercrombie & Fitch" se posicionou entre o sexy da Calvin Klein e o engomadinho da Ralph Lauren. O interessante porém, é que a proposta da empresa não levou em conta o que o público de 18 à 22 anos queria usar, e sim como uma excelente estratégia de marketing faria com que esse mesmo público desejasse usar suas peças - e funcionou!

Dirigido pela premiada Alison Klayman (do excelente "Jagged" da HBO Max), o documentário constrói uma linha do tempo muito competente, criando uma narrativa dinâmica, mas ao mesmo tempo de fácil entendimento. A forma como Klayman aproveita o sucesso da marca para sugerir os problemas que viriam à tona anos depois, é sensacional. Desde a chegada de Lex Wexner da L-Brands (o cara que transformou a Victoria Secret) até a escolha de Michael Jeffries como CEO, passando pelas polêmicas campanhas de Bruce Weber que tem em seu currículo trabalhos para marcas como  Calvin Klein, Ralph Lauren, Pirelli, Revlon e Gianni Versace; o documentário explora como "Abercrombie & Fitch" inovou em muitos sentidos, mas como também parou no tempo, não evoluindo de acordo com as gerações, com a tecnologia e com o entendimento de determinados posicionamentos que já não faziam o menor sentido - essa contextualização é muito importante antes de qualquer julgamento precipitado ou superficial.

Com inúmeros depoimentos de ex-funcionários, ativistas e jornalistas; além de imagens de arquivo e ótimas aplicações gráficas que ajudam a ilustrar tudo o que é contado pelas fontes, "Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" vai além de uma história curiosa e passa a ser um relevante material de estudos sobre como fazer para moldar a percepção de uma sociedade (e de um mercado) e o que não fazer para se manter evoluindo quando o foco é diferenciação de produto (e de experiência).  

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AIR: A história por trás do logo

Se você gosta de uma história bem construída que além de curiosa, é muito divertida, você vai adorar "AIR: A história por trás do logo"! Se você é empreendedor e adora estudos de caso, você também vai amar esse filme e, muito provavelmente, não vai assistir apenas uma vez! Agora, se você precisa vender uma ideia, então eu sugiro que você estude (e muito) o roteiro desse filme, afinal o diretor Ben Affleck, em sua quinta empreitada na função, contextualiza tão bem a jornada de convencimento pela qual o executivo de marketing Sonny Vaccaro (que cuidava da divisão de basquete da Nike) passou, que não vou me surpreender se começar a ver cenas do filme em inúmeras palestras sobre o tema daqui para frente (contém ironia). É sério: Vaccaro (Matt Damon), além inovar em sua proposta, ainda foi capaz de convencer o "todo poderoso" Phil Knight (Ben Affleck) de que era possível investir em apenas um jogador (e não em três como de costume), ter muito lucro e ainda transformar o mercado de calçados esportivos mesmo sendo, na época, a terceira empresa em market share nos EUA - bem longe da primeira que, inclusive, foi adquirida pela Nike anos mais tarde.

O filme tem uma premissa das mais simples, mas nem por isso menos empolgante: revelar a inacreditável história sobre uma parceria improvável (que se tornou revolucionária) entre o então desconhecido Michael Jordan e a incipiente divisão de basquete da Nike, que revolucionou o mundo dos esportes e da cultura contemporânea com a marca "Air Jordan". Confira o trailer:

Como "A Rede Social" foi capaz de nos surpreender em 2010 ao contar a história de criação do Facebook, tenho a impressão que  "AIR" (que definitivamente não precisava desse subtítulo) vai pelo mesmo caminho. De fato a história nem é tão desconhecida assim, mas o interessante do roteiro escrito pelo estreante Alex Convery, está justamente na forma como o recorte histórico é retratado, alternando curiosidades dos bastidores com a dinâmica corporativa (e de inovação) do inicio dos anos 80, e sempre criando paralelos com elementos que fazem parte da cultura da Nike até hoje - como nas várias vezes em que os valores da empresa são citados para justificar uma ação (ou postura) de Vaccaro durante sua cruzada de convencimento. Esse conceito narrativo funciona muito bem, afinal, como sabemos onde essa história vai dar, algumas passagens soam, de fato, muito engraçadas ao analisarmos os fatos em retrospectiva.

Embora a edição do craque William Goldenberg (vencedor do Oscar por "Argo", também de Affleck) pontue muito bem os cirúrgicos enquadramentos de outro craque, o diretor de fotografia Robert Richardson (vencedor de 3 Oscars e indicados para outros 7), criando uma atmosfera quase mística sobre acreditar em uma ideia e ir até as últimas consequências para provar que ela vai realmente funcionar, é muito provável que nada disso funcionasse não fosse o trabalho impecável do elenco: de Matt Damon ao Jason Bateman (como o diretor de marketing da Nike, Rob Strasser); passando pelos impagáveis Chris Tucker (como Howard White - hoje VP da Marca "Air Jordan") e Matthew Maher (como Peter Moore, designer icônico do "Air Jordan 1"); sem falar nas performances de Chris Messina, que interpreta o agente de MJ que trava duelos hilários com Vaccaro; e a sempre competente Viola Davis como a mãe de Jordan.

"AIR: A história por trás do logo" é o tipo do filme que tem cheiro de Oscar - pelo seu equilíbrio perfeito entre o contexto histórico dos mais relevantes e sua narrativa heróica tipicamente americana (no bom sentido), cheia de alívios cômicos inteligentes e lições empreendedoras pertinentes, envolvidas, claro, ao som de uma trilha sonora nostálgica que dá o exato tom de leveza que Affleck impõe à trama. Olha, é incrível como o filme está redondinho e como funciona bem como entretenimento - eu diria que segue a linha de "Lakers: Hora de Vencer" da HBO, mas sem a necessidade de ter que mostrar uma única cena em quadra!

Imperdível!

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Se você gosta de uma história bem construída que além de curiosa, é muito divertida, você vai adorar "AIR: A história por trás do logo"! Se você é empreendedor e adora estudos de caso, você também vai amar esse filme e, muito provavelmente, não vai assistir apenas uma vez! Agora, se você precisa vender uma ideia, então eu sugiro que você estude (e muito) o roteiro desse filme, afinal o diretor Ben Affleck, em sua quinta empreitada na função, contextualiza tão bem a jornada de convencimento pela qual o executivo de marketing Sonny Vaccaro (que cuidava da divisão de basquete da Nike) passou, que não vou me surpreender se começar a ver cenas do filme em inúmeras palestras sobre o tema daqui para frente (contém ironia). É sério: Vaccaro (Matt Damon), além inovar em sua proposta, ainda foi capaz de convencer o "todo poderoso" Phil Knight (Ben Affleck) de que era possível investir em apenas um jogador (e não em três como de costume), ter muito lucro e ainda transformar o mercado de calçados esportivos mesmo sendo, na época, a terceira empresa em market share nos EUA - bem longe da primeira que, inclusive, foi adquirida pela Nike anos mais tarde.

O filme tem uma premissa das mais simples, mas nem por isso menos empolgante: revelar a inacreditável história sobre uma parceria improvável (que se tornou revolucionária) entre o então desconhecido Michael Jordan e a incipiente divisão de basquete da Nike, que revolucionou o mundo dos esportes e da cultura contemporânea com a marca "Air Jordan". Confira o trailer:

Como "A Rede Social" foi capaz de nos surpreender em 2010 ao contar a história de criação do Facebook, tenho a impressão que  "AIR" (que definitivamente não precisava desse subtítulo) vai pelo mesmo caminho. De fato a história nem é tão desconhecida assim, mas o interessante do roteiro escrito pelo estreante Alex Convery, está justamente na forma como o recorte histórico é retratado, alternando curiosidades dos bastidores com a dinâmica corporativa (e de inovação) do inicio dos anos 80, e sempre criando paralelos com elementos que fazem parte da cultura da Nike até hoje - como nas várias vezes em que os valores da empresa são citados para justificar uma ação (ou postura) de Vaccaro durante sua cruzada de convencimento. Esse conceito narrativo funciona muito bem, afinal, como sabemos onde essa história vai dar, algumas passagens soam, de fato, muito engraçadas ao analisarmos os fatos em retrospectiva.

Embora a edição do craque William Goldenberg (vencedor do Oscar por "Argo", também de Affleck) pontue muito bem os cirúrgicos enquadramentos de outro craque, o diretor de fotografia Robert Richardson (vencedor de 3 Oscars e indicados para outros 7), criando uma atmosfera quase mística sobre acreditar em uma ideia e ir até as últimas consequências para provar que ela vai realmente funcionar, é muito provável que nada disso funcionasse não fosse o trabalho impecável do elenco: de Matt Damon ao Jason Bateman (como o diretor de marketing da Nike, Rob Strasser); passando pelos impagáveis Chris Tucker (como Howard White - hoje VP da Marca "Air Jordan") e Matthew Maher (como Peter Moore, designer icônico do "Air Jordan 1"); sem falar nas performances de Chris Messina, que interpreta o agente de MJ que trava duelos hilários com Vaccaro; e a sempre competente Viola Davis como a mãe de Jordan.

"AIR: A história por trás do logo" é o tipo do filme que tem cheiro de Oscar - pelo seu equilíbrio perfeito entre o contexto histórico dos mais relevantes e sua narrativa heróica tipicamente americana (no bom sentido), cheia de alívios cômicos inteligentes e lições empreendedoras pertinentes, envolvidas, claro, ao som de uma trilha sonora nostálgica que dá o exato tom de leveza que Affleck impõe à trama. Olha, é incrível como o filme está redondinho e como funciona bem como entretenimento - eu diria que segue a linha de "Lakers: Hora de Vencer" da HBO, mas sem a necessidade de ter que mostrar uma única cena em quadra!

Imperdível!

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Al Davis vs. The NFL

Esse não é um documentário sobre o "esporte", esse é um documentário  sobre os bastidores do "esporte", sobre o negócio, sobre o futuro, sobre duas formas distintas de escrever a história, só que pelo olhar de figuras marcantes do futebol americano que nunca estiveram em "campo":  o ex-proprietário dos Raiders, Al Davis, e o ex-comissário da NFL, Pete Rozelle.

"Al Davis vs. The NFL" mostra os reflexos de uma relação conflituosa entre duas ligas profissionais de futebol americano, a AFL e a NFL, soberanas na década de 1960, que resultou em uma enorme animosidade quando Al Davis quis sair de Oakland e levar o seu Raders para Los Angeles e que acabou gerando um desgastante processo antitruste que Davis moveu contra a NFL em 1980, justamente por Rozelle acreditar que essa decisão não cabia apenas a uma pessoa e sim aos 28 sócios de uma única liga que havia sido criada para evitar conflitos de interesses e preservar a vontade do todo. Confira o trailer:

Mais uma incrível produção do selo "30 for 30" da ESPN Films, "Al Davis vs. The NFL" é um recorte histórico que discute a visão empreendedora tendo como pano de fundo o esporte. Se de um lado entendemos o conceito liberal de Al Davis, do outro somos impactados sobre a visão controladora de Rozelle - e o interessante do documentário dirigido por Ken Rodgers (de "The Four Falls of Buffalo") é que em nenhum momento ele defende um dos lados, deixando para a audiência a posição de júri e, admito, dentro de um determinado contexto, ambas as visões faziam sentido para o negócio.

Veja, já nos começo dos anos 80, Davis queria um estádio maior, de última geração, onde pudesse arrecadar mais receita com venda de ingressos e de camarotes luxuosos, além de poder negociar maiores verbas com os contratos de transmissão que a NFL liderava. Já Rozelle queria que o todo decidisse o destino da liga, não queria que o proprietário de um time tivesse a liberdade de decidir sozinho qual o melhor local para levar sua franquia e assim abrisse um precedente que certamente impactaria na identidade da liga e na tradição dos seus times - é como se ele quisesse impedir que, da noite para o dia, o Flamengo, sozinho, resolvesse mudar para São Paulo, deixando seus torcedores de décadas à 450 km de distância.

O fato é que nenhuma competição, dentro ou fora do campo, ajudou a moldar a NFL moderna tanto quanto esses embates de décadas entre Al Davis e Pete Rozelle e o documentário foi muito feliz em pontuar todos os detalhes e implicações dessa disputa profissional. Um detalhe interessante: a história é contada em primeira pessoa, e o diretor apostou em um conceito narrativo (e visual) que preservou os espíritos de Pete e Davis como protagonistas - como ambos já faleceram, foi usada a técnica de “deepfake” para coloca-los lado a lado mais uma vez. Embora a reinvenção possa não parecer real (e claramente essa não era a intenção), a montagem do próprio Rogers foi muito sensível e inteligente para equilibrar inúmeras imagens de arquivo com a naturalidade de um contador de histórias que olha para o passado e avalia sua importância no presente.

Vale muito a pena!

Assista Agora

Esse não é um documentário sobre o "esporte", esse é um documentário  sobre os bastidores do "esporte", sobre o negócio, sobre o futuro, sobre duas formas distintas de escrever a história, só que pelo olhar de figuras marcantes do futebol americano que nunca estiveram em "campo":  o ex-proprietário dos Raiders, Al Davis, e o ex-comissário da NFL, Pete Rozelle.

"Al Davis vs. The NFL" mostra os reflexos de uma relação conflituosa entre duas ligas profissionais de futebol americano, a AFL e a NFL, soberanas na década de 1960, que resultou em uma enorme animosidade quando Al Davis quis sair de Oakland e levar o seu Raders para Los Angeles e que acabou gerando um desgastante processo antitruste que Davis moveu contra a NFL em 1980, justamente por Rozelle acreditar que essa decisão não cabia apenas a uma pessoa e sim aos 28 sócios de uma única liga que havia sido criada para evitar conflitos de interesses e preservar a vontade do todo. Confira o trailer:

Mais uma incrível produção do selo "30 for 30" da ESPN Films, "Al Davis vs. The NFL" é um recorte histórico que discute a visão empreendedora tendo como pano de fundo o esporte. Se de um lado entendemos o conceito liberal de Al Davis, do outro somos impactados sobre a visão controladora de Rozelle - e o interessante do documentário dirigido por Ken Rodgers (de "The Four Falls of Buffalo") é que em nenhum momento ele defende um dos lados, deixando para a audiência a posição de júri e, admito, dentro de um determinado contexto, ambas as visões faziam sentido para o negócio.

Veja, já nos começo dos anos 80, Davis queria um estádio maior, de última geração, onde pudesse arrecadar mais receita com venda de ingressos e de camarotes luxuosos, além de poder negociar maiores verbas com os contratos de transmissão que a NFL liderava. Já Rozelle queria que o todo decidisse o destino da liga, não queria que o proprietário de um time tivesse a liberdade de decidir sozinho qual o melhor local para levar sua franquia e assim abrisse um precedente que certamente impactaria na identidade da liga e na tradição dos seus times - é como se ele quisesse impedir que, da noite para o dia, o Flamengo, sozinho, resolvesse mudar para São Paulo, deixando seus torcedores de décadas à 450 km de distância.

O fato é que nenhuma competição, dentro ou fora do campo, ajudou a moldar a NFL moderna tanto quanto esses embates de décadas entre Al Davis e Pete Rozelle e o documentário foi muito feliz em pontuar todos os detalhes e implicações dessa disputa profissional. Um detalhe interessante: a história é contada em primeira pessoa, e o diretor apostou em um conceito narrativo (e visual) que preservou os espíritos de Pete e Davis como protagonistas - como ambos já faleceram, foi usada a técnica de “deepfake” para coloca-los lado a lado mais uma vez. Embora a reinvenção possa não parecer real (e claramente essa não era a intenção), a montagem do próprio Rogers foi muito sensível e inteligente para equilibrar inúmeras imagens de arquivo com a naturalidade de um contador de histórias que olha para o passado e avalia sua importância no presente.

Vale muito a pena!

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Altos Negócios

"Altos Negócios" é uma espécie de "Shiny Flakes" do golpe imobiliário e embora um seja ficção e o outro documentário, os elementos narrativos são praticamente idênticos e, por coincidência, ambas as produções são alemãs. Embora nenhum dos dois títulos sejam inesquecíveis, é impossível negar que além de curiosos, estamos falando de ótimos entretenimentos onde as discussões morais são completamente substituídas por sensações bastante peculiares - então não se assuste se, mais uma vez, você estiver torcendo para os "bandidos"!

"Altos Negócios" conta a história de Viktor Stein (David Kross), um garoto que deixa a casa de seu pai e parte para a cidade grande para se tornar um empresário de sucesso. Não demora muito para que o rapaz descubra que precisa quebrar algumas regras e assim se infiltrar em um ramo disputado como o imobiliário. Após uma parceria inesperada com o malandro Gerry Falkland (Frederick Lau) e a bancária Nicole Kleber (Janina Uhse), Stein entra em uma jornada repleta de dinheiro, glamour, álcool e drogas que não demora para fugir do seu controle. Confira o trailer (dublado):

Se em "Breaking Bad" aprendemos a olhar as motivações dos personagens por um outro ponto de vista e assim colocar em julgamento suas atitudes com a desculpa que o "fim" pode justificar os "meios", nessa produção alemã voltamos justamente para essa interpretação. O roteiro deCüneyt Kaya, que também assina a direção, parece ter uma certa dificuldade em assumir que Viktor pode ser corrompido, deixando sempre uma leve impressão de que o rapaz tem um bom coração, ou seja, mesmo sendo um mau-caráter, Viktor parece sofrer com certo arrependimento e que em algum momento isso poderá se tornar sua redenção. Dito isso, o filme me soou conformista demais, como se não tivesse coragem para expor o mal que um personagem como esse pode causar para a sociedade - e a mesma critica se extende para o próprio "Shiny Flakes".

Embora completamente linear e seguro dessa postura narrativa, é impossível não se envolver com as falcatruas do protagonista (e de seus parceiros) e assim desfrutar do sucesso e da vingança perante o "sistema" (em algum momento do filme você vai escutar exatamente isso). Será natural uma leve lembrança com o estilo e a ambientação de "O Lobo de Wall Street" - a edição ágil intercalada com a narrativa focada no ponto de vista do protagonista colabora com essa memória (quase) emotiva, mas as semelhanças tendem a parar por aí - no contexto e na qualidade como obra.

"Altos Negócios" perdeu a oportunidade de mergulhar na ganância e na maneira egocêntrica como esses tipos de personagens enxergam o mundo (como assistimos recentemente em "A Bad Boy Billionaires"), por outro lado entregou um filme dinâmico, sem muita enrolação, divertido e honesto. Muito bem produzido, dirigido e fotografado pelo Sebastian Bäumler, que construiu sua carreira nos documentários, "Betonrausch" (título original) é uma ótima recomendação para quem gosta de tramas realistas e subvertidas na linha de "Ozark" ou de "O Primeiro Milhão".

Vale o play!

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"Altos Negócios" é uma espécie de "Shiny Flakes" do golpe imobiliário e embora um seja ficção e o outro documentário, os elementos narrativos são praticamente idênticos e, por coincidência, ambas as produções são alemãs. Embora nenhum dos dois títulos sejam inesquecíveis, é impossível negar que além de curiosos, estamos falando de ótimos entretenimentos onde as discussões morais são completamente substituídas por sensações bastante peculiares - então não se assuste se, mais uma vez, você estiver torcendo para os "bandidos"!

"Altos Negócios" conta a história de Viktor Stein (David Kross), um garoto que deixa a casa de seu pai e parte para a cidade grande para se tornar um empresário de sucesso. Não demora muito para que o rapaz descubra que precisa quebrar algumas regras e assim se infiltrar em um ramo disputado como o imobiliário. Após uma parceria inesperada com o malandro Gerry Falkland (Frederick Lau) e a bancária Nicole Kleber (Janina Uhse), Stein entra em uma jornada repleta de dinheiro, glamour, álcool e drogas que não demora para fugir do seu controle. Confira o trailer (dublado):

Se em "Breaking Bad" aprendemos a olhar as motivações dos personagens por um outro ponto de vista e assim colocar em julgamento suas atitudes com a desculpa que o "fim" pode justificar os "meios", nessa produção alemã voltamos justamente para essa interpretação. O roteiro deCüneyt Kaya, que também assina a direção, parece ter uma certa dificuldade em assumir que Viktor pode ser corrompido, deixando sempre uma leve impressão de que o rapaz tem um bom coração, ou seja, mesmo sendo um mau-caráter, Viktor parece sofrer com certo arrependimento e que em algum momento isso poderá se tornar sua redenção. Dito isso, o filme me soou conformista demais, como se não tivesse coragem para expor o mal que um personagem como esse pode causar para a sociedade - e a mesma critica se extende para o próprio "Shiny Flakes".

Embora completamente linear e seguro dessa postura narrativa, é impossível não se envolver com as falcatruas do protagonista (e de seus parceiros) e assim desfrutar do sucesso e da vingança perante o "sistema" (em algum momento do filme você vai escutar exatamente isso). Será natural uma leve lembrança com o estilo e a ambientação de "O Lobo de Wall Street" - a edição ágil intercalada com a narrativa focada no ponto de vista do protagonista colabora com essa memória (quase) emotiva, mas as semelhanças tendem a parar por aí - no contexto e na qualidade como obra.

"Altos Negócios" perdeu a oportunidade de mergulhar na ganância e na maneira egocêntrica como esses tipos de personagens enxergam o mundo (como assistimos recentemente em "A Bad Boy Billionaires"), por outro lado entregou um filme dinâmico, sem muita enrolação, divertido e honesto. Muito bem produzido, dirigido e fotografado pelo Sebastian Bäumler, que construiu sua carreira nos documentários, "Betonrausch" (título original) é uma ótima recomendação para quem gosta de tramas realistas e subvertidas na linha de "Ozark" ou de "O Primeiro Milhão".

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Arremesso Final

Tão sensacional quanto "Formula 1: Dirigir para Sobreviver", "Arremesso Final" tem dois diferenciais que precisam ser destacados, o primeiro é para o lado bom: dentro de uma história narrativamente muito bem construída temos um personagem que é simplesmente único e certamente está entre os três maiores gênios de todos os esportes em todos os tempos - Michael Jordan. Já o segundo não é tão bom assim: o projeto se trata de uma minissérie de apenas 10 episódios - é impossível não querer saber mais de todas aquelas histórias, seja você um amante de basquete ou só um curioso em conhecer os bastidores da criação de um mito! Confira o trailer: 

"Last Dance", título original e infinitamente mais coerente que "Arremesso Final", é um registro imperdível de um dos períodos mais importantes da história do basquete americano e da NBA, onde o Chicago Bulls (saco de pancadas da Liga) vai se transformando em no time quase imbatível que alcançou a incrível marca de seis títulos em oito anos, depois da chegada de Jordan, um atleta que além de fenômeno no esporte, alcançou patamares inimagináveis até aquele momento no que diz respeito a influência cultural e poder de marketing! O mais sensacional disso tudo é que o diretor Jason Hehir conseguiu construir uma narrativa tão dinâmica e coerente para contar essa história que temos a sensação de estar revivendo aqueles momentos como se fosse hoje! 

Embora seja impossível desassociar o sucesso dos Bulls com a ascensão esportiva de Michael Jordan, "Arremesso Final" vai muito além ao contar histórias bastante peculiares tanto dos bastidores do time (nas temporadas que ganharam e que perderam), quanto das pessoas que rodeavam o grande astro. Rodman, Kerr, Paxton, Pippen e até Phil Jackson foram de extrema importância em momentos-chaves de toda essa jornada que começou em 1985 com a terceira escolha no draft. O bacana é que são tantas curiosidades, muitas delas contadas pela primeira vez e pelos próprios personagens, que não conseguimos parar de assistir os episódios - mesmo sofrendo por saber que são apenas 10!

Esse projeto começou durante a temporada 1997/98 daNBA, quando uma equipe de filmagem ganhou total acesso aos bastidores do Chicago Bulls para registrar as coletivas de imprensa, as conversas de vestiários e todo o cotidiano de treinos e viagens do time. O material de mais de um ano de gravações ficou guardado por duas décadas, até que produtores da NBA em parceria com a ESPN entraram em contato com o próprio Jordan, dono dos direitos, e prometeram um verdadeiro tratado sobre sua carreira para que as novas gerações pudessem conhecer o seu legado no esporte e na cultura pop.

Um dos (vários) postos-altos da minissérie é a forma como Hehir equilibra a construção da jornada esportiva de MJ com a transformação cultural dos anos 90 - sempre pontuada por uma trilha sonora nostálgica! A edição tem um papel fundamental nesse trabalho - ela usa dos noticiários da época para ilustrar algumas passagens como o atentado terrorista que matou o pai de Steve Kerr ou os possíveis indícios da relação de Jordan com o vício em jogos de azar que poderiam, inclusive, ter sido a razão da sua primeira aposentadoria e, para quem gosta de teorias da conspiração, a causa da morte de seu pai. Já pelo lado esportivo, o diretor se baseia no sexto (e último) título dos Bulls para desconstruir todas as demais campanhas até ali, indo e voltando na linha do tempo, para justificar algumas dificuldades pontais, aumentar a força dramática e relacionar causas com efeitos para que a audiência entenda perfeitamente o valor de cada conquista.

"Arremesso Final" é uma daquelas relíquias que, graças a Deus, foram produzidas e democratizadas pelo streaming! Uma aula de história esportiva e um mergulho no dia a dia de um atleta que para muitos pertencia a um outro planeta, mas que na verdade foi uma pessoa como nós, com todas as imperfeições e angustias, mas que se dedicou e buscou seus objetivos com muita resiliência, treinamento e talento. Olha, a minissérie é, de fato, imperdível! Play now!!!!

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Tão sensacional quanto "Formula 1: Dirigir para Sobreviver", "Arremesso Final" tem dois diferenciais que precisam ser destacados, o primeiro é para o lado bom: dentro de uma história narrativamente muito bem construída temos um personagem que é simplesmente único e certamente está entre os três maiores gênios de todos os esportes em todos os tempos - Michael Jordan. Já o segundo não é tão bom assim: o projeto se trata de uma minissérie de apenas 10 episódios - é impossível não querer saber mais de todas aquelas histórias, seja você um amante de basquete ou só um curioso em conhecer os bastidores da criação de um mito! Confira o trailer: 

"Last Dance", título original e infinitamente mais coerente que "Arremesso Final", é um registro imperdível de um dos períodos mais importantes da história do basquete americano e da NBA, onde o Chicago Bulls (saco de pancadas da Liga) vai se transformando em no time quase imbatível que alcançou a incrível marca de seis títulos em oito anos, depois da chegada de Jordan, um atleta que além de fenômeno no esporte, alcançou patamares inimagináveis até aquele momento no que diz respeito a influência cultural e poder de marketing! O mais sensacional disso tudo é que o diretor Jason Hehir conseguiu construir uma narrativa tão dinâmica e coerente para contar essa história que temos a sensação de estar revivendo aqueles momentos como se fosse hoje! 

Embora seja impossível desassociar o sucesso dos Bulls com a ascensão esportiva de Michael Jordan, "Arremesso Final" vai muito além ao contar histórias bastante peculiares tanto dos bastidores do time (nas temporadas que ganharam e que perderam), quanto das pessoas que rodeavam o grande astro. Rodman, Kerr, Paxton, Pippen e até Phil Jackson foram de extrema importância em momentos-chaves de toda essa jornada que começou em 1985 com a terceira escolha no draft. O bacana é que são tantas curiosidades, muitas delas contadas pela primeira vez e pelos próprios personagens, que não conseguimos parar de assistir os episódios - mesmo sofrendo por saber que são apenas 10!

Esse projeto começou durante a temporada 1997/98 daNBA, quando uma equipe de filmagem ganhou total acesso aos bastidores do Chicago Bulls para registrar as coletivas de imprensa, as conversas de vestiários e todo o cotidiano de treinos e viagens do time. O material de mais de um ano de gravações ficou guardado por duas décadas, até que produtores da NBA em parceria com a ESPN entraram em contato com o próprio Jordan, dono dos direitos, e prometeram um verdadeiro tratado sobre sua carreira para que as novas gerações pudessem conhecer o seu legado no esporte e na cultura pop.

Um dos (vários) postos-altos da minissérie é a forma como Hehir equilibra a construção da jornada esportiva de MJ com a transformação cultural dos anos 90 - sempre pontuada por uma trilha sonora nostálgica! A edição tem um papel fundamental nesse trabalho - ela usa dos noticiários da época para ilustrar algumas passagens como o atentado terrorista que matou o pai de Steve Kerr ou os possíveis indícios da relação de Jordan com o vício em jogos de azar que poderiam, inclusive, ter sido a razão da sua primeira aposentadoria e, para quem gosta de teorias da conspiração, a causa da morte de seu pai. Já pelo lado esportivo, o diretor se baseia no sexto (e último) título dos Bulls para desconstruir todas as demais campanhas até ali, indo e voltando na linha do tempo, para justificar algumas dificuldades pontais, aumentar a força dramática e relacionar causas com efeitos para que a audiência entenda perfeitamente o valor de cada conquista.

"Arremesso Final" é uma daquelas relíquias que, graças a Deus, foram produzidas e democratizadas pelo streaming! Uma aula de história esportiva e um mergulho no dia a dia de um atleta que para muitos pertencia a um outro planeta, mas que na verdade foi uma pessoa como nós, com todas as imperfeições e angustias, mas que se dedicou e buscou seus objetivos com muita resiliência, treinamento e talento. Olha, a minissérie é, de fato, imperdível! Play now!!!!

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