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O Último Duelo

"O Último Duelo" não é um filme de ação, de disputas politicas ou religiosas, de traição ou violência - embora tenha tudo isso. "O Último Duelo" é um drama (profundo) sobre a verdade, mesmo que essa venha mascarada por um contexto de época onde a misoginia e o patriarcado significavam honra e virilidade. O roteiro escrito por Matt Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener, é baseado em um livro sobre o último duelo judicial oficialmente reconhecido na França, mas que chega acompanhado por um subtexto atual e importante que ganha muita potência na mão (e na cabeça) criativa de Ridley Scott que resolveu contar a mesma história a partir de três diferentes perspectivas. 

No filme acompanhamos a história real de uma mulher francesa do século XIV, Marguerite de Carrouges (Jodie Comer), que desafiou os costumes medievais ao denunciar e levar a julgamento o homem que a violentou, Jacque Le Cris (Adam Driver), ex-companheiro de batalhas e desafeto de seu marido, Jean de Carrouges (Matt Damon). Confira o trailer:

Embora "O Último Duelo" tenha sido muito criticado por se preocupar mais em estabelecer a rivalidade entre Le Cris e Jean de Carrouges, do que pela luta por justiça de Marguerite em uma época em que a Igreja ditava as regras e um Rei simplesmente as aplicava de acordo com sua vontade, eu gostei e, sinceramente, não tive essa leitura - muito pelo contrário, o valor das circunstâncias que levaram ao duelo, para mim, são muito mais potentes do que as disputas carregadas de vaidade entre os personagens, porém Scott usa desse gatilho para gerar entretenimento ao mesmo tempo em que cria pontos de reflexão sobre o ato sofrido por Marguerite.

Partindo do conceito de que uma história possui três versões, "O Último Duelo" se aproveita de uma montagem competente da Claire Simpson (vencedora do Oscar pelo inesquecível "Platoon") para criar uma dinâmica narrativa muito interessante e provocadora - reparem como vamos mudando nossa "interpretação da verdade" a cada perspectiva. Pois bem, alinhado a isso, Scott vai entregando pequenos detalhes que vão diferenciando cada uma das versões - são pequenas nuances, diálogos em ordens diferentes e até olhares significantes que vão remodelando a narrativa. É muito bacana!

Alternando cenas de batalhas (sangrentas) bem construídas, que nos lembram os bons tempos de Scott comandando "Gladiador" (2000), com momentos bastante intimistas mesmo envolto a crueldade daquele universo, "O Último Duelo" deve agradar uma audiência mais sensível aos assuntos que exigem um olhar menos superficial e também aqueles que buscam, simplesmente, entretenimento de qualidade. Tecnicamente muito seguro como sempre, Scott sabe o seu valor, marcando essa condução tão polarizada com planos perfeitos e movimentos de câmera belíssimos, sem falar, é claro, da marcante fotografia cinzenta e sombria (ao melhor estilo Game of Thrones) de Dariusz Wolski (de "Relatos do Mundo").

Olha, vale muito o seu play!

Assista Agora

"O Último Duelo" não é um filme de ação, de disputas politicas ou religiosas, de traição ou violência - embora tenha tudo isso. "O Último Duelo" é um drama (profundo) sobre a verdade, mesmo que essa venha mascarada por um contexto de época onde a misoginia e o patriarcado significavam honra e virilidade. O roteiro escrito por Matt Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener, é baseado em um livro sobre o último duelo judicial oficialmente reconhecido na França, mas que chega acompanhado por um subtexto atual e importante que ganha muita potência na mão (e na cabeça) criativa de Ridley Scott que resolveu contar a mesma história a partir de três diferentes perspectivas. 

No filme acompanhamos a história real de uma mulher francesa do século XIV, Marguerite de Carrouges (Jodie Comer), que desafiou os costumes medievais ao denunciar e levar a julgamento o homem que a violentou, Jacque Le Cris (Adam Driver), ex-companheiro de batalhas e desafeto de seu marido, Jean de Carrouges (Matt Damon). Confira o trailer:

Embora "O Último Duelo" tenha sido muito criticado por se preocupar mais em estabelecer a rivalidade entre Le Cris e Jean de Carrouges, do que pela luta por justiça de Marguerite em uma época em que a Igreja ditava as regras e um Rei simplesmente as aplicava de acordo com sua vontade, eu gostei e, sinceramente, não tive essa leitura - muito pelo contrário, o valor das circunstâncias que levaram ao duelo, para mim, são muito mais potentes do que as disputas carregadas de vaidade entre os personagens, porém Scott usa desse gatilho para gerar entretenimento ao mesmo tempo em que cria pontos de reflexão sobre o ato sofrido por Marguerite.

Partindo do conceito de que uma história possui três versões, "O Último Duelo" se aproveita de uma montagem competente da Claire Simpson (vencedora do Oscar pelo inesquecível "Platoon") para criar uma dinâmica narrativa muito interessante e provocadora - reparem como vamos mudando nossa "interpretação da verdade" a cada perspectiva. Pois bem, alinhado a isso, Scott vai entregando pequenos detalhes que vão diferenciando cada uma das versões - são pequenas nuances, diálogos em ordens diferentes e até olhares significantes que vão remodelando a narrativa. É muito bacana!

Alternando cenas de batalhas (sangrentas) bem construídas, que nos lembram os bons tempos de Scott comandando "Gladiador" (2000), com momentos bastante intimistas mesmo envolto a crueldade daquele universo, "O Último Duelo" deve agradar uma audiência mais sensível aos assuntos que exigem um olhar menos superficial e também aqueles que buscam, simplesmente, entretenimento de qualidade. Tecnicamente muito seguro como sempre, Scott sabe o seu valor, marcando essa condução tão polarizada com planos perfeitos e movimentos de câmera belíssimos, sem falar, é claro, da marcante fotografia cinzenta e sombria (ao melhor estilo Game of Thrones) de Dariusz Wolski (de "Relatos do Mundo").

Olha, vale muito o seu play!

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A Lenda do Cavaleiro Verde

"A Lenda do Cavaleiro Verde" é um belíssimo filme, cheio de simbolismo e que retrata a jornada de um homem em busca de auto-conhecimento e que acaba encontrando na reciprocidade as respostas do real significado de "honra". Dirigido pelo talentoso David Lowery, do profundo e cheio de identidade, "A Ghost Story", essa adaptação do conto "Sir Gawain and the Green Knight" é muito mais um profundo drama existencial do que um épico de ação e aventura - mesmo com muitos elementos de fantasia inseridos em um roteiro simplesmente fabuloso, mas difícil (que vai exigir uma busca incansável por interpretações e teorias ao melhor estilo "Mãe!" do Darren Aronofsky).

Sir Gawain (Dev Patel) é um jovem que almeja ser um cavaleiro e que vive à sombra de seu tio, o poderoso Rei Arthur (Sean Harris). Na noite de Natal, uma criatura conhecida como o Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) faz um desafio e Gawain aceita, entrando em uma jornada de descoberta e crescimento. Confira o trailer (em inglês):

Apenas para alinharmos as expectativas, é preciso que se diga que o diretor David Lowery tem como característica bastante marcante, imergir pelas mais profundas camadas de um personagem e até criar uma certa relação de enfrentamento com esses fantasmas mais íntimos - essa personalidade cinematográfica, naturalmente, transforma suas narrativas em um processo de identificação mais lento, onde a dinâmica textual se apega muito mais aos detalhes do que ao movimento - digo isso, pois se você está esperando as batalhas medievais de "O Último Duelo"você vai se decepcionar, já que "A Lenda do Cavaleiro Verde" está muito mais para "A Tragédia de Macbeth".

Talvez o maior mérito do roteiro, seja justamente a característica que mais pode afastar a audiência (ou, no mínimo, dividir suas opinões): não estamos falando de um filme onde as perguntas ou as respostas são fáceis. Você não vai encontrar algo claro ou explícito e muito menos entenderá imediatamente o significado de alguns elementos lendários que aparecem pelo caminho de Sir Gawain. Por exemplo: no capítulo "cortesia", Gawain encontra uma cabana que parece abandonada há muito tempo, nela ele se depara com Winifred - e aí vem a riqueza da narrativa: "Winifred" ou Santa Vinifrida (em português) foi uma mártir galesa do século VII que teve a cabeça separada do seu corpo e jogada em um lago, onde depois foi recuperada e ela teria voltado à vida. Esse lago passou a se chamar Holyhead ou Holywell no País de Gales, e acredita-se ter poderes de cura. Você sabia disso? Pois é, eu também não, mas não é incrível enriquecer uma narrativa com tantos elementos desconhecidos e que depois de um aprofundamento maior coloca a história em outro patamar?

"A Lenda do Cavaleiro Verde" tem muito disso: um roteiro complexo, uma direção impecável e atuações "nível Oscar" - Dev Patel mais uma vez está fantástico, seu trabalho de introspecção é algo para se aplaudir de pé e, no mesmo nível, uma Alicia Vikander espetacular para contracenar. Veja, esse é o tipo de filme que nos faz refletir, que nos provoca e que abdica da ação para nos contar uma história de crescimento individual que vai além do que vemos na tela - nada estará em cena por acaso e, do fundo do coração, a experiência de buscar essas repostas é tão empolgante quanto a do protagonista.

Não acho que "A Lenda do Cavaleiro Verde" sirva como um simples entretenimento - o filme segue um caminho que vai além da nossa compreensão inicial, mas que, dispostos a enxergar, nos entrega um conhecimento muito além do óbvio. Vale muito a pena! 

Assista Agora

"A Lenda do Cavaleiro Verde" é um belíssimo filme, cheio de simbolismo e que retrata a jornada de um homem em busca de auto-conhecimento e que acaba encontrando na reciprocidade as respostas do real significado de "honra". Dirigido pelo talentoso David Lowery, do profundo e cheio de identidade, "A Ghost Story", essa adaptação do conto "Sir Gawain and the Green Knight" é muito mais um profundo drama existencial do que um épico de ação e aventura - mesmo com muitos elementos de fantasia inseridos em um roteiro simplesmente fabuloso, mas difícil (que vai exigir uma busca incansável por interpretações e teorias ao melhor estilo "Mãe!" do Darren Aronofsky).

Sir Gawain (Dev Patel) é um jovem que almeja ser um cavaleiro e que vive à sombra de seu tio, o poderoso Rei Arthur (Sean Harris). Na noite de Natal, uma criatura conhecida como o Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) faz um desafio e Gawain aceita, entrando em uma jornada de descoberta e crescimento. Confira o trailer (em inglês):

Apenas para alinharmos as expectativas, é preciso que se diga que o diretor David Lowery tem como característica bastante marcante, imergir pelas mais profundas camadas de um personagem e até criar uma certa relação de enfrentamento com esses fantasmas mais íntimos - essa personalidade cinematográfica, naturalmente, transforma suas narrativas em um processo de identificação mais lento, onde a dinâmica textual se apega muito mais aos detalhes do que ao movimento - digo isso, pois se você está esperando as batalhas medievais de "O Último Duelo"você vai se decepcionar, já que "A Lenda do Cavaleiro Verde" está muito mais para "A Tragédia de Macbeth".

Talvez o maior mérito do roteiro, seja justamente a característica que mais pode afastar a audiência (ou, no mínimo, dividir suas opinões): não estamos falando de um filme onde as perguntas ou as respostas são fáceis. Você não vai encontrar algo claro ou explícito e muito menos entenderá imediatamente o significado de alguns elementos lendários que aparecem pelo caminho de Sir Gawain. Por exemplo: no capítulo "cortesia", Gawain encontra uma cabana que parece abandonada há muito tempo, nela ele se depara com Winifred - e aí vem a riqueza da narrativa: "Winifred" ou Santa Vinifrida (em português) foi uma mártir galesa do século VII que teve a cabeça separada do seu corpo e jogada em um lago, onde depois foi recuperada e ela teria voltado à vida. Esse lago passou a se chamar Holyhead ou Holywell no País de Gales, e acredita-se ter poderes de cura. Você sabia disso? Pois é, eu também não, mas não é incrível enriquecer uma narrativa com tantos elementos desconhecidos e que depois de um aprofundamento maior coloca a história em outro patamar?

"A Lenda do Cavaleiro Verde" tem muito disso: um roteiro complexo, uma direção impecável e atuações "nível Oscar" - Dev Patel mais uma vez está fantástico, seu trabalho de introspecção é algo para se aplaudir de pé e, no mesmo nível, uma Alicia Vikander espetacular para contracenar. Veja, esse é o tipo de filme que nos faz refletir, que nos provoca e que abdica da ação para nos contar uma história de crescimento individual que vai além do que vemos na tela - nada estará em cena por acaso e, do fundo do coração, a experiência de buscar essas repostas é tão empolgante quanto a do protagonista.

Não acho que "A Lenda do Cavaleiro Verde" sirva como um simples entretenimento - o filme segue um caminho que vai além da nossa compreensão inicial, mas que, dispostos a enxergar, nos entrega um conhecimento muito além do óbvio. Vale muito a pena! 

Assista Agora

A Mulher Rei

Desde a sua estreia nos cinemas, "A Mulher Rei" vem colecionando elogios do público e da crítica por evidenciar o poder da mulher ao assumir o protagonismo de sua história sem esquecer do entretenimento de excelente qualidade. Em uma narrativa que mistura vários elementos de "Pantera Negra" com "Vikings", o filme dirigido pela Gina Prince-Bythewood (de "The Old Guard"estabelece uma dinâmica tão interessante que praticamente nos impede de tirar os olhos da tela. Com uma trama consistente, personagens complexos e com conexões realmente emocionantes, além de sequências de ação muito bem coreografadas, "A Mulher Rei" surpreende tanto pela qualidade quanto pela maturidade e justifica a enorme quantidade prêmios que conquistou pelos Festivais ao redor do globo e as duas indicações ao BAFTA 2023 - Melhor Direção e Melhor Atriz.

Na trama acompanhamos Nanisca (Viola Davis) uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVIII e XIX. Durante o período, esse grupo de elite era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram seus colonizadores, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. Conhecidas como Agojie, esse grupo foi criado por conta da população masculina que sofria com a violência da guerra e com a frequente comercialização de escravos pelo Império Oyo. Quando um novo inimigo decide destruir seu modo de vida, Nanisca precisa treinar a próxima geração de guerreiras para um sangrento combate que está por vir. Confira o trailer:

A habilidade de Gina Prince-Bythewood em equilibrar ação e emoção ao longo do filme, impressiona - dadas as devidas proporções e respeitando um subgênero mais, digamos, "realista", lembra muito "O Predador: A Caçada". A direção é bastante cuidadosa, com sequências de ação realmente empolgantes, mas também com momentos de introspecção que permitem aos personagens explorar suas motivações e desenvolver relacionamentos, de fato, significativos - essa construção de camadas mais profundas é o que dá certa "alma" ao filme. Aliás, é aí que Prince-Bythewood brilha, ao demonstrar a mesma maestria em criar um ritmo adequado para a narrativa, mantendo a história realmente envolvente do início ao fim.

O roteiro escrito pela Dana Stevens (criadora de uma série que eu adorava chamada "What About Brian" e roteirista de "Paternidade") e pela Maria Bello (de "Treta" da Netflix) proporciona momentos de tirar o fôlego ao mesmo tempo em que traz para discussão temas como propósito e a luta pela justiça, explorando questões filosóficas e éticas de uma maneira bastante interessante. Obviamente que o elenco só potencializa o texto, e nesse ponto Viola Davis toma conta do jogo - ela entrega uma performance emocionalmente complexa, capaz de capturar a dor de uma mulher marcada pelo passado com a mesma vibração e determinação de uma guerreira que parece imortal. A jovem Thuso Mbedu (que vive Nawi) também merece elogios - reparem como ela transita entre a altivez e a coragem sempre com um certo toque melancolia.

Resumindo, "A Mulher Rei" se destaca como um filme que vai além das convenções do gênero de ação, oferecendo uma abordagem envolvente e relevante culturalmente. Sob a direção de Prince-Bythewood, o filme encontra exatamente o valor de suas sequências de ação poderosas com os momentos de profundidade emocional de seus personagens, resultando em uma experiência cinematográfica das mais cativantes - eu diria que é uma prova da força do cinema em proporcionar um entretenimento impactante e reflexões tão significativas.

Vale muito seu play!

Assista Agora

Desde a sua estreia nos cinemas, "A Mulher Rei" vem colecionando elogios do público e da crítica por evidenciar o poder da mulher ao assumir o protagonismo de sua história sem esquecer do entretenimento de excelente qualidade. Em uma narrativa que mistura vários elementos de "Pantera Negra" com "Vikings", o filme dirigido pela Gina Prince-Bythewood (de "The Old Guard"estabelece uma dinâmica tão interessante que praticamente nos impede de tirar os olhos da tela. Com uma trama consistente, personagens complexos e com conexões realmente emocionantes, além de sequências de ação muito bem coreografadas, "A Mulher Rei" surpreende tanto pela qualidade quanto pela maturidade e justifica a enorme quantidade prêmios que conquistou pelos Festivais ao redor do globo e as duas indicações ao BAFTA 2023 - Melhor Direção e Melhor Atriz.

Na trama acompanhamos Nanisca (Viola Davis) uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVIII e XIX. Durante o período, esse grupo de elite era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram seus colonizadores, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. Conhecidas como Agojie, esse grupo foi criado por conta da população masculina que sofria com a violência da guerra e com a frequente comercialização de escravos pelo Império Oyo. Quando um novo inimigo decide destruir seu modo de vida, Nanisca precisa treinar a próxima geração de guerreiras para um sangrento combate que está por vir. Confira o trailer:

A habilidade de Gina Prince-Bythewood em equilibrar ação e emoção ao longo do filme, impressiona - dadas as devidas proporções e respeitando um subgênero mais, digamos, "realista", lembra muito "O Predador: A Caçada". A direção é bastante cuidadosa, com sequências de ação realmente empolgantes, mas também com momentos de introspecção que permitem aos personagens explorar suas motivações e desenvolver relacionamentos, de fato, significativos - essa construção de camadas mais profundas é o que dá certa "alma" ao filme. Aliás, é aí que Prince-Bythewood brilha, ao demonstrar a mesma maestria em criar um ritmo adequado para a narrativa, mantendo a história realmente envolvente do início ao fim.

O roteiro escrito pela Dana Stevens (criadora de uma série que eu adorava chamada "What About Brian" e roteirista de "Paternidade") e pela Maria Bello (de "Treta" da Netflix) proporciona momentos de tirar o fôlego ao mesmo tempo em que traz para discussão temas como propósito e a luta pela justiça, explorando questões filosóficas e éticas de uma maneira bastante interessante. Obviamente que o elenco só potencializa o texto, e nesse ponto Viola Davis toma conta do jogo - ela entrega uma performance emocionalmente complexa, capaz de capturar a dor de uma mulher marcada pelo passado com a mesma vibração e determinação de uma guerreira que parece imortal. A jovem Thuso Mbedu (que vive Nawi) também merece elogios - reparem como ela transita entre a altivez e a coragem sempre com um certo toque melancolia.

Resumindo, "A Mulher Rei" se destaca como um filme que vai além das convenções do gênero de ação, oferecendo uma abordagem envolvente e relevante culturalmente. Sob a direção de Prince-Bythewood, o filme encontra exatamente o valor de suas sequências de ação poderosas com os momentos de profundidade emocional de seus personagens, resultando em uma experiência cinematográfica das mais cativantes - eu diria que é uma prova da força do cinema em proporcionar um entretenimento impactante e reflexões tão significativas.

Vale muito seu play!

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A Tragédia de Macbeth

"A Tragédia de Macbeth" é um filmaço, mas não assista com sono!

Brincadeiras à parte, é preciso que se diga que essa produção original para a AppleTV+, com Denzel Washington eFrances McDormand, usa de uma linguagem cinematográfica extremamente poética para adaptar a obra de William Shakespeare, respeitando prioritariamente o seu texto - e quando pontuo esse elemento narrativo tão importante, coloco o roteiro, do também diretor Joel Coen, em um outro patamar, mesmo com uma linguagem clássica de difícil entendimento, mas que está completamente alinhada com uma fotografia deslumbrante do diretor Bruno Delbonnel (cinco vezes indicado ao Oscar, sendo a última por "A Hora mais Escura"), performances no limiar entre a impostação teatral (de corpo e voz) e a profundidade emocional do cinema, e ainda uma construção cênica incrivelmente criativa e dinâmica.

O filme conta a história de Macbeth (Denzel Washington), homem poderoso que é convencido por um trio de bruxas que se tornará o rei da Escócia. Essa visão porém, o toma pela ganância do poder. Rapidamente, o protagonista fica obcecado em fazer com que a profecia se torne realidade, mesmo que para isso ele tenha que eliminar todos aqueles se coloquem entre ele e o trono do seu país. Confira o trailer:

Veja, é bem possível que poucos se encantem com "A Tragédia de Macbeth". De fato o filme é difícil e, embora fabuloso visualmente, as escolhas estéticas e narrativas de Coen e Delbonnel tendem a afastar o, digamos, grande público - dadas as devidas diferenças, inclusive de gênero, se você não gostou de "O Farol", você não vai gostar de "A Tragédia de Macbeth". Ambos os filmes têm diálogos rebuscados, profundos e que aqui ainda carregam o peso do "inglês clássico shakesperiano". Cada linha dita pelos atores estão repletas de metáforas e referências de época, característica do texto do dramaturgo inglês, e brilhantemente preservado por Cohen. Ao dar o play, a tela da TV praticamente se transforma em uma janela para um palco teatral, em preto e branco e com um aspecto 4:3 (aquele quadrado de antigamente). Os ambientes onde as cenas acontecem vão se transformando durante as transições, como um jogo de luz (do teatro) e de imagem (do cinema) e praticamente não temos objetos de cena, mesmo em ambientes tão amplos e imponentes - o que acaba criando uma sensação de vazio avassalador, reparem.

Toda essa ambientação é só parte do contexto para uma história potente e muito bem adaptada. A sensação da existência de um “palco” é tão clara quanto importante para que o filme Coen se torne único - todas as filmagens foram feitas em estúdio, com cenários especialmente construídos para a produção, o que imediatamente nos remete a sensação de artificialidade e, acreditem, de claustrofobia e ansiedade. As soluções criativas do roteiro, como o mergulho nas mentes perturbadas do casal Macbeth e a relação dos personagens com as bruxas, dão exatamente o tom obscuro da obra - é como se víssemos um "Game of Thrones" mais adulto, depressivo, visceral!

"A Tragédia de Macbeth" é um filme impositivo, potente, poético ao extremo, verdadeiramente lindo e bem realizado. Tecnicamente perfeito! Artisticamente irretocável e muito criativo - mas não vai ganhar o Oscar de melhor do ano por ser um clássico, quase inacessível, de William Shakespeare. Uma pena! Embora inicialmente você perceba essa certa estranheza pelo texto rebuscado, logo a trama de traição vai ganhando corpo e nossa percepção vai se acostumando com todo aquele movimento estético. Por isso eu digo sem medo de errar: se você estiver disposto a enfrentar um texto pesado, sua experiência visual será inesquecível!

Vale muito a pena!

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"A Tragédia de Macbeth" é um filmaço, mas não assista com sono!

Brincadeiras à parte, é preciso que se diga que essa produção original para a AppleTV+, com Denzel Washington eFrances McDormand, usa de uma linguagem cinematográfica extremamente poética para adaptar a obra de William Shakespeare, respeitando prioritariamente o seu texto - e quando pontuo esse elemento narrativo tão importante, coloco o roteiro, do também diretor Joel Coen, em um outro patamar, mesmo com uma linguagem clássica de difícil entendimento, mas que está completamente alinhada com uma fotografia deslumbrante do diretor Bruno Delbonnel (cinco vezes indicado ao Oscar, sendo a última por "A Hora mais Escura"), performances no limiar entre a impostação teatral (de corpo e voz) e a profundidade emocional do cinema, e ainda uma construção cênica incrivelmente criativa e dinâmica.

O filme conta a história de Macbeth (Denzel Washington), homem poderoso que é convencido por um trio de bruxas que se tornará o rei da Escócia. Essa visão porém, o toma pela ganância do poder. Rapidamente, o protagonista fica obcecado em fazer com que a profecia se torne realidade, mesmo que para isso ele tenha que eliminar todos aqueles se coloquem entre ele e o trono do seu país. Confira o trailer:

Veja, é bem possível que poucos se encantem com "A Tragédia de Macbeth". De fato o filme é difícil e, embora fabuloso visualmente, as escolhas estéticas e narrativas de Coen e Delbonnel tendem a afastar o, digamos, grande público - dadas as devidas diferenças, inclusive de gênero, se você não gostou de "O Farol", você não vai gostar de "A Tragédia de Macbeth". Ambos os filmes têm diálogos rebuscados, profundos e que aqui ainda carregam o peso do "inglês clássico shakesperiano". Cada linha dita pelos atores estão repletas de metáforas e referências de época, característica do texto do dramaturgo inglês, e brilhantemente preservado por Cohen. Ao dar o play, a tela da TV praticamente se transforma em uma janela para um palco teatral, em preto e branco e com um aspecto 4:3 (aquele quadrado de antigamente). Os ambientes onde as cenas acontecem vão se transformando durante as transições, como um jogo de luz (do teatro) e de imagem (do cinema) e praticamente não temos objetos de cena, mesmo em ambientes tão amplos e imponentes - o que acaba criando uma sensação de vazio avassalador, reparem.

Toda essa ambientação é só parte do contexto para uma história potente e muito bem adaptada. A sensação da existência de um “palco” é tão clara quanto importante para que o filme Coen se torne único - todas as filmagens foram feitas em estúdio, com cenários especialmente construídos para a produção, o que imediatamente nos remete a sensação de artificialidade e, acreditem, de claustrofobia e ansiedade. As soluções criativas do roteiro, como o mergulho nas mentes perturbadas do casal Macbeth e a relação dos personagens com as bruxas, dão exatamente o tom obscuro da obra - é como se víssemos um "Game of Thrones" mais adulto, depressivo, visceral!

"A Tragédia de Macbeth" é um filme impositivo, potente, poético ao extremo, verdadeiramente lindo e bem realizado. Tecnicamente perfeito! Artisticamente irretocável e muito criativo - mas não vai ganhar o Oscar de melhor do ano por ser um clássico, quase inacessível, de William Shakespeare. Uma pena! Embora inicialmente você perceba essa certa estranheza pelo texto rebuscado, logo a trama de traição vai ganhando corpo e nossa percepção vai se acostumando com todo aquele movimento estético. Por isso eu digo sem medo de errar: se você estiver disposto a enfrentar um texto pesado, sua experiência visual será inesquecível!

Vale muito a pena!

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Duna

Duna

"Duna" é uma poesia visual! Um verdadeiro épico como poucas vezes assistimos - e aqui eu coloco, sem o menor receio de errar, "Senhor dos Anéis" e "Star Wars" no mesmo nível! Ter um diretor como Dennis Villeneuve no comando de uma obra tão complexa visualmente, e que há pouco tempo dizia-se impossível de transportar para a tela de cinema com o respeito ao texto magistral de Frank Herbert, é posicionar o filme em um outro patamar, daqueles raros artisticamente, claro, mas principalmente, tecnicamente! Sério, se você achou que em "A Chegada" (de 2016) e em "Blade Runner 2049" (de 2017) ele entregou grandes filmes, seja em termos de narrativa ou equilibrando perfeitamente a gramática cinematográfica com uma belíssima fotografia e o uso de computação gráfica, se prepare porque "Duna" vai redefinir o padrão estético para filmes do gênero! 

"Duna" conta a história de Paul Atreides, jovem talentoso e brilhante que nasceu com um destino grandioso, para além até da sua própria compreensão. A pedido do Imperador, ele e sua família são convidados a reestabelecer a paz em um dos planetas mais perigosos do universo e assim garantir o futuro de seu povo. Enquanto forças malévolas levam à uma acirrada disputa pelo controle exclusivo do fornecimento do recurso natural mais precioso existente nesse planeta - capaz de liberar o maior potencial da humanidade, apenas aqueles que conseguem vencer seu medo vão sobreviver em um ambiente árido e cheio de desafios. Confira o trailer:

Trata-se de um épico de ficção cientifica? Sim, mas não apenas isso. Ao assistir o filme, não será uma única vez que você vai conectar o mood de "Duna" com séries como "Game of Thrones" ou filmes como "Star Wars" - e aqui não estou estabelecendo nenhum tipo de comparação entre as obras e as especificidades de cada uma, apenas pontuando que vários elementos narrativos vão nos transportar pela memória. 

Mais do que apresentar com inteligência um novo universo para aqueles pouco familiarizados com a obra literária, Villeneuve impõe uma visão clássica de "Duna" sem esquecer da dinâmica narrativa referenciada por George Lucas ou R. R. Martin - quando Paul encara o Verme da Areia de Arrakis é como se replicássemos a cena de Drogon pronto para queimar Jon Snow no final de GoT. O fato é que o diretor, ao lado dos roteiristas Jon Spaihts e Eric Rothnão apenas se inspiram na dinâmica, como também tratam de diversos assuntos presentes em ambos universos, como política, religião, economia, geografia e ciência, organizando as ações e batalhas em cima dos gatilhos de três fortes elementos narrativos: conquista, traição e vingança.

Saiba que "Duna"é apenas a primeira parte, então não caia no erro de criticar a história ou pensar nos filmes isoladamente quando, na verdade, será preciso analisar o projeto como um todo -Peter Jackson que não nos ouça. Mesmo Villeneuve entregando um filme com começo, meio e fim, a sensação ao subir o primeiro crédito é que estamos apenas no fim da primeira temporada de uma saga que já tem dia para acabar (ou pelo menos deveria, pois a Warner ainda não confirmou as sequências).

Antes de finalizar, preciso fazer um comentário, reparem nos elementos técnicos e artísticos de "Duna" e aqui eu destaco alguns: a trilha sonora de Hans Zimmer (“Blade Runner 2049”) é algo de se aplaudir de pé; a fotografia de Greig Fraser (“Lion: Uma Jornada para Casa” e “A Hora Mais Escura”) é belíssima; o figurino da Jacqueline West (“O Regresso”) também sensacional e, por fim, o desenho de produção de Patrice Vermette ("A Chegada"), muito criativo e original nos detalhes dentro de tudo que já vimos. Não se surpreendam se "Duna" receber por volta de 15 indicações no Oscar 2022 - e de levar tranquilamente, pelo menos, metade disso.

"Duna" é uma linda adaptação, um espetáculo visual que realmente merece ser assistido em uma tela grande e com o melhor sistema de som possível, mas adianto, mesmo com a satisfação de ter experienciado um filme raro, será preciso ter muita paciência até que o destino de Paul Atreides seja mostrado nos demais filmes - e que assim seja, pois essa ansiedade vai nos incomodar durante os próximos 3 ou 4 anos.

Vale muito a pena!!!

Up-date: "Duna" recebeu 10 indicações, ganhando em seis categorias no Oscar 2022, inclusive Melhor Fotografia.

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"Duna" é uma poesia visual! Um verdadeiro épico como poucas vezes assistimos - e aqui eu coloco, sem o menor receio de errar, "Senhor dos Anéis" e "Star Wars" no mesmo nível! Ter um diretor como Dennis Villeneuve no comando de uma obra tão complexa visualmente, e que há pouco tempo dizia-se impossível de transportar para a tela de cinema com o respeito ao texto magistral de Frank Herbert, é posicionar o filme em um outro patamar, daqueles raros artisticamente, claro, mas principalmente, tecnicamente! Sério, se você achou que em "A Chegada" (de 2016) e em "Blade Runner 2049" (de 2017) ele entregou grandes filmes, seja em termos de narrativa ou equilibrando perfeitamente a gramática cinematográfica com uma belíssima fotografia e o uso de computação gráfica, se prepare porque "Duna" vai redefinir o padrão estético para filmes do gênero! 

"Duna" conta a história de Paul Atreides, jovem talentoso e brilhante que nasceu com um destino grandioso, para além até da sua própria compreensão. A pedido do Imperador, ele e sua família são convidados a reestabelecer a paz em um dos planetas mais perigosos do universo e assim garantir o futuro de seu povo. Enquanto forças malévolas levam à uma acirrada disputa pelo controle exclusivo do fornecimento do recurso natural mais precioso existente nesse planeta - capaz de liberar o maior potencial da humanidade, apenas aqueles que conseguem vencer seu medo vão sobreviver em um ambiente árido e cheio de desafios. Confira o trailer:

Trata-se de um épico de ficção cientifica? Sim, mas não apenas isso. Ao assistir o filme, não será uma única vez que você vai conectar o mood de "Duna" com séries como "Game of Thrones" ou filmes como "Star Wars" - e aqui não estou estabelecendo nenhum tipo de comparação entre as obras e as especificidades de cada uma, apenas pontuando que vários elementos narrativos vão nos transportar pela memória. 

Mais do que apresentar com inteligência um novo universo para aqueles pouco familiarizados com a obra literária, Villeneuve impõe uma visão clássica de "Duna" sem esquecer da dinâmica narrativa referenciada por George Lucas ou R. R. Martin - quando Paul encara o Verme da Areia de Arrakis é como se replicássemos a cena de Drogon pronto para queimar Jon Snow no final de GoT. O fato é que o diretor, ao lado dos roteiristas Jon Spaihts e Eric Rothnão apenas se inspiram na dinâmica, como também tratam de diversos assuntos presentes em ambos universos, como política, religião, economia, geografia e ciência, organizando as ações e batalhas em cima dos gatilhos de três fortes elementos narrativos: conquista, traição e vingança.

Saiba que "Duna"é apenas a primeira parte, então não caia no erro de criticar a história ou pensar nos filmes isoladamente quando, na verdade, será preciso analisar o projeto como um todo -Peter Jackson que não nos ouça. Mesmo Villeneuve entregando um filme com começo, meio e fim, a sensação ao subir o primeiro crédito é que estamos apenas no fim da primeira temporada de uma saga que já tem dia para acabar (ou pelo menos deveria, pois a Warner ainda não confirmou as sequências).

Antes de finalizar, preciso fazer um comentário, reparem nos elementos técnicos e artísticos de "Duna" e aqui eu destaco alguns: a trilha sonora de Hans Zimmer (“Blade Runner 2049”) é algo de se aplaudir de pé; a fotografia de Greig Fraser (“Lion: Uma Jornada para Casa” e “A Hora Mais Escura”) é belíssima; o figurino da Jacqueline West (“O Regresso”) também sensacional e, por fim, o desenho de produção de Patrice Vermette ("A Chegada"), muito criativo e original nos detalhes dentro de tudo que já vimos. Não se surpreendam se "Duna" receber por volta de 15 indicações no Oscar 2022 - e de levar tranquilamente, pelo menos, metade disso.

"Duna" é uma linda adaptação, um espetáculo visual que realmente merece ser assistido em uma tela grande e com o melhor sistema de som possível, mas adianto, mesmo com a satisfação de ter experienciado um filme raro, será preciso ter muita paciência até que o destino de Paul Atreides seja mostrado nos demais filmes - e que assim seja, pois essa ansiedade vai nos incomodar durante os próximos 3 ou 4 anos.

Vale muito a pena!!!

Up-date: "Duna" recebeu 10 indicações, ganhando em seis categorias no Oscar 2022, inclusive Melhor Fotografia.

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O Homem do Norte

"O Homem do Norte" é impressionante visualmente, embora sua narrativa seja um pouco apressada - principalmente no prólogo. E aí, meu amigo, a culpa é do formato de longa-metragem que não permite um cuidado maior na hora de construir uma história repleta de simbolismos que impactam diretamente em inúmeras camadas da personalidade de cada personagem. Em “The Northman” (no original) é possível encontrar todo o talento e a identidade de Robert Eggers, cineasta responsável pelo “A Bruxa” e pelo surreal "O Farol", em uma atmosfera que equilibra perfeitamente fortes elementos teatrais shakespeareanos, ao melhor estilo “A Tragédia de Hamlet”, com épicos de ação, guerra e traição, daqueles grandiosos, como "300" e até "Game of Thrones".

O filme acompanha a história do Príncipe Amleth (Alexander Skarsgard), cuja missão de vida, assim profetizada, é vingar a morte do seu pai, o Rei Aurvandil (Ethan Hawke), que foi covardemente assassinado pelas mãos de seu tio bastardo, Fjölnir (Claes Bang), e assim salvar a sua mãe, a Rainha Gudrún (Nicole Kidman). Vamos ao trailer:

Esse é o primeiro grande filme (em orçamento) de Eggers, um diretor que ganhou notoriedade pela forma como transitou no cinema independente com projetos de gênero (no caso dramas, com fortes referências de terror e suspense psicológico) que fizeram muito sucesso entre os críticos e o público. Aqui, o diretor busca nos contos nórdicos da mitologia viking, um história sangrenta sobre vingança. Aliás, vale dizer que foi Shakespeare quem revisitou a história do Príncipe Amleth e a adaptou aos moldes da sociedade inglesa e não o contrário. Veja, Eggers não reproduz com fidelidade o conto escrito pelo historiador dinamarquês Saxo Grammaticus, que viveu entre os séculos XII e XIII., já que seu Amleth foi, propositalmente, apenas um recorte de uma saga fantástica muito maior, a "Gesta Danorum" - conhecida como a mais importante história medieval da Dinamarca.

Cinematograficamente falando, "O Homem do Norte" chama atenção por alguns elementos que não me surpreenderei se forem lembrados no próximo Oscar. O primeiro, sem dúvida, é a belíssima fotografia do seu parceiro de longa data, Jarin Blaschke - é incrível como Blaschke vai pontuando cada um dos capítulos do filme com cores e enquadramentos que são facilmente percebidos pelo tom dramático da evolução da história. Além de criativo, os planos são perfeitos tecnicamente. O outro ponto que merece nosso aplauso é a trilha sonora - fantástica! Os estreantes Robin Carolan e Sebastian Gainsborough dão um show! E para finalizar, o desenho de produção e o departamento de arte, puxa, impecáveis - reparem como os rituais (que vimos muito na série "Vikings") se integram perfeitamente no cotidiano e nos costumes daquele povo, com o roteiro que respeita a simbologia mitológica da história. A cena em que Björk revela ao Príncipe Amleth sua profecia, talvez seja o maior exemplo disso!

Com elenco afinado e muito bem inseridos na proposta conceitual do diretor, “O Homem do Norte” é um impressionante e verdadeiro espectáculo visual, rico em toda sua essência como obra cinematográfica e honesto com o estilo já estabelecido de Robert Eggers - talvez a única concessão do diretor tenha sido no idioma do filme, que para Eggers faria mais sentido se fosse falado só em nórdico antigo. Em todo caso, você pode esperar uma jornada sangrenta, brutal e empolgante; eu diria que é uma verdadeira viagem no tempo de um trabalho orientado pelos detalhes e pela precisão técnica e artística, mas sem esquecer daquele tempero independente de uma narrativa autoral.

Vale muito a pena!

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"O Homem do Norte" é impressionante visualmente, embora sua narrativa seja um pouco apressada - principalmente no prólogo. E aí, meu amigo, a culpa é do formato de longa-metragem que não permite um cuidado maior na hora de construir uma história repleta de simbolismos que impactam diretamente em inúmeras camadas da personalidade de cada personagem. Em “The Northman” (no original) é possível encontrar todo o talento e a identidade de Robert Eggers, cineasta responsável pelo “A Bruxa” e pelo surreal "O Farol", em uma atmosfera que equilibra perfeitamente fortes elementos teatrais shakespeareanos, ao melhor estilo “A Tragédia de Hamlet”, com épicos de ação, guerra e traição, daqueles grandiosos, como "300" e até "Game of Thrones".

O filme acompanha a história do Príncipe Amleth (Alexander Skarsgard), cuja missão de vida, assim profetizada, é vingar a morte do seu pai, o Rei Aurvandil (Ethan Hawke), que foi covardemente assassinado pelas mãos de seu tio bastardo, Fjölnir (Claes Bang), e assim salvar a sua mãe, a Rainha Gudrún (Nicole Kidman). Vamos ao trailer:

Esse é o primeiro grande filme (em orçamento) de Eggers, um diretor que ganhou notoriedade pela forma como transitou no cinema independente com projetos de gênero (no caso dramas, com fortes referências de terror e suspense psicológico) que fizeram muito sucesso entre os críticos e o público. Aqui, o diretor busca nos contos nórdicos da mitologia viking, um história sangrenta sobre vingança. Aliás, vale dizer que foi Shakespeare quem revisitou a história do Príncipe Amleth e a adaptou aos moldes da sociedade inglesa e não o contrário. Veja, Eggers não reproduz com fidelidade o conto escrito pelo historiador dinamarquês Saxo Grammaticus, que viveu entre os séculos XII e XIII., já que seu Amleth foi, propositalmente, apenas um recorte de uma saga fantástica muito maior, a "Gesta Danorum" - conhecida como a mais importante história medieval da Dinamarca.

Cinematograficamente falando, "O Homem do Norte" chama atenção por alguns elementos que não me surpreenderei se forem lembrados no próximo Oscar. O primeiro, sem dúvida, é a belíssima fotografia do seu parceiro de longa data, Jarin Blaschke - é incrível como Blaschke vai pontuando cada um dos capítulos do filme com cores e enquadramentos que são facilmente percebidos pelo tom dramático da evolução da história. Além de criativo, os planos são perfeitos tecnicamente. O outro ponto que merece nosso aplauso é a trilha sonora - fantástica! Os estreantes Robin Carolan e Sebastian Gainsborough dão um show! E para finalizar, o desenho de produção e o departamento de arte, puxa, impecáveis - reparem como os rituais (que vimos muito na série "Vikings") se integram perfeitamente no cotidiano e nos costumes daquele povo, com o roteiro que respeita a simbologia mitológica da história. A cena em que Björk revela ao Príncipe Amleth sua profecia, talvez seja o maior exemplo disso!

Com elenco afinado e muito bem inseridos na proposta conceitual do diretor, “O Homem do Norte” é um impressionante e verdadeiro espectáculo visual, rico em toda sua essência como obra cinematográfica e honesto com o estilo já estabelecido de Robert Eggers - talvez a única concessão do diretor tenha sido no idioma do filme, que para Eggers faria mais sentido se fosse falado só em nórdico antigo. Em todo caso, você pode esperar uma jornada sangrenta, brutal e empolgante; eu diria que é uma verdadeira viagem no tempo de um trabalho orientado pelos detalhes e pela precisão técnica e artística, mas sem esquecer daquele tempero independente de uma narrativa autoral.

Vale muito a pena!

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See

See

"See" é uma série pós-apocalíptica com toques medievais! Sim, é contraditório mesmo, assim como é a nossa sensação ao assistir os episódios disponíveis na AppleTV+. Em alguns momentos você vai amar a série, em outros você vai achar uma tremenda perda de tempo! Do criador de "Peaky Blinders", Steve Knight, e com Jason Momoa como protagonista, "See" trazia a responsabilidade de ser uma espécie de "Game of Thrones" da Apple, com uma produção grandiosa e uma direção competente, tinha tudo para alcançar um patamar de respeito no gênero, porém o roteiro derrapa na sua própria pretensão e isso prejudica nossa experiência.

Quando a humanidade é atingida por um vírus mortal, deixando apenas dois milhões de pessoas vivas e sem a capacidade de enxergar, o retrocesso é tão grande que essa nova civilização precisa de séculos para se adaptar a cegueira e recomeçar com pouco conhecimento, nada de tecnologia e muita crença mitológica. Até que uma jovem aldeã dá a luz a um casal de gêmeos que nascem com a visão normal, porém essa condição passa a ser tratada como heresia pela Rainha desse novo Mundo, criando assim uma verdadeira caça as bruxas afim de eliminar todos que possuem o "dom de enxergar" e possam, de alguma forma, ameaçar o seu reinado. 

O universo de "See" é interessante, pois cria um contraponto muito bacana entre a época e a capacidade - é quase uma nova forma de "enxergar" o desenvolvimento da humanidade, que agora convive com uma limitação física importante e com uma condição precária de desenvolvimento. A série é original por trazer elementos medievais para um cenário pós apocalíptico e nisso o roteiro sai ganhando; o que complica é a falta de uma apresentação mais inteligente - até um lettering inicial estabelecendo aquele universo e suas peculiaridades poderia ajudar a resolver esse problema, desde que a mitologia também fosse desenvolvida e explicada pelos personagens durante os episódios, claro! A minha sensação é que se criou uma mitologia tão complexa que nem a história foi capaz de absorver! Um exemplo é o surgimento de personagens que caem de para-quedas e que somem com a mesma velocidade, deixando tantas brechas que incomoda - as "sombras" são um bom exemplo dessa falha de construção. Outra coisa que me incomodou foi a pressa em passar o tempo até que as crianças crescessem. Ok, isso fez a história andar, mas foi tão atropelado que até a caracterização falhou em estabelecer essa cronologia. Eu sei que a comparação é desleal, mas será inevitável: lembro que a geografia de "Game of Thrones" era extremamente difícil, mas já em toda abertura tínhamos informações de como aquele mundo estava disposto e o que estava mudando -  isso nos colocava dentro da história de cara; em "See" estou perdido até agora, pois nada criativo me guiou!

O fato dos personagens serem cegos cria uma certa angústia nas cenas (lembra de Bird Box?) e isso o time de diretores, sob o comando do Francis Lawrence (Jogos Vorazes), aproveitam muito bem. Tanto o dia a dia nas aldeias, quanto as batalhas, são impecáveis e trazem uma dinâmica extremamente original para o gênero - até quando o roteiro vacila: o "Haka" no episódio 1 é um bom exemplo, emocionante conceitualmente, mas com o passar do tempo, percebemos que não significa nada para aquele universo - é uma solução apenas visual! A produção também tem suas falhas (muito por causa do roteiro novamente), mas não podemos dizer que é ruim. O Desenho de Produção está impecável, com cenários e locações perfeitas (muito bem fotografada pelo Jo Willems), sem falar dos figurinos - digno de prêmios. Os atores não prejudicam em nada o desenvolvimento da história, mas ainda não dá para colocar a rainha Kaine no mesmo patamar de Cersei Lannister!

"See" é realmente inconstante, mas ainda tem algo que nos faz acompanhar aquela jornada mesmo sabendo que sua complexidade é muito mais por uma falta de ajuste dos roteiristas do que pelo mérito de nos provocar a construir um quebra-cabeça digno de RPG. Ok, talvez seja cedo e por isso me mantenho otimista pelo resultado dessa primeira temporada (uma segunda já foi confirmada), mas muita coisa precisa ser afinada para que sejamos surpreendidos e, principalmente, passamos a nos importar por alguns personagens, porque se for depender apenas das ótimas batalhas e das cenas de ação, "See" não vai se sustentar!

Eu gostei, só não sei até quando! Por enquanto, vale seu play.

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"See" é uma série pós-apocalíptica com toques medievais! Sim, é contraditório mesmo, assim como é a nossa sensação ao assistir os episódios disponíveis na AppleTV+. Em alguns momentos você vai amar a série, em outros você vai achar uma tremenda perda de tempo! Do criador de "Peaky Blinders", Steve Knight, e com Jason Momoa como protagonista, "See" trazia a responsabilidade de ser uma espécie de "Game of Thrones" da Apple, com uma produção grandiosa e uma direção competente, tinha tudo para alcançar um patamar de respeito no gênero, porém o roteiro derrapa na sua própria pretensão e isso prejudica nossa experiência.

Quando a humanidade é atingida por um vírus mortal, deixando apenas dois milhões de pessoas vivas e sem a capacidade de enxergar, o retrocesso é tão grande que essa nova civilização precisa de séculos para se adaptar a cegueira e recomeçar com pouco conhecimento, nada de tecnologia e muita crença mitológica. Até que uma jovem aldeã dá a luz a um casal de gêmeos que nascem com a visão normal, porém essa condição passa a ser tratada como heresia pela Rainha desse novo Mundo, criando assim uma verdadeira caça as bruxas afim de eliminar todos que possuem o "dom de enxergar" e possam, de alguma forma, ameaçar o seu reinado. 

O universo de "See" é interessante, pois cria um contraponto muito bacana entre a época e a capacidade - é quase uma nova forma de "enxergar" o desenvolvimento da humanidade, que agora convive com uma limitação física importante e com uma condição precária de desenvolvimento. A série é original por trazer elementos medievais para um cenário pós apocalíptico e nisso o roteiro sai ganhando; o que complica é a falta de uma apresentação mais inteligente - até um lettering inicial estabelecendo aquele universo e suas peculiaridades poderia ajudar a resolver esse problema, desde que a mitologia também fosse desenvolvida e explicada pelos personagens durante os episódios, claro! A minha sensação é que se criou uma mitologia tão complexa que nem a história foi capaz de absorver! Um exemplo é o surgimento de personagens que caem de para-quedas e que somem com a mesma velocidade, deixando tantas brechas que incomoda - as "sombras" são um bom exemplo dessa falha de construção. Outra coisa que me incomodou foi a pressa em passar o tempo até que as crianças crescessem. Ok, isso fez a história andar, mas foi tão atropelado que até a caracterização falhou em estabelecer essa cronologia. Eu sei que a comparação é desleal, mas será inevitável: lembro que a geografia de "Game of Thrones" era extremamente difícil, mas já em toda abertura tínhamos informações de como aquele mundo estava disposto e o que estava mudando -  isso nos colocava dentro da história de cara; em "See" estou perdido até agora, pois nada criativo me guiou!

O fato dos personagens serem cegos cria uma certa angústia nas cenas (lembra de Bird Box?) e isso o time de diretores, sob o comando do Francis Lawrence (Jogos Vorazes), aproveitam muito bem. Tanto o dia a dia nas aldeias, quanto as batalhas, são impecáveis e trazem uma dinâmica extremamente original para o gênero - até quando o roteiro vacila: o "Haka" no episódio 1 é um bom exemplo, emocionante conceitualmente, mas com o passar do tempo, percebemos que não significa nada para aquele universo - é uma solução apenas visual! A produção também tem suas falhas (muito por causa do roteiro novamente), mas não podemos dizer que é ruim. O Desenho de Produção está impecável, com cenários e locações perfeitas (muito bem fotografada pelo Jo Willems), sem falar dos figurinos - digno de prêmios. Os atores não prejudicam em nada o desenvolvimento da história, mas ainda não dá para colocar a rainha Kaine no mesmo patamar de Cersei Lannister!

"See" é realmente inconstante, mas ainda tem algo que nos faz acompanhar aquela jornada mesmo sabendo que sua complexidade é muito mais por uma falta de ajuste dos roteiristas do que pelo mérito de nos provocar a construir um quebra-cabeça digno de RPG. Ok, talvez seja cedo e por isso me mantenho otimista pelo resultado dessa primeira temporada (uma segunda já foi confirmada), mas muita coisa precisa ser afinada para que sejamos surpreendidos e, principalmente, passamos a nos importar por alguns personagens, porque se for depender apenas das ótimas batalhas e das cenas de ação, "See" não vai se sustentar!

Eu gostei, só não sei até quando! Por enquanto, vale seu play.

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The Last Kingdom

Se você gosta de "Vikings", essa série produzida pela BBC não deixa absolutamente nada a desejar à produção do History Channel. 

Baseada no grande sucesso Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell, "The Last Kingdom" acompanha a jornada do jovem Uhtred (Alexander Dreymon) que foi sequestrado pelos dinamarqueses quando eles invadiram seu reino. Nobre de berço, Uhtred viu toda sua família ser assassinada, mas acabou sendo poupado e  criado como um filho nórdico ao lado de Brida (Emily Cox). Porém a desgraça parece acompanhar Uhtred e quando ele perde sua nova família em um ato de vingança, ele acaba sendo considerado o culpado. Sem chance alguma de explicação e jurado de morte, Uhtred e Brida precisam fugir para o único reino saxão ainda não dominado pelos Vikings: Wessex - comandado pelo aparentemente debilitado Rei Alfredo. Lá, apesar do desgosto de Brida, Uhtred passa a usar seus conhecimentos sobre os hábitos e estratégias dinamarquesas para ajudar o rei, tudo com o propósito egoísta de recuperar Bebbanburg, hoje controlada por seu tio traidor. Confira o trailer (em inglês):

"The Last Kingdom" é realmente muito bom e muito bem realizado - mais uma prova que é possível fazer um produto de qualidade desse gênero, com o cuidado que ele merece, com um roteiro bem trabalhado e sem um custo de produção proibitivo. Embora a história aparente ser complicada demais, cheia de nomes, territórios e deuses, o roteiro trabalha para criar uma linha narrativa quase intuitiva onde uma história vai levando a outra e assim por diante. Tenho a impressão que Vikings é mais dinâmica, mas nem por isso "The Last Kingdom" seja parada, muito pelo contrário, as vezes é até corrida demais, porém não é uma série que aposta em cenas grandiosas como Game of Thrones por exemplo. É uma série de história, não necessariamente de muitas batalhas!

A fotografia e a direção de arte são muito competentes e para quem gosta do gênero, vale muito a pena. Uma informação importante é que a Netflix assumiu a co-produtora a partir da segunda temporada, ou seja, houve um injeção de orçamento o que deu fôlego para, pelo menos, mais 3 temporadas!

Vale seu play!

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Se você gosta de "Vikings", essa série produzida pela BBC não deixa absolutamente nada a desejar à produção do History Channel. 

Baseada no grande sucesso Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell, "The Last Kingdom" acompanha a jornada do jovem Uhtred (Alexander Dreymon) que foi sequestrado pelos dinamarqueses quando eles invadiram seu reino. Nobre de berço, Uhtred viu toda sua família ser assassinada, mas acabou sendo poupado e  criado como um filho nórdico ao lado de Brida (Emily Cox). Porém a desgraça parece acompanhar Uhtred e quando ele perde sua nova família em um ato de vingança, ele acaba sendo considerado o culpado. Sem chance alguma de explicação e jurado de morte, Uhtred e Brida precisam fugir para o único reino saxão ainda não dominado pelos Vikings: Wessex - comandado pelo aparentemente debilitado Rei Alfredo. Lá, apesar do desgosto de Brida, Uhtred passa a usar seus conhecimentos sobre os hábitos e estratégias dinamarquesas para ajudar o rei, tudo com o propósito egoísta de recuperar Bebbanburg, hoje controlada por seu tio traidor. Confira o trailer (em inglês):

"The Last Kingdom" é realmente muito bom e muito bem realizado - mais uma prova que é possível fazer um produto de qualidade desse gênero, com o cuidado que ele merece, com um roteiro bem trabalhado e sem um custo de produção proibitivo. Embora a história aparente ser complicada demais, cheia de nomes, territórios e deuses, o roteiro trabalha para criar uma linha narrativa quase intuitiva onde uma história vai levando a outra e assim por diante. Tenho a impressão que Vikings é mais dinâmica, mas nem por isso "The Last Kingdom" seja parada, muito pelo contrário, as vezes é até corrida demais, porém não é uma série que aposta em cenas grandiosas como Game of Thrones por exemplo. É uma série de história, não necessariamente de muitas batalhas!

A fotografia e a direção de arte são muito competentes e para quem gosta do gênero, vale muito a pena. Uma informação importante é que a Netflix assumiu a co-produtora a partir da segunda temporada, ou seja, houve um injeção de orçamento o que deu fôlego para, pelo menos, mais 3 temporadas!

Vale seu play!

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