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John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!

"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.

Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.

Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.

"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!

Assista Agora

Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!

"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.

Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.

Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.

"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!

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King Richard

Essa era uma história que merecia ser contada - e o interessante é que o protagonista não é exatamente um personagem que já conhecemos ou admiramos pela sua obra ou conquistas, embora essa percepção esteja completamente errada já que seu nome está diretamente ligado a dois fenômenos do esporte mundial: Venus e Serena Williams.

Motivado por uma visão clara do futuro brilhante de suas talentosas filhas e empregando métodos próprios e nada convencionais de treinamento, Richard (Will Smith) cria um plano detalhado para levar Venus e Serena Williams, das ruas de Compton, na Califórnia, para as quadras de todo o mundo, como lendas vivas do tênis. Profundamente comovente, o filme retrata a importância da família, da perseverança, do trabalho duro e da fé inabalável como instrumentos para alcançar o que para muitos parecia impossível e assim transformar para sempre a história de um esporte considerado até ali, branco e elitista. Confira o trailer:

Obviamente que assistimos esse excelente filme com aquela confortável sensação de que tudo vai dar certo no final, pois já conhecemos (mesmo que muitos superficialmente) a história de sucesso e o que vieram a representar Venus e Serena para o esporte mundial. Portanto, "King Richard" (que no Brasil ganhou o sugestivo e dispensável subtítulo de "Criando Campeãs") se trata de um filme sobre o que representou "a jornada" e não necessariamente "as conquistas"! O interessante, e um dos grandes acertos do roteiro, foi que o filme transformou essa jornada em um recorte bastante claro e importante de onde a trama poderia nos levar (e aqui assunto não é o esporte): o fato de termos duas personagens com um futuro brilhante pela frente, em momento algum impediu que o personagem título brilhasse - o foco é realmente o homem que nunca deixou de acreditar, de lutar, que errava tentando acertar e que, em muitos momentos, convivia com o medo de falhar como pai. Essa construção de camadas do personagem, brilhantemente interpretado por Smith, foi um verdadeiro golaço do roteirista estreante Zach Baylin (que vai assinar "Creed III" e que pode até surpreender como um dos indicados no próximo Oscar por esse trabalho).

Além de Will Smith, todo o elenco está impecável - é praticamente impossível não se apaixonar e depois torcer muito para as meninas tamanho é o carisma que a dinâmica familiar dos Williams traz. Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena são (e estão) incríveis, além, é claro, de mais um belíssimo trabalho da Aunjanue Ellis como Oracene 'Brandy' Williams. Existe um certo equilíbrio entre a leveza e a profundidade em diálogos que não fogem, em nenhum momento, de discussões duras (e delicadas) sobre racismo e desigualdade social - e esse mérito, sem dúvida, deve ser creditado aos atores.

Veja, o recente "O Quinto Set" também trabalha com muito cuidado e sensibilidade os dramas vividos pelos atletas e suas relações familiares fora das quadras (até com um tom mais independente da narrativa), mas talvez se distancie de "King Richard" por se tratar de uma obra de ficção - mesmo sendo cruelmente realista. Porém, também é preciso que se diga que o conceito visual da produção francesa, especialmente nos embates dentro das quadras, são infinitamente superiores ao que vemos aqui sob o comando do diretor Reinaldo Marcus Green. Essa talvez seja a única lacuna que "King Richard – Criando Campeãs" não conseguiu preencher - funciona bem no drama, mas perde no impacto visual da ação.

Cheio de curiosidades sobre os bastidores do tênis, o filme vai dialogar da mesma forma com aqueles que acompanham (e conhecem) o esporte e com outros que apenas se identificam com histórias de superação. Existe muita emoção na narrativa, algumas frases de efeito e um pouco de romantismo perante a jornada, mas te garanto: tudo isso funciona perfeitamente e só soma para a deliciosa experiência que é acompanhar a história de Richard e de Venus - o que deixa um enorme desafio pela frente: quem será capaz e quando a história de Serena será contada - porque o sarrafo agora está bem alto!

Vale cada segundo!

Up-date: "King Richard" foi indicado em seis categorias no Oscar 2022, ganhando em Melhor Ator.

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Essa era uma história que merecia ser contada - e o interessante é que o protagonista não é exatamente um personagem que já conhecemos ou admiramos pela sua obra ou conquistas, embora essa percepção esteja completamente errada já que seu nome está diretamente ligado a dois fenômenos do esporte mundial: Venus e Serena Williams.

Motivado por uma visão clara do futuro brilhante de suas talentosas filhas e empregando métodos próprios e nada convencionais de treinamento, Richard (Will Smith) cria um plano detalhado para levar Venus e Serena Williams, das ruas de Compton, na Califórnia, para as quadras de todo o mundo, como lendas vivas do tênis. Profundamente comovente, o filme retrata a importância da família, da perseverança, do trabalho duro e da fé inabalável como instrumentos para alcançar o que para muitos parecia impossível e assim transformar para sempre a história de um esporte considerado até ali, branco e elitista. Confira o trailer:

Obviamente que assistimos esse excelente filme com aquela confortável sensação de que tudo vai dar certo no final, pois já conhecemos (mesmo que muitos superficialmente) a história de sucesso e o que vieram a representar Venus e Serena para o esporte mundial. Portanto, "King Richard" (que no Brasil ganhou o sugestivo e dispensável subtítulo de "Criando Campeãs") se trata de um filme sobre o que representou "a jornada" e não necessariamente "as conquistas"! O interessante, e um dos grandes acertos do roteiro, foi que o filme transformou essa jornada em um recorte bastante claro e importante de onde a trama poderia nos levar (e aqui assunto não é o esporte): o fato de termos duas personagens com um futuro brilhante pela frente, em momento algum impediu que o personagem título brilhasse - o foco é realmente o homem que nunca deixou de acreditar, de lutar, que errava tentando acertar e que, em muitos momentos, convivia com o medo de falhar como pai. Essa construção de camadas do personagem, brilhantemente interpretado por Smith, foi um verdadeiro golaço do roteirista estreante Zach Baylin (que vai assinar "Creed III" e que pode até surpreender como um dos indicados no próximo Oscar por esse trabalho).

Além de Will Smith, todo o elenco está impecável - é praticamente impossível não se apaixonar e depois torcer muito para as meninas tamanho é o carisma que a dinâmica familiar dos Williams traz. Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena são (e estão) incríveis, além, é claro, de mais um belíssimo trabalho da Aunjanue Ellis como Oracene 'Brandy' Williams. Existe um certo equilíbrio entre a leveza e a profundidade em diálogos que não fogem, em nenhum momento, de discussões duras (e delicadas) sobre racismo e desigualdade social - e esse mérito, sem dúvida, deve ser creditado aos atores.

Veja, o recente "O Quinto Set" também trabalha com muito cuidado e sensibilidade os dramas vividos pelos atletas e suas relações familiares fora das quadras (até com um tom mais independente da narrativa), mas talvez se distancie de "King Richard" por se tratar de uma obra de ficção - mesmo sendo cruelmente realista. Porém, também é preciso que se diga que o conceito visual da produção francesa, especialmente nos embates dentro das quadras, são infinitamente superiores ao que vemos aqui sob o comando do diretor Reinaldo Marcus Green. Essa talvez seja a única lacuna que "King Richard – Criando Campeãs" não conseguiu preencher - funciona bem no drama, mas perde no impacto visual da ação.

Cheio de curiosidades sobre os bastidores do tênis, o filme vai dialogar da mesma forma com aqueles que acompanham (e conhecem) o esporte e com outros que apenas se identificam com histórias de superação. Existe muita emoção na narrativa, algumas frases de efeito e um pouco de romantismo perante a jornada, mas te garanto: tudo isso funciona perfeitamente e só soma para a deliciosa experiência que é acompanhar a história de Richard e de Venus - o que deixa um enorme desafio pela frente: quem será capaz e quando a história de Serena será contada - porque o sarrafo agora está bem alto!

Vale cada segundo!

Up-date: "King Richard" foi indicado em seis categorias no Oscar 2022, ganhando em Melhor Ator.

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Lakers: Hora de Vencer

"Lakers: Hora de Vencer" é simplesmente sensacional! Mesmo com alguns excessos conceituais, é inegável que a produção da HBO é um sopro de criatividade e autenticidade na construção de uma narrativa digna do tamanho da representatividade que o Lakers e seus personagens têm para o esporte americano e mundial. Mas a série é para o amante do basquete? Creio que não, mas para quem tem mais de 40 anos e um certo conhecimento sobre o esporte, a experiência será como poucas - além da nostalgia, um excelente entretenimento!

A série, basicamente, gira em torno do novo proprietário do Los Angeles Lakers, Jerry Buss (John C. Reilly) e toda a celebração pela escolha do então novato Earvin "Magic" Johnson (Quincy Isaiah). Além de Magic, outros jogadores icônicos fazem parte da formação, como o pivô Kareem Abdul-Jabbar (Solomon Hughes), que participaram do processo de reconstrução do time, transformando o Lakers em uma das franquias mais rentáveis e valiosas do esporte americano. Confira o trailer:

A produção de Adam McKay, Max Borenstein e Jim Hecht se apoia no livro "Showtime: Magic, Kareem, Riley, and the Los Angeles Lakers Dynasty of the 1980s", de Jeff Pearlman, para dramatizar a reformulação da franquia e a formação do time que se tornou referência na década de 1980 - os mais antigos ainda vão se lembrar do primeiro jogo, ainda no PC, "Lakers x Celtics", e que depois, em 1991, a Electronic Arts lançou com enorme sucesso para o Mega Drive (mas essa é uma outra história). O fato que conecta essas duas pontas é que se em 1979, o futuro da NBA parecia sombrio, sofrendo com a queda de audiência, graves problemas financeiros e as sempre presentes tensões de um Estados Unidos racista, e foi na ascensão do Lakers (de "Magic" Johnson) e sua rivalidade com o Boston Celtics (de Larry Bird) que ajudaram a mudar as coisas.

Quase documental, e McKay adora construir seu conceito narrativo e visual misturando as duas linguagens, a série tem uma fluidez que poucas vezes encontrei em uma adaptação de uma história real e que tem um recorte bastante extenso de tempo. Só para se ter uma ideia, a temporada da NBA tem 82 jogos e se vemos 5 durante os 10 episódios, é muito - o mais incrível, é que a ação em quadra não faz a menor falta porque o foco da história não está no que acontecia durante os jogos, mas sim nas pessoas que faziam o esporte funcionar - as interações nos bastidores são incríveis. Veja, a série da HBO consegue apoiar todo seu drama nas particularidades de seus personagens e nas performances de um elenco primoroso, de forma que a ausência de um foco narrativo (seja na quadra, no negócio, ou na vida pessoal dos atletas) se torna irrelevante para o entendimento daquele universo e das peculiaridades de uma linha temporal muito bem planejada no roteiro.

John C. Reilly está impecável (separa o Emmy, é sério!). Os estreantes Quincy Isaiah e Solomon Hughes parecem veteranos - a química entre eles transcende a interpretação e acaba na quadra como se fossem, na verdade, dois jogadores profissionais de basquete. Acertar na representação dessas duas figuras tão emblemáticas para o esporte era essencial para que todo o argumento da série funcionasse - e não por acaso ela terá mais temporadas (ainda bem!). Dito isso, é simples indicar "Lakers: Hora de Vencer" se você gostou de "Arremesso Final" da Netflix - mesmo que o gênero seja outro, a jornada é basicamente a mesma, com personagens complexos, momentos de tensão esportiva, de decisões complicadas e de relatos repletos de curiosidade e emoção!

Vale muito a pena!

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"Lakers: Hora de Vencer" é simplesmente sensacional! Mesmo com alguns excessos conceituais, é inegável que a produção da HBO é um sopro de criatividade e autenticidade na construção de uma narrativa digna do tamanho da representatividade que o Lakers e seus personagens têm para o esporte americano e mundial. Mas a série é para o amante do basquete? Creio que não, mas para quem tem mais de 40 anos e um certo conhecimento sobre o esporte, a experiência será como poucas - além da nostalgia, um excelente entretenimento!

A série, basicamente, gira em torno do novo proprietário do Los Angeles Lakers, Jerry Buss (John C. Reilly) e toda a celebração pela escolha do então novato Earvin "Magic" Johnson (Quincy Isaiah). Além de Magic, outros jogadores icônicos fazem parte da formação, como o pivô Kareem Abdul-Jabbar (Solomon Hughes), que participaram do processo de reconstrução do time, transformando o Lakers em uma das franquias mais rentáveis e valiosas do esporte americano. Confira o trailer:

A produção de Adam McKay, Max Borenstein e Jim Hecht se apoia no livro "Showtime: Magic, Kareem, Riley, and the Los Angeles Lakers Dynasty of the 1980s", de Jeff Pearlman, para dramatizar a reformulação da franquia e a formação do time que se tornou referência na década de 1980 - os mais antigos ainda vão se lembrar do primeiro jogo, ainda no PC, "Lakers x Celtics", e que depois, em 1991, a Electronic Arts lançou com enorme sucesso para o Mega Drive (mas essa é uma outra história). O fato que conecta essas duas pontas é que se em 1979, o futuro da NBA parecia sombrio, sofrendo com a queda de audiência, graves problemas financeiros e as sempre presentes tensões de um Estados Unidos racista, e foi na ascensão do Lakers (de "Magic" Johnson) e sua rivalidade com o Boston Celtics (de Larry Bird) que ajudaram a mudar as coisas.

Quase documental, e McKay adora construir seu conceito narrativo e visual misturando as duas linguagens, a série tem uma fluidez que poucas vezes encontrei em uma adaptação de uma história real e que tem um recorte bastante extenso de tempo. Só para se ter uma ideia, a temporada da NBA tem 82 jogos e se vemos 5 durante os 10 episódios, é muito - o mais incrível, é que a ação em quadra não faz a menor falta porque o foco da história não está no que acontecia durante os jogos, mas sim nas pessoas que faziam o esporte funcionar - as interações nos bastidores são incríveis. Veja, a série da HBO consegue apoiar todo seu drama nas particularidades de seus personagens e nas performances de um elenco primoroso, de forma que a ausência de um foco narrativo (seja na quadra, no negócio, ou na vida pessoal dos atletas) se torna irrelevante para o entendimento daquele universo e das peculiaridades de uma linha temporal muito bem planejada no roteiro.

John C. Reilly está impecável (separa o Emmy, é sério!). Os estreantes Quincy Isaiah e Solomon Hughes parecem veteranos - a química entre eles transcende a interpretação e acaba na quadra como se fossem, na verdade, dois jogadores profissionais de basquete. Acertar na representação dessas duas figuras tão emblemáticas para o esporte era essencial para que todo o argumento da série funcionasse - e não por acaso ela terá mais temporadas (ainda bem!). Dito isso, é simples indicar "Lakers: Hora de Vencer" se você gostou de "Arremesso Final" da Netflix - mesmo que o gênero seja outro, a jornada é basicamente a mesma, com personagens complexos, momentos de tensão esportiva, de decisões complicadas e de relatos repletos de curiosidade e emoção!

Vale muito a pena!

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Lance

"Lance" é um dos melhores documentários sobre um atleta que já assisti - pela coragem do protagonista (mesmo que possa soar oportunista), o ex-ciclista Lance Armstrong, e pela capacidade da diretora Marina Zenovich em construir uma narrativa completa, isenta, dinâmica e muito impactante. Mais ou menos como assistimos em "Tiger" da HBO.

"Lance" é um crônica fascinante, reveladora e abrangente sobre um dos mais inspiradores, e também infames, atletas de todos os tempos. Através de extensas entrevistas e conversas com Lance Armstrong, essa minissérie em dois episódios produzida pela ESPN conta a jornada completa de ascensão e queda do maior ciclista da história - pelo menos até ele admitir o uso de substâncias proibidas que aumentavam sua performance nas competições. Confira o trailer (em inglês):

Lance Armstrong era daqueles raros atletas onde seu nome se confundia com o esporte que praticava - algo como Jordan para o basquete, Pelé para o Futebol, Tiger Woods para o Golfe e Ayrton Senna para a Fórmula 1. Armstrong era sinônimo de ciclismo - afinal ele foi o único atleta da história a vencer o Tour de France sete vezes! A grande questão é que Armstrong também é considerado a maior farsa do esporte - talvez ao lado de Ben Johnson, e justamente pelo mesmo problema: o doping!

Armstrong saiu da posição de fenômeno para chegar ao fundo do poço em 48 horas, depois de uma denúncia de um outro ciclista americano (que também havia sido pego do doping) e uma longa investigação sobre o uso de uma droga chamada EPO em competições de ciclismo, principalmente na Europa - essa droga, aliás, quando usada em doses adequadas, não aparecia nos testes. O que se dá a entender que todos trapaceavam, uns melhores que outros, mas todos!

Enquanto Armstrong dá a sua versão para diferentes passagens da sua carreira, Zenovich mescla esses depoimentos com as falas de ex-companheiros de equipe, rivais, jornalistas, familiares, empresários e amigos íntimos, além de inúmeras imagens de arquivo que servem para ilustrar três pontos de vista da mesma história. O interessante é que, por mais que Armstrong pareça estar sendo sincero hoje, ele não tem a menor credibilidade de fala - talvez o único momento que não deixa nenhuma dúvida sobre seu sentimento é quando ele conta sobre a visita que fez ao alemão Jan Ulrich, seu grande rival no esporte. De fato emocionante.

Diferente do que eu li por aí, "Lance" não me pareceu uma tentativa de ressignificar o valor de Armstrong como ser humano. Muito pelo contrário, achei que o documentário não alivia em nenhuma passagem da vida do atleta - inclusive quando superou o câncer, criou a sua Fundação para apoiar pessoas com a doença e depois ainda foi duramente acusado de usar dessa sua luta como escudo para minimizar suas falhas de caráter. Agora vale uma observação: você estará julgando cada uma das palavras de Armstrong, das suas atitudes e da sua postura - é impossível não fazer isso. Mas tenha certeza de uma coisa: o veredito final sobre tudo que você vai ouvir ele falar, vai variar de pessoa para pessoa - o que torna a experiência de assistir "Lance" ainda mais sensacional.

Se você gostou de "Last Dance", "Tiger" e até "Schumacher", esse documentário é imperdível!

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"Lance" é um dos melhores documentários sobre um atleta que já assisti - pela coragem do protagonista (mesmo que possa soar oportunista), o ex-ciclista Lance Armstrong, e pela capacidade da diretora Marina Zenovich em construir uma narrativa completa, isenta, dinâmica e muito impactante. Mais ou menos como assistimos em "Tiger" da HBO.

"Lance" é um crônica fascinante, reveladora e abrangente sobre um dos mais inspiradores, e também infames, atletas de todos os tempos. Através de extensas entrevistas e conversas com Lance Armstrong, essa minissérie em dois episódios produzida pela ESPN conta a jornada completa de ascensão e queda do maior ciclista da história - pelo menos até ele admitir o uso de substâncias proibidas que aumentavam sua performance nas competições. Confira o trailer (em inglês):

Lance Armstrong era daqueles raros atletas onde seu nome se confundia com o esporte que praticava - algo como Jordan para o basquete, Pelé para o Futebol, Tiger Woods para o Golfe e Ayrton Senna para a Fórmula 1. Armstrong era sinônimo de ciclismo - afinal ele foi o único atleta da história a vencer o Tour de France sete vezes! A grande questão é que Armstrong também é considerado a maior farsa do esporte - talvez ao lado de Ben Johnson, e justamente pelo mesmo problema: o doping!

Armstrong saiu da posição de fenômeno para chegar ao fundo do poço em 48 horas, depois de uma denúncia de um outro ciclista americano (que também havia sido pego do doping) e uma longa investigação sobre o uso de uma droga chamada EPO em competições de ciclismo, principalmente na Europa - essa droga, aliás, quando usada em doses adequadas, não aparecia nos testes. O que se dá a entender que todos trapaceavam, uns melhores que outros, mas todos!

Enquanto Armstrong dá a sua versão para diferentes passagens da sua carreira, Zenovich mescla esses depoimentos com as falas de ex-companheiros de equipe, rivais, jornalistas, familiares, empresários e amigos íntimos, além de inúmeras imagens de arquivo que servem para ilustrar três pontos de vista da mesma história. O interessante é que, por mais que Armstrong pareça estar sendo sincero hoje, ele não tem a menor credibilidade de fala - talvez o único momento que não deixa nenhuma dúvida sobre seu sentimento é quando ele conta sobre a visita que fez ao alemão Jan Ulrich, seu grande rival no esporte. De fato emocionante.

Diferente do que eu li por aí, "Lance" não me pareceu uma tentativa de ressignificar o valor de Armstrong como ser humano. Muito pelo contrário, achei que o documentário não alivia em nenhuma passagem da vida do atleta - inclusive quando superou o câncer, criou a sua Fundação para apoiar pessoas com a doença e depois ainda foi duramente acusado de usar dessa sua luta como escudo para minimizar suas falhas de caráter. Agora vale uma observação: você estará julgando cada uma das palavras de Armstrong, das suas atitudes e da sua postura - é impossível não fazer isso. Mas tenha certeza de uma coisa: o veredito final sobre tudo que você vai ouvir ele falar, vai variar de pessoa para pessoa - o que torna a experiência de assistir "Lance" ainda mais sensacional.

Se você gostou de "Last Dance", "Tiger" e até "Schumacher", esse documentário é imperdível!

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Last Chance U

Last Chance U

Essa série documental é uma das minhas preferidas, mas não só porque eu gosto muito de futebol americano, mas porque o esporte é só o pano de fundo para o elemento que mais interessa uma narrativa: os personagens. 

Em época de Copa do Mundo o que mais irrita quem gosta do esporte são comentários ou discussões superficiais sobre o comportamento de atletas (dentro e fora de campo) sem dimensionar o que pode ser o dia a dia desses jogadores e o que cada um um trás na sua bagagem de vida. Ver o esporte como única ferramenta de ascensão social e acompanhar o processo de crescimento ou fracasso desses jogadores, é impactante. Chega a ser desumano, eu diria."Last Chance U" fala disso, de esportistas acima da média que antes de tudo são seres humanos, com suas qualidades e, principalmente (e esse é o grande mérito da série e que nos faz refletir), com seus defeitos. Confira o trailer:

"Last Chance U" mistura depoimentos dos jogadores, técnicos e educadores, cenas dos treinos e bastidores dos jogos, o dia a dia na Faculdade (e as dificuldades de aprendizado de cada um), a relação com a família, com os amigos, com as más companhias. A série ainda mostra os melhores momentos da temporada do College - as vitórias, derrotas, frustrações e muita, mas muita, pressão para tentar ser convidado para uma faculdade de elite e assim poder entrar no radar dos olheiros da NFL. O incrível da série é a forma como o Diretor (e os roteiristas) amarram tantas histórias, de tantos personagens. Seu sucesso enorme é resultado dessa fluidez, dessa organicidade na construção de uma linha narrativa coerente, profunda e divertida para quem assiste. É impossível não torcer, ou se revoltar, com algum personagem! É uma história da vida real muito bem desenvolvida, mesmo!!!!

Cada temporada tem 8 episódios de uma hora em média, que passam voando - não é preciso ser um expert em Futebol Americano, mas se você tiver um bom conhecimento da dinâmica do esporte, a experiência de assistir a história desses jovens fica ainda mais incrível! Saiba que a série é uma das coisas mais originais e interessantes que a Netflix já produziu. Vale a pena!

Assista Agora 

Essa série documental é uma das minhas preferidas, mas não só porque eu gosto muito de futebol americano, mas porque o esporte é só o pano de fundo para o elemento que mais interessa uma narrativa: os personagens. 

Em época de Copa do Mundo o que mais irrita quem gosta do esporte são comentários ou discussões superficiais sobre o comportamento de atletas (dentro e fora de campo) sem dimensionar o que pode ser o dia a dia desses jogadores e o que cada um um trás na sua bagagem de vida. Ver o esporte como única ferramenta de ascensão social e acompanhar o processo de crescimento ou fracasso desses jogadores, é impactante. Chega a ser desumano, eu diria."Last Chance U" fala disso, de esportistas acima da média que antes de tudo são seres humanos, com suas qualidades e, principalmente (e esse é o grande mérito da série e que nos faz refletir), com seus defeitos. Confira o trailer:

"Last Chance U" mistura depoimentos dos jogadores, técnicos e educadores, cenas dos treinos e bastidores dos jogos, o dia a dia na Faculdade (e as dificuldades de aprendizado de cada um), a relação com a família, com os amigos, com as más companhias. A série ainda mostra os melhores momentos da temporada do College - as vitórias, derrotas, frustrações e muita, mas muita, pressão para tentar ser convidado para uma faculdade de elite e assim poder entrar no radar dos olheiros da NFL. O incrível da série é a forma como o Diretor (e os roteiristas) amarram tantas histórias, de tantos personagens. Seu sucesso enorme é resultado dessa fluidez, dessa organicidade na construção de uma linha narrativa coerente, profunda e divertida para quem assiste. É impossível não torcer, ou se revoltar, com algum personagem! É uma história da vida real muito bem desenvolvida, mesmo!!!!

Cada temporada tem 8 episódios de uma hora em média, que passam voando - não é preciso ser um expert em Futebol Americano, mas se você tiver um bom conhecimento da dinâmica do esporte, a experiência de assistir a história desses jovens fica ainda mais incrível! Saiba que a série é uma das coisas mais originais e interessantes que a Netflix já produziu. Vale a pena!

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Linha Reta

Imagine se o Mark Zuckerberg resolvesse criar um projeto que aparentemente parece impossível de realizar por questões tecnológicas e de logística, você investiria nessa ideia? "Linha Reta" (ou "The Hummingbird Project", no original) conta justamente essa história - inclusive com o Zuckerberg da ficção, Jesse Eisenberg, como protagonista.

O filme apresenta Vincent (Eisenberg) e Anton Zaleski (Alexander Skarsgård), funcionários de uma grande corretora que opera na bolsa de valores de Nova York e investe milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar sua performance e gerar ainda mais lucro para a empresa graças a essas inovações. Ambiciosos, os dois resolvem se demitir para começar um novo empreendimento que promete revolucionar a maneira como o processo de compra e venda de ações acontece - eles queriam construir um cabo de fibra ótica, em linha reta, entre a Bolsa de Valores do Kansas e a de Nova York que geraria uma velocidade superior ao da concorrência, dando assim uma vantagem importante na escala das negociações. O grande problema: eles não sabiam exatamente se a tecnologia funcionaria com a velocidade que prometiam e se, na prática, seria possível traçar essa linha reta imaginária que cruzaria o país, devido aos desafios geográficos do percurso. Confira o trailer:

Embora o filme seja muito interessante e curioso, ele certamente vai dialogar melhor com aqueles que estão, de alguma forma, envolvidos com o universo do empreendedorismo - são tantas lições que fica até difícil enumerar. Talvez o grande elemento dramático que move a narrativa seja justamente a vontade de transformar uma ideia em algo real, custe o que custar (e no caso foram bilhões de dólares). A linha tênue entre ser resiliente e ser teimoso também está presente, em diferentes formas, na construção da personalidade dos dois personagens - se Vincent é o Steve Jobs, Zaleski é seu Wosniak.

Apesar de o roteiro do canadense Kim Nguyen, que também dirige o filme, conseguir equilibrar uma proposta que mistura a jornada empreendedora com entretenimento (tão bem realizado pela dupla Fincher/Sorkin em "A Rede Social"), a dinâmica da narrativa pode prejudicar a percepção sobre o filme - muitas pessoas vão achar ele lento. Sinceramente não acho que seja o caso. Nguyen também é muito competente tecnicamente, discreto eu diria. Minha única critica diz respeito a direção de atores: ele transformou os personagens de Skarsgård (o nerd, desenvolvedor, introspectivo) e de Salma Hayek (a empresária, ambiciosa, sem escrúpulos) em esteriótipos desnecessários - embora tragam algum alívio cômico para a trama, essa composição gera uma sensação de distanciamento da realidade.

A técnica do PDCA (Promete Depois Corre Atrás) tão comum no meio startupeiro envolve alguns riscos e "Linha Reta" explora muito bem esse elemento, principalmente na relação dos empreendedores com os investidores e depois no impacto que a pressão pelo sucesso (e daquele retorno financeiro prometido) tem na saúde e nas interações com equipe e sócios. O roteiro trabalha muito bem aquele tão falado conceito de "montanha russa" da jornada, onde o tempo e a concorrência podem se tornar definir o sucesso ou o fracasso, e por essa razão não acho que o filme seja sobre "ganância", mas sim sobre "limites" (ou a falta deles) para ser a primeira ou a melhor solução para um problema.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Imagine se o Mark Zuckerberg resolvesse criar um projeto que aparentemente parece impossível de realizar por questões tecnológicas e de logística, você investiria nessa ideia? "Linha Reta" (ou "The Hummingbird Project", no original) conta justamente essa história - inclusive com o Zuckerberg da ficção, Jesse Eisenberg, como protagonista.

O filme apresenta Vincent (Eisenberg) e Anton Zaleski (Alexander Skarsgård), funcionários de uma grande corretora que opera na bolsa de valores de Nova York e investe milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar sua performance e gerar ainda mais lucro para a empresa graças a essas inovações. Ambiciosos, os dois resolvem se demitir para começar um novo empreendimento que promete revolucionar a maneira como o processo de compra e venda de ações acontece - eles queriam construir um cabo de fibra ótica, em linha reta, entre a Bolsa de Valores do Kansas e a de Nova York que geraria uma velocidade superior ao da concorrência, dando assim uma vantagem importante na escala das negociações. O grande problema: eles não sabiam exatamente se a tecnologia funcionaria com a velocidade que prometiam e se, na prática, seria possível traçar essa linha reta imaginária que cruzaria o país, devido aos desafios geográficos do percurso. Confira o trailer:

Embora o filme seja muito interessante e curioso, ele certamente vai dialogar melhor com aqueles que estão, de alguma forma, envolvidos com o universo do empreendedorismo - são tantas lições que fica até difícil enumerar. Talvez o grande elemento dramático que move a narrativa seja justamente a vontade de transformar uma ideia em algo real, custe o que custar (e no caso foram bilhões de dólares). A linha tênue entre ser resiliente e ser teimoso também está presente, em diferentes formas, na construção da personalidade dos dois personagens - se Vincent é o Steve Jobs, Zaleski é seu Wosniak.

Apesar de o roteiro do canadense Kim Nguyen, que também dirige o filme, conseguir equilibrar uma proposta que mistura a jornada empreendedora com entretenimento (tão bem realizado pela dupla Fincher/Sorkin em "A Rede Social"), a dinâmica da narrativa pode prejudicar a percepção sobre o filme - muitas pessoas vão achar ele lento. Sinceramente não acho que seja o caso. Nguyen também é muito competente tecnicamente, discreto eu diria. Minha única critica diz respeito a direção de atores: ele transformou os personagens de Skarsgård (o nerd, desenvolvedor, introspectivo) e de Salma Hayek (a empresária, ambiciosa, sem escrúpulos) em esteriótipos desnecessários - embora tragam algum alívio cômico para a trama, essa composição gera uma sensação de distanciamento da realidade.

A técnica do PDCA (Promete Depois Corre Atrás) tão comum no meio startupeiro envolve alguns riscos e "Linha Reta" explora muito bem esse elemento, principalmente na relação dos empreendedores com os investidores e depois no impacto que a pressão pelo sucesso (e daquele retorno financeiro prometido) tem na saúde e nas interações com equipe e sócios. O roteiro trabalha muito bem aquele tão falado conceito de "montanha russa" da jornada, onde o tempo e a concorrência podem se tornar definir o sucesso ou o fracasso, e por essa razão não acho que o filme seja sobre "ganância", mas sim sobre "limites" (ou a falta deles) para ser a primeira ou a melhor solução para um problema.

Vale muito o seu play!

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Losers

O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!

Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):

Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.

Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!

Vale muito seu play!

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O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!

Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):

Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.

Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!

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Má Educação

"Má Educação" expõe o sistema educacional americano pelos olhos de quem é corrompido por ele - e sim, a ganância do ser humano é mais uma vez protagonista, com a eterna desculpa de que os "fins" justificam os "meios". Se pensarmos que a história do maior roubo de escolas públicas da história dos Estados Unidos foi revelado por uma adolescente que fazia um artigo para o jornal da sua escola, é de se discutir que um esquema fraudulento que desviou cerca de US$ 11 milhões não passou de uma operação quase amadora de quem se achava intocável - e é aí que o filme se transforma em um estudo de personagem dos mais complexos.

Essa  produção original da HBO conta a história real de Frank Tassone (Hugh Jackman), um profissional dedicado e apaixonado pela sua posição de superintendente do distrito escolar de Roslyn. Querido e respeitado por todos, Tassone fez com que sua instituição de ensino chegasse ao Top 5 do ranking de melhores escolas públicas do país - um feito impressionante pela pouca representatividade política de Long Island no cenário estudantil. Pois bem, esse bom desempenho trouxe consequências positivas não apenas à vida acadêmica dos jovens, mas também ao mercado imobiliário, que por muito tempo conseguiu surfar nessa projeção e assim cobrar preços altos pelas casas da região. Um dia, ao ser entrevistado pela adolescente Rachel (Geraldine Viswanathan) para o jornal do colégio, ele a incentiva a sempre inserir sua assinatura em qualquer matéria que faça, por menor que seja. Inspirada pela conversa, ela resolve investigar uma custosa empreitada que está prestes a acontecer, o projeto Skywalk, e acaba descobrindo uma série de fraudes na contabilidade da escola feitas pelo próprio Frank. Confira o trailer:

"Má Educação" é tão surpreende quanto óbvia - ao optar em manter o foco em uma figura, digamos, tão particular como Tassone, a narrativa acaba deixando um pouco de lado o elemento "investigação", mas ao mesmo tempo ganhamos uma profundidade tão bacana no processo de desconstrução do protagonista que só fortalece a experiência de acompanhar tantos segredos sendo revelados e que, de fato, surpreendem todos aqueles que transitavam por sua vida pessoal e profissional. Embora essa escolha pareça ousada, vale destacar que o roteirista Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now) foi aluno de Tassone nessa época e com isso foi capaz de pontuar exatamente o sentimento de toda aquela comunidade e a importância das descobertas de Rachel.

A direção de Cory Finley (do excelente "Puro sangue") impõe uma narrativa bem séria, com leves toques de "overacting" para descolar algumas características dos personagens que se distanciavam de toda comunidade por algum tipo de vaidade - seja a estética de Tassone ou a social de Pam (Allison Janney), sua assistente direta. Finley aproveita do ótimo roteiro de Makowsky para nos fazer gostar do protagonista, mesmo com todas as falhas de caráter que ele possui - Hugh Jackman, aliás, deveria ter ganhado o Emmy de melhor ator pelo papel - reparem na beleza que é a sequência final, da montagem à perfomance sincera de Jackman.

Baseado no artigo da New York Magazine, "The Bad Superintendent", "Má Educação" é um filme excelente - daqueles que nos perguntamos a razão de não termos assistido antes. Sem dúvida o Emmy 2020 na categoria "Melhor filme feito para TV" ficou em boas mãos! Vale muito o seu play!

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"Má Educação" expõe o sistema educacional americano pelos olhos de quem é corrompido por ele - e sim, a ganância do ser humano é mais uma vez protagonista, com a eterna desculpa de que os "fins" justificam os "meios". Se pensarmos que a história do maior roubo de escolas públicas da história dos Estados Unidos foi revelado por uma adolescente que fazia um artigo para o jornal da sua escola, é de se discutir que um esquema fraudulento que desviou cerca de US$ 11 milhões não passou de uma operação quase amadora de quem se achava intocável - e é aí que o filme se transforma em um estudo de personagem dos mais complexos.

Essa  produção original da HBO conta a história real de Frank Tassone (Hugh Jackman), um profissional dedicado e apaixonado pela sua posição de superintendente do distrito escolar de Roslyn. Querido e respeitado por todos, Tassone fez com que sua instituição de ensino chegasse ao Top 5 do ranking de melhores escolas públicas do país - um feito impressionante pela pouca representatividade política de Long Island no cenário estudantil. Pois bem, esse bom desempenho trouxe consequências positivas não apenas à vida acadêmica dos jovens, mas também ao mercado imobiliário, que por muito tempo conseguiu surfar nessa projeção e assim cobrar preços altos pelas casas da região. Um dia, ao ser entrevistado pela adolescente Rachel (Geraldine Viswanathan) para o jornal do colégio, ele a incentiva a sempre inserir sua assinatura em qualquer matéria que faça, por menor que seja. Inspirada pela conversa, ela resolve investigar uma custosa empreitada que está prestes a acontecer, o projeto Skywalk, e acaba descobrindo uma série de fraudes na contabilidade da escola feitas pelo próprio Frank. Confira o trailer:

"Má Educação" é tão surpreende quanto óbvia - ao optar em manter o foco em uma figura, digamos, tão particular como Tassone, a narrativa acaba deixando um pouco de lado o elemento "investigação", mas ao mesmo tempo ganhamos uma profundidade tão bacana no processo de desconstrução do protagonista que só fortalece a experiência de acompanhar tantos segredos sendo revelados e que, de fato, surpreendem todos aqueles que transitavam por sua vida pessoal e profissional. Embora essa escolha pareça ousada, vale destacar que o roteirista Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now) foi aluno de Tassone nessa época e com isso foi capaz de pontuar exatamente o sentimento de toda aquela comunidade e a importância das descobertas de Rachel.

A direção de Cory Finley (do excelente "Puro sangue") impõe uma narrativa bem séria, com leves toques de "overacting" para descolar algumas características dos personagens que se distanciavam de toda comunidade por algum tipo de vaidade - seja a estética de Tassone ou a social de Pam (Allison Janney), sua assistente direta. Finley aproveita do ótimo roteiro de Makowsky para nos fazer gostar do protagonista, mesmo com todas as falhas de caráter que ele possui - Hugh Jackman, aliás, deveria ter ganhado o Emmy de melhor ator pelo papel - reparem na beleza que é a sequência final, da montagem à perfomance sincera de Jackman.

Baseado no artigo da New York Magazine, "The Bad Superintendent", "Má Educação" é um filme excelente - daqueles que nos perguntamos a razão de não termos assistido antes. Sem dúvida o Emmy 2020 na categoria "Melhor filme feito para TV" ficou em boas mãos! Vale muito o seu play!

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Margin Call

"Margin Call" (ou "O dia antes do fim") do diretor e roteirista J.C. Chandor é excelente! O Roteiro foi indicado ao Oscar de 2012 e conta a história, livremente inspirada no Lehman Brothers, da noite que antecedeu a crise de 2008. E para quem gostou de "A Grande Virada" do John Wells, esse filme é simplesmente imperdível.

Peter Sullivan (Zachary Quinto), Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson (Paul Bettany) trabalham no setor de recursos humanos de uma empresa, sendo responsáveis pelos trâmites burocráticos da demissão dos funcionários. Um dos demitidos é Eric Dale (Stanley Tucci), que entrega a Peter um pendrive contendo um projeto que estava trabalhando. É quando Peter descobre que ele excede os níveis históricos de volatilidade com os quais uma instituição financeira é capaz de trabalhar com certa segurança. A situação é tão grave que faz com que os executivos que comandam o banco de investimentos se reúnam durante a madrugada para tentar encontrar uma solução o mais rápido possível. Confira o trailer: 

A história é difícil e o roteiro não ajuda muito, já que trata a rotina do mercado financeiro como se fosse algo simples, sem muitas explicações. Porém, de uma forma muito inteligente, "Margin Call" vai além das palavras e do "bla-bla-bla" corporativo, ele fala de caráter X dinheiro X sucesso profissional como poucas vezes vemos em um filme - ainda mais ao se tratar de um escândalo de créditos imobiliários tão recente e que ajudou a nos levar para uma das maiores recessões da história.

Grande filme! Vale o play com muita tranquilidade!!!!

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"Margin Call" (ou "O dia antes do fim") do diretor e roteirista J.C. Chandor é excelente! O Roteiro foi indicado ao Oscar de 2012 e conta a história, livremente inspirada no Lehman Brothers, da noite que antecedeu a crise de 2008. E para quem gostou de "A Grande Virada" do John Wells, esse filme é simplesmente imperdível.

Peter Sullivan (Zachary Quinto), Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson (Paul Bettany) trabalham no setor de recursos humanos de uma empresa, sendo responsáveis pelos trâmites burocráticos da demissão dos funcionários. Um dos demitidos é Eric Dale (Stanley Tucci), que entrega a Peter um pendrive contendo um projeto que estava trabalhando. É quando Peter descobre que ele excede os níveis históricos de volatilidade com os quais uma instituição financeira é capaz de trabalhar com certa segurança. A situação é tão grave que faz com que os executivos que comandam o banco de investimentos se reúnam durante a madrugada para tentar encontrar uma solução o mais rápido possível. Confira o trailer: 

A história é difícil e o roteiro não ajuda muito, já que trata a rotina do mercado financeiro como se fosse algo simples, sem muitas explicações. Porém, de uma forma muito inteligente, "Margin Call" vai além das palavras e do "bla-bla-bla" corporativo, ele fala de caráter X dinheiro X sucesso profissional como poucas vezes vemos em um filme - ainda mais ao se tratar de um escândalo de créditos imobiliários tão recente e que ajudou a nos levar para uma das maiores recessões da história.

Grande filme! Vale o play com muita tranquilidade!!!!

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Mercado de Capitais

"Mercado de Capitais" já sai perdendo logo de cara por não traduzir o título original (Equity) de uma forma mais atraente e criativa. É claro que o fato de não atrair o assinante, não desmerece o filme - ele é bom como entretenimento. É possível encontrar vários momentos interessantes com uma forte protagonista feminina (Anna Gunn de "Breaking Bad"), mas que precisa se esforçar para aliviar um roteiro cheio de clichês e esteriótipos - esse me pareceu o único problema do filme.

"Mercado de Capitais" tem um argumento interessante e um cenário relevante hoje em dia, pois conta a história de Naomi Bishop (Gunn), dona de um alto cargo em um banco de investimentos americano, especializada em IPOs. A caminho de uma esperada promoção, ela precisa lidar com um erro de avaliação em seu último processo de abertura de capital que custou milhões de dólares para sua empresa e um pesado rótulo na sua vida profissional. Confira o trailer:

Vale dizer que o filme mostra um lado menos romântico do mercado de investimentos e isso tem o seu valor, mas a falta de consistência do roteiro, se aprofundar um pouco mais, melhorar alguns diálogos completamente fora de propósito e equilibrar uma necessidade enorme de levantar algumas bandeiras ideológicas, tudo isso prejudica muito a estrutura narrativa, mas ainda assim não destrói o filme. Talvez o ponto alto seja o final do segundo ato e o terceiro ato inteiro -  isso nos traz uma sensação agradável ao terminar o filme, o que preocupa é se a audiência terá paciência de chegar até lá! 

"Mercado de Capitais" deixa claro que pretende focar no empoderamento feminino em um ambiente dominado por homens. Até aí nenhum problema, porém a forma como essa dinâmica é apresentada soa um pouco forçada - mais nos afastamos, do que entendemos o valor da proposta. Mas é preciso dizer também que o roteiro foi muito feliz em não poupar a protagonista de todas suas falhas pessoais e profissionais e de não subverter o óbvio, porém o fato de se apoiar em tantos clichês, acaba nos interessando muito mais pela fantasia que é construída do que pela realidade dos fatos em si, ou seja, nos divertimos com o filme, mas não nos importamos tanto com a protagonista como deveríamos. 

Grande parte do orçamento do filme foi financiado por mulheres que trabalham ou já trabalharam no mercado financeiro dos EUA. Elas também ajudaram as realizadoras contando suas histórias e as dificuldades de se trabalhar em uma indústria dominada por homens egocêntricos, ambiciosos e poderosos. O filme realmente mostra o potencial que essas histórias tem, porém quando se quer tudo, acaba sem nada - o roteiro da novata Amy Fox é cheio de furos e a direção da Meera Menon vai para o mesmo caminho: se aprofundar em situações que não levam a protagonista a lugar algum. De fato "Mercado de Capitais" poderia ser uma série excelente, cheio da reviravoltas, mas se transformou em um filme bom, porém previsível.

Vale pelo entretenimento e pelo seu final bem interessante!

Assista Agora

"Mercado de Capitais" já sai perdendo logo de cara por não traduzir o título original (Equity) de uma forma mais atraente e criativa. É claro que o fato de não atrair o assinante, não desmerece o filme - ele é bom como entretenimento. É possível encontrar vários momentos interessantes com uma forte protagonista feminina (Anna Gunn de "Breaking Bad"), mas que precisa se esforçar para aliviar um roteiro cheio de clichês e esteriótipos - esse me pareceu o único problema do filme.

"Mercado de Capitais" tem um argumento interessante e um cenário relevante hoje em dia, pois conta a história de Naomi Bishop (Gunn), dona de um alto cargo em um banco de investimentos americano, especializada em IPOs. A caminho de uma esperada promoção, ela precisa lidar com um erro de avaliação em seu último processo de abertura de capital que custou milhões de dólares para sua empresa e um pesado rótulo na sua vida profissional. Confira o trailer:

Vale dizer que o filme mostra um lado menos romântico do mercado de investimentos e isso tem o seu valor, mas a falta de consistência do roteiro, se aprofundar um pouco mais, melhorar alguns diálogos completamente fora de propósito e equilibrar uma necessidade enorme de levantar algumas bandeiras ideológicas, tudo isso prejudica muito a estrutura narrativa, mas ainda assim não destrói o filme. Talvez o ponto alto seja o final do segundo ato e o terceiro ato inteiro -  isso nos traz uma sensação agradável ao terminar o filme, o que preocupa é se a audiência terá paciência de chegar até lá! 

"Mercado de Capitais" deixa claro que pretende focar no empoderamento feminino em um ambiente dominado por homens. Até aí nenhum problema, porém a forma como essa dinâmica é apresentada soa um pouco forçada - mais nos afastamos, do que entendemos o valor da proposta. Mas é preciso dizer também que o roteiro foi muito feliz em não poupar a protagonista de todas suas falhas pessoais e profissionais e de não subverter o óbvio, porém o fato de se apoiar em tantos clichês, acaba nos interessando muito mais pela fantasia que é construída do que pela realidade dos fatos em si, ou seja, nos divertimos com o filme, mas não nos importamos tanto com a protagonista como deveríamos. 

Grande parte do orçamento do filme foi financiado por mulheres que trabalham ou já trabalharam no mercado financeiro dos EUA. Elas também ajudaram as realizadoras contando suas histórias e as dificuldades de se trabalhar em uma indústria dominada por homens egocêntricos, ambiciosos e poderosos. O filme realmente mostra o potencial que essas histórias tem, porém quando se quer tudo, acaba sem nada - o roteiro da novata Amy Fox é cheio de furos e a direção da Meera Menon vai para o mesmo caminho: se aprofundar em situações que não levam a protagonista a lugar algum. De fato "Mercado de Capitais" poderia ser uma série excelente, cheio da reviravoltas, mas se transformou em um filme bom, porém previsível.

Vale pelo entretenimento e pelo seu final bem interessante!

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Meu nome é Magic Johnson

"Meu nome é Magic Johnson" tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que se trata de um excelente documentário sobre um dos jogadores mais marcantes e importantes da sua geração, em todos os esportes, que é Magic Johnson; já o lado ruim é que, certamente, se você estiver acompanhando a série da HBO, "Lakers: Hora de Vencer", você vai ter spoilers de pelo menos umas três temporadas!

Revelando entrevistas íntimas com o próprio Magic e outras estrelas do esporte e de diversos segmentos que vão da política à música, sem falar nos familiares e amigos,  “They Call Me Magic” (no original) ilustra a vida e a carreira de um dos maiores ídolos culturais da nossa era com acesso inédito em uma série documental de quatro partes simplesmente imperdível. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo talentoso Rick Famuyiwa, "Meu nome é Magic Johnson" é mais uma excelente opção para aqueles que gostam de documentários sobre ícones do esporte e que, além da jornada profissional, ainda traz para dentro da sua narrativa, muitas curiosidades e passagens marcantes - tanto da carreira como atleta, como nas inúmeras dificuldades pessoais que, inclusive, ajudaram a moldar a idolatria pelo personagem. E olha que Magic Johnson foi longe nos dois sentidos!

Mesmo não gostando muito do apelido, para o próprio Earvin Johnson, “Magic” sempre teve muitos significados. O brilho do sorriso enorme, para ele, era apenas o reflexo do estilo de jogo impressionante que mudou para sempre o basquete - o roteiro foi muito inteligente ao simbolizar essas duas características com passagens marcantes da vida e da carreira de "Magic" e assim se aprofundar nos temas que rodeavam aquele universo temporal. O primeiro episódio e o inicio do segundo, basicamente, acompanham o período retratado na série da HBO: a chegada de Magic na NBA e o titulo conquistado no seu primeiro ano como profissional. Já a conexão magnética que o levou ao amor da sua vida, Cookie, e os embates marcantes contra o Boston Celtics estão no segundo episódio. O choque e o luto depois do diagnóstico do HIV que ele transformou em triunfo, redirecionando o diálogo mundial sobre a doença, superando as probabilidades alarmantes da época até o convite para jogar o All Star Game e depois as Olimpíadas de Barcelona em 1992, estão no terceiro. E finalmente, a ascendência de estrela do esporte ao megaempresário de sucesso, traçando novos caminhos para ex-atletas e revolucionando a forma como a sociedade corporativa norte-americana enxergava o público nas comunidades negras, estão no quarto e último episódio.

Com nomes do calibre de Barack Obama, Michael Jordan, Bill Clinton, Snoop Dogg e Spike Lee (apenas para citar alguns), o documentário é muito competente em humanizar Magic Johnson sem parecer "chapa branca" demais. Embora alguns momentos-chave da carreira do atleta tenham ficado de fora, como a confusão com Kareem Abdul-Jabbar após receber o MVP da Finais de 1979/80, "Meu nome é Magic Johnson" equilibra perfeitamente o trabalho jornalístico e de pesquisa, com depoimentos e imagens de arquivo que acabam oferecendo um olhar esclarecedor e definitivo sobre um cara que esteve a frente do seu tempo dentro de quadra e que pagou o preço por suas escolhas fora dela.

Vale muito a pena!

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"Meu nome é Magic Johnson" tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que se trata de um excelente documentário sobre um dos jogadores mais marcantes e importantes da sua geração, em todos os esportes, que é Magic Johnson; já o lado ruim é que, certamente, se você estiver acompanhando a série da HBO, "Lakers: Hora de Vencer", você vai ter spoilers de pelo menos umas três temporadas!

Revelando entrevistas íntimas com o próprio Magic e outras estrelas do esporte e de diversos segmentos que vão da política à música, sem falar nos familiares e amigos,  “They Call Me Magic” (no original) ilustra a vida e a carreira de um dos maiores ídolos culturais da nossa era com acesso inédito em uma série documental de quatro partes simplesmente imperdível. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo talentoso Rick Famuyiwa, "Meu nome é Magic Johnson" é mais uma excelente opção para aqueles que gostam de documentários sobre ícones do esporte e que, além da jornada profissional, ainda traz para dentro da sua narrativa, muitas curiosidades e passagens marcantes - tanto da carreira como atleta, como nas inúmeras dificuldades pessoais que, inclusive, ajudaram a moldar a idolatria pelo personagem. E olha que Magic Johnson foi longe nos dois sentidos!

Mesmo não gostando muito do apelido, para o próprio Earvin Johnson, “Magic” sempre teve muitos significados. O brilho do sorriso enorme, para ele, era apenas o reflexo do estilo de jogo impressionante que mudou para sempre o basquete - o roteiro foi muito inteligente ao simbolizar essas duas características com passagens marcantes da vida e da carreira de "Magic" e assim se aprofundar nos temas que rodeavam aquele universo temporal. O primeiro episódio e o inicio do segundo, basicamente, acompanham o período retratado na série da HBO: a chegada de Magic na NBA e o titulo conquistado no seu primeiro ano como profissional. Já a conexão magnética que o levou ao amor da sua vida, Cookie, e os embates marcantes contra o Boston Celtics estão no segundo episódio. O choque e o luto depois do diagnóstico do HIV que ele transformou em triunfo, redirecionando o diálogo mundial sobre a doença, superando as probabilidades alarmantes da época até o convite para jogar o All Star Game e depois as Olimpíadas de Barcelona em 1992, estão no terceiro. E finalmente, a ascendência de estrela do esporte ao megaempresário de sucesso, traçando novos caminhos para ex-atletas e revolucionando a forma como a sociedade corporativa norte-americana enxergava o público nas comunidades negras, estão no quarto e último episódio.

Com nomes do calibre de Barack Obama, Michael Jordan, Bill Clinton, Snoop Dogg e Spike Lee (apenas para citar alguns), o documentário é muito competente em humanizar Magic Johnson sem parecer "chapa branca" demais. Embora alguns momentos-chave da carreira do atleta tenham ficado de fora, como a confusão com Kareem Abdul-Jabbar após receber o MVP da Finais de 1979/80, "Meu nome é Magic Johnson" equilibra perfeitamente o trabalho jornalístico e de pesquisa, com depoimentos e imagens de arquivo que acabam oferecendo um olhar esclarecedor e definitivo sobre um cara que esteve a frente do seu tempo dentro de quadra e que pagou o preço por suas escolhas fora dela.

Vale muito a pena!

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Minha História

Antes de mais nada é preciso dizer que "Minha História" ("Becoming", título original) é mais uma peça importante na campanha de marketing do livro de Michelle Obama do que uma obra que possa ser considerada uma profunda biografia ou até mesmo um retrato isento de uma fase da vida da ex-primeira dama. Dito isso, fico muito a vontade em dizer que esse documentário, dirigido pela Nadia Hallgren, é ótimo! O fato da diretora e roteirista usar a turnê de lançamento da auto-biografia de Michelle como pano de fundo, não diminui a importância dos comentários e sentimentos da protagonista sobre sua jornada ao lado do marido na Casa Branca durante 8 anos. O uso de filmagens exclusivas dos bastidores dessa turnê, assim como o formato do evento (com perguntas e respostas ao melhor estilo talk show) funcionam como fio condutor da narrativa que vai pontuando alguns assuntos importantes como o empoderamento feminino, discussões raciais e até comentários sobre dinâmica familiar e educação do filhos, que Michelle expõe com a maior naturalidade e simpatia em escolas, igrejas e em reuniões com sua família e equipe. Confira o trailer:

É claro que o maior mérito do documentário é a presença forte e carismática de Michelle Obama - e como seu próprio marido comentou na rápida aparição que fez em um dos eventos: "Michelle sabe contar boas histórias" - ela tem o dom da oratória e sua inteligência fica absurdamente clara perante a forma como ela conduz os assuntos e se posiciona sem ofender quem assiste, mesmo que a opinião seja contrária. Olha, é impressionante como sua posição de liderança simplesmente flui durante os 90 minutos que a acompanhamos. É claro que vale o play, mas vai soar muito mais agradável fazer um convite: assista "Minha História" e veja como respeito não se impõe, se conquista!

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Antes de mais nada é preciso dizer que "Minha História" ("Becoming", título original) é mais uma peça importante na campanha de marketing do livro de Michelle Obama do que uma obra que possa ser considerada uma profunda biografia ou até mesmo um retrato isento de uma fase da vida da ex-primeira dama. Dito isso, fico muito a vontade em dizer que esse documentário, dirigido pela Nadia Hallgren, é ótimo! O fato da diretora e roteirista usar a turnê de lançamento da auto-biografia de Michelle como pano de fundo, não diminui a importância dos comentários e sentimentos da protagonista sobre sua jornada ao lado do marido na Casa Branca durante 8 anos. O uso de filmagens exclusivas dos bastidores dessa turnê, assim como o formato do evento (com perguntas e respostas ao melhor estilo talk show) funcionam como fio condutor da narrativa que vai pontuando alguns assuntos importantes como o empoderamento feminino, discussões raciais e até comentários sobre dinâmica familiar e educação do filhos, que Michelle expõe com a maior naturalidade e simpatia em escolas, igrejas e em reuniões com sua família e equipe. Confira o trailer:

É claro que o maior mérito do documentário é a presença forte e carismática de Michelle Obama - e como seu próprio marido comentou na rápida aparição que fez em um dos eventos: "Michelle sabe contar boas histórias" - ela tem o dom da oratória e sua inteligência fica absurdamente clara perante a forma como ela conduz os assuntos e se posiciona sem ofender quem assiste, mesmo que a opinião seja contrária. Olha, é impressionante como sua posição de liderança simplesmente flui durante os 90 minutos que a acompanhamos. É claro que vale o play, mas vai soar muito mais agradável fazer um convite: assista "Minha História" e veja como respeito não se impõe, se conquista!

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Mito e Magnata: John Delorean

Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.

"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):

Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".

Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.

"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.

Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!

Vale pela aula e pelo entretenimento!

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Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.

"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):

Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".

Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.

"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.

Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!

Vale pela aula e pelo entretenimento!

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Moneyball

"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.

Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:

Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane. 

Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.

"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.

Imperdível!

Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".

Vale seu play!

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"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.

Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:

Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane. 

Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.

"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.

Imperdível!

Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".

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Mythic Quest

"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):

Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!

Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).

Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!

 "Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.

Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.

O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!

Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!

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"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):

Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!

Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).

Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!

 "Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.

Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.

O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!

Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!

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Na Rota do Dinheiro Sujo

Se você gosta de séries mais provocadoras como "Bad Boys e Bilionários: Índia" ou até de algo mais leve, tipo "entretenimento puro", como "The Con", pode dar o play em "Na Rota do Dinheiro Sujo" que sua diversão está garantida por algumas (boas) horas - até porquê a série já tem duas temporadas disponíveis na Netflix. Bem ao estilo Michael Moore, essa produção indicada ao Critics' Choice Documentary Award em 2018, apresenta uma ampla gama de perspectivas sobre o que existe de pior no ser humano quando o assunto é lucrar descontroladamente - mesmo que para isso muitas pessoas tenham que ser prejudicadas. Chega a embrulhar o estômago, mas é incrível como a narrativa criada pelo Josh Adler (de "Murder on Middle Beach") é envolvente!

Essa é uma série documental que inegavelmente provoca um certo fascínio por mergulhar no obscuro mundo da ganância sob diversas formas de "negócios" e "fraudes". Através de uma investigação detalhada e com relatos de muitos especialistas, jornalistas, autoridades e, claro, os envolvidos nos casos, "Na Rota do Dinheiro Sujo"expõe, sem a menor preocupação, as táticas e os métodos utilizados por indivíduos e organizações para ocultar as artimanhas que os levaram a ganhar muito dinheiro - obviamente proveniente de atividades ilegais. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida, uma das principais qualidades de "Na Rota do Dinheiro Sujo" é sua abordagem profunda, imparcial e objetiva sobre os casos. Digo imparcial porque ela se esforça ao máximo para mostrar sempre os dois lados da história - em alguns episódios isso é mais perceptível, em outros soa mais como uma convenção, porém em ambos os casos, Adler é capaz de criar uma atmosfera de indignação que fica impossível não julgar os envolvidos mesmo quando a complexidade do caso nos impede de ter total compreensão sobre os vieses do problema. Digo isso, pois a série tem sim um aspecto um tanto denso e invariavelmente técnico - isso credibiliza a narrativa, mas não a torna tão simples assim.

A produção também merece muitos elogios: o departamento de pesquisa faz um trabalho minucioso e a  forma como o roteiro se preocupa com a apresentação dos fatos impressiona. Pouco a pouco, a narrativa vai nos fornecendo informações detalhadas sobre casos reais, muitas vezes apoiadas em imagens de arquivo, reconstituições e intervenções gráficas que nos ajudam a conectar os pontos e a entender os fluxos dos pensamentos e, claro, do dinheiro que essas artimanhas geraram. Já no primeiro episódio que desmascara o esquema da Volkswagen para burlar os testes de poluentes nos EUA, temos o exato tom do que vamos encontrar durante toda a temporada.

Embora a série contextualize os casos a partir de uma análise sobre os impactos financeiros, existe uma preocupação em pontuar como a sociedade também é prejudicada pelas fraudes. A produção explora como esse dinheiro sujo pode financiar do tráfico de drogas ao terrorismo, contribuindo assim para a desestabilização de economias e nações inteiras. Essa proposta da série, sem dúvida, cria camadas bastante relevantes, nos proporcionando uma compreensão ainda mais profunda sobre um cenário macro e como a importância do combate a esse tipo de crime deveria ser prioridade - e aqui cabe uma ressalva, já que alguns políticos fecham os olhos com receio do impacto que o assunto pode ter em seus mandatos.

"Dirty Money" (no original) pode ser um desafio para aqueles que não estão familiarizados com os assuntos que a série aborda. Além disso, em certos momentos, sua narrativa pode parecer excessivamente longa ou até repetitiva, mas eu te garanto, envolvido no tema do episódio, essa é uma das melhores séries sobre "fraudes" já produzida. Entretenimento e educação que faz valer o seu play!

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Se você gosta de séries mais provocadoras como "Bad Boys e Bilionários: Índia" ou até de algo mais leve, tipo "entretenimento puro", como "The Con", pode dar o play em "Na Rota do Dinheiro Sujo" que sua diversão está garantida por algumas (boas) horas - até porquê a série já tem duas temporadas disponíveis na Netflix. Bem ao estilo Michael Moore, essa produção indicada ao Critics' Choice Documentary Award em 2018, apresenta uma ampla gama de perspectivas sobre o que existe de pior no ser humano quando o assunto é lucrar descontroladamente - mesmo que para isso muitas pessoas tenham que ser prejudicadas. Chega a embrulhar o estômago, mas é incrível como a narrativa criada pelo Josh Adler (de "Murder on Middle Beach") é envolvente!

Essa é uma série documental que inegavelmente provoca um certo fascínio por mergulhar no obscuro mundo da ganância sob diversas formas de "negócios" e "fraudes". Através de uma investigação detalhada e com relatos de muitos especialistas, jornalistas, autoridades e, claro, os envolvidos nos casos, "Na Rota do Dinheiro Sujo"expõe, sem a menor preocupação, as táticas e os métodos utilizados por indivíduos e organizações para ocultar as artimanhas que os levaram a ganhar muito dinheiro - obviamente proveniente de atividades ilegais. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida, uma das principais qualidades de "Na Rota do Dinheiro Sujo" é sua abordagem profunda, imparcial e objetiva sobre os casos. Digo imparcial porque ela se esforça ao máximo para mostrar sempre os dois lados da história - em alguns episódios isso é mais perceptível, em outros soa mais como uma convenção, porém em ambos os casos, Adler é capaz de criar uma atmosfera de indignação que fica impossível não julgar os envolvidos mesmo quando a complexidade do caso nos impede de ter total compreensão sobre os vieses do problema. Digo isso, pois a série tem sim um aspecto um tanto denso e invariavelmente técnico - isso credibiliza a narrativa, mas não a torna tão simples assim.

A produção também merece muitos elogios: o departamento de pesquisa faz um trabalho minucioso e a  forma como o roteiro se preocupa com a apresentação dos fatos impressiona. Pouco a pouco, a narrativa vai nos fornecendo informações detalhadas sobre casos reais, muitas vezes apoiadas em imagens de arquivo, reconstituições e intervenções gráficas que nos ajudam a conectar os pontos e a entender os fluxos dos pensamentos e, claro, do dinheiro que essas artimanhas geraram. Já no primeiro episódio que desmascara o esquema da Volkswagen para burlar os testes de poluentes nos EUA, temos o exato tom do que vamos encontrar durante toda a temporada.

Embora a série contextualize os casos a partir de uma análise sobre os impactos financeiros, existe uma preocupação em pontuar como a sociedade também é prejudicada pelas fraudes. A produção explora como esse dinheiro sujo pode financiar do tráfico de drogas ao terrorismo, contribuindo assim para a desestabilização de economias e nações inteiras. Essa proposta da série, sem dúvida, cria camadas bastante relevantes, nos proporcionando uma compreensão ainda mais profunda sobre um cenário macro e como a importância do combate a esse tipo de crime deveria ser prioridade - e aqui cabe uma ressalva, já que alguns políticos fecham os olhos com receio do impacto que o assunto pode ter em seus mandatos.

"Dirty Money" (no original) pode ser um desafio para aqueles que não estão familiarizados com os assuntos que a série aborda. Além disso, em certos momentos, sua narrativa pode parecer excessivamente longa ou até repetitiva, mas eu te garanto, envolvido no tema do episódio, essa é uma das melhores séries sobre "fraudes" já produzida. Entretenimento e educação que faz valer o seu play!

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Na Trilha do Sucesso

Definir o elemento essencial que diferencia um profissional ou suas decisões, é praticamente impossível. Existe uma linha que defende que a constância seria esse elemento, outros afirmam que é o estudo (os dados), já alguns preferem acreditar simplesmente no talento natural - eu, pessoalmente, acredito que é um pouco (ou muito) de tudo isso, mas não descarto dois pontos que, no meu entendimento, são cruciais: a "criatividade" e a "paixão"!

"Na Trilha do Sucesso" (ou "Search of Greatness" no original) é daqueles documentários imperdíveis, bem na linha de "Playbook", que através da perspectiva de alguns dos melhores atletas de todos os tempos, tenta explorar a "genialidade esportiva" do ponto de vista da "criatividade" - inclusive com um viés filosófico em muitos momentos. Estudos e depoimentos tentam decifrar o que faz com que alguns esportistas como Wayne Gretzky (hóquei no gelo), Jerry Rice (futebol americano) e Pelé (futebol) sejam praticamente unânimes e soberanos no que fazem, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis. Confira o trailer (em inglês):

O diretor Gabe Polsky (de "Red Army" e "Genius") foi muito inteligente em construir uma narrativa sobre os fatores que levaram alguns atletas a se tornarem ícones de suas respectivas modalidades, trazendo para discussão pontos de vista diferentes, porém complementares - talvez o mais relevante aqui, seja a visão desses próprios atletas e o modo como eles encaram os feitos que realizaram. Ao trazer apenas o topo da pirâmide esportiva (propositalmente) para um bate papo quase informal, Polsky humaniza essas conquistas ao mesmo tempo que consegue fisgar detalhes que normalmente são deixados em segundo plano nesse tipo de estudo - a importância da criatividade para o sucesso é um bom exemplo.

O mágico de "Na Trilha do Sucesso", sem a menor dúvida, são as respostas de Gretzky, Rice e Pelé às perguntas certeiras do próprio Polsky. Aliás, a capacidade de conexão que o diretor tem com cada um dos atletas chega a ser impressionante. O roteiro traz para a discussão outros fenômenos como Tom Brady, Garrincha, Roger Federer, Michael Jordan, Rocky Marciano, Serena Williams, entre muitos outros. Quando o escritor e pesquisador Ken Robinson, uma referência sobre a importância da criatividade e um dos maiores defensores do conceito de "escolas criativas", analisa e nos explica como algumas características dos atletas impactaram nos seus resultados ao longo da carreira - é aí que temos a exata noção de como a criatividade fez a diferença. Reparem quando Richard "Dick" Douglas Fosbury é citado por revolucionar o salto em altura, criando uma técnica inovadora de saltar de costas para conseguir melhores resultados ou até nas analogias que Robinson faz com arte a partir de nomes como David Bowie e os Beatles.

O repórter David Epstein também está no documentário. Autor de 2 livros: "Gama: Por que os generalistas triunfam em um mundo especializado" (um dos mais vendidos do New York Times) e "The Sports Gene: Inside the Science of Extraordinary Athletic Performance" (outro best-seller também do New York Times), Epstein nos orienta através de casos muito particulares de atletas de alta performance. O testemunho dele sobre o aquecimento de Roger Federer no US Open é simplesmente genial!

O fato é que "Na Trilha do Sucesso" é mais uma aula sobre performance! Se você é apaixonado por esporte e enxerga nesses gênios, habilidades e conceitos que facilmente podemos aplicar na nossa vida empreendedora, te afirmo sem o menor medo de errar: esse documentário é essencial para qualquer tipo de discussão sobre o assunto! Uma verdadeira jóia escondida no catálogo de um serviço streaming que trago para você!

Antes de finalizar, uma lição que você vai encontrar em "Na Trilha do Sucesso": "As pessoas engenhosas e criativas não se prendem a definições fixas de como a vida ou a realidade devem ser. Elas tem a ambição de que querer dominar uma área e capacidade de aprender para alcançar esse objetivo." 

Vale muito a pena!

Assista Agora

Definir o elemento essencial que diferencia um profissional ou suas decisões, é praticamente impossível. Existe uma linha que defende que a constância seria esse elemento, outros afirmam que é o estudo (os dados), já alguns preferem acreditar simplesmente no talento natural - eu, pessoalmente, acredito que é um pouco (ou muito) de tudo isso, mas não descarto dois pontos que, no meu entendimento, são cruciais: a "criatividade" e a "paixão"!

"Na Trilha do Sucesso" (ou "Search of Greatness" no original) é daqueles documentários imperdíveis, bem na linha de "Playbook", que através da perspectiva de alguns dos melhores atletas de todos os tempos, tenta explorar a "genialidade esportiva" do ponto de vista da "criatividade" - inclusive com um viés filosófico em muitos momentos. Estudos e depoimentos tentam decifrar o que faz com que alguns esportistas como Wayne Gretzky (hóquei no gelo), Jerry Rice (futebol americano) e Pelé (futebol) sejam praticamente unânimes e soberanos no que fazem, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis. Confira o trailer (em inglês):

O diretor Gabe Polsky (de "Red Army" e "Genius") foi muito inteligente em construir uma narrativa sobre os fatores que levaram alguns atletas a se tornarem ícones de suas respectivas modalidades, trazendo para discussão pontos de vista diferentes, porém complementares - talvez o mais relevante aqui, seja a visão desses próprios atletas e o modo como eles encaram os feitos que realizaram. Ao trazer apenas o topo da pirâmide esportiva (propositalmente) para um bate papo quase informal, Polsky humaniza essas conquistas ao mesmo tempo que consegue fisgar detalhes que normalmente são deixados em segundo plano nesse tipo de estudo - a importância da criatividade para o sucesso é um bom exemplo.

O mágico de "Na Trilha do Sucesso", sem a menor dúvida, são as respostas de Gretzky, Rice e Pelé às perguntas certeiras do próprio Polsky. Aliás, a capacidade de conexão que o diretor tem com cada um dos atletas chega a ser impressionante. O roteiro traz para a discussão outros fenômenos como Tom Brady, Garrincha, Roger Federer, Michael Jordan, Rocky Marciano, Serena Williams, entre muitos outros. Quando o escritor e pesquisador Ken Robinson, uma referência sobre a importância da criatividade e um dos maiores defensores do conceito de "escolas criativas", analisa e nos explica como algumas características dos atletas impactaram nos seus resultados ao longo da carreira - é aí que temos a exata noção de como a criatividade fez a diferença. Reparem quando Richard "Dick" Douglas Fosbury é citado por revolucionar o salto em altura, criando uma técnica inovadora de saltar de costas para conseguir melhores resultados ou até nas analogias que Robinson faz com arte a partir de nomes como David Bowie e os Beatles.

O repórter David Epstein também está no documentário. Autor de 2 livros: "Gama: Por que os generalistas triunfam em um mundo especializado" (um dos mais vendidos do New York Times) e "The Sports Gene: Inside the Science of Extraordinary Athletic Performance" (outro best-seller também do New York Times), Epstein nos orienta através de casos muito particulares de atletas de alta performance. O testemunho dele sobre o aquecimento de Roger Federer no US Open é simplesmente genial!

O fato é que "Na Trilha do Sucesso" é mais uma aula sobre performance! Se você é apaixonado por esporte e enxerga nesses gênios, habilidades e conceitos que facilmente podemos aplicar na nossa vida empreendedora, te afirmo sem o menor medo de errar: esse documentário é essencial para qualquer tipo de discussão sobre o assunto! Uma verdadeira jóia escondida no catálogo de um serviço streaming que trago para você!

Antes de finalizar, uma lição que você vai encontrar em "Na Trilha do Sucesso": "As pessoas engenhosas e criativas não se prendem a definições fixas de como a vida ou a realidade devem ser. Elas tem a ambição de que querer dominar uma área e capacidade de aprender para alcançar esse objetivo." 

Vale muito a pena!

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Não confie em ninguém

"Não existe almoço grátis" - essa é uma expressão que usamos para classificar aqueles investimentos que expõem a ganância de pessoas que acreditam que podem ganhar muito dinheiro, rapidamente e com pouco risco; mas que na verdade não existem. A equação é muito simples: quanto maior o lucro, maior o risco - tudo que for diferente disso, pode desconfiar que tem algo errado. Em "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas" muitas pessoas embarcaram no hype dessa nova modalidade de investimento, as criptomoedas, e não se preocuparam em fazer a lição de casa de pesquisar sobre a empresa (e seus fundadores) que movimentaria seus ativos. O resultado: golpe!

O documentário além de explorar o misterioso caso da agência de criptomoedas canadense QuadrigaCX (definida por muitos como a maior do país) e a suposta morte do seu fundador Gerald “Gerry” Cotten que gerou um prejuízo de mais de 200  milhões de dólares para seus clientes, também pontua todas as teorias criadas em torno do caso e as investigações que foram feitas na época. Confira o trailer (em inglês):

Muito mais do que criar uma atmosfera conspiratória, "Trust No One: The Hunt for the Crypto King" (no original) funciona como um aviso! Talvez a frase de um dos entrevistados defina muito bem a dicotomia que é embarcar em uma oportunidade que parece única (e que muitos se beneficiam com ela): "eu confio muito mais na tecnologia, do que nas pessoas!". Ao assistir o documentário, original da Netflix, entendemos perfeitamente como Gerry Cotten construiu um império as custas da ingenuidade (e ganância) das pessoas. Seu estilo NERD ajudou a passar uma imagem de confiança, mas seu modo de agir em pouco difere do que fez Bernie Madoff em Wall Street (talvez o volume do golpe, mas acho que vale a comparação) - mais uma vez o Esquema Ponzi entra em ação (para saber mais sobre o assunto, sugiro que assistam "O Mago das Mentiras").

Embora o documentário faça um recorte interessante e fácil de entender sobre o que fez as pessoas passarem a considerar as criptomoedas como possibilidade de diversificação na carteira de investimentos, o diretor Luke Sewell foca mesmo no processo de investigação feito pelos próprios investidores lesados pela QuadrigaCX e por  seu fundador. Obviamente que a morte prematura de Cotten, na Índia e justamente quando as pessoas viam o valor das criptos desabarem, gerou desconfiança. A partir de um grupo de Telegram, essas pessoas iniciam uma verdadeira força-tarefa para tentar reaver o dinheiro (perdido). Um dos personagens mais interessantes atende pelo apelido QCXINT - de máscara e com a voz distorcida, ele dá detalhes de toda a linha do tempo que resultou na resolução de todo mistério. Pela quantia superior a seis dígitos que ele perdeu, e pelo cuidado em nunca mostrar sua identidade, desconfio que seja alguém bem importante que também caiu no golpe.

"Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda" é um documentário rápido, de 90 minutos, interessante e dinâmico, além de muito curioso. Se olharmos por uma perspectiva mais antropológica, fica fácil perceber como o ser humano tem a tendência a querer justificar suas falhas (ou seus erros de julgamento) através da genialidade de quem conseguiu engana-lo. Muito mais do que genial, talvez a esperteza seja a qualidade de quem engana ao tocar no ponto que mais faz o olho da vitima brilhar: normalmente dinheiro fácil ou poder. A reflexão é boa, e o documentário também!

Vale o seu play!

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"Não existe almoço grátis" - essa é uma expressão que usamos para classificar aqueles investimentos que expõem a ganância de pessoas que acreditam que podem ganhar muito dinheiro, rapidamente e com pouco risco; mas que na verdade não existem. A equação é muito simples: quanto maior o lucro, maior o risco - tudo que for diferente disso, pode desconfiar que tem algo errado. Em "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas" muitas pessoas embarcaram no hype dessa nova modalidade de investimento, as criptomoedas, e não se preocuparam em fazer a lição de casa de pesquisar sobre a empresa (e seus fundadores) que movimentaria seus ativos. O resultado: golpe!

O documentário além de explorar o misterioso caso da agência de criptomoedas canadense QuadrigaCX (definida por muitos como a maior do país) e a suposta morte do seu fundador Gerald “Gerry” Cotten que gerou um prejuízo de mais de 200  milhões de dólares para seus clientes, também pontua todas as teorias criadas em torno do caso e as investigações que foram feitas na época. Confira o trailer (em inglês):

Muito mais do que criar uma atmosfera conspiratória, "Trust No One: The Hunt for the Crypto King" (no original) funciona como um aviso! Talvez a frase de um dos entrevistados defina muito bem a dicotomia que é embarcar em uma oportunidade que parece única (e que muitos se beneficiam com ela): "eu confio muito mais na tecnologia, do que nas pessoas!". Ao assistir o documentário, original da Netflix, entendemos perfeitamente como Gerry Cotten construiu um império as custas da ingenuidade (e ganância) das pessoas. Seu estilo NERD ajudou a passar uma imagem de confiança, mas seu modo de agir em pouco difere do que fez Bernie Madoff em Wall Street (talvez o volume do golpe, mas acho que vale a comparação) - mais uma vez o Esquema Ponzi entra em ação (para saber mais sobre o assunto, sugiro que assistam "O Mago das Mentiras").

Embora o documentário faça um recorte interessante e fácil de entender sobre o que fez as pessoas passarem a considerar as criptomoedas como possibilidade de diversificação na carteira de investimentos, o diretor Luke Sewell foca mesmo no processo de investigação feito pelos próprios investidores lesados pela QuadrigaCX e por  seu fundador. Obviamente que a morte prematura de Cotten, na Índia e justamente quando as pessoas viam o valor das criptos desabarem, gerou desconfiança. A partir de um grupo de Telegram, essas pessoas iniciam uma verdadeira força-tarefa para tentar reaver o dinheiro (perdido). Um dos personagens mais interessantes atende pelo apelido QCXINT - de máscara e com a voz distorcida, ele dá detalhes de toda a linha do tempo que resultou na resolução de todo mistério. Pela quantia superior a seis dígitos que ele perdeu, e pelo cuidado em nunca mostrar sua identidade, desconfio que seja alguém bem importante que também caiu no golpe.

"Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda" é um documentário rápido, de 90 minutos, interessante e dinâmico, além de muito curioso. Se olharmos por uma perspectiva mais antropológica, fica fácil perceber como o ser humano tem a tendência a querer justificar suas falhas (ou seus erros de julgamento) através da genialidade de quem conseguiu engana-lo. Muito mais do que genial, talvez a esperteza seja a qualidade de quem engana ao tocar no ponto que mais faz o olho da vitima brilhar: normalmente dinheiro fácil ou poder. A reflexão é boa, e o documentário também!

Vale o seu play!

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Naomi Osaka: Estrela do Tênis

É impossível assistir os primeiros minutos da série documental da Netflix, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" e não lembrar do recente "King Richard" - a jornada é muito parecida, porém tendo como protagonista uma asiática de 20 e poucos anos que, curiosamente, chega ao estrelato ao derrotar justamente a americana Serena Williams na final do Aberto dos Estados Unidos de 2018. Dirigido pela Garrett Bradley (indicada ao Oscar pelo excelente e imperdível "Time"), essa é mais uma produção de LeBron e Maverick Carter da Uninterrupted, empresa responsável, entre outros, pelo documentário "Neymar - O Caos Perfeito".

Em três episódios, o documentário é um olhar íntimo sobre a vida de uma das mais dotadas e complexas atletas da sua geração. Uma perspetiva sobre as duras decisões e os incríveis triunfos que definem Naomi Osaka simultaneamente como uma superestrela de elite mundial e uma jovem que precisa lidar com uma enorme pressão graças ao mundo conectado de hoje. Confira o trailer:

Com uma linha narrativa bem construída, mas sem se aprofundar muito nos assuntos levantados pelo roteiro, a série segue uma linha bem de observação, com pouca ou nenhuma influência da diretora na condução da história, fazendo com que a audiência seja um olhar curioso sobre o dia a dia da atleta. Através de um acesso inédito, Bradley acompanha Osaka durante dois anos - talvez os mais importantes na vida dela até aqui. São os anos de transformação esportiva, mas também uma época onde ela começa a encontrar a sua voz e compreender seu poder como referência na modalidade.

O interessante é que vemos a preparação para defender os dois títulos de Grand Slam que ela conquistou no ano anterior, da mesma forma em que ela se coloca como defensora dos direitos humanos usando máscaras com o nome de pessoas afro-americanas que perderam suas vidas covardemente. Outro ponto interessante é o seu processo de luto pela perda inesperada do seu mentor e amigo Kobe Bryant - e como isso impactou na sua performance nas quadras. Talvez o pouco esforço do roteiro em humanizar Osaka seja uma das coisas mais surpreendentes da narrativa (diferente do documentário de Neymar, por exemplo) - sua relação com a tenista americana de 15 anos, Cori Gauff, é real e muito bacana por isso. Quando Osaka perde para Gauff, sua naturalidade em dizer o quanto aquilo foi ruim, mesmo gostando da adversária, é muito honesto!

Com essa abordagem empática, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis"  brilha pelas curiosidades: seja pelo infernal programa de treinos e viagens, ou pela exploração de todas as camadas de pressão que a atleta está sujeita - é de se compreender o histórico de ansiedade, medos, perdas, derrotas, reinvenção, vitórias e posicionamento perante a importância da saúde mental que Osaka encabeçou ao lado de Simone Biles. Ela mesmo faz uma auto-avaliação sobre a necessidade de desenvolver seu mindset vencedor para mudar de patamar como atleta.

O fato é que, pelo esporte e pela figura marcante, a série vale muito a pena!

Assista Agora

É impossível assistir os primeiros minutos da série documental da Netflix, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" e não lembrar do recente "King Richard" - a jornada é muito parecida, porém tendo como protagonista uma asiática de 20 e poucos anos que, curiosamente, chega ao estrelato ao derrotar justamente a americana Serena Williams na final do Aberto dos Estados Unidos de 2018. Dirigido pela Garrett Bradley (indicada ao Oscar pelo excelente e imperdível "Time"), essa é mais uma produção de LeBron e Maverick Carter da Uninterrupted, empresa responsável, entre outros, pelo documentário "Neymar - O Caos Perfeito".

Em três episódios, o documentário é um olhar íntimo sobre a vida de uma das mais dotadas e complexas atletas da sua geração. Uma perspetiva sobre as duras decisões e os incríveis triunfos que definem Naomi Osaka simultaneamente como uma superestrela de elite mundial e uma jovem que precisa lidar com uma enorme pressão graças ao mundo conectado de hoje. Confira o trailer:

Com uma linha narrativa bem construída, mas sem se aprofundar muito nos assuntos levantados pelo roteiro, a série segue uma linha bem de observação, com pouca ou nenhuma influência da diretora na condução da história, fazendo com que a audiência seja um olhar curioso sobre o dia a dia da atleta. Através de um acesso inédito, Bradley acompanha Osaka durante dois anos - talvez os mais importantes na vida dela até aqui. São os anos de transformação esportiva, mas também uma época onde ela começa a encontrar a sua voz e compreender seu poder como referência na modalidade.

O interessante é que vemos a preparação para defender os dois títulos de Grand Slam que ela conquistou no ano anterior, da mesma forma em que ela se coloca como defensora dos direitos humanos usando máscaras com o nome de pessoas afro-americanas que perderam suas vidas covardemente. Outro ponto interessante é o seu processo de luto pela perda inesperada do seu mentor e amigo Kobe Bryant - e como isso impactou na sua performance nas quadras. Talvez o pouco esforço do roteiro em humanizar Osaka seja uma das coisas mais surpreendentes da narrativa (diferente do documentário de Neymar, por exemplo) - sua relação com a tenista americana de 15 anos, Cori Gauff, é real e muito bacana por isso. Quando Osaka perde para Gauff, sua naturalidade em dizer o quanto aquilo foi ruim, mesmo gostando da adversária, é muito honesto!

Com essa abordagem empática, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis"  brilha pelas curiosidades: seja pelo infernal programa de treinos e viagens, ou pela exploração de todas as camadas de pressão que a atleta está sujeita - é de se compreender o histórico de ansiedade, medos, perdas, derrotas, reinvenção, vitórias e posicionamento perante a importância da saúde mental que Osaka encabeçou ao lado de Simone Biles. Ela mesmo faz uma auto-avaliação sobre a necessidade de desenvolver seu mindset vencedor para mudar de patamar como atleta.

O fato é que, pelo esporte e pela figura marcante, a série vale muito a pena!

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O Caos Perfeito

"Neymar - O Caos Perfeito" talvez seja um dos reviews mais complicados que já escrevi até hoje e explico a razão: existe um abismo enorme entre uma obra audiovisual de extrema qualidade e a sua necessidade de encontrar uma história que agrade uma grande audiência - e aqui o documentário do diretor David Charles Rodrigues, na minha opinião, não assumiu nenhum dos lados.

Então a minissérie é ruim? Não, mas poderia ser muito melhor!

Desde o lançamento primeiro teaser, a obra prometia resgatar parte da história do jogador e ainda acompanhar sua ascensão à fama desde a época em que jogava no Santos, seus dias de glória no Barcelona e ainda toda montanha-russa que já viveu com a Seleção Brasileira e com o Paris Saint Germain. "Neymar: O Caos Perfeito" também queria revelar um lado profissional pouco explorado pela mídia, mas muito usada pelos seus críticos: a máquina de marketing por trás do jogador, comandada por seu pai, Neymar da Silva Santos, mais conhecido como Neymar Pai. Veja o trailer, antes de seguirmos com a discussão:

Embora seja um viciado em esporte e um fã declarado do Neymar, minha função aqui é analisar a minissérie da Netflix, não as razões pela qual muitos dizem que o jogador nunca será o melhor do mundo ou que não levará nossa Seleção ao título de uma Copa - afirmações, aliás, que discordo completamente. Pois bem, ao assistir os três episódios de "Neymar - O Caos Perfeito" tive a nítida impressão que a Netflix jogou fora uma oportunidade única de reconstruir a trajetória de Neymar com um aprofundamento e um cuidado que o personagem merecia. A questão que mais me incomodou foi a superficialidade como roteiro trata sobre alguns assuntos tão sensíveis como a contusão que tirou o jogador da Copa de 2014, a forma como ele quis sair do PSG antes de finalizar seu contrato ou até a acusação de estupro que o jogador sofreu em 2019.

Fazendo um comparativo, a série do Star+, "Man in the Arena" (que traz um recorte bastante interessante da vida e da carreira de Tom Brady em nove episódios) está anos luz na frente "O Caos Perfeito". Não existe a menor comparação entre as obras e muitos dirão que entre os personagens também - eu, mais uma vez, discordo. Se pegarmos a minissérie que contou a história da dupla "Sandy & Jr", para saírmos um pouco do ambiente esportivo e nos aproximarmos de uma produção 100% nacional com personagens realmente relevantes, vemos que as possibilidades seriam enormes na mão de um diretor como o Douglas Aguilar. É claro que as condições de produção devem ser levadas em consideração e que qualquer tipo de interferência não deve existir - que, pelo que vi na própria minissérie, deve ter sido enorme.

O fato é que "Neymar - O Caos Perfeito" tem tudo que sua sinopse vende, mas na verdade é muito mais um retrato superficial de várias passagens da vida e da carreira do jogador, do que um exercício em buscar algumas repostas que muitas pessoas gostariam de encontrar sobre cada uma dessas passagens. Veja, essas respostas existem e em alguns lampejos do documentário vemos isso: a relação entre o atleta e seu pai talvez seja a prova dessa tese e que não por acaso, foi o grande destaque da minissérie. Independente de julgamentos ou opniões pessoais, é claro que o tamanho do Neymar mereceria um cuidado maior da produção. Se artisticamente a minissérie é bem construída, tecnicamente deixa um pouco a desejar, principalmente no roteiro - mas o que falta mesmo é "alma" e, sinceramente, torço para que essa história ainda seja muito longa (e vitoriosa) para termos uma outra chance de mostrar um olhar mais humano sobre Neymar.

"Neymar - O Caos Perfeito" vale seu play, mas vai funcionar mais como curiosidade do que como uma obra definitiva sobre um dos maiores jogadores de todos os tempos - gostem ou não dessa afirmação!

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"Neymar - O Caos Perfeito" talvez seja um dos reviews mais complicados que já escrevi até hoje e explico a razão: existe um abismo enorme entre uma obra audiovisual de extrema qualidade e a sua necessidade de encontrar uma história que agrade uma grande audiência - e aqui o documentário do diretor David Charles Rodrigues, na minha opinião, não assumiu nenhum dos lados.

Então a minissérie é ruim? Não, mas poderia ser muito melhor!

Desde o lançamento primeiro teaser, a obra prometia resgatar parte da história do jogador e ainda acompanhar sua ascensão à fama desde a época em que jogava no Santos, seus dias de glória no Barcelona e ainda toda montanha-russa que já viveu com a Seleção Brasileira e com o Paris Saint Germain. "Neymar: O Caos Perfeito" também queria revelar um lado profissional pouco explorado pela mídia, mas muito usada pelos seus críticos: a máquina de marketing por trás do jogador, comandada por seu pai, Neymar da Silva Santos, mais conhecido como Neymar Pai. Veja o trailer, antes de seguirmos com a discussão:

Embora seja um viciado em esporte e um fã declarado do Neymar, minha função aqui é analisar a minissérie da Netflix, não as razões pela qual muitos dizem que o jogador nunca será o melhor do mundo ou que não levará nossa Seleção ao título de uma Copa - afirmações, aliás, que discordo completamente. Pois bem, ao assistir os três episódios de "Neymar - O Caos Perfeito" tive a nítida impressão que a Netflix jogou fora uma oportunidade única de reconstruir a trajetória de Neymar com um aprofundamento e um cuidado que o personagem merecia. A questão que mais me incomodou foi a superficialidade como roteiro trata sobre alguns assuntos tão sensíveis como a contusão que tirou o jogador da Copa de 2014, a forma como ele quis sair do PSG antes de finalizar seu contrato ou até a acusação de estupro que o jogador sofreu em 2019.

Fazendo um comparativo, a série do Star+, "Man in the Arena" (que traz um recorte bastante interessante da vida e da carreira de Tom Brady em nove episódios) está anos luz na frente "O Caos Perfeito". Não existe a menor comparação entre as obras e muitos dirão que entre os personagens também - eu, mais uma vez, discordo. Se pegarmos a minissérie que contou a história da dupla "Sandy & Jr", para saírmos um pouco do ambiente esportivo e nos aproximarmos de uma produção 100% nacional com personagens realmente relevantes, vemos que as possibilidades seriam enormes na mão de um diretor como o Douglas Aguilar. É claro que as condições de produção devem ser levadas em consideração e que qualquer tipo de interferência não deve existir - que, pelo que vi na própria minissérie, deve ter sido enorme.

O fato é que "Neymar - O Caos Perfeito" tem tudo que sua sinopse vende, mas na verdade é muito mais um retrato superficial de várias passagens da vida e da carreira do jogador, do que um exercício em buscar algumas repostas que muitas pessoas gostariam de encontrar sobre cada uma dessas passagens. Veja, essas respostas existem e em alguns lampejos do documentário vemos isso: a relação entre o atleta e seu pai talvez seja a prova dessa tese e que não por acaso, foi o grande destaque da minissérie. Independente de julgamentos ou opniões pessoais, é claro que o tamanho do Neymar mereceria um cuidado maior da produção. Se artisticamente a minissérie é bem construída, tecnicamente deixa um pouco a desejar, principalmente no roteiro - mas o que falta mesmo é "alma" e, sinceramente, torço para que essa história ainda seja muito longa (e vitoriosa) para termos uma outra chance de mostrar um olhar mais humano sobre Neymar.

"Neymar - O Caos Perfeito" vale seu play, mas vai funcionar mais como curiosidade do que como uma obra definitiva sobre um dos maiores jogadores de todos os tempos - gostem ou não dessa afirmação!

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