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Free Guy

“Free Guy"  que no Brasil ganhou o subtítulo de "Assumindo o Controle” é uma mistura de vários filmes que deram certo como, por exemplo, “Jogador Nº 1” e “O Show de Truman”, mas as semelhanças vão além!

Na trama, Guy (Ryan Reynalds) é um personagem "não-jogável" (NPC) em Free City, um jogo de RPG online. Sem saber que o mundo em que vive é um videogame, ele trabalha como caixa de banco em uma entediante rotina, que se repete diversas vezes (como no clássico “O Feitiço do Tempo”). No jogo, Millie (Jodie Comer), conhecida como Molotov Girl, chama a atenção de Guy cantando sua música favorita da Mariah Carey, é aí que ele começa a se desviar de sua programação. Mas é quando Guy pega um óculos de um jogador, que ele passa a ver Free City através de uma versão única da interface e, surpreendentemente, acaba virando um jogador. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único personagem-jogável que pode salvar o mundo. Confira o trailer:

Os clichês frequentes acabam tirando o brilho de um filme que poderia ser tão mais criativo e original quanto “Jogador Nº 1” - ainda mais tendo como um dos roteiristas Zak Penn que também colaborou para o filme de Steven Spielberg. Mas em um longa visualmente atrativo e com os carismáticos Ryan Reynalds e Jodie Comer no elenco, chegar até o final e sentir aquele gostinho de que a aventura tinha muito potencial e foi desperdiçada por excessivos clichês acaba sendo um pouco frustrante.

Ainda assim, os efeitos especiais e visuais são mágicos e criam uma dimensão bastante imersiva. É evidente que a aventura descompromissada funciona e entrega momentos divertidíssimos que incluem ótimas sequências de ação e referências da cultura pop. Uma trilha sonora bem gostosinha (daquelas que procuramos a playlist para ouvir) também é um dos bons ingredientes do filme. A canção “Fantasy” da Mariah Carey gruda como chiclete.

“Free Guy” diverte e garante boas risadas, mas não é nenhuma aventura que você já não tenha visto antes, mas se você gosta do estilo "Ryan Reynalds" de filmes, vale o seu play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

Assista Agora

“Free Guy"  que no Brasil ganhou o subtítulo de "Assumindo o Controle” é uma mistura de vários filmes que deram certo como, por exemplo, “Jogador Nº 1” e “O Show de Truman”, mas as semelhanças vão além!

Na trama, Guy (Ryan Reynalds) é um personagem "não-jogável" (NPC) em Free City, um jogo de RPG online. Sem saber que o mundo em que vive é um videogame, ele trabalha como caixa de banco em uma entediante rotina, que se repete diversas vezes (como no clássico “O Feitiço do Tempo”). No jogo, Millie (Jodie Comer), conhecida como Molotov Girl, chama a atenção de Guy cantando sua música favorita da Mariah Carey, é aí que ele começa a se desviar de sua programação. Mas é quando Guy pega um óculos de um jogador, que ele passa a ver Free City através de uma versão única da interface e, surpreendentemente, acaba virando um jogador. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único personagem-jogável que pode salvar o mundo. Confira o trailer:

Os clichês frequentes acabam tirando o brilho de um filme que poderia ser tão mais criativo e original quanto “Jogador Nº 1” - ainda mais tendo como um dos roteiristas Zak Penn que também colaborou para o filme de Steven Spielberg. Mas em um longa visualmente atrativo e com os carismáticos Ryan Reynalds e Jodie Comer no elenco, chegar até o final e sentir aquele gostinho de que a aventura tinha muito potencial e foi desperdiçada por excessivos clichês acaba sendo um pouco frustrante.

Ainda assim, os efeitos especiais e visuais são mágicos e criam uma dimensão bastante imersiva. É evidente que a aventura descompromissada funciona e entrega momentos divertidíssimos que incluem ótimas sequências de ação e referências da cultura pop. Uma trilha sonora bem gostosinha (daquelas que procuramos a playlist para ouvir) também é um dos bons ingredientes do filme. A canção “Fantasy” da Mariah Carey gruda como chiclete.

“Free Guy” diverte e garante boas risadas, mas não é nenhuma aventura que você já não tenha visto antes, mas se você gosta do estilo "Ryan Reynalds" de filmes, vale o seu play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Ida Red

Se você está em busca de um bom entretenimento sobre assaltos espetaculares em uma mistura de ação com algum drama, "Ida Red - O Preço da Liberdade" pode ser uma boa pedida - mas te adianto: não se trata de um filme inesquecível, pelo contrário, ele é despretensioso ao ponto de abdicar de pelo menos 30 minutos de história, onde as tramas, subtramas e soluções narrativas certamente seriam melhores desenvolvidas, para ganhar em dinâmica e alguma emoção. Isso faz do filme escrito e dirigido por John Swab (do mediano "One Day as a Lion") honesto em sua proposta, tanto que chegou a ser indicado ao  Locarno em 2021, mas é inegável que deixa um gostinho de que poderia ser melhor do que realmente é!

"Ida Red - O Preço da Liberdade", basicamente, acompanha a carreira da criminosa Ida ‘Red’ Walker (Melissa Leo), que luta contra uma doença terminal enquanto cumpre uma pena de 25 anos de prisão em Oklahoma. Sob a tutela de Ida, seu filho, Wyatt Walker (Josh Hartnett) sustenta os negócios da família ao lado de seu tio, Dallas Walker (Frank Grillo), até que um assalto dá errado e o detetive local e cunhado de Wyatt, Bodie Collier (George Carroll), se junta ao agente do FBI Lawrence Twilley (William Forsythe) para tentar rastrear os responsáveis pelo crime - e como é de se imaginar, eles já têm seus suspeitos. Confira o trailer: 

Embora o filme se apresente como uma montanha-russa emocional que mergulha nas complexidades das relações familiares e do dilema moral para definir o que é certo, o que é errado e em qual circunstâncias isso pode se misturar, "Ida Red" é mesmo um filme de ação. Certo disso, percebemos que durante os 120 minutos de história, assistimos Swab nos negar alguns eventos importantes da trama e isso faz com que todos aqueles conflitos soem mais superficiais do que eles poderiam ser. Ao recortar o grande arco dramático de uma família amplamente envolvida com o mundo do crime e nos apresentar apenas uma parte desse todo, o diretor assume o risco de que sua audiência não se importe realmente com aqueles personagens - isso me pareceu acontecer, por outro lado não impacta no que ele prioriza como fio condutor.

A direção de John Swab respeita suas próprias escolhas conceituais e sua abordagem habilidosa dessa gramática de gênero ao criar uma atmosfera mais sombria do que tensa, especialmente no prólogo e no final do terceiro ato, onde a ação propriamente dita, nos conduz entre os dramas mais existenciais dos personagens. Essa proposta acaba deixando para o elenco todo ônus da falta de tempo de tela - Melissa Leo talvez seja o maior exemplo disso. Ela oferece uma atuação de tirar o fôlego quando é demandada, incorporando uma Ida Red com presença magnética, mas pouco aproveitada. Josh Hartnett e Frank Grillo, esses sim oferecem performances convincentes sem tanta pressa - a química entre eles é palpável, o que adiciona uma camada extra de autenticidade à história, mas infelizmente, mesmo assim, falta aquela conexão.

A fotografia do Matt Clegg (de "What Doesn't Float") é primorosa ao equilibrar o drama mais íntimo com seus planos fechados e quase sempre estáticos, com a ação mais dinâmica das lentes mais abertas e uma câmera mais nervosa. A escolha de locações e a trilha sonora se combinam com essa dualidade da fotografia para criar um ambiente mais imersivo que faz com que a audiência se sinta parte daquele submundo - uma pena que essas sensações sejam tão esporádicas devido aos gaps do roteiro. Em resumo, "Ida Red - O Preço da Liberdade" diverte mais do que nos impacta, mesmo quando escolhe questionar o real valor da família como instituição inabalável em meio aquele cenário imoral de crimes e redenção. Uma pena que não tenha tido o tempo necessário para unificar esses dois elementos dramáticos, que estão lá, mas que acabaram funcionando mais sozinhos do que juntos.

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Se você está em busca de um bom entretenimento sobre assaltos espetaculares em uma mistura de ação com algum drama, "Ida Red - O Preço da Liberdade" pode ser uma boa pedida - mas te adianto: não se trata de um filme inesquecível, pelo contrário, ele é despretensioso ao ponto de abdicar de pelo menos 30 minutos de história, onde as tramas, subtramas e soluções narrativas certamente seriam melhores desenvolvidas, para ganhar em dinâmica e alguma emoção. Isso faz do filme escrito e dirigido por John Swab (do mediano "One Day as a Lion") honesto em sua proposta, tanto que chegou a ser indicado ao  Locarno em 2021, mas é inegável que deixa um gostinho de que poderia ser melhor do que realmente é!

"Ida Red - O Preço da Liberdade", basicamente, acompanha a carreira da criminosa Ida ‘Red’ Walker (Melissa Leo), que luta contra uma doença terminal enquanto cumpre uma pena de 25 anos de prisão em Oklahoma. Sob a tutela de Ida, seu filho, Wyatt Walker (Josh Hartnett) sustenta os negócios da família ao lado de seu tio, Dallas Walker (Frank Grillo), até que um assalto dá errado e o detetive local e cunhado de Wyatt, Bodie Collier (George Carroll), se junta ao agente do FBI Lawrence Twilley (William Forsythe) para tentar rastrear os responsáveis pelo crime - e como é de se imaginar, eles já têm seus suspeitos. Confira o trailer: 

Embora o filme se apresente como uma montanha-russa emocional que mergulha nas complexidades das relações familiares e do dilema moral para definir o que é certo, o que é errado e em qual circunstâncias isso pode se misturar, "Ida Red" é mesmo um filme de ação. Certo disso, percebemos que durante os 120 minutos de história, assistimos Swab nos negar alguns eventos importantes da trama e isso faz com que todos aqueles conflitos soem mais superficiais do que eles poderiam ser. Ao recortar o grande arco dramático de uma família amplamente envolvida com o mundo do crime e nos apresentar apenas uma parte desse todo, o diretor assume o risco de que sua audiência não se importe realmente com aqueles personagens - isso me pareceu acontecer, por outro lado não impacta no que ele prioriza como fio condutor.

A direção de John Swab respeita suas próprias escolhas conceituais e sua abordagem habilidosa dessa gramática de gênero ao criar uma atmosfera mais sombria do que tensa, especialmente no prólogo e no final do terceiro ato, onde a ação propriamente dita, nos conduz entre os dramas mais existenciais dos personagens. Essa proposta acaba deixando para o elenco todo ônus da falta de tempo de tela - Melissa Leo talvez seja o maior exemplo disso. Ela oferece uma atuação de tirar o fôlego quando é demandada, incorporando uma Ida Red com presença magnética, mas pouco aproveitada. Josh Hartnett e Frank Grillo, esses sim oferecem performances convincentes sem tanta pressa - a química entre eles é palpável, o que adiciona uma camada extra de autenticidade à história, mas infelizmente, mesmo assim, falta aquela conexão.

A fotografia do Matt Clegg (de "What Doesn't Float") é primorosa ao equilibrar o drama mais íntimo com seus planos fechados e quase sempre estáticos, com a ação mais dinâmica das lentes mais abertas e uma câmera mais nervosa. A escolha de locações e a trilha sonora se combinam com essa dualidade da fotografia para criar um ambiente mais imersivo que faz com que a audiência se sinta parte daquele submundo - uma pena que essas sensações sejam tão esporádicas devido aos gaps do roteiro. Em resumo, "Ida Red - O Preço da Liberdade" diverte mais do que nos impacta, mesmo quando escolhe questionar o real valor da família como instituição inabalável em meio aquele cenário imoral de crimes e redenção. Uma pena que não tenha tido o tempo necessário para unificar esses dois elementos dramáticos, que estão lá, mas que acabaram funcionando mais sozinhos do que juntos.

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Justiça Brutal

Filmes de ação raramente entregam histórias que nos fazem refletir sobre o sistema e a corrupção como deveriam. Na maioria das vezes as cenas frenéticas tomam conta da tela e engolem qualquer história diante de tantas coreografias de lutas, tiros e perseguições. Mas “Justiça Brutal” entrega tudo o que gênero pede e muito mais - você só deve ter em mente que o desenvolvimento da narrativa é um pouco mais lenta que o usual. O filme ainda explora o contexto social e aborda temas relevantes como o racismo, sem deixar sequências espetaculares de perseguição e tiroteio de lado.

Na trama, o veterano policial Brett Ridgeman (Mel Gibson) e seu parceiro mais jovem e volátil, Anthony Lurasetti (Vince Vaughn), são suspensos quando um vídeo de suas táticas de trabalho brutais vira notícia. Sem dinheiro e sem opções, eles decidem entrar para o mundo do crime. Porém, o que eles encontram na criminalidade é algo muito mais obscuro do que esperavam. Confira o trailer (em inglês):

Com uma premissa interessante, a primeira hora pode decepcionar aquelas pessoas que esperam muito mais por explosões, lutas e tiroteios, mas “Dragged Across Concrete” (no original) se preocupa muito mais em apresentar seus personagens e todo o contexto social antes de chegar no ápice da ação. Ainda assim, devo ressaltar que a ação é contida, existe muito mais uma tensão crescente nos momentos de perseguições do que outros artifícios usados para gerar o êxtase visual - você ficará apreensivo com o decorrer da história, definitivamente. Eu diria que é uma experiência diferente de filmes de ação de atores como Liam Neeson ou Jason Statham.

A direção traz alguns elementos interessantes de séries como ”Breaking Bad”, por exemplo - que praticamente acompanham o dia a dia de seus personagens como se a câmera estivesse escondida, mostrando cada passo, cada detalhe! Ao mesmo tempo, se você gosta de um estilo mais clássico como ”Fogo Contra Fogo”, provavelmente a sua experiência com esse thriller de ação escrito e dirigido por S. Craig Zahler (dos aclamados ”Rastros de Maldade” e ”Confusão no Pavilhão 99”), será completa e te garanto: esse é mais um daqueles achados que só nos resta agradecer ao serviço de streaming.

No elenco todos entregam perfomances marcantes, especialmente os protagonistas Mel Gibson e Vince Vaughn, que poderiam facilmente estrelar uma temporada de ”True Detective”! Que química incrível esses dois tem em cena. Assim como Matthew McConaughey e Woody Harrelson haviam trabalhado juntos anteriormente e anos depois estrelaram a série antológica da HBO.

“Justiça Brutal” se diferencia dos demais filmes de ação por ser bem construído, realista e, de fato, brutal. O filme pode ser facilmente comparado aos clássicos de ação e suspense criminal, e não aos recentes filmes esquecíveis que o gênero vem produzindo.

PS: o que impede o filme ser uma obra-prima "nível Michael Mann", talvez seja o excesso e até mesmo um pouco de pieguice no seu desfecho. Imagino que um certo polimento teria feito muito bem a narrativa, especialmente porque todos os inúmeros acertos da direção e do roteiro são notáveis.

Vale o seu play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Filmes de ação raramente entregam histórias que nos fazem refletir sobre o sistema e a corrupção como deveriam. Na maioria das vezes as cenas frenéticas tomam conta da tela e engolem qualquer história diante de tantas coreografias de lutas, tiros e perseguições. Mas “Justiça Brutal” entrega tudo o que gênero pede e muito mais - você só deve ter em mente que o desenvolvimento da narrativa é um pouco mais lenta que o usual. O filme ainda explora o contexto social e aborda temas relevantes como o racismo, sem deixar sequências espetaculares de perseguição e tiroteio de lado.

Na trama, o veterano policial Brett Ridgeman (Mel Gibson) e seu parceiro mais jovem e volátil, Anthony Lurasetti (Vince Vaughn), são suspensos quando um vídeo de suas táticas de trabalho brutais vira notícia. Sem dinheiro e sem opções, eles decidem entrar para o mundo do crime. Porém, o que eles encontram na criminalidade é algo muito mais obscuro do que esperavam. Confira o trailer (em inglês):

Com uma premissa interessante, a primeira hora pode decepcionar aquelas pessoas que esperam muito mais por explosões, lutas e tiroteios, mas “Dragged Across Concrete” (no original) se preocupa muito mais em apresentar seus personagens e todo o contexto social antes de chegar no ápice da ação. Ainda assim, devo ressaltar que a ação é contida, existe muito mais uma tensão crescente nos momentos de perseguições do que outros artifícios usados para gerar o êxtase visual - você ficará apreensivo com o decorrer da história, definitivamente. Eu diria que é uma experiência diferente de filmes de ação de atores como Liam Neeson ou Jason Statham.

A direção traz alguns elementos interessantes de séries como ”Breaking Bad”, por exemplo - que praticamente acompanham o dia a dia de seus personagens como se a câmera estivesse escondida, mostrando cada passo, cada detalhe! Ao mesmo tempo, se você gosta de um estilo mais clássico como ”Fogo Contra Fogo”, provavelmente a sua experiência com esse thriller de ação escrito e dirigido por S. Craig Zahler (dos aclamados ”Rastros de Maldade” e ”Confusão no Pavilhão 99”), será completa e te garanto: esse é mais um daqueles achados que só nos resta agradecer ao serviço de streaming.

No elenco todos entregam perfomances marcantes, especialmente os protagonistas Mel Gibson e Vince Vaughn, que poderiam facilmente estrelar uma temporada de ”True Detective”! Que química incrível esses dois tem em cena. Assim como Matthew McConaughey e Woody Harrelson haviam trabalhado juntos anteriormente e anos depois estrelaram a série antológica da HBO.

“Justiça Brutal” se diferencia dos demais filmes de ação por ser bem construído, realista e, de fato, brutal. O filme pode ser facilmente comparado aos clássicos de ação e suspense criminal, e não aos recentes filmes esquecíveis que o gênero vem produzindo.

PS: o que impede o filme ser uma obra-prima "nível Michael Mann", talvez seja o excesso e até mesmo um pouco de pieguice no seu desfecho. Imagino que um certo polimento teria feito muito bem a narrativa, especialmente porque todos os inúmeros acertos da direção e do roteiro são notáveis.

Vale o seu play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Killing Eve

"Killing Eve" é muito divertida! Na verdade é uma jornada de "gato e rato" com pitadas de espionagem, conspirações e... muita ironia. Se você gosta de filmes como "Nikita", "Anna" e até "Viúva Negra"certamente você vai gostar dessa série da BBC America, criada pela Sally Woodward Gentle (Whitechapel), Lee Morris e Phoebe Waller-Bridge (Fleabag), e baseada na saga literária "Codinome Villanelle", escrita por Luke Jennings - porém um detalhe não pode passar batido para alinharmos as expectativas: diferente dos três filmes que comentei acima, o tom de "Killing Eve" é outro, ele se apoia na ironia ao usar tantos clichês do gênero e isso vai exigir uma enorme suspensão da realidade, mas que ao mesmo tempo vai deixar a história leve, despretensiosa e não menos inteligente.

Eve Polastri (Sandra Oh) é uma funcionária de uma “divisão fantasma” do MI5 que fica obcecada em conseguir capturar uma misteriosa, impiedosa e precisa assassina chamada Oxana Vorontsova (Jodie Comer). Ao ser colocada na posição de "agente secreta", Eve embarca em uma perigosa caçada, assumindo riscos impensáveis, iniciando complexas investigações e criando um cenário de tensão que ultrapassa as fronteiras do Reino Unido. Confira o trailer:

Um bom roteiro precisa de apenas uma cena para estabelecer um personagem e "Killing Eve" faz isso com maestria. No prólogo conhecemos a assassina Villanelle, codinome de Vorontsova - ela observa uma linda garotinha tomando um sorvete. Depois de uma dificuldade inicial em interagir com a garotinha, Vorontsova troca sorrisos, cheia de simpatia. Porém em um determinado momento, ela se levanta, imponente, chamando a atenção dos olhos masculinos, caminha até a garotinha e simplesmente derruba o sorvete, propositalmente, com um leve sorriso no rosto até sair da sorveteria como se nada tivesse acontecido. Fiz questão de citar essa sequência (que inclusive está editada no trailer acima) justamente para antecipar o que você vai encontrar na série: esse tipo de ironia inteligente que, sem uma única palavra, já pontua exatamente o que podemos esperar de uma personagem.

Do outro lado temos Sandra Oh (a "insuportável" Cristina Yang de "Greys Anatomy"). Aqui ela é apaixonante, teimosa e irresponsável, mas com muito charme e simpatia. Seu estilo, até fisico, se encaixa perfeitamente no tom da série e acaba funcionando como contraponto ao estilo "camaleão com elegância" de Comer - essas diferenças se completam de tal forma que fica impossível pensar na série sem essas duas atrizes. Essa química, inclusive, rendeu para elas inúmeras indicações em várias premiações importantes e um Emmy de "Melhor Atriz" para Comer em 2019. Outra peça importante do elenco é Fiona Shaw - também indicada ao Emmy, mas como coadjuvante. Shaw é o ponto de equilíbrio da série, aquela personagem que não deixa a história descambar para a comédia pastelão e muito menos para o drama denso - é incrível como o roteiro usa os personagens para entregar uma história dinâmica e empolgante, que flerta com o humor de um jeito macabro, sombrio, até escrachado, mas sem esquecer de ser um entretenimento dos mais divertidos. 

Antes de finalizar é preciso dizer que a ideia central da trama vai mudando durante a primeira temporada e se expande em outras possibilidades nas demais, mesmo sabendo que a quarta (ainda inédita) será a última. Essa transformação narrativa mais ajuda do que atrapalha, governos que teoricamente seriam os mocinhos e os espiões e assassinos cruéis que seriam os bandidos, na verdade andam de mãos dadas em muitos casos, e é justamente esse tipo de similaridade que o texto passa a trabalhar - onde, mais uma vez, Comer ajuda construir excelentes momentos. É natural a mudança, claro, mas alguns podem não gostar - não foi o meu caso. Achei que a cada reinvenção imposta, a série ganhava mais fôlego e já sabendo que teremos um final logo ali, ajudou muito na escolha de embarcar nessa jornada.

Vale muito a pena!

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"Killing Eve" é muito divertida! Na verdade é uma jornada de "gato e rato" com pitadas de espionagem, conspirações e... muita ironia. Se você gosta de filmes como "Nikita", "Anna" e até "Viúva Negra"certamente você vai gostar dessa série da BBC America, criada pela Sally Woodward Gentle (Whitechapel), Lee Morris e Phoebe Waller-Bridge (Fleabag), e baseada na saga literária "Codinome Villanelle", escrita por Luke Jennings - porém um detalhe não pode passar batido para alinharmos as expectativas: diferente dos três filmes que comentei acima, o tom de "Killing Eve" é outro, ele se apoia na ironia ao usar tantos clichês do gênero e isso vai exigir uma enorme suspensão da realidade, mas que ao mesmo tempo vai deixar a história leve, despretensiosa e não menos inteligente.

Eve Polastri (Sandra Oh) é uma funcionária de uma “divisão fantasma” do MI5 que fica obcecada em conseguir capturar uma misteriosa, impiedosa e precisa assassina chamada Oxana Vorontsova (Jodie Comer). Ao ser colocada na posição de "agente secreta", Eve embarca em uma perigosa caçada, assumindo riscos impensáveis, iniciando complexas investigações e criando um cenário de tensão que ultrapassa as fronteiras do Reino Unido. Confira o trailer:

Um bom roteiro precisa de apenas uma cena para estabelecer um personagem e "Killing Eve" faz isso com maestria. No prólogo conhecemos a assassina Villanelle, codinome de Vorontsova - ela observa uma linda garotinha tomando um sorvete. Depois de uma dificuldade inicial em interagir com a garotinha, Vorontsova troca sorrisos, cheia de simpatia. Porém em um determinado momento, ela se levanta, imponente, chamando a atenção dos olhos masculinos, caminha até a garotinha e simplesmente derruba o sorvete, propositalmente, com um leve sorriso no rosto até sair da sorveteria como se nada tivesse acontecido. Fiz questão de citar essa sequência (que inclusive está editada no trailer acima) justamente para antecipar o que você vai encontrar na série: esse tipo de ironia inteligente que, sem uma única palavra, já pontua exatamente o que podemos esperar de uma personagem.

Do outro lado temos Sandra Oh (a "insuportável" Cristina Yang de "Greys Anatomy"). Aqui ela é apaixonante, teimosa e irresponsável, mas com muito charme e simpatia. Seu estilo, até fisico, se encaixa perfeitamente no tom da série e acaba funcionando como contraponto ao estilo "camaleão com elegância" de Comer - essas diferenças se completam de tal forma que fica impossível pensar na série sem essas duas atrizes. Essa química, inclusive, rendeu para elas inúmeras indicações em várias premiações importantes e um Emmy de "Melhor Atriz" para Comer em 2019. Outra peça importante do elenco é Fiona Shaw - também indicada ao Emmy, mas como coadjuvante. Shaw é o ponto de equilíbrio da série, aquela personagem que não deixa a história descambar para a comédia pastelão e muito menos para o drama denso - é incrível como o roteiro usa os personagens para entregar uma história dinâmica e empolgante, que flerta com o humor de um jeito macabro, sombrio, até escrachado, mas sem esquecer de ser um entretenimento dos mais divertidos. 

Antes de finalizar é preciso dizer que a ideia central da trama vai mudando durante a primeira temporada e se expande em outras possibilidades nas demais, mesmo sabendo que a quarta (ainda inédita) será a última. Essa transformação narrativa mais ajuda do que atrapalha, governos que teoricamente seriam os mocinhos e os espiões e assassinos cruéis que seriam os bandidos, na verdade andam de mãos dadas em muitos casos, e é justamente esse tipo de similaridade que o texto passa a trabalhar - onde, mais uma vez, Comer ajuda construir excelentes momentos. É natural a mudança, claro, mas alguns podem não gostar - não foi o meu caso. Achei que a cada reinvenção imposta, a série ganhava mais fôlego e já sabendo que teremos um final logo ali, ajudou muito na escolha de embarcar nessa jornada.

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Kingsman: Serviço Secreto

Kingsman: Serviço Secreto

“Kingsman: Serviço Secreto” é um filme dos mais divertidos dirigido por Matthew Vaughn, dos ótimos “Kick-Ass” e “X-Men: Primeira Classe”. Você só precisa ter em mente que esse filme não é para ser levado a sério - no bom sentido, claro. As cenas mais piradas e insanas são propositais, e isso é feito com muita energia e paixão pelo diretor - um apaixonado pelo agente 007.

Na trama, Eggsy (Taron Egerton) é um jovem com problemas de disciplina que parece perto de se tornar um criminoso. Determinado dia, ele entra em contato com Harry (Colin Firth), que lhe apresenta a agência de espionagem Kingsman. O jovem então se une a um time de recrutas em busca de uma vaga nessa agência ao mesmo tempo em que Harry tenta impedir a ascensão do vilão Valentine (Samuel L. Jackson). Confira o trailer:

Assim como “Kick-Ass”, que era uma adaptação de uma HQ e fazia uma gozação aos filmes de super-heróis, “Kingsman” (também é uma releitura de HQ, no caso "The Secret Service" de Mark Millar), e não hesita em satirizar os clássicos de espionagem dos anos 70 como os filmes de James Bond, que por si só já eram cheio de momentos estapafúrdicos. Se tratando de uma adaptação de quadrinhos, você pode esperar por um filme frenético que abraça a loucura de forma desvairada. Isso é o que “Kingsman" tem de melhor, pelo menos até certo momento.

Na sequência final, após a ausência de um personagem importante, o ritmo se excede um pouco na megalomania, mas isso não torna o filme menos atrativo. No elenco; Colin Firth e Taron Egerton tem uma química perfeita, e ambos se saem muito bem, independente de quando contracenam ou não. Inclusive, tem uma cena específica do Colin Firth, que é simplesmente alucinante e violenta - e isso pode agradar muitos ou enterrar o filme de vez para outros.

O fato é que mesmo que “Kingsman: Serviço Secreto” faça tributos para vários filmes de espionagem, ele por si só não deixa de ser original pela maneira com que é dirigido por Vaughn, fotografado pelo sempre criativo George Richmond (de "Filhos da Esperança") e desenvolvido pelo roteiro Jane Goldman (parceira do diretor em vários títulos de sua filmografia), porém com uma originalidade e qualidade técnica rara nos filmes do gênero.

Vela muito a pena!

PS: Esse é o primeiro filme da trilogia “Kingsman". Os outros dois filmes, "Círculo Dourado" e o recente "A Origem", também estão disponíveis no Star+!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“Kingsman: Serviço Secreto” é um filme dos mais divertidos dirigido por Matthew Vaughn, dos ótimos “Kick-Ass” e “X-Men: Primeira Classe”. Você só precisa ter em mente que esse filme não é para ser levado a sério - no bom sentido, claro. As cenas mais piradas e insanas são propositais, e isso é feito com muita energia e paixão pelo diretor - um apaixonado pelo agente 007.

Na trama, Eggsy (Taron Egerton) é um jovem com problemas de disciplina que parece perto de se tornar um criminoso. Determinado dia, ele entra em contato com Harry (Colin Firth), que lhe apresenta a agência de espionagem Kingsman. O jovem então se une a um time de recrutas em busca de uma vaga nessa agência ao mesmo tempo em que Harry tenta impedir a ascensão do vilão Valentine (Samuel L. Jackson). Confira o trailer:

Assim como “Kick-Ass”, que era uma adaptação de uma HQ e fazia uma gozação aos filmes de super-heróis, “Kingsman” (também é uma releitura de HQ, no caso "The Secret Service" de Mark Millar), e não hesita em satirizar os clássicos de espionagem dos anos 70 como os filmes de James Bond, que por si só já eram cheio de momentos estapafúrdicos. Se tratando de uma adaptação de quadrinhos, você pode esperar por um filme frenético que abraça a loucura de forma desvairada. Isso é o que “Kingsman" tem de melhor, pelo menos até certo momento.

Na sequência final, após a ausência de um personagem importante, o ritmo se excede um pouco na megalomania, mas isso não torna o filme menos atrativo. No elenco; Colin Firth e Taron Egerton tem uma química perfeita, e ambos se saem muito bem, independente de quando contracenam ou não. Inclusive, tem uma cena específica do Colin Firth, que é simplesmente alucinante e violenta - e isso pode agradar muitos ou enterrar o filme de vez para outros.

O fato é que mesmo que “Kingsman: Serviço Secreto” faça tributos para vários filmes de espionagem, ele por si só não deixa de ser original pela maneira com que é dirigido por Vaughn, fotografado pelo sempre criativo George Richmond (de "Filhos da Esperança") e desenvolvido pelo roteiro Jane Goldman (parceira do diretor em vários títulos de sua filmografia), porém com uma originalidade e qualidade técnica rara nos filmes do gênero.

Vela muito a pena!

PS: Esse é o primeiro filme da trilogia “Kingsman". Os outros dois filmes, "Círculo Dourado" e o recente "A Origem", também estão disponíveis no Star+!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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La Casa de Papel

"La Casa de Papel" é uma série espanhola criada por Álex Pina que se tornou um fenômeno global meio que por acaso, conquistando milhões de fãs em todo o mundo e fazendo com que a plataforma que só tinha o direito de distribuição da primeira temporada investisse em mais alguns anos - que cá entre nós, se mostrou uma das decisões mais acertadas de empresa em muitos anos. A produção, que estreou na Netflix em 2017, tem todos os elementos que nos conquista, mas a relação da audiência com seus personagens, de fato, coloca o título em um outro patamar - os personagens são carismáticos e bem desenvolvidos, desde seu líder brilhante, mas também complexo e cheio de segredos, como todos os outros assaltantes também são interessantes, com suas próprias histórias e motivações. 

Para quem não sabe, a série acompanha a história de um grupo de assaltantes liderados por um misterioso homem conhecido como "O Professor" (Álvaro Morte), cujo objetivo é realizar o maior assalto da história, roubando 2,4 bilhões de euros da Casa da Moeda Real da Espanha. Veja, embora não seja uma grande novidade (com cenas que já vimos em outros filmes), a forma como a trama é narrada é muito interessante, eu diria que é daquelas séries que surpreendem já no primeiro episódio e nos prendem até o final - e realmente temos um final. Confira o trailer:

"La Casa de Papel" segue uma linha narrativa bem parecida com alguns filmes da Espanha que fizeram muito sucesso na temporada 2017 - um drama (quase non-sense de absurdo) cheio de alívios cômicos inteligentes, muito contraste visual, extremamente bem produzido, com bons atores (atenção para o Pedro Alonso que interpreta o "Berlin") e um roteiro realmente bem construído - mesmo que exija certa suspensão da realidade para embarcar nas soluções "malucas" do Professor!

Um dos elementos que mais chamam a atenção em "La Casa de Papel" é a sua estética. A série é filmada com uma paleta de cores fortes e vibrantes, que criam uma atmosfera envolvente e cheia de energia. A direção também é muito dinâmica, com cenas de ação que são filmadas de forma primorosa - empolgante na sua essência. Outro ponto forte, e que alinha todos eles elementos visuais e narrativos, é sua trilha sonora. A música é usada de forma inteligente para potencializar a atmosfera certa em cada momento - as músicas clássicas, como "Bella Ciao", são criam um senso de nostalgia e emoção, enquanto as músicas eletrônicas são usadas para pontuar a tensão e o suspense.

O que dizer de Úrsula Corberó (Tóquio), Jaime Lorente (Denver), Miguel Herrán (Rio) e Esther Acebo (Estocolmo)? Como pontuei na introdução: a cereja do bolo de uma uma série imperdível que conquista o público de todas as idades com a alma - mesmo que fantasiada por uma dinâmica eletrizante, uma produção impecável e uma estética vibrante de cair o queixo. Se as últimas temporadas perdem o elemento "novidade", saiba que até lá já estamos apaixonados ao ponto de nem ligar para caminho que a trama seguiu, só queremos que aquela aventura nunca acabe mesmo!

Vale muito a pena!

Assista Agora

"La Casa de Papel" é uma série espanhola criada por Álex Pina que se tornou um fenômeno global meio que por acaso, conquistando milhões de fãs em todo o mundo e fazendo com que a plataforma que só tinha o direito de distribuição da primeira temporada investisse em mais alguns anos - que cá entre nós, se mostrou uma das decisões mais acertadas de empresa em muitos anos. A produção, que estreou na Netflix em 2017, tem todos os elementos que nos conquista, mas a relação da audiência com seus personagens, de fato, coloca o título em um outro patamar - os personagens são carismáticos e bem desenvolvidos, desde seu líder brilhante, mas também complexo e cheio de segredos, como todos os outros assaltantes também são interessantes, com suas próprias histórias e motivações. 

Para quem não sabe, a série acompanha a história de um grupo de assaltantes liderados por um misterioso homem conhecido como "O Professor" (Álvaro Morte), cujo objetivo é realizar o maior assalto da história, roubando 2,4 bilhões de euros da Casa da Moeda Real da Espanha. Veja, embora não seja uma grande novidade (com cenas que já vimos em outros filmes), a forma como a trama é narrada é muito interessante, eu diria que é daquelas séries que surpreendem já no primeiro episódio e nos prendem até o final - e realmente temos um final. Confira o trailer:

"La Casa de Papel" segue uma linha narrativa bem parecida com alguns filmes da Espanha que fizeram muito sucesso na temporada 2017 - um drama (quase non-sense de absurdo) cheio de alívios cômicos inteligentes, muito contraste visual, extremamente bem produzido, com bons atores (atenção para o Pedro Alonso que interpreta o "Berlin") e um roteiro realmente bem construído - mesmo que exija certa suspensão da realidade para embarcar nas soluções "malucas" do Professor!

Um dos elementos que mais chamam a atenção em "La Casa de Papel" é a sua estética. A série é filmada com uma paleta de cores fortes e vibrantes, que criam uma atmosfera envolvente e cheia de energia. A direção também é muito dinâmica, com cenas de ação que são filmadas de forma primorosa - empolgante na sua essência. Outro ponto forte, e que alinha todos eles elementos visuais e narrativos, é sua trilha sonora. A música é usada de forma inteligente para potencializar a atmosfera certa em cada momento - as músicas clássicas, como "Bella Ciao", são criam um senso de nostalgia e emoção, enquanto as músicas eletrônicas são usadas para pontuar a tensão e o suspense.

O que dizer de Úrsula Corberó (Tóquio), Jaime Lorente (Denver), Miguel Herrán (Rio) e Esther Acebo (Estocolmo)? Como pontuei na introdução: a cereja do bolo de uma uma série imperdível que conquista o público de todas as idades com a alma - mesmo que fantasiada por uma dinâmica eletrizante, uma produção impecável e uma estética vibrante de cair o queixo. Se as últimas temporadas perdem o elemento "novidade", saiba que até lá já estamos apaixonados ao ponto de nem ligar para caminho que a trama seguiu, só queremos que aquela aventura nunca acabe mesmo!

Vale muito a pena!

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Lift: Roubo nas Alturas

Divertido como um "filme de assalto" deve ser - mas, sim, será preciso uma boa dose de suspensão da realidade para embarcar na proposta narrativa do diretor F. Gary Gray (de "Código de Conduta") e do roteirista Daniel Kunka (de "12 rounds"). "Lift: Roubo nas Alturas" é entretenimento puro, uma mistura de ação com ótimos toques de comédia que realmente prende a atenção da audiência do início ao fim pela forma despretensiosa com que conduz sua narrativa. Essa produção original da Netflixsegue a fórmula mirabolante do roubo improvável com uma equipe de ladrões, com diferentes habilidades, que se reune para realizar o maior golpe de suas vidas. Inovador? Longe disso, aliás é cheio de clichês, o que é ótimo para o gênero, no entanto aqui temos um ponto que triunfa, mesmo tendo essa premissa, digamos, batida: seu elenco, e a interação entre todos os atores, é excelente! 

A trama segue um grupo de criminosos internacionais liderado por Cyrus (Kevin Hart) que acabam de ser contratados por Abby (Gugu Mbatha-Raw), uma agente federal, para que cumpram uma missão ambiciosa: roubar meio bilhão de dólares em barras de ouro que estão sendo transportadas para uma célula terrorista. Para deixar tudo ainda mais insano, a carga está sendo transportada em um Boeing 777 que parte de Londres rumo a Zurique, e eles devem roubá-la em pleno vôo. Confira o trailer:

"Lift: Roubo nas Alturas" é "cinema pipoca", um prato cheio para quem gosta de filmes de ação e não quer pensar muito. Como obra ele até repete aquela atmosfera "La Casa de Papel" com um dinamismo que a própria série teve dificuldade de emplacar em sua primeira temporada. Se você reparar bem, aqui no filme, a sequência que mostra toda a preparação do golpe é menor, claro, mas tão divertida quanto da série espanhola. Enquanto o texto brinca com as diferentes possibilidades e soluções para que tudo dê certo na hora do roubo (e nunca dá), também temos  a oportunidade de ver o elenco de apoio ter seu momento - talvez sem o mesmo charme, mas igualmente simpáticos, eu diria. Olhando já pelo lado da ação, as sequências de perseguição são, de fato, bem realizadas - a do plot inicial, que acompanha o roubo no leilão, achei até melhor que a do plot principal (especialmente porque exige menos das composições em CGI - e algumas não estão 100% no filme). 

Olhando pela perspectiva do roteiro, é até fácil dizer que o filme não decepciona, que tem um bom senso de humor, com piadas que funcionam na maioria das vezes, de forma equilibrada e sem forçar muito a barra. O que pega, é a falta de originalidade ou até de coragem para propor algo menos previsível - é aqui que a química de todo o elenco segura o rojão. Kevin Hart está engraçado, irônico - parece que está se divertindo em cena (o que mostra sua capacidade como um comediante que amadurece como ator). Hart tem ótimas sacadas com Gugu Mbatha-Raw - que chega até aqui depois de uma ótima jornada em "The Morning Show". Tenho certeza que ainda vamos ver ótimos e mais profundos trabalhos desses dois atores.

A direção de F. Gary Gray é segura e competente - ele sabe como criar cenas de ação e como equilibrar drama e humor. Ele brinca com a câmera, é coerente na forma como conta a história, mas acho que seu principal valor está em saber os limites da produção, do roteiro e do orçamento. Dentro dos limites, tudo é bacana! Sabe aquele filme que a gente reservava na quinta-feira para alugar no fim de semana, e quando devolvíamos na segunda achando divertido, até dávamos boas recomendações, só que nunca mais pensávamos nele? Pois é, "Lift: Roubo nas Alturas" é isso: uma ótima opção para quem está procurando um filme de ação mais descartável, no bom sentido, mais ou menos como foi aquele "O Fugitivo" de 1993.

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Divertido como um "filme de assalto" deve ser - mas, sim, será preciso uma boa dose de suspensão da realidade para embarcar na proposta narrativa do diretor F. Gary Gray (de "Código de Conduta") e do roteirista Daniel Kunka (de "12 rounds"). "Lift: Roubo nas Alturas" é entretenimento puro, uma mistura de ação com ótimos toques de comédia que realmente prende a atenção da audiência do início ao fim pela forma despretensiosa com que conduz sua narrativa. Essa produção original da Netflixsegue a fórmula mirabolante do roubo improvável com uma equipe de ladrões, com diferentes habilidades, que se reune para realizar o maior golpe de suas vidas. Inovador? Longe disso, aliás é cheio de clichês, o que é ótimo para o gênero, no entanto aqui temos um ponto que triunfa, mesmo tendo essa premissa, digamos, batida: seu elenco, e a interação entre todos os atores, é excelente! 

A trama segue um grupo de criminosos internacionais liderado por Cyrus (Kevin Hart) que acabam de ser contratados por Abby (Gugu Mbatha-Raw), uma agente federal, para que cumpram uma missão ambiciosa: roubar meio bilhão de dólares em barras de ouro que estão sendo transportadas para uma célula terrorista. Para deixar tudo ainda mais insano, a carga está sendo transportada em um Boeing 777 que parte de Londres rumo a Zurique, e eles devem roubá-la em pleno vôo. Confira o trailer:

"Lift: Roubo nas Alturas" é "cinema pipoca", um prato cheio para quem gosta de filmes de ação e não quer pensar muito. Como obra ele até repete aquela atmosfera "La Casa de Papel" com um dinamismo que a própria série teve dificuldade de emplacar em sua primeira temporada. Se você reparar bem, aqui no filme, a sequência que mostra toda a preparação do golpe é menor, claro, mas tão divertida quanto da série espanhola. Enquanto o texto brinca com as diferentes possibilidades e soluções para que tudo dê certo na hora do roubo (e nunca dá), também temos  a oportunidade de ver o elenco de apoio ter seu momento - talvez sem o mesmo charme, mas igualmente simpáticos, eu diria. Olhando já pelo lado da ação, as sequências de perseguição são, de fato, bem realizadas - a do plot inicial, que acompanha o roubo no leilão, achei até melhor que a do plot principal (especialmente porque exige menos das composições em CGI - e algumas não estão 100% no filme). 

Olhando pela perspectiva do roteiro, é até fácil dizer que o filme não decepciona, que tem um bom senso de humor, com piadas que funcionam na maioria das vezes, de forma equilibrada e sem forçar muito a barra. O que pega, é a falta de originalidade ou até de coragem para propor algo menos previsível - é aqui que a química de todo o elenco segura o rojão. Kevin Hart está engraçado, irônico - parece que está se divertindo em cena (o que mostra sua capacidade como um comediante que amadurece como ator). Hart tem ótimas sacadas com Gugu Mbatha-Raw - que chega até aqui depois de uma ótima jornada em "The Morning Show". Tenho certeza que ainda vamos ver ótimos e mais profundos trabalhos desses dois atores.

A direção de F. Gary Gray é segura e competente - ele sabe como criar cenas de ação e como equilibrar drama e humor. Ele brinca com a câmera, é coerente na forma como conta a história, mas acho que seu principal valor está em saber os limites da produção, do roteiro e do orçamento. Dentro dos limites, tudo é bacana! Sabe aquele filme que a gente reservava na quinta-feira para alugar no fim de semana, e quando devolvíamos na segunda achando divertido, até dávamos boas recomendações, só que nunca mais pensávamos nele? Pois é, "Lift: Roubo nas Alturas" é isso: uma ótima opção para quem está procurando um filme de ação mais descartável, no bom sentido, mais ou menos como foi aquele "O Fugitivo" de 1993.

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Lupin

"Lupin" chega na Netflix para cobrir o gap deixado por "La Casa de Papel" e, de fato, deve conseguir. Essa série francesa é bem divertida e rápida - já que vem com apenas 5 episódios de 40 minutos, seguindo a mesma estratégia da sua antecessora espanhola, de dividir uma temporada em "partes". Só para contextualizar, é preciso pontuar a importância do famoso personagem literário, criado porMaurice Leblanc, Arsène Lupin - ele é uma espécie de Sherlock Holmes francês as avessas, um ladrão sofisticado e esperto, especialmente habilidoso na arte dos disfarces.

Pois bem, na série, acompanhamos Assane Diop (Omar Sy), um imigrante senegalês que, na adolescência, viu seu pai ser incriminado (injustamente) pelo roubo de um colar valioso pela poderosa família endinheirada e mesquinha de quem era motorista particular. Antes de ser mandado para a prisão, porém, Diop deixou um último presente para o filho: um romance de Arsène Lupin. Respeitando a obra como o último vínculo afetivo com seu pai, Assane transforma as histórias de Lupin em inspiração para elaborar sua vingança contra os responsáveis por sujar a honra de sua família. Confira o trailer: 

Um elemento narrativo que me chamou a atenção e que tem que ser destacado é que "Lupin" não tem a menor preocupação em criar explicações "técnicas" para justificar as ações do protagonista como fazia, mesmo que fantasiosamente, o roteiro de "La Casa de Papel"; ou seja, não se preocupe com a veracidade, embarque na fantasia, porque a série propositalmente manipula o misticismo em torno do legado original de Lupin, transformando a história de Assane em uma homenagem ao clássico personagem.

Antes de finalizar vale o registro: Omar Sy esbanja carisma e acrescenta uma dose de malícia ao personagem que fica difícil não torcer para o sucesso dos seus crimes. Golaço na escolha do protagonista dessa produção de extrema qualidade visual, com uma fotografia que "abusa" de uma Paris cinematográfica e que tem um roteiro fácil e dinâmico! Vale muito a pena pelo entretenimento puro e pela diversão sem compromisso!

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"Lupin" chega na Netflix para cobrir o gap deixado por "La Casa de Papel" e, de fato, deve conseguir. Essa série francesa é bem divertida e rápida - já que vem com apenas 5 episódios de 40 minutos, seguindo a mesma estratégia da sua antecessora espanhola, de dividir uma temporada em "partes". Só para contextualizar, é preciso pontuar a importância do famoso personagem literário, criado porMaurice Leblanc, Arsène Lupin - ele é uma espécie de Sherlock Holmes francês as avessas, um ladrão sofisticado e esperto, especialmente habilidoso na arte dos disfarces.

Pois bem, na série, acompanhamos Assane Diop (Omar Sy), um imigrante senegalês que, na adolescência, viu seu pai ser incriminado (injustamente) pelo roubo de um colar valioso pela poderosa família endinheirada e mesquinha de quem era motorista particular. Antes de ser mandado para a prisão, porém, Diop deixou um último presente para o filho: um romance de Arsène Lupin. Respeitando a obra como o último vínculo afetivo com seu pai, Assane transforma as histórias de Lupin em inspiração para elaborar sua vingança contra os responsáveis por sujar a honra de sua família. Confira o trailer: 

Um elemento narrativo que me chamou a atenção e que tem que ser destacado é que "Lupin" não tem a menor preocupação em criar explicações "técnicas" para justificar as ações do protagonista como fazia, mesmo que fantasiosamente, o roteiro de "La Casa de Papel"; ou seja, não se preocupe com a veracidade, embarque na fantasia, porque a série propositalmente manipula o misticismo em torno do legado original de Lupin, transformando a história de Assane em uma homenagem ao clássico personagem.

Antes de finalizar vale o registro: Omar Sy esbanja carisma e acrescenta uma dose de malícia ao personagem que fica difícil não torcer para o sucesso dos seus crimes. Golaço na escolha do protagonista dessa produção de extrema qualidade visual, com uma fotografia que "abusa" de uma Paris cinematográfica e que tem um roteiro fácil e dinâmico! Vale muito a pena pelo entretenimento puro e pela diversão sem compromisso!

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O Assassino

É difícil não se apaixonar por "O Assassino" logo de cara - a forma como o grande David Fincher (de "Se7en") conceitualiza a narrativa dessa adaptação do seu parceiro Andrew Kevin Walker a partir da graphic novel "The Killer", escrita por Alexis Nolent, é simplesmente genial! Existe uma certa poesia na narração feita pelo protagonista (certamente referenciada por jogos de video-game como "Max Payne"), onde ele compartilha com a audiência seu estado de espirito mais íntimo, criando uma espécie de filosofia de ação por trás de sua rotina meticulosa como um assassino de aluguel, explorando as nuances mais particulares do seu trabalho e ainda destacando o perfeccionismo como um sintoma da obsessão pela necessidade de cumprir sua missão. Olha, esse filme é, sem dúvida, um dos melhores do ano (2023) e possivelmente um dos mais autorais de Fincher. 

A história ganha tons de tensão permanente logo de início quando, após um erro desastroso em uma missão em Paris, o assassino (Michael Fassbender) começa a colapsar psicologicamente enquanto busca por vingança depois que sua mulher sofre um atentado e tudo leva a crer que um de seus clientes queria a sua morte. Confira o trailer:

No coração da trama está um protagonista que entrega uma performance eletrizante como o assassino profissional em busca por respostas. Mesmo com a história se desenrolando de maneira intensa, explorando os dilemas morais e éticos do personagem, o que chama muito a atenção é maneira como o Assassino enfrenta um mundo obscuro e impiedoso que ele mesmo ajudou a construir - eu diria que Fincher propõe uma reflexão ácida sobre a selvageria do mundo moderno pelo olhar de quem não se permite errar, mas erra.

A genialidade de Fincher, obviamente, brilha nos aspectos técnicos e artísticos de "The Killer" (no original). A fotografia do Erik Messerschmidt (de "Mindhunter") captura exatamente a essência sombria da graphic novel, fazendo com que o diretor nos arremesse em uma atmosfera densa e provocativa que mistura as sensações de uma profunda solidão com caos cotidiano de uma metrópole - mais ou menos como vimos Michael Mann fazer em "Colateral".  Aliás, como no filme de 2004 de Mann, "O Assassino" também se aproveita de uma relação sensorial que uma edição de som fora da curva do Steve Bissinger (de "Transformers") e uma trilha sonora digna de muito prêmios do Atticus Ross e do Trent Reznor (ambos vencedores do Oscar por "A Rede Social"), podem proporcionar - eu diria que essa relação som e imagem é uma peça fundamental que intensifica nossas emoções e nos envolve demais com a trama. Uma aula!

Dito tudo isso, é inegável que o que diferencia essa adaptação está no detalhe como obra cinematográfica e na habilidade de Fincher em explorar as nuances psicológicas do protagonista, proporcionando uma profundidade emocional que dificilmente encontramos em um filme de ação -  e sim, "O Assassino" é um clássico filme de ação dos anos 90, fantasiado de drama existencial na mão de um diretor muito acima da média! "The Killer" não é apenas um filme de vingança, é uma experiência visceral que desafia as expectativas de quem assiste e oferece uma nova perspectiva sobre o gênero. Indo um pouco mais longe (com o risco de soar exagerado), eu diria que é uma obra-prima que vai deixar uma marca duradoura na biografia do diretor e que merece o nosso reconhecimento!

Imperdível!

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É difícil não se apaixonar por "O Assassino" logo de cara - a forma como o grande David Fincher (de "Se7en") conceitualiza a narrativa dessa adaptação do seu parceiro Andrew Kevin Walker a partir da graphic novel "The Killer", escrita por Alexis Nolent, é simplesmente genial! Existe uma certa poesia na narração feita pelo protagonista (certamente referenciada por jogos de video-game como "Max Payne"), onde ele compartilha com a audiência seu estado de espirito mais íntimo, criando uma espécie de filosofia de ação por trás de sua rotina meticulosa como um assassino de aluguel, explorando as nuances mais particulares do seu trabalho e ainda destacando o perfeccionismo como um sintoma da obsessão pela necessidade de cumprir sua missão. Olha, esse filme é, sem dúvida, um dos melhores do ano (2023) e possivelmente um dos mais autorais de Fincher. 

A história ganha tons de tensão permanente logo de início quando, após um erro desastroso em uma missão em Paris, o assassino (Michael Fassbender) começa a colapsar psicologicamente enquanto busca por vingança depois que sua mulher sofre um atentado e tudo leva a crer que um de seus clientes queria a sua morte. Confira o trailer:

No coração da trama está um protagonista que entrega uma performance eletrizante como o assassino profissional em busca por respostas. Mesmo com a história se desenrolando de maneira intensa, explorando os dilemas morais e éticos do personagem, o que chama muito a atenção é maneira como o Assassino enfrenta um mundo obscuro e impiedoso que ele mesmo ajudou a construir - eu diria que Fincher propõe uma reflexão ácida sobre a selvageria do mundo moderno pelo olhar de quem não se permite errar, mas erra.

A genialidade de Fincher, obviamente, brilha nos aspectos técnicos e artísticos de "The Killer" (no original). A fotografia do Erik Messerschmidt (de "Mindhunter") captura exatamente a essência sombria da graphic novel, fazendo com que o diretor nos arremesse em uma atmosfera densa e provocativa que mistura as sensações de uma profunda solidão com caos cotidiano de uma metrópole - mais ou menos como vimos Michael Mann fazer em "Colateral".  Aliás, como no filme de 2004 de Mann, "O Assassino" também se aproveita de uma relação sensorial que uma edição de som fora da curva do Steve Bissinger (de "Transformers") e uma trilha sonora digna de muito prêmios do Atticus Ross e do Trent Reznor (ambos vencedores do Oscar por "A Rede Social"), podem proporcionar - eu diria que essa relação som e imagem é uma peça fundamental que intensifica nossas emoções e nos envolve demais com a trama. Uma aula!

Dito tudo isso, é inegável que o que diferencia essa adaptação está no detalhe como obra cinematográfica e na habilidade de Fincher em explorar as nuances psicológicas do protagonista, proporcionando uma profundidade emocional que dificilmente encontramos em um filme de ação -  e sim, "O Assassino" é um clássico filme de ação dos anos 90, fantasiado de drama existencial na mão de um diretor muito acima da média! "The Killer" não é apenas um filme de vingança, é uma experiência visceral que desafia as expectativas de quem assiste e oferece uma nova perspectiva sobre o gênero. Indo um pouco mais longe (com o risco de soar exagerado), eu diria que é uma obra-prima que vai deixar uma marca duradoura na biografia do diretor e que merece o nosso reconhecimento!

Imperdível!

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O Paraíso e a Serpente

"O Paraíso e a Serpente" é uma coprodução da BBC One com a Netflix e poderia ser tranqüilamente uma temporada de "American Crime Story" - e isso é uma grande elogio, pois considero a produção, que tem Ryan Murphy no comando uma das melhores séries antológicas já produzidas. Em "O Paraíso e a Serpente" temos exatamente a mesma fórmula, limitada em 8 episódios como uma minissérie, baseada em fatos reais e tendo como pano de fundo um (ou vários crimes) que chamaram a atenção da mídia na época.

Na história conhecemos Charles Sobhraj (Tahar Rahim), um assassino em série e golpista que fingia ser um comprador e vendedor de pedras preciosas que atuava em vários países da Ásia, como Tailândia e Índia, e tinha como principais alvos jovens e sonhadores viajantes, no auge dos anos 70. Charles tinha o dom de manipular facilmente as pessoas, conquistar sua confiança, inclusive de sua namorada, a canadense Marie-Andrée Leclerc (Jenna Coleman), e com todo o seu talento, drogava suas vitimas, roubava todo dinheiro e seus documentos para depois falsificar sua identidade, e por fim assassinava cruelmente cada um deles para não deixar rastros, enquanto enriquecia as custas desses crimes. Confira o trailer:

"O Paraíso e a Serpente" é surpreendentemente boa, mas tem alguns pontos que precisam ser levantados. O primeiro, sem dúvida, é a edição: o conceito narrativo da minissérie é 100% não linear, ou seja, a todo momento, os acontecimentos do passado, presente e até do futuro são exibidos a partir de uma animação que simula o painel de uma aeroporto com a data, local e a informação de "X anos antes" e "Y meses depois". De fato, essa escolha cria um certo desgaste, mas depois que entendemos que o artifício não serve apenas para estabelecer o tempo e o espaço de uma ação e sim para servir como referência para as peças de um quebra-cabeça que vão se unindo e mostrando os diversos pontos de vista para uma mesma passagem da história, tudo passa a fazer muito mais sentido.

Outro ponto que pode incomodar um pouco, mas com o tempo nos acostumamos e entendemos perfeitamente, diz respeito ao conceito visual e estético escolhido pelos diretores Hans Herbots e Tom Shankland. Nos colocar imersos no mood da época para entendermos toda a atmosfera da região e da cultura oriental não é tarefa fácil, sendo assim os diretores misturam cenas reais para indicar o local de uma determinada passagem do roteiro, com um desenho de produção que, as vezes, pode parecer fora do tom - a maquiagem e o cabelo de Tahar Rahim é um bom exemplo dessa escorregada, mas contrasta com um ótimo figurino e cenários bem produzidos. Um artificio que também é proposital é o uso de zoom in e zoom out para estabelecer a tensão emocional de uma cena - muito comum nos filmes da época, essa gramática cinematográfica é muito bem utilizada aqui e, mesmo causando um pouco de incomodo inicialmente, está 100% alinhada com o estilo imposto na narrativa.

"The Serpent" (no original) tem o mérito de nos apresentar a impressionante história de um criminoso que aterrorizou turistas ocidentais na Ásia por muito tempo e que dava um baile nas autoridades do mundo inteiro. É, sem dúvida alguma, uma minissérie que vai te impactar pela crueldade e tensão pela qual muitos personagens passam com o protagonista, te assustar em alguns momentos, te prender em outros, mas não vai deixar de ser um ótimo e divertido entretenimento. 

A verdade é que se você gosta do estilo "true crime", mesmo não sendo um documentário, pode dar o play seguramente!

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"O Paraíso e a Serpente" é uma coprodução da BBC One com a Netflix e poderia ser tranqüilamente uma temporada de "American Crime Story" - e isso é uma grande elogio, pois considero a produção, que tem Ryan Murphy no comando uma das melhores séries antológicas já produzidas. Em "O Paraíso e a Serpente" temos exatamente a mesma fórmula, limitada em 8 episódios como uma minissérie, baseada em fatos reais e tendo como pano de fundo um (ou vários crimes) que chamaram a atenção da mídia na época.

Na história conhecemos Charles Sobhraj (Tahar Rahim), um assassino em série e golpista que fingia ser um comprador e vendedor de pedras preciosas que atuava em vários países da Ásia, como Tailândia e Índia, e tinha como principais alvos jovens e sonhadores viajantes, no auge dos anos 70. Charles tinha o dom de manipular facilmente as pessoas, conquistar sua confiança, inclusive de sua namorada, a canadense Marie-Andrée Leclerc (Jenna Coleman), e com todo o seu talento, drogava suas vitimas, roubava todo dinheiro e seus documentos para depois falsificar sua identidade, e por fim assassinava cruelmente cada um deles para não deixar rastros, enquanto enriquecia as custas desses crimes. Confira o trailer:

"O Paraíso e a Serpente" é surpreendentemente boa, mas tem alguns pontos que precisam ser levantados. O primeiro, sem dúvida, é a edição: o conceito narrativo da minissérie é 100% não linear, ou seja, a todo momento, os acontecimentos do passado, presente e até do futuro são exibidos a partir de uma animação que simula o painel de uma aeroporto com a data, local e a informação de "X anos antes" e "Y meses depois". De fato, essa escolha cria um certo desgaste, mas depois que entendemos que o artifício não serve apenas para estabelecer o tempo e o espaço de uma ação e sim para servir como referência para as peças de um quebra-cabeça que vão se unindo e mostrando os diversos pontos de vista para uma mesma passagem da história, tudo passa a fazer muito mais sentido.

Outro ponto que pode incomodar um pouco, mas com o tempo nos acostumamos e entendemos perfeitamente, diz respeito ao conceito visual e estético escolhido pelos diretores Hans Herbots e Tom Shankland. Nos colocar imersos no mood da época para entendermos toda a atmosfera da região e da cultura oriental não é tarefa fácil, sendo assim os diretores misturam cenas reais para indicar o local de uma determinada passagem do roteiro, com um desenho de produção que, as vezes, pode parecer fora do tom - a maquiagem e o cabelo de Tahar Rahim é um bom exemplo dessa escorregada, mas contrasta com um ótimo figurino e cenários bem produzidos. Um artificio que também é proposital é o uso de zoom in e zoom out para estabelecer a tensão emocional de uma cena - muito comum nos filmes da época, essa gramática cinematográfica é muito bem utilizada aqui e, mesmo causando um pouco de incomodo inicialmente, está 100% alinhada com o estilo imposto na narrativa.

"The Serpent" (no original) tem o mérito de nos apresentar a impressionante história de um criminoso que aterrorizou turistas ocidentais na Ásia por muito tempo e que dava um baile nas autoridades do mundo inteiro. É, sem dúvida alguma, uma minissérie que vai te impactar pela crueldade e tensão pela qual muitos personagens passam com o protagonista, te assustar em alguns momentos, te prender em outros, mas não vai deixar de ser um ótimo e divertido entretenimento. 

A verdade é que se você gosta do estilo "true crime", mesmo não sendo um documentário, pode dar o play seguramente!

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O Peso do Talento

"O Peso do Talento" é muito divertido - muito mesmo! O filme do diretor Tom Gormican (de "Namoro ou Liberdade") é uma clara homenagem aos filmes clássicos de ação, aqueles cheios de clichês, mas que nos mantém ligados durante toda exibição - obviamente que dentro desse contexto, ninguém melhor do que Nicolas Cage para personificar essa era de ouro do gênero.

Sofrendo por não conseguir bons trabalhos e não ter mais a fama como antes, estando insatisfeito com a vida e cheio de dívidas, Nicolas Cage chegou ao fundo do poço. Após correr atrás de Quentin Tarantino implorando por um papel em seu novo filme e não obtendo sucesso, Cage acaba aceitando US$ 1 milhão para fazer uma espécie de "presença VIP" no aniversário de Javi (Pedro Pascal), um bilionário, superfã e fanático pelo ator. As coisas tomam um rumo inesperado quando Cage é recrutado por uma agente da CIA (Tiffany Haddish) e é forçado a investigar um sequestro onde o principal suspeito é, justamente, seu anfitrião. Confira o trailer:

"O Peso doTalento" chega com a chancela do sucesso que foi sua exibição no festival de cinema SXSW, nos EUA, fazendo com que seu índice de aprovação crítica fosse de surpreendentes 100% no site Rotten Tomatoes. Segundo o The Hollywood Reporter, o filme foi a produção com a melhor avaliação entre os mais de 100 filmes da carreira de Cage. Se 100% de aprovação pode parecer um exagero, eu diria que para os cinéfilos amantes de filmes de ação essa porcentagem é mais do que justa - e de fato ela se justifica, já que o roteiro cria toda uma atmosfera de nostalgia em cima de uma história simples, mas envolvente, principalmente pela excelente performance de Cage vivendo uma versão estereotipada de si mesmo.

Tudo em "O Peso doTalento" é construído para provocar um certo saudosismo despretensioso, já que é impossível levar a sério aquilo que vemos na tela, ao mesmo tempo em que rimos exatamente desses absurdos - veja, não estamos falando de um filme "pastelão", mas sim de uma narrativa que usa muito bem todos os gatilhos dramáticos do gênero para criar as mais diversas sensações na audiência. Muitos diálogos são basicamente livres interpretações de cenas de outros filmes, bem como os movimentos de câmera, os enquadramentos, o estilo da edição de som e da trilha sonora e até, claro, do tom das performances dos atores.

"O Peso do Talento" é uma comédia agradável, engraçada e inteligente - daquelas que nos deixam com um sorriso no rosto durante todo o filme. O mérito de Cage interpretando si mesmo é o maior exemplo de como a metalinguagem pode ser divertida se usada corretamente, com ótimas sacadas e piadas completamente sem noção, mas que fazem todo sentido na proposta de Gormican. Olha, já no prólogo é possível entender qual será o tom da história e quando isso acontece, fica impossível não se conectar com a trama e com um personagem tão marcante.

Vale cada segundo!

Assista Agora

"O Peso do Talento" é muito divertido - muito mesmo! O filme do diretor Tom Gormican (de "Namoro ou Liberdade") é uma clara homenagem aos filmes clássicos de ação, aqueles cheios de clichês, mas que nos mantém ligados durante toda exibição - obviamente que dentro desse contexto, ninguém melhor do que Nicolas Cage para personificar essa era de ouro do gênero.

Sofrendo por não conseguir bons trabalhos e não ter mais a fama como antes, estando insatisfeito com a vida e cheio de dívidas, Nicolas Cage chegou ao fundo do poço. Após correr atrás de Quentin Tarantino implorando por um papel em seu novo filme e não obtendo sucesso, Cage acaba aceitando US$ 1 milhão para fazer uma espécie de "presença VIP" no aniversário de Javi (Pedro Pascal), um bilionário, superfã e fanático pelo ator. As coisas tomam um rumo inesperado quando Cage é recrutado por uma agente da CIA (Tiffany Haddish) e é forçado a investigar um sequestro onde o principal suspeito é, justamente, seu anfitrião. Confira o trailer:

"O Peso doTalento" chega com a chancela do sucesso que foi sua exibição no festival de cinema SXSW, nos EUA, fazendo com que seu índice de aprovação crítica fosse de surpreendentes 100% no site Rotten Tomatoes. Segundo o The Hollywood Reporter, o filme foi a produção com a melhor avaliação entre os mais de 100 filmes da carreira de Cage. Se 100% de aprovação pode parecer um exagero, eu diria que para os cinéfilos amantes de filmes de ação essa porcentagem é mais do que justa - e de fato ela se justifica, já que o roteiro cria toda uma atmosfera de nostalgia em cima de uma história simples, mas envolvente, principalmente pela excelente performance de Cage vivendo uma versão estereotipada de si mesmo.

Tudo em "O Peso doTalento" é construído para provocar um certo saudosismo despretensioso, já que é impossível levar a sério aquilo que vemos na tela, ao mesmo tempo em que rimos exatamente desses absurdos - veja, não estamos falando de um filme "pastelão", mas sim de uma narrativa que usa muito bem todos os gatilhos dramáticos do gênero para criar as mais diversas sensações na audiência. Muitos diálogos são basicamente livres interpretações de cenas de outros filmes, bem como os movimentos de câmera, os enquadramentos, o estilo da edição de som e da trilha sonora e até, claro, do tom das performances dos atores.

"O Peso do Talento" é uma comédia agradável, engraçada e inteligente - daquelas que nos deixam com um sorriso no rosto durante todo o filme. O mérito de Cage interpretando si mesmo é o maior exemplo de como a metalinguagem pode ser divertida se usada corretamente, com ótimas sacadas e piadas completamente sem noção, mas que fazem todo sentido na proposta de Gormican. Olha, já no prólogo é possível entender qual será o tom da história e quando isso acontece, fica impossível não se conectar com a trama e com um personagem tão marcante.

Vale cada segundo!

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O Símbolo Perdido

Se você gostou das adaptações para o cinema de "O Código Da Vinci" (2006), "Anjos & Demônios" (2011) e "Inferno" (2016), você nem precisa terminar de ler esse review, basta dar o play que sua diversão estará garantida por quase dez horas de história que estão divididas em 10 episódios! Para aqueles que ainda não se aventuraram pelas obras de Dan Brown, talvez a série "O Símbolo Perdido" seja um bom ponto de partida, já que os próprios produtores (e diretor) da trilogia cinematográfica, Ron Howard e Brian Grazer, quebraram a linha temporal do personagem eternizado por Tom Hanks, Robert Langdon, transformando o terceiro livro do autor em uma espécie de prequel, contando a mesma história, porém com Langdon em inicio de carreira.

Chamado por seu amigo e mentor, Peter Solomon (Eddie Izzard), para dar uma palestra em Washington, Robert Langdon (Ashley Zukerman) viaja até a capital americana, mas antes de entrar no palco para iniciar sua apresentação, descobre que tudo aquilo foi uma armação para obriga-lo a desvendar uma série de enigmas e assim iniciar uma busca por um antigo portal místico em meio a uma enorme conspiração que envolve políticos, pensadores históricos, perigosos assassinos, extremistas religiosos, a maçonaria e a própria CIA. Confira o trailer (em inglês):

Criada por Dan Dworkin ao lado de Jay Beattie e produzida originalmente para o Peacock, "O Símbolo Perdido" chegou ao Brasil pelo Globoplay com status de superprodução, porém o que seria uma série antológica acabou se transformando em uma minissérie (sim, a história tem um final) já que a NBCUniversal resolveu não dar continuidade ao projeto pelo seu alto custo e baixo retorno após a exibição do que seria a primeira temporada. O fato é que mesmo sendo apresentada como uma nova abordagem do trabalho de Dan Brown, Howard e Grazer replicaram muito da dinâmica visual e narrativa que fizeram com que os filmes funcionassem - talvez com menos intervenções gráficas e sem, obviamente, a maestria de Hanks.

É inegável que mesmo com uma atualização inteligente em sua forma, a minissérie sofra com o conteúdo datado em seu conceito narrativo - o sucesso arrebatador do estilo bem particular de escrita de Dan Brown, já com mais de vinte anos de "Anjos & Demônios", dificilmente se conecta com uma audiência acostumada com tramas menos expositivas. Por outro lado, o fã do autor sabe exatamente o que vai encontrar e gosta: entretenimento, aquela sensação de urgência a todo momento e o equilíbrio inteligente entre o místico, o cientifico e o religioso - tudo isso com uma boa dose de suspensão da realidade e uma certa boa vontade com todas aquelas reviravoltas sem muita lógica que ele propõe.

A minissérie tem o beneficio do tempo, fator que até justifica algumas criticas sobre os filmes, mas parece ter chegado às telas alguns anos atrasada. Por outro lado, ela se aproveita muito bem de uma fórmula que agrada uma audiência muito grande (basta lembrar do sucesso que foi "Lupin"na Netflix): a mistura dos gêneros policial e de ação, com um personagem marcante e muito atraente, como Robert Langdon (e seus parceiros de investigação), e ainda uma trama de muito mistério e misticismo - elementos que nos remetem ao Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch ou o Assane Diop de Omar Sy, com um toque romântico de Indiana Jones de Harrison Ford.

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Se você gostou das adaptações para o cinema de "O Código Da Vinci" (2006), "Anjos & Demônios" (2011) e "Inferno" (2016), você nem precisa terminar de ler esse review, basta dar o play que sua diversão estará garantida por quase dez horas de história que estão divididas em 10 episódios! Para aqueles que ainda não se aventuraram pelas obras de Dan Brown, talvez a série "O Símbolo Perdido" seja um bom ponto de partida, já que os próprios produtores (e diretor) da trilogia cinematográfica, Ron Howard e Brian Grazer, quebraram a linha temporal do personagem eternizado por Tom Hanks, Robert Langdon, transformando o terceiro livro do autor em uma espécie de prequel, contando a mesma história, porém com Langdon em inicio de carreira.

Chamado por seu amigo e mentor, Peter Solomon (Eddie Izzard), para dar uma palestra em Washington, Robert Langdon (Ashley Zukerman) viaja até a capital americana, mas antes de entrar no palco para iniciar sua apresentação, descobre que tudo aquilo foi uma armação para obriga-lo a desvendar uma série de enigmas e assim iniciar uma busca por um antigo portal místico em meio a uma enorme conspiração que envolve políticos, pensadores históricos, perigosos assassinos, extremistas religiosos, a maçonaria e a própria CIA. Confira o trailer (em inglês):

Criada por Dan Dworkin ao lado de Jay Beattie e produzida originalmente para o Peacock, "O Símbolo Perdido" chegou ao Brasil pelo Globoplay com status de superprodução, porém o que seria uma série antológica acabou se transformando em uma minissérie (sim, a história tem um final) já que a NBCUniversal resolveu não dar continuidade ao projeto pelo seu alto custo e baixo retorno após a exibição do que seria a primeira temporada. O fato é que mesmo sendo apresentada como uma nova abordagem do trabalho de Dan Brown, Howard e Grazer replicaram muito da dinâmica visual e narrativa que fizeram com que os filmes funcionassem - talvez com menos intervenções gráficas e sem, obviamente, a maestria de Hanks.

É inegável que mesmo com uma atualização inteligente em sua forma, a minissérie sofra com o conteúdo datado em seu conceito narrativo - o sucesso arrebatador do estilo bem particular de escrita de Dan Brown, já com mais de vinte anos de "Anjos & Demônios", dificilmente se conecta com uma audiência acostumada com tramas menos expositivas. Por outro lado, o fã do autor sabe exatamente o que vai encontrar e gosta: entretenimento, aquela sensação de urgência a todo momento e o equilíbrio inteligente entre o místico, o cientifico e o religioso - tudo isso com uma boa dose de suspensão da realidade e uma certa boa vontade com todas aquelas reviravoltas sem muita lógica que ele propõe.

A minissérie tem o beneficio do tempo, fator que até justifica algumas criticas sobre os filmes, mas parece ter chegado às telas alguns anos atrasada. Por outro lado, ela se aproveita muito bem de uma fórmula que agrada uma audiência muito grande (basta lembrar do sucesso que foi "Lupin"na Netflix): a mistura dos gêneros policial e de ação, com um personagem marcante e muito atraente, como Robert Langdon (e seus parceiros de investigação), e ainda uma trama de muito mistério e misticismo - elementos que nos remetem ao Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch ou o Assane Diop de Omar Sy, com um toque romântico de Indiana Jones de Harrison Ford.

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Ponto Vermelho

"Ponto Vermelho" é uma produção sueca da Netflix comandada pelo diretor Alain Darborg. Bem na linha do suspense psicológico onde em grande parte do filme o inimigo é completamente desconhecido, posso dizer que a experiência não decepciona. Existem muitos elementos narrativos que misturam filmes como "Mar Aberto" de 2003 e "Louca Obsessão" de 1990 - o que acaba criando uma dinâmica angustiante e até certo ponto bastante corajosa. Aliás, temos um final bem corajoso, eu diria!

David (Anastasios Soulis) acaba de se formar em engenharia e aproveita a felicidade do momento para pedir a namorada, Nadja (Nanna Blondell) em casamento. Um ano e meio se passa e o casal feliz agora está tão feliz assim - o que faz Nadja esconder que está grávida do marido. Após uma discussão, David resolve convidar a mulher para passar um final de semana acampando num lugar remoto ao norte da Suécia - a idéia era aproveitar o momento para tentar salvar a relação, se reconectarem. Acontece que um desentendimento bobo no caminho, com dois irmãos racistas, passa a ameaçar a paz do casal, e, o que era para ser um final de semana de reconciliação acaba se tornando um verdadeiro pesadelo. Confira o trailer (legendado em inglês):

Embora o prólogo seja superficial demais, é possível ter a real percepção de como a dinâmica do casal vai influenciar na história. Talvez um pouco deslocado e até apressado, o roteiro dePer Dickson e do diretor Alain Darborg vai se equilibrando com o passar do tempo e inserindo muitos gatilhos visuais e narrativos de medo e angústia - o primeiro contato com os irmãos racistas é um bom exemplo. Ao se apropriar do estilo “o perigo pode estar em qualquer lugar”, o filme ganha muita força e acaba potencializando o cenário escolhido: uma inóspita região de gelo, como vimos recentemente em "O Céu da Meia-Noite". A noite, com tempestade, sem iluminação, apenas os dois personagens no meio de uma situação sem controle, faz o suspense natural de "Mar Aberto" vir na nossa lembrança.

Porém esse mesmo roteiro que cria essa atmosfera de terror tão sensível, começa trapacear a audiência quando a "caça ao rato" termina já no inicio do terceiro ato, pois ele passa a usar alguns artifícios que não são apresentados em nenhum momento da trama e isso incomoda um pouco. Mesmo impactando a imaginação, já que as cenas de maus-tratos aos animais são apenas sugeridas e acabam servindo de preparação para as de tortura que virão adiante - daí a forte referência de "Louca Obsessão"; "Ponto Vermelho" oscila demais até sua conclusão. 

Anastasios Soulis e Nanna Blondell estão ótimos e carregam o filme nas costas, junto com uma direção competente de Darborg, mas faltou um pouco mais de violência para tornar o filme inesquecível e marcante - e aqui é uma opinião bem pessoal, já que fiquei satisfeito com o final e como o drama foi se construindo. Digamos que seria a cereja do bolo, mesmo com tudo fazendo sentido como fez! Em todo caso, "Ponto Vermelho" é um bom  suspense psicológico com toques de ação e perseguição que vai entreter e provocar sensações interessantes.

Não é um filme inesquecível, ok? Mas cumpre muito bem o seu papel na discussão sobre até que ponto a vingança vale a pena!

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"Ponto Vermelho" é uma produção sueca da Netflix comandada pelo diretor Alain Darborg. Bem na linha do suspense psicológico onde em grande parte do filme o inimigo é completamente desconhecido, posso dizer que a experiência não decepciona. Existem muitos elementos narrativos que misturam filmes como "Mar Aberto" de 2003 e "Louca Obsessão" de 1990 - o que acaba criando uma dinâmica angustiante e até certo ponto bastante corajosa. Aliás, temos um final bem corajoso, eu diria!

David (Anastasios Soulis) acaba de se formar em engenharia e aproveita a felicidade do momento para pedir a namorada, Nadja (Nanna Blondell) em casamento. Um ano e meio se passa e o casal feliz agora está tão feliz assim - o que faz Nadja esconder que está grávida do marido. Após uma discussão, David resolve convidar a mulher para passar um final de semana acampando num lugar remoto ao norte da Suécia - a idéia era aproveitar o momento para tentar salvar a relação, se reconectarem. Acontece que um desentendimento bobo no caminho, com dois irmãos racistas, passa a ameaçar a paz do casal, e, o que era para ser um final de semana de reconciliação acaba se tornando um verdadeiro pesadelo. Confira o trailer (legendado em inglês):

Embora o prólogo seja superficial demais, é possível ter a real percepção de como a dinâmica do casal vai influenciar na história. Talvez um pouco deslocado e até apressado, o roteiro dePer Dickson e do diretor Alain Darborg vai se equilibrando com o passar do tempo e inserindo muitos gatilhos visuais e narrativos de medo e angústia - o primeiro contato com os irmãos racistas é um bom exemplo. Ao se apropriar do estilo “o perigo pode estar em qualquer lugar”, o filme ganha muita força e acaba potencializando o cenário escolhido: uma inóspita região de gelo, como vimos recentemente em "O Céu da Meia-Noite". A noite, com tempestade, sem iluminação, apenas os dois personagens no meio de uma situação sem controle, faz o suspense natural de "Mar Aberto" vir na nossa lembrança.

Porém esse mesmo roteiro que cria essa atmosfera de terror tão sensível, começa trapacear a audiência quando a "caça ao rato" termina já no inicio do terceiro ato, pois ele passa a usar alguns artifícios que não são apresentados em nenhum momento da trama e isso incomoda um pouco. Mesmo impactando a imaginação, já que as cenas de maus-tratos aos animais são apenas sugeridas e acabam servindo de preparação para as de tortura que virão adiante - daí a forte referência de "Louca Obsessão"; "Ponto Vermelho" oscila demais até sua conclusão. 

Anastasios Soulis e Nanna Blondell estão ótimos e carregam o filme nas costas, junto com uma direção competente de Darborg, mas faltou um pouco mais de violência para tornar o filme inesquecível e marcante - e aqui é uma opinião bem pessoal, já que fiquei satisfeito com o final e como o drama foi se construindo. Digamos que seria a cereja do bolo, mesmo com tudo fazendo sentido como fez! Em todo caso, "Ponto Vermelho" é um bom  suspense psicológico com toques de ação e perseguição que vai entreter e provocar sensações interessantes.

Não é um filme inesquecível, ok? Mas cumpre muito bem o seu papel na discussão sobre até que ponto a vingança vale a pena!

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Projeto Gemini

"Projeto Gemini" é um filme divertido, do tipo que merece ser visto em uma tela bem grande e comendo um balde enorme de pipoca; mas não espere um graaaande filme - ele é o que é: entretenimento puro! Talvez por isso o marketing em cima do projeto tenha sido muito mais pela tecnologia de captação (3D+ em HFR) que o Diretor Ang Lee (Tigre e o Dragão) usou nas filmagens do que propriamente pela história em si - mas isso nós vamos falar um pouco mais para frente.

Ter Will Smith protagonizando um filme de ação já é garantia de uma boa bilheteria e os Estúdios sabem muito bem que essa receita permite pesar um pouco na mão pela forma e não se preocupar tanto com o conteúdo - mais ou menos como acontece em alguns games do gênero: é preciso ser divertido e não tão profundo ou complicado; e essa comparação não é por acaso. O filme conta história de um assassino de elite prestes a se aposentar chamado Henry Brogan.  Após sua última missão, ele recebe uma informação que colocam os motivos dessa missão em cheque, expondo uma enorme rede de mentiras do Governo dos EUA. Até aí aí nada de novo para um filme de ação, até que se descobre que o tal jovem agente é uma versão 30 anos mais nova de Brogan. Dá só uma olhada no trailer:

Agora vamos falar da tecnologia "inovadora" por trás dessa história:

Quando em 2012, Peter Jackson gravou "Hobbit" em 48 quadros por segundo (o normal seria 24) ele justificou sua escolha como "uma oportunidade de colocar a audiência mais próxima dos personagens", já que, como o dobro de quadros, ganharíamos em qualidade e profundidade ao mesmo tempo que os movimentos pareceriam mais próximos da realidade - isso de fato acontece, mas o estranhamento foi tanto que muita gente achou que o filme estivesse com problemas (o que fez a Warner preparar um informativo explicando porque o filme estaria diferente) - o fato é que o tiro saiu pela culatra, primeiro pela quantidade de cinemas que tinham a capacidade de exibir o filme usando essa tecnologia nativa e depois pelas centenas de salas que tinham cópias convertidas e que, na opinião de muita gente, fez o filme parecer uma novela. Aqui cabe um comentário: antigamente uma novela era gravada (em vídeo) à 30 quadros por segundo, enquanto os filmes eram feitos (em película) à 24 - por isso tínhamos uma sensação mais poética ao ver um filme, enquanto a novela parecia mais com as nossas gravações caseiras. Por favor, é óbvio que existiam muitas outras diferenças, mas o ponto que quero exemplificar para todos entenderem é que essa velocidade de captação de imagem influenciava na forma como enxergávamos os filmes! Aliás, era por esse mesmo motivo que achávamos a séries americanas melhores, "parecendo filme" - pois elas também eram captadas em 24 quadros (e em película).

Dito isso, o "Projeto Gemini" foi vendido como uma nova era na captação imagens, pois o filme foi rodado em 120 quadros por segundo - uma taxa muito maior que o normal, ou seja, a qualidade da imagem seria melhor percebida devido a quantidade de quadros. Acontece que, como na época de "Hobbit", poucos cinemas estão preparados para exibir um filme nessa velocidade nativa - é preciso fazer uma conversão para, no mínimo, 60 quadros (o que já seria lindo), mas nossas salas só conseguem exibir em 24 ou 30 quadros na sua maioria. Ok, então porque resolveram filmar assim? Simples, existe um conceito visual em cima do filme muito claro e esse mérito não dá pra passar batido: aproximar o público da ação como se ele estive jogando um video-game e aí a experiência me pareceu funciona! Nas cenas de ação, a velocidade, sem a menor dúvida, interfere positivamente no resultado - tem um plano específico, feito em primeira pessoa, que realmente nos remete a um "jogo de tiro"! Qual o problema para mim (que conhece câmera que o Ang Lee usou): quando o plano está muito fechado (em Close) para cenas de diálogo (sem muito movimento) temos a sensação que os atores estão em um estúdio com "fundo verde", pois existe tanta informação visível em profundidade (pelo dobro de quadros) que parece que a paisagem é uma pintura aplicada - não fica nada natural e isso acontece muito no filme! Enquanto os planos abertos (gerais) ficam lindos, os fechados sofrem com essa percepção (ainda mais em 3D que o primeiro plano tende a "saltar" na tela).

De fato as cenas de ação funcionam muito bem - fica clara a capacidade inventiva do Ang Lee como diretor (o que muitas vezes exige uma boa dose de suspensão de realidade para embarcarmos na dinâmica do filme) para criar uma movimentação muito próxima dos games - o filme vale por esse aspecto técnico e artístico. Já o roteiro é terrível de ruim, sem a menor coerência narrativa que justifique a importância de alguns personagens na trama, fica parecendo que depois que cada um fez sua cena, basta eliminação-los e está tudo resolvido! O próprio final é super previsível e nenhum ator se sobressai à tecnologia - isso, para mim, é sempre um problema! Como eu disse, vale pelo entretenimento, se você gosta de muita ação, perseguição, tiroteiro e uma pitada de ficção científica; caso contrário não perca seu tempo. Assistir o filme para conhecer a nova tecnologia e se impressionar (ou não) por ela, também é um bom motivo, mas não espere mais do que uma boa experiência de entretenimento!

Só como curiosidade, o personagem do Will Smith mais novo não é maquiagem ou rejuvenescimento digital, é um rosto construído 100% do zero por computador e ficou bem interessante mesmo! Vale reparar! ;)

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"Projeto Gemini" é um filme divertido, do tipo que merece ser visto em uma tela bem grande e comendo um balde enorme de pipoca; mas não espere um graaaande filme - ele é o que é: entretenimento puro! Talvez por isso o marketing em cima do projeto tenha sido muito mais pela tecnologia de captação (3D+ em HFR) que o Diretor Ang Lee (Tigre e o Dragão) usou nas filmagens do que propriamente pela história em si - mas isso nós vamos falar um pouco mais para frente.

Ter Will Smith protagonizando um filme de ação já é garantia de uma boa bilheteria e os Estúdios sabem muito bem que essa receita permite pesar um pouco na mão pela forma e não se preocupar tanto com o conteúdo - mais ou menos como acontece em alguns games do gênero: é preciso ser divertido e não tão profundo ou complicado; e essa comparação não é por acaso. O filme conta história de um assassino de elite prestes a se aposentar chamado Henry Brogan.  Após sua última missão, ele recebe uma informação que colocam os motivos dessa missão em cheque, expondo uma enorme rede de mentiras do Governo dos EUA. Até aí aí nada de novo para um filme de ação, até que se descobre que o tal jovem agente é uma versão 30 anos mais nova de Brogan. Dá só uma olhada no trailer:

Agora vamos falar da tecnologia "inovadora" por trás dessa história:

Quando em 2012, Peter Jackson gravou "Hobbit" em 48 quadros por segundo (o normal seria 24) ele justificou sua escolha como "uma oportunidade de colocar a audiência mais próxima dos personagens", já que, como o dobro de quadros, ganharíamos em qualidade e profundidade ao mesmo tempo que os movimentos pareceriam mais próximos da realidade - isso de fato acontece, mas o estranhamento foi tanto que muita gente achou que o filme estivesse com problemas (o que fez a Warner preparar um informativo explicando porque o filme estaria diferente) - o fato é que o tiro saiu pela culatra, primeiro pela quantidade de cinemas que tinham a capacidade de exibir o filme usando essa tecnologia nativa e depois pelas centenas de salas que tinham cópias convertidas e que, na opinião de muita gente, fez o filme parecer uma novela. Aqui cabe um comentário: antigamente uma novela era gravada (em vídeo) à 30 quadros por segundo, enquanto os filmes eram feitos (em película) à 24 - por isso tínhamos uma sensação mais poética ao ver um filme, enquanto a novela parecia mais com as nossas gravações caseiras. Por favor, é óbvio que existiam muitas outras diferenças, mas o ponto que quero exemplificar para todos entenderem é que essa velocidade de captação de imagem influenciava na forma como enxergávamos os filmes! Aliás, era por esse mesmo motivo que achávamos a séries americanas melhores, "parecendo filme" - pois elas também eram captadas em 24 quadros (e em película).

Dito isso, o "Projeto Gemini" foi vendido como uma nova era na captação imagens, pois o filme foi rodado em 120 quadros por segundo - uma taxa muito maior que o normal, ou seja, a qualidade da imagem seria melhor percebida devido a quantidade de quadros. Acontece que, como na época de "Hobbit", poucos cinemas estão preparados para exibir um filme nessa velocidade nativa - é preciso fazer uma conversão para, no mínimo, 60 quadros (o que já seria lindo), mas nossas salas só conseguem exibir em 24 ou 30 quadros na sua maioria. Ok, então porque resolveram filmar assim? Simples, existe um conceito visual em cima do filme muito claro e esse mérito não dá pra passar batido: aproximar o público da ação como se ele estive jogando um video-game e aí a experiência me pareceu funciona! Nas cenas de ação, a velocidade, sem a menor dúvida, interfere positivamente no resultado - tem um plano específico, feito em primeira pessoa, que realmente nos remete a um "jogo de tiro"! Qual o problema para mim (que conhece câmera que o Ang Lee usou): quando o plano está muito fechado (em Close) para cenas de diálogo (sem muito movimento) temos a sensação que os atores estão em um estúdio com "fundo verde", pois existe tanta informação visível em profundidade (pelo dobro de quadros) que parece que a paisagem é uma pintura aplicada - não fica nada natural e isso acontece muito no filme! Enquanto os planos abertos (gerais) ficam lindos, os fechados sofrem com essa percepção (ainda mais em 3D que o primeiro plano tende a "saltar" na tela).

De fato as cenas de ação funcionam muito bem - fica clara a capacidade inventiva do Ang Lee como diretor (o que muitas vezes exige uma boa dose de suspensão de realidade para embarcarmos na dinâmica do filme) para criar uma movimentação muito próxima dos games - o filme vale por esse aspecto técnico e artístico. Já o roteiro é terrível de ruim, sem a menor coerência narrativa que justifique a importância de alguns personagens na trama, fica parecendo que depois que cada um fez sua cena, basta eliminação-los e está tudo resolvido! O próprio final é super previsível e nenhum ator se sobressai à tecnologia - isso, para mim, é sempre um problema! Como eu disse, vale pelo entretenimento, se você gosta de muita ação, perseguição, tiroteiro e uma pitada de ficção científica; caso contrário não perca seu tempo. Assistir o filme para conhecer a nova tecnologia e se impressionar (ou não) por ela, também é um bom motivo, mas não espere mais do que uma boa experiência de entretenimento!

Só como curiosidade, o personagem do Will Smith mais novo não é maquiagem ou rejuvenescimento digital, é um rosto construído 100% do zero por computador e ficou bem interessante mesmo! Vale reparar! ;)

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Reacher

"Reacher" é muito divertida - e para os mais velhos, uma referência narrativa certamente vai emergir da nossa lembrança: "Prison Break". Baseada no aclamado romance "Dinheiro Sujo" de Lee Child, essa produção da Amazon é uma jornada eletrizante através do mundo sombrio e implacável do famoso personagem Jack Reacher - que no cinema foi interpretado por Tom Cruise. Sob o olhar habilidoso de Nick Santora (produtor executivo de "Prison Break" e de "Fubar"), a série é um verdadeiro convite ao entretenimento leve com uma trama cheia de reviravoltas e ação (leia-se pancadaria), que foi capaz capturar a essência de um personagem icônico da literatura com muita maestria, mas sem a pretensão de entregar um estudo complexo da psique humana. Com uma narrativa de fato envolvente e performances cativantes do trio de atores Alan Ritchson, Malcolm Goodwin e Willa Fitzgerald, "Reacher" é a escolha certa para aquele final de semana maratonando algo interessante e divertido com um toque investigativo anos 80.

Após abandonar o Exército dos Estados Unidos, o veterano Jack Reacher (Ritchson) chega em uma pequena cidade chamada Margrave, onde várias mortes começam a ocorrer e ele acaba se tornando o principal suspeito. Depois de provar sua inocência (claro), o xerife local decide pedir sua ajuda para resolver a série de brutais homicídios. Mesmo contrariado, Reacher decide usar suas habilidades para desvendar quem está por trás dos crimes e suas motivações. Para isso, ele não medirá esforços e usará todos os recursos disponíveis, inclusive burlando algumas leis quando necessário. Confira o trailer:

Cheia de piadinhas duvidosas, mas inegavelmente charmosas, "Reacher" sabe exatamente da sua capacidade de equilibrar bons momentos de ação com um desenvolvimento narrativo, no mínimo, perspicaz. Tudo é muito fluído, fácil, e parte disso se dá pela superficialidade fantasiada de complexidade do protagonista - Jack Reacher é uma espécie de super herói, um detetive que transita entre a capacidade de Sherlock Holmes deduzir o impossível e da habilidade de Batman em unir ironia com alguns socos e ponta-pés para alcançar seus objetivos. Embora a série até procure evitar, ela é um apanhado delicioso de clichês do gênero de investigação que opta por explorar temas como corrupção, moralidade e redenção de maneira divertida e muito envolvente.

Veja, comparando "Reacher" com uma outra série de ação da Prime Vídeo que se apoia em um personagem que segue a mesma cartilha narrativa, talvez sem tantos músculos é preciso ressaltar, como Jack Ryan, é possível afirmar que aqui temos uma versão "lite" criada essencialmente para os dias chuvosos - e isso não é um problema, é um enorme trunfo que faz com que a série possa perdurar por inúmeras temporadas. Se levarmos em consideração que a primeira temporada foi baseada no primeiro livro da obra de Child enquanto a segunda encontrou inspiração em "Azar e Contratempo" que é o 11º livro do autor, dá para se ter uma ideia de onde Nick Santora pode nos levar.

Muito bem produzida e dirigida, mas sem muitas inovações narrativas (sejam elas conceituais ou visuais), "Reacher" é um baita de um acerto da Prime Vídeo pela perspectiva da construção de franquia de gênero que a própria Netflix penou para estabelecer até encontrar seu "Resgate". Dito isso, você está prestes a encontrar uma espécie de versão plus size daqueles filmes meio "brucutus" dos anos 80 que tando fizeram sucesso e que trouxeram Steven Seagal, Sylvester Stallone e Bruce Willis para os holofotes, mas claro que com uma certa sensibilidade e requinte das produções atuais. Funciona e muito!

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"Reacher" é muito divertida - e para os mais velhos, uma referência narrativa certamente vai emergir da nossa lembrança: "Prison Break". Baseada no aclamado romance "Dinheiro Sujo" de Lee Child, essa produção da Amazon é uma jornada eletrizante através do mundo sombrio e implacável do famoso personagem Jack Reacher - que no cinema foi interpretado por Tom Cruise. Sob o olhar habilidoso de Nick Santora (produtor executivo de "Prison Break" e de "Fubar"), a série é um verdadeiro convite ao entretenimento leve com uma trama cheia de reviravoltas e ação (leia-se pancadaria), que foi capaz capturar a essência de um personagem icônico da literatura com muita maestria, mas sem a pretensão de entregar um estudo complexo da psique humana. Com uma narrativa de fato envolvente e performances cativantes do trio de atores Alan Ritchson, Malcolm Goodwin e Willa Fitzgerald, "Reacher" é a escolha certa para aquele final de semana maratonando algo interessante e divertido com um toque investigativo anos 80.

Após abandonar o Exército dos Estados Unidos, o veterano Jack Reacher (Ritchson) chega em uma pequena cidade chamada Margrave, onde várias mortes começam a ocorrer e ele acaba se tornando o principal suspeito. Depois de provar sua inocência (claro), o xerife local decide pedir sua ajuda para resolver a série de brutais homicídios. Mesmo contrariado, Reacher decide usar suas habilidades para desvendar quem está por trás dos crimes e suas motivações. Para isso, ele não medirá esforços e usará todos os recursos disponíveis, inclusive burlando algumas leis quando necessário. Confira o trailer:

Cheia de piadinhas duvidosas, mas inegavelmente charmosas, "Reacher" sabe exatamente da sua capacidade de equilibrar bons momentos de ação com um desenvolvimento narrativo, no mínimo, perspicaz. Tudo é muito fluído, fácil, e parte disso se dá pela superficialidade fantasiada de complexidade do protagonista - Jack Reacher é uma espécie de super herói, um detetive que transita entre a capacidade de Sherlock Holmes deduzir o impossível e da habilidade de Batman em unir ironia com alguns socos e ponta-pés para alcançar seus objetivos. Embora a série até procure evitar, ela é um apanhado delicioso de clichês do gênero de investigação que opta por explorar temas como corrupção, moralidade e redenção de maneira divertida e muito envolvente.

Veja, comparando "Reacher" com uma outra série de ação da Prime Vídeo que se apoia em um personagem que segue a mesma cartilha narrativa, talvez sem tantos músculos é preciso ressaltar, como Jack Ryan, é possível afirmar que aqui temos uma versão "lite" criada essencialmente para os dias chuvosos - e isso não é um problema, é um enorme trunfo que faz com que a série possa perdurar por inúmeras temporadas. Se levarmos em consideração que a primeira temporada foi baseada no primeiro livro da obra de Child enquanto a segunda encontrou inspiração em "Azar e Contratempo" que é o 11º livro do autor, dá para se ter uma ideia de onde Nick Santora pode nos levar.

Muito bem produzida e dirigida, mas sem muitas inovações narrativas (sejam elas conceituais ou visuais), "Reacher" é um baita de um acerto da Prime Vídeo pela perspectiva da construção de franquia de gênero que a própria Netflix penou para estabelecer até encontrar seu "Resgate". Dito isso, você está prestes a encontrar uma espécie de versão plus size daqueles filmes meio "brucutus" dos anos 80 que tando fizeram sucesso e que trouxeram Steven Seagal, Sylvester Stallone e Bruce Willis para os holofotes, mas claro que com uma certa sensibilidade e requinte das produções atuais. Funciona e muito!

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Resgate

"Resgate" é um excelente filme de ação - um dos melhores que assisti ultimamente! Dito isso, temos que parabenizar a Netflix por essa produção - é impressionante a grandiosidade e a qualidade  técnica do filme! Muito desse mérito é responsabilidade do diretor estreante, Sam Hargrave, pupilo dos diretores de "Vingadores Ultimato", Anthony Russo e Joe Russo que, inclusive, adaptaram (Joe) e produziram esse filme!

Após Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), o filho de um perigoso bandido indiano, ser sequestrado pelo traficante, Arjun (Piyush Khati); Tyler Rake (Chris Hemsworth) é recrutado para salvar o garoto, mas para isso tem que enfrentar todo o exército de Bangladesh no meio da cidade de Dhaka, capital do país. Confira o trailer:

Sim, pela sinopse fica claro se tratar de um filme sem muita história, ou pelo menos sem uma trama tão complexa, porém é preciso dizer que no que diz respeito a "ação" em si, temos um prato cheio. É incrível como os diretores vem trazendo para os filmes do gênero muito do conceito dos video-games e isso se reflete justamente em uma característica bem peculiar: a história serve para motivar o personagem principal a se mover do ponto A até o ponto B sem morrer, com uma missão pré estabelecida, claro, porém sem a necessidade de uma exploração mais profunda da trama, afinal o que interessa mesmo é a ação (no caso, o período onde o jogador interage com a história de forma linear durante a jornada). Além dessa característica narrativa marcante, as referências visuais são absurdas: os movimentos de câmera que pareciam impossíveis serem recriadas em um "live action" há alguns anos atrás, agora fazem parte de uma coreografia impressionante entre fotografia e atuação - e olha que venho citando esse movimento desde "Projeto Gemini" e até em "1917". Em "Resgate" essa gramática cinematográfica é repetida e com muita competência, então se você gosta de filmes de ação não deixe de dar o play!

Embora seja necessário uma boa dose de suspensão da realidade, assim que embarcamos em um filme de ação estamos pré dispostos a enxergar aquele universo da maneira mais realista possível e aqui encontramos um grande mérito de "Resgate" - ele não se apropria de soluções mirabolantes para criar a dinâmica da ação! O malabarismo dos personagens existe, mas não "ofende" quem assiste! O trabalho do excelente diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (de "Superman - o retorno" e de "Bohemian Rhapsody") merece ser destacado. Ao lado de Hargrave (especialista em cenas de ação e luta), Sigel criou um plano sequência sensacional já no segundo ato, onde acompanhamos (como no video game) o protagonista lutando, atirando na policia, pulando de prédios e finalmente fugindo de carro em uma perseguição de tirar o fôlego (tudo "sem" cortes) - é impressionante! E o que dá um ar ainda mais interessante é a forma como Sigel usa Dhaka para contrastar a ação com uma certa poesia que mistura realismo e fantasia perfeitamente - é sensacional!

Baseado na graphic novel "Ciudad", de Ande Parks, escrita pelo próprio Parks em parceria de Joe e Anthony Russo, "Resgate" usa da capacidade do seus produtores que por sinal são, talvez, os maiores responsáveis pelo sucesso do Universo Marvel, como garantia de um filme com muita ação, com lutas extremamente bem coreografadas (nível "Demolidor" nos bons tempos) e uma história que te prende graças ao ótimo trabalho de Chris Hemsworth e Rudhraksh Jaiswal. 

Olha, filme de tiro e pancadaria dos bons! Entretenimento da melhor qualidade! E pode acreditar: teremos uma continuação - me cobrem!

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"Resgate" é um excelente filme de ação - um dos melhores que assisti ultimamente! Dito isso, temos que parabenizar a Netflix por essa produção - é impressionante a grandiosidade e a qualidade  técnica do filme! Muito desse mérito é responsabilidade do diretor estreante, Sam Hargrave, pupilo dos diretores de "Vingadores Ultimato", Anthony Russo e Joe Russo que, inclusive, adaptaram (Joe) e produziram esse filme!

Após Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), o filho de um perigoso bandido indiano, ser sequestrado pelo traficante, Arjun (Piyush Khati); Tyler Rake (Chris Hemsworth) é recrutado para salvar o garoto, mas para isso tem que enfrentar todo o exército de Bangladesh no meio da cidade de Dhaka, capital do país. Confira o trailer:

Sim, pela sinopse fica claro se tratar de um filme sem muita história, ou pelo menos sem uma trama tão complexa, porém é preciso dizer que no que diz respeito a "ação" em si, temos um prato cheio. É incrível como os diretores vem trazendo para os filmes do gênero muito do conceito dos video-games e isso se reflete justamente em uma característica bem peculiar: a história serve para motivar o personagem principal a se mover do ponto A até o ponto B sem morrer, com uma missão pré estabelecida, claro, porém sem a necessidade de uma exploração mais profunda da trama, afinal o que interessa mesmo é a ação (no caso, o período onde o jogador interage com a história de forma linear durante a jornada). Além dessa característica narrativa marcante, as referências visuais são absurdas: os movimentos de câmera que pareciam impossíveis serem recriadas em um "live action" há alguns anos atrás, agora fazem parte de uma coreografia impressionante entre fotografia e atuação - e olha que venho citando esse movimento desde "Projeto Gemini" e até em "1917". Em "Resgate" essa gramática cinematográfica é repetida e com muita competência, então se você gosta de filmes de ação não deixe de dar o play!

Embora seja necessário uma boa dose de suspensão da realidade, assim que embarcamos em um filme de ação estamos pré dispostos a enxergar aquele universo da maneira mais realista possível e aqui encontramos um grande mérito de "Resgate" - ele não se apropria de soluções mirabolantes para criar a dinâmica da ação! O malabarismo dos personagens existe, mas não "ofende" quem assiste! O trabalho do excelente diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (de "Superman - o retorno" e de "Bohemian Rhapsody") merece ser destacado. Ao lado de Hargrave (especialista em cenas de ação e luta), Sigel criou um plano sequência sensacional já no segundo ato, onde acompanhamos (como no video game) o protagonista lutando, atirando na policia, pulando de prédios e finalmente fugindo de carro em uma perseguição de tirar o fôlego (tudo "sem" cortes) - é impressionante! E o que dá um ar ainda mais interessante é a forma como Sigel usa Dhaka para contrastar a ação com uma certa poesia que mistura realismo e fantasia perfeitamente - é sensacional!

Baseado na graphic novel "Ciudad", de Ande Parks, escrita pelo próprio Parks em parceria de Joe e Anthony Russo, "Resgate" usa da capacidade do seus produtores que por sinal são, talvez, os maiores responsáveis pelo sucesso do Universo Marvel, como garantia de um filme com muita ação, com lutas extremamente bem coreografadas (nível "Demolidor" nos bons tempos) e uma história que te prende graças ao ótimo trabalho de Chris Hemsworth e Rudhraksh Jaiswal. 

Olha, filme de tiro e pancadaria dos bons! Entretenimento da melhor qualidade! E pode acreditar: teremos uma continuação - me cobrem!

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Resgate 2

Olha, como o primeiro, "Resgate 2" é tão divertido e dinâmico como jogar uma boa partida de videogame - daqueles "fps"  ou First Person Shooter - gênero de jogo que coloca o jogador em uma perspectiva de câmera em primeira pessoa, portando armas de fogo em combates alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego; aliás, talvez essa seja a melhor forma de definir o novo filme da franquia, novamente dirigido pelo talentoso Sam Hargrave.

Algum tempo depois dos eventos do primeiro filme, Tyler Rake (Chris Hemsworth) precisa encarar um desafio ainda mais perigoso e insano do que o anterior: resgatar a família de um gângster georgiano, Zurab (Tornike Gogrichiani), de uma prisão e levá-los em segurança até a Áustria. No entanto, isso não será uma tarefa fácil, já que diversos criminosos estão tentando localizá-los. Mais uma vez contando com a ajuda dos irmãos Nik Khan (Golshifteh Farahani) e Yaz Khan (Adam Bessa), Tyler precisa enfrentar os fantasmas de seu passado nessa missão que vai muito além do dinheiro como recompensa. Confira o trailer:

Talvez o mais interessante de "Resgate 2" seja justamente o de se apropriar dos pontos fortes de primeiro filme e potencializa-los com um orçamento ainda mais generoso. Como não poderia deixar de ser, as cenas de ação e as coreografias das lutas são ainda mais impressionantes. As sequências de combate são perfeitamente realizadas pelo diretor de fotografia, Greg Baldi (de "A Origem"), com movimentos de câmera, muitas vezes em longos planos, de tirar o chapéu - esses movimentos de câmera, se olharmos por uma perspectiva mais técnica, já pareciam impossíveis de serem recriadas em um "live action" lá atrás com Newton Thomas Sigel, no entanto Hargrave se aproveita dos malabarismos visuais para nos entregar uma imersão ainda mais absurda para temos a noção exata da tensão e da intensidade dos confrontos que assistimos na tela.

Agora é preciso que se diga, o roteiro dos irmãos Russo (novamente ao lado de Ande Parks) volta a pecar por ser repleto de clichês e não ter  profundidade alguma. É até notável o esforço do texto em adicionar camadas emocionais para que Chris Hemsworth possa brilhar também no drama, porém é a ação que faz valer o play. - não adianta, o foco aqui são os tiros e a pancadaria. Convincente, Hemsworth sabe exatamente o caminho para que o filme seja outro sucesso e ao colocar sua performance a serviço desse objetivo, é inegável a qualidade de "Extraction II" (no original) como entretenimento repleto de adrenalina. 

Sim, "Resgate 2" é um capítulo que mantém a energia do filme original, apresentando sequências de ação e combate ainda melhores, com o bônus de um protagonista bastante carismático. Embora a história possa parecer familiar em muitos momentos e certos personagens pareçam pouco desenvolvidos, como Nik Khan, por exemplo; o filme ainda entrega uma jornada de herói emocionante e cheia de reviravoltas que certamente vai satisfazer os fãs do gênero. 

Se você gostou de "Resgate", pode dar o play sem medo e já te adianto: vem mais por aí!

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Olha, como o primeiro, "Resgate 2" é tão divertido e dinâmico como jogar uma boa partida de videogame - daqueles "fps"  ou First Person Shooter - gênero de jogo que coloca o jogador em uma perspectiva de câmera em primeira pessoa, portando armas de fogo em combates alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego; aliás, talvez essa seja a melhor forma de definir o novo filme da franquia, novamente dirigido pelo talentoso Sam Hargrave.

Algum tempo depois dos eventos do primeiro filme, Tyler Rake (Chris Hemsworth) precisa encarar um desafio ainda mais perigoso e insano do que o anterior: resgatar a família de um gângster georgiano, Zurab (Tornike Gogrichiani), de uma prisão e levá-los em segurança até a Áustria. No entanto, isso não será uma tarefa fácil, já que diversos criminosos estão tentando localizá-los. Mais uma vez contando com a ajuda dos irmãos Nik Khan (Golshifteh Farahani) e Yaz Khan (Adam Bessa), Tyler precisa enfrentar os fantasmas de seu passado nessa missão que vai muito além do dinheiro como recompensa. Confira o trailer:

Talvez o mais interessante de "Resgate 2" seja justamente o de se apropriar dos pontos fortes de primeiro filme e potencializa-los com um orçamento ainda mais generoso. Como não poderia deixar de ser, as cenas de ação e as coreografias das lutas são ainda mais impressionantes. As sequências de combate são perfeitamente realizadas pelo diretor de fotografia, Greg Baldi (de "A Origem"), com movimentos de câmera, muitas vezes em longos planos, de tirar o chapéu - esses movimentos de câmera, se olharmos por uma perspectiva mais técnica, já pareciam impossíveis de serem recriadas em um "live action" lá atrás com Newton Thomas Sigel, no entanto Hargrave se aproveita dos malabarismos visuais para nos entregar uma imersão ainda mais absurda para temos a noção exata da tensão e da intensidade dos confrontos que assistimos na tela.

Agora é preciso que se diga, o roteiro dos irmãos Russo (novamente ao lado de Ande Parks) volta a pecar por ser repleto de clichês e não ter  profundidade alguma. É até notável o esforço do texto em adicionar camadas emocionais para que Chris Hemsworth possa brilhar também no drama, porém é a ação que faz valer o play. - não adianta, o foco aqui são os tiros e a pancadaria. Convincente, Hemsworth sabe exatamente o caminho para que o filme seja outro sucesso e ao colocar sua performance a serviço desse objetivo, é inegável a qualidade de "Extraction II" (no original) como entretenimento repleto de adrenalina. 

Sim, "Resgate 2" é um capítulo que mantém a energia do filme original, apresentando sequências de ação e combate ainda melhores, com o bônus de um protagonista bastante carismático. Embora a história possa parecer familiar em muitos momentos e certos personagens pareçam pouco desenvolvidos, como Nik Khan, por exemplo; o filme ainda entrega uma jornada de herói emocionante e cheia de reviravoltas que certamente vai satisfazer os fãs do gênero. 

Se você gostou de "Resgate", pode dar o play sem medo e já te adianto: vem mais por aí!

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Roubos Inacreditáveis

"Roubos Inacreditáveis", série documental da Netflix, é surpreendentemente bacana. Além de dar uma outra conotação ao tão badalado sub-gênero de "true crime", a série tem um conceito narrativo leve, dinâmico e muito bem construído para entregar histórias sensacionais que misturam depoimentos dos envolvidos nos crimes com ótimas dramatizações. Talvez o que diferencia tanto essa produção seja o tom escolhido - ele é mais despojado e cínico, mesmo que muito emocionante em várias passagens.

O documentário conta em seis episódios, a história de três roubos muito curiosos - talvez os mais curiosos da história moderna dos Estados Unidos. O grande trunfo porém, é que todas as histórias partem de um único ponto de vista: o dos criminosos. Em um cassino de Las Vegas, Heather Tallchief, uma jovem de 21 anos rouba milhões em dinheiro vivo. Num aeroporto de Miami, Karls Monzon, um imigrante cubano, assalta um armazém, depois de recorrer aos programas de TV para conhecer as técnicas de como não ser preso. E por fim, em Kentucky, Toby Curtsinger, um pai de família e bastante respeitado na comunidade, é acusado de um dos maiores roubos de bourbon da história. Confira o trailer (em inglês):

Produzida pela Dirty Robber, empresa por trás do vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem "Dois Estranhos", e com direção de Derek Doneen (The Price of Free), Martin Desmond Roe (Dois Estranhos ) e Nick Frew (Inacreditável Esporte Clube), "Roubos Inacreditáveis" tem tudo para se tornar um grande sucesso e ganhar várias temporadas. Ao posicionar a audiência para conhecer o lado do criminoso e assim entender as motivações que os levaram a cometerem os crimes, somos imediatamente fisgados por histórias bastante humanas, nos gerando uma enorme e surpreendente empatia - e quando nos damos conta, estamos torcendo para os bandidos e não para os mocinhos. Eu diria que assim que o crime é solucionados e os culpados são presos, a sensação que temos é quase decepcionante - por mais maluco que possa parecer.

Por ser uma série documental, naturalmente quebramos aquele pré-conceito da descrença - é como se estivéssemos assistido um "La Casa de Papel" da vida real! Entender como cada um dos personagens definiu seu alvo, montou seu planejamento, cuidou dos detalhes, lidou com a glória do sucesso e também com os erros bobos que ajudaram os investigadores a descobrir a verdade, é empolgante. Os diretores foram muito inteligentes em encontrar o perfeito equilíbrio ao captar depoimentos muito sinceros e emocionantes tanto dos criminosos quanto de seus familiares e cúmplices, enquanto do outro lado conhecemos o processo da polícia e dos investigadores que resolveram os casos. 

Embora a série não faça questão alguma de esconder o resultado dos crimes, é muito curioso assistir os protagonistas falando sobre o assunto com tanta liberdade. Talvez o ponto mais curioso de "Heist" (no original) é que nos perguntamos, depois de conhecer todo o contexto, se fossemos nós os personagens, valeria a pena arriscar tudo para cometer um daqueles crimes que pareciam tão perfeitos e por motivos tão "justificáveis"? 

Reflita sobre a resposta...rs.

Vale muito a pena! Mesmo!

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"Roubos Inacreditáveis", série documental da Netflix, é surpreendentemente bacana. Além de dar uma outra conotação ao tão badalado sub-gênero de "true crime", a série tem um conceito narrativo leve, dinâmico e muito bem construído para entregar histórias sensacionais que misturam depoimentos dos envolvidos nos crimes com ótimas dramatizações. Talvez o que diferencia tanto essa produção seja o tom escolhido - ele é mais despojado e cínico, mesmo que muito emocionante em várias passagens.

O documentário conta em seis episódios, a história de três roubos muito curiosos - talvez os mais curiosos da história moderna dos Estados Unidos. O grande trunfo porém, é que todas as histórias partem de um único ponto de vista: o dos criminosos. Em um cassino de Las Vegas, Heather Tallchief, uma jovem de 21 anos rouba milhões em dinheiro vivo. Num aeroporto de Miami, Karls Monzon, um imigrante cubano, assalta um armazém, depois de recorrer aos programas de TV para conhecer as técnicas de como não ser preso. E por fim, em Kentucky, Toby Curtsinger, um pai de família e bastante respeitado na comunidade, é acusado de um dos maiores roubos de bourbon da história. Confira o trailer (em inglês):

Produzida pela Dirty Robber, empresa por trás do vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem "Dois Estranhos", e com direção de Derek Doneen (The Price of Free), Martin Desmond Roe (Dois Estranhos ) e Nick Frew (Inacreditável Esporte Clube), "Roubos Inacreditáveis" tem tudo para se tornar um grande sucesso e ganhar várias temporadas. Ao posicionar a audiência para conhecer o lado do criminoso e assim entender as motivações que os levaram a cometerem os crimes, somos imediatamente fisgados por histórias bastante humanas, nos gerando uma enorme e surpreendente empatia - e quando nos damos conta, estamos torcendo para os bandidos e não para os mocinhos. Eu diria que assim que o crime é solucionados e os culpados são presos, a sensação que temos é quase decepcionante - por mais maluco que possa parecer.

Por ser uma série documental, naturalmente quebramos aquele pré-conceito da descrença - é como se estivéssemos assistido um "La Casa de Papel" da vida real! Entender como cada um dos personagens definiu seu alvo, montou seu planejamento, cuidou dos detalhes, lidou com a glória do sucesso e também com os erros bobos que ajudaram os investigadores a descobrir a verdade, é empolgante. Os diretores foram muito inteligentes em encontrar o perfeito equilíbrio ao captar depoimentos muito sinceros e emocionantes tanto dos criminosos quanto de seus familiares e cúmplices, enquanto do outro lado conhecemos o processo da polícia e dos investigadores que resolveram os casos. 

Embora a série não faça questão alguma de esconder o resultado dos crimes, é muito curioso assistir os protagonistas falando sobre o assunto com tanta liberdade. Talvez o ponto mais curioso de "Heist" (no original) é que nos perguntamos, depois de conhecer todo o contexto, se fossemos nós os personagens, valeria a pena arriscar tudo para cometer um daqueles crimes que pareciam tão perfeitos e por motivos tão "justificáveis"? 

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Sharper

"Sharper" (que no Brasil chegou acompanhado do redundante subtítulo "Uma Vida de Trapaças") é um excelente entretenimento - daqueles que nem pensar muito é preciso! Divertido e envolvente, o filme do diretor Benjamin Caron (da série "Sherlock") usa e abusa dos "plot twists"(ou das reviravoltas, como preferir) para contar histórias de golpistas e, claro, dos seus golpes, pautado em fortes elementos dramáticos com um leve toque de suspense policial - e é justamente isso que o distancia do premiado "Trapaça" do David O. Russell e o aproxima de "A Grande Mentira" do Bill Condon.

Dividido em capítulos, onde um personagem está sempre em evidência, mas onde ninguém é quem diz ser, "Sharper: Uma Vida de Trapaças" pode ser definido como thriller neo-noir sobre os segredos e as mentiras de golpistas profissionais que transitam entre os apartamentos mais luxuosos e os bares mais decadentes da cidade de Nova York, disputando as maiores riquezas e o poder de controlar jogos de alto risco de ambição, ganância, luxúria e inveja. Assista o trailer (em inglês):

Muito bem montado pelo Yan Miles (vencedor de dois Emmys por "The Crown" e por "Sherlock"), eu diria que um dos maiores acertos do roteiro do Brian Gatewood e do Alessandro Tanaka é o de estabelecer seu propósito logo de cara: todos são suspeitos até que se prove o contrário. O interessante, no entanto, é que a trama não precisa se apoiar em um evento especifico (um grande assalto, por exemplo) para nos fisgar, já que são os personagens que vão se conectando com a história de acordo com as experiências que eles mesmos estão vivendo em determinado momento de suas vidas - essa estratégia narrativa é empolgante, pois nos faz sempre buscar um ponto de conexão para que tudo venha fazer sentido, mesmo que inicialmente pareça difícil de perceber que isso seja possível. A forma como as pistas são entregues, em doses bem homeopáticas e fantasiadas de relações humanas, ajuda muito na nossa experiência como audiência.

O elenco de peso que conta com Sebastian Stan, Justice Smith, Briana Middleton, Julianne Moore e até com uma participação muito especial de John Lithgow, só valoriza a dinâmica impressa pelo Benjamin Caron - reparem como tudo vai fazendo sentido, como os nós vão sendo desatados e como as performances dos atores nos conquistam, fazendo com que, mesmo quando o óbvio entra em cena, ainda assim tudo seja muito intrigante.

É fato que em "Sharper: Uma Vida de Trapaças" encontramos algumas passagens, digamos, não tão originais assim - como se ler um livro de mistério barato depois de devorar um clássico de Agatha Christie soe familiar demais! Mas te garanto: essa sensação não vai te impedir de curtir as inúmeras reviravoltas que a história oferece, muito menos diminuir sua ansiedade de chegar ao final e assim entender onde tudo isso começou - e aqui fica minha única critica ao roteiro: se ele terminasse 10 minutos antes, provavelmente, seria muito mais provocativo (e, obviamente, menos expositivo) do que pareceu.

Vale muito o seu play! Diversão (despretensiosa) garantida!

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"Sharper" (que no Brasil chegou acompanhado do redundante subtítulo "Uma Vida de Trapaças") é um excelente entretenimento - daqueles que nem pensar muito é preciso! Divertido e envolvente, o filme do diretor Benjamin Caron (da série "Sherlock") usa e abusa dos "plot twists"(ou das reviravoltas, como preferir) para contar histórias de golpistas e, claro, dos seus golpes, pautado em fortes elementos dramáticos com um leve toque de suspense policial - e é justamente isso que o distancia do premiado "Trapaça" do David O. Russell e o aproxima de "A Grande Mentira" do Bill Condon.

Dividido em capítulos, onde um personagem está sempre em evidência, mas onde ninguém é quem diz ser, "Sharper: Uma Vida de Trapaças" pode ser definido como thriller neo-noir sobre os segredos e as mentiras de golpistas profissionais que transitam entre os apartamentos mais luxuosos e os bares mais decadentes da cidade de Nova York, disputando as maiores riquezas e o poder de controlar jogos de alto risco de ambição, ganância, luxúria e inveja. Assista o trailer (em inglês):

Muito bem montado pelo Yan Miles (vencedor de dois Emmys por "The Crown" e por "Sherlock"), eu diria que um dos maiores acertos do roteiro do Brian Gatewood e do Alessandro Tanaka é o de estabelecer seu propósito logo de cara: todos são suspeitos até que se prove o contrário. O interessante, no entanto, é que a trama não precisa se apoiar em um evento especifico (um grande assalto, por exemplo) para nos fisgar, já que são os personagens que vão se conectando com a história de acordo com as experiências que eles mesmos estão vivendo em determinado momento de suas vidas - essa estratégia narrativa é empolgante, pois nos faz sempre buscar um ponto de conexão para que tudo venha fazer sentido, mesmo que inicialmente pareça difícil de perceber que isso seja possível. A forma como as pistas são entregues, em doses bem homeopáticas e fantasiadas de relações humanas, ajuda muito na nossa experiência como audiência.

O elenco de peso que conta com Sebastian Stan, Justice Smith, Briana Middleton, Julianne Moore e até com uma participação muito especial de John Lithgow, só valoriza a dinâmica impressa pelo Benjamin Caron - reparem como tudo vai fazendo sentido, como os nós vão sendo desatados e como as performances dos atores nos conquistam, fazendo com que, mesmo quando o óbvio entra em cena, ainda assim tudo seja muito intrigante.

É fato que em "Sharper: Uma Vida de Trapaças" encontramos algumas passagens, digamos, não tão originais assim - como se ler um livro de mistério barato depois de devorar um clássico de Agatha Christie soe familiar demais! Mas te garanto: essa sensação não vai te impedir de curtir as inúmeras reviravoltas que a história oferece, muito menos diminuir sua ansiedade de chegar ao final e assim entender onde tudo isso começou - e aqui fica minha única critica ao roteiro: se ele terminasse 10 minutos antes, provavelmente, seria muito mais provocativo (e, obviamente, menos expositivo) do que pareceu.

Vale muito o seu play! Diversão (despretensiosa) garantida!

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Sicario - Terra de Ninguém

"Sicario - Terra de Ninguém" é um filme de ação que não está apenas preocupado com a pancadaria ou com os tiroteios, ele é carregado de drama em um roteiro muito bem amarrado, com personagens extremamente complexos e uma direção, bem, aí é só carimbar o selo "Denis Villeneuve"!

No filme acompanhamos Kate Macer (Emily Blunt), uma agente idealista do FBI que está inscrita em uma força-tarefa de elite do governo para ajudar na crescente guerra contra as drogas na região da fronteira com o México. Essa equipe é liderada por Matt Graver (Josh Brolin), um agente da CIA com um passado questionável. Além disso, para traçar estratégias contra um poderoso cartel mexicano, Matt pede auxílio para outro homem com história dúbia, seu consultor Alejandro (Benício del Toro). Assim, a força-tarefa sai em uma jornada clandestina, forçando Kate a embarcar nessa perigosa missão que vai obriga-la questionar todas as suas crenças e percepções de mundo. Confira o trailer:

Sem a menor dúvida que um dos destaques do roteiro escrito pelo Taylor Sheridan (isso mesmo, o ator da série "Sons of Anarchy") é que ao apresentar sua visão da guerra contra as drogas, ele nos coloca em em uma situação extremamente desconfortável, pois não temos a menor ideia (como a protagonista, aliás) do que, de fato, vai acontecer. Ao não entregar os objetivos reais da força-tarefa liderada por Matt e muito menos os limites de seus métodos, ficamos em uma zona tão cinzenta que em  nenhum momento, nas duas horas de filme, temos a certeza de que os mocinhos são mesmo os mocinhos.

A relação estabelecida entre Matt e Alejandro é de uma subjetividade impressionante - mesmo quando o agente clareia algumas motivações para Kate, já no terceiro ato. Obviamente que nada disso seria possível sem ótimas performances de Blunt, Brolin e Del Toro. Embora seja um filme de ação, os atores  imprimem um peso dramático aos seus personagens que mesmo sem um desenvolvimento tão expositivo, nos explica muito de suas escolhas durante a trama - essa dinâmica é raríssima e é essa, sem dúvida, é uma das razões que coloco "Sicario" entre os melhores filmes de ação de todos os tempos!

Bom, falar de Villeneuve é quase que me tornar repetitivo - ele domina a gramática cinematográfica de um filme de ação da mesma forma que mergulha no drama existencial pesado como em "Homem Duplicado" ou até na mitologia de uma ficção científica como em "Duna". Ao seu lado, nada menos que o fotógrafo Roger Deakins (vencedor de 2 Oscars com "Blade Runner 2049" e "1917", e indicado 14 vezes ao prêmio). Soma-se a isso um filme tecnicamente perfeito e de uma beleza visual que é de cair o queixo - a sequência filmada dentro do carro, na primeira fase da missão e que apresenta o real impacto da guerra contra as drogas em Juárez, uma pequena cidade mexicana, com direito a corpos decepados expostos a luz do dia, é primorosa!

"Sicario - Terra de Ninguém" tem uma personagem que transita por um mundo tão opressivo quando agressivo e imoral, sem se dar conta que esse mundo só faz sentido por causa de pessoas como ela. Ao mostrar que os "meios" justificam os "fins", o filme nos provoca a rever nossas "certezas" e sobre nossas possíveis atitudes se estivéssemos na mesma situação - essa dinâmica se reflete em uma experiência incrível e imperdível!

Vale muito, mas muito mesmo, o seu play!  

Up-date: "Sicario - Terra de Ninguém" foi indicado em três categorias no Oscar 2016: Melhor Edição de Som, Melhor Música e Melhor Fotografia!

Assista Agora

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"Sicario - Terra de Ninguém" é um filme de ação que não está apenas preocupado com a pancadaria ou com os tiroteios, ele é carregado de drama em um roteiro muito bem amarrado, com personagens extremamente complexos e uma direção, bem, aí é só carimbar o selo "Denis Villeneuve"!

No filme acompanhamos Kate Macer (Emily Blunt), uma agente idealista do FBI que está inscrita em uma força-tarefa de elite do governo para ajudar na crescente guerra contra as drogas na região da fronteira com o México. Essa equipe é liderada por Matt Graver (Josh Brolin), um agente da CIA com um passado questionável. Além disso, para traçar estratégias contra um poderoso cartel mexicano, Matt pede auxílio para outro homem com história dúbia, seu consultor Alejandro (Benício del Toro). Assim, a força-tarefa sai em uma jornada clandestina, forçando Kate a embarcar nessa perigosa missão que vai obriga-la questionar todas as suas crenças e percepções de mundo. Confira o trailer:

Sem a menor dúvida que um dos destaques do roteiro escrito pelo Taylor Sheridan (isso mesmo, o ator da série "Sons of Anarchy") é que ao apresentar sua visão da guerra contra as drogas, ele nos coloca em em uma situação extremamente desconfortável, pois não temos a menor ideia (como a protagonista, aliás) do que, de fato, vai acontecer. Ao não entregar os objetivos reais da força-tarefa liderada por Matt e muito menos os limites de seus métodos, ficamos em uma zona tão cinzenta que em  nenhum momento, nas duas horas de filme, temos a certeza de que os mocinhos são mesmo os mocinhos.

A relação estabelecida entre Matt e Alejandro é de uma subjetividade impressionante - mesmo quando o agente clareia algumas motivações para Kate, já no terceiro ato. Obviamente que nada disso seria possível sem ótimas performances de Blunt, Brolin e Del Toro. Embora seja um filme de ação, os atores  imprimem um peso dramático aos seus personagens que mesmo sem um desenvolvimento tão expositivo, nos explica muito de suas escolhas durante a trama - essa dinâmica é raríssima e é essa, sem dúvida, é uma das razões que coloco "Sicario" entre os melhores filmes de ação de todos os tempos!

Bom, falar de Villeneuve é quase que me tornar repetitivo - ele domina a gramática cinematográfica de um filme de ação da mesma forma que mergulha no drama existencial pesado como em "Homem Duplicado" ou até na mitologia de uma ficção científica como em "Duna". Ao seu lado, nada menos que o fotógrafo Roger Deakins (vencedor de 2 Oscars com "Blade Runner 2049" e "1917", e indicado 14 vezes ao prêmio). Soma-se a isso um filme tecnicamente perfeito e de uma beleza visual que é de cair o queixo - a sequência filmada dentro do carro, na primeira fase da missão e que apresenta o real impacto da guerra contra as drogas em Juárez, uma pequena cidade mexicana, com direito a corpos decepados expostos a luz do dia, é primorosa!

"Sicario - Terra de Ninguém" tem uma personagem que transita por um mundo tão opressivo quando agressivo e imoral, sem se dar conta que esse mundo só faz sentido por causa de pessoas como ela. Ao mostrar que os "meios" justificam os "fins", o filme nos provoca a rever nossas "certezas" e sobre nossas possíveis atitudes se estivéssemos na mesma situação - essa dinâmica se reflete em uma experiência incrível e imperdível!

Vale muito, mas muito mesmo, o seu play!  

Up-date: "Sicario - Terra de Ninguém" foi indicado em três categorias no Oscar 2016: Melhor Edição de Som, Melhor Música e Melhor Fotografia!

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