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Man in the Arena

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

Assista Agora

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

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O Último Duelo

"O Último Duelo" não é um filme de ação, de disputas politicas ou religiosas, de traição ou violência - embora tenha tudo isso. "O Último Duelo" é um drama (profundo) sobre a verdade, mesmo que essa venha mascarada por um contexto de época onde a misoginia e o patriarcado significavam honra e virilidade. O roteiro escrito por Matt Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener, é baseado em um livro sobre o último duelo judicial oficialmente reconhecido na França, mas que chega acompanhado por um subtexto atual e importante que ganha muita potência na mão (e na cabeça) criativa de Ridley Scott que resolveu contar a mesma história a partir de três diferentes perspectivas. 

No filme acompanhamos a história real de uma mulher francesa do século XIV, Marguerite de Carrouges (Jodie Comer), que desafiou os costumes medievais ao denunciar e levar a julgamento o homem que a violentou, Jacque Le Cris (Adam Driver), ex-companheiro de batalhas e desafeto de seu marido, Jean de Carrouges (Matt Damon). Confira o trailer:

Embora "O Último Duelo" tenha sido muito criticado por se preocupar mais em estabelecer a rivalidade entre Le Cris e Jean de Carrouges, do que pela luta por justiça de Marguerite em uma época em que a Igreja ditava as regras e um Rei simplesmente as aplicava de acordo com sua vontade, eu gostei e, sinceramente, não tive essa leitura - muito pelo contrário, o valor das circunstâncias que levaram ao duelo, para mim, são muito mais potentes do que as disputas carregadas de vaidade entre os personagens, porém Scott usa desse gatilho para gerar entretenimento ao mesmo tempo em que cria pontos de reflexão sobre o ato sofrido por Marguerite.

Partindo do conceito de que uma história possui três versões, "O Último Duelo" se aproveita de uma montagem competente da Claire Simpson (vencedora do Oscar pelo inesquecível "Platoon") para criar uma dinâmica narrativa muito interessante e provocadora - reparem como vamos mudando nossa "interpretação da verdade" a cada perspectiva. Pois bem, alinhado a isso, Scott vai entregando pequenos detalhes que vão diferenciando cada uma das versões - são pequenas nuances, diálogos em ordens diferentes e até olhares significantes que vão remodelando a narrativa. É muito bacana!

Alternando cenas de batalhas (sangrentas) bem construídas, que nos lembram os bons tempos de Scott comandando "Gladiador" (2000), com momentos bastante intimistas mesmo envolto a crueldade daquele universo, "O Último Duelo" deve agradar uma audiência mais sensível aos assuntos que exigem um olhar menos superficial e também aqueles que buscam, simplesmente, entretenimento de qualidade. Tecnicamente muito seguro como sempre, Scott sabe o seu valor, marcando essa condução tão polarizada com planos perfeitos e movimentos de câmera belíssimos, sem falar, é claro, da marcante fotografia cinzenta e sombria (ao melhor estilo Game of Thrones) de Dariusz Wolski (de "Relatos do Mundo").

Olha, vale muito o seu play!

Assista Agora

"O Último Duelo" não é um filme de ação, de disputas politicas ou religiosas, de traição ou violência - embora tenha tudo isso. "O Último Duelo" é um drama (profundo) sobre a verdade, mesmo que essa venha mascarada por um contexto de época onde a misoginia e o patriarcado significavam honra e virilidade. O roteiro escrito por Matt Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener, é baseado em um livro sobre o último duelo judicial oficialmente reconhecido na França, mas que chega acompanhado por um subtexto atual e importante que ganha muita potência na mão (e na cabeça) criativa de Ridley Scott que resolveu contar a mesma história a partir de três diferentes perspectivas. 

No filme acompanhamos a história real de uma mulher francesa do século XIV, Marguerite de Carrouges (Jodie Comer), que desafiou os costumes medievais ao denunciar e levar a julgamento o homem que a violentou, Jacque Le Cris (Adam Driver), ex-companheiro de batalhas e desafeto de seu marido, Jean de Carrouges (Matt Damon). Confira o trailer:

Embora "O Último Duelo" tenha sido muito criticado por se preocupar mais em estabelecer a rivalidade entre Le Cris e Jean de Carrouges, do que pela luta por justiça de Marguerite em uma época em que a Igreja ditava as regras e um Rei simplesmente as aplicava de acordo com sua vontade, eu gostei e, sinceramente, não tive essa leitura - muito pelo contrário, o valor das circunstâncias que levaram ao duelo, para mim, são muito mais potentes do que as disputas carregadas de vaidade entre os personagens, porém Scott usa desse gatilho para gerar entretenimento ao mesmo tempo em que cria pontos de reflexão sobre o ato sofrido por Marguerite.

Partindo do conceito de que uma história possui três versões, "O Último Duelo" se aproveita de uma montagem competente da Claire Simpson (vencedora do Oscar pelo inesquecível "Platoon") para criar uma dinâmica narrativa muito interessante e provocadora - reparem como vamos mudando nossa "interpretação da verdade" a cada perspectiva. Pois bem, alinhado a isso, Scott vai entregando pequenos detalhes que vão diferenciando cada uma das versões - são pequenas nuances, diálogos em ordens diferentes e até olhares significantes que vão remodelando a narrativa. É muito bacana!

Alternando cenas de batalhas (sangrentas) bem construídas, que nos lembram os bons tempos de Scott comandando "Gladiador" (2000), com momentos bastante intimistas mesmo envolto a crueldade daquele universo, "O Último Duelo" deve agradar uma audiência mais sensível aos assuntos que exigem um olhar menos superficial e também aqueles que buscam, simplesmente, entretenimento de qualidade. Tecnicamente muito seguro como sempre, Scott sabe o seu valor, marcando essa condução tão polarizada com planos perfeitos e movimentos de câmera belíssimos, sem falar, é claro, da marcante fotografia cinzenta e sombria (ao melhor estilo Game of Thrones) de Dariusz Wolski (de "Relatos do Mundo").

Olha, vale muito o seu play!

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(500) Dias com Ela

Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos. 

O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):

Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.

Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.

O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso,  "(500) Days of Summer" (no original)  transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!

Vale muito o seu play!

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Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos. 

O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):

Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.

Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.

O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso,  "(500) Days of Summer" (no original)  transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!

Vale muito o seu play!

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127 horas

"127 horas" é a uma espécie de "versão moderninha" (o que não é demérito algum) do excelente "Into the Wild", dirigido pelo do Sean Penn. Aqui, o também competente Danny Boyle (de "Steve Jobs") nos leva para uma jornada intensa e inspiradora de uma forma muito sensorial - reparem como ele nos provoca a cada dificuldade do protagonista, tornando praticamente impossível assistir todo o filme sem ter que pausar para, acreditem, tomar um copo de água (você vai entender ao assistir). Mesmo pautado na angústia do protagonista, "127 Horas" não é apenas um filme sobre sobrevivência, mas sim uma história que discute a força do espírito humano, eu diria até que é uma história de autodescoberta, de coragem e de superação, que merecia ser contada.

Baseado na história real de como alpinista Aron Ralston lutou para salvar a própria vida após um acidente. Em maio de 2003, Aron (James Franco) fazia mais uma escalada nas montanhas de Utah, Estados Unidos, quando acabou ficando com seu braço preso em uma fenda. Sua luta pela sobrevivência durante mais de cinco dias (sua agonia durou 127 horas) foi marcada por memórias e momentos de muita tensão e reflexão. Confira o trailer:

O roteiro, escrito pelo próprio Boyle ao lado de Simon Beaufoy, é excepcional, pois ele é capaz de capturar toda a essência da história de Ralston. A narrativa nos transporta para o deserto inóspito de Utah, onde somos imersos na angústia e no desespero de um homem que precisa lutar por sua sobrevivência. A habilidade do diretor em criar tensão é impressionante - sua escolha por uma narrativa visualmente impactante, usando vários formatos para captar as imagens dentro do Canyon, é tão arrojada quanto eficaz. Os planos que detalham aquela paisagem áridas através de uma fotografia vibrante do Anthony Dod Mantle (de "Quem quer ser um Milionário?") e do Enrique Chediak (de "Buena Vista Social Club") criam uma atmosfera visceral que nos transporta para o coração da história - reparem como os flashbacks e alucinações nos ajuda a mergulhar ainda mais na mente de Ralston.

A performance de James Franco é simplesmente extraordinária (tanto que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por esse personagem). Ele personifica com maestria a jornada emocional de Aron Ralston, passando por uma ampla gama de emoções, desde a alegria inicial do aventureiro sem responsabilidades até o desespero e a dor intensa após o acidente. Franco consegue transmitir toda essa vulnerabilidade ao mesmo tempo uma determinação impressionante -  ele é tão convincente que fica impossível não se conectar com sua luta. Outro aspecto marcante do filme é sem dúvida a trilha sonora composta por A.R. Rahman - ela desempenha um papel fundamental para intensificar as emoções e criar um profundo mood de suspense. 

"127 Horas" nos desafia a refletir sobre nossas próprias limitações e sobre o valor de cada momento de nossa vida. Com uma atuação brilhante de Franco, que praticamente carrega o filme sozinho por mais de 90 minutos, uma direção das mais competentes (e inovadoras) de Danny Boyle e uma trama densa e envolvente, fica fácil atestar o impacto que o filme tem como experiência cinematográfica. Então prepare-se, pois essa história real de coragem e sobrevivência ficará gravada na sua memória por muito tempo. 

Vale seu play!

Up-date: "127 horas" foi indicado em 6 categorias no Oscar 2011, inclusive como "Melhor Filme".

Assista Agora

"127 horas" é a uma espécie de "versão moderninha" (o que não é demérito algum) do excelente "Into the Wild", dirigido pelo do Sean Penn. Aqui, o também competente Danny Boyle (de "Steve Jobs") nos leva para uma jornada intensa e inspiradora de uma forma muito sensorial - reparem como ele nos provoca a cada dificuldade do protagonista, tornando praticamente impossível assistir todo o filme sem ter que pausar para, acreditem, tomar um copo de água (você vai entender ao assistir). Mesmo pautado na angústia do protagonista, "127 Horas" não é apenas um filme sobre sobrevivência, mas sim uma história que discute a força do espírito humano, eu diria até que é uma história de autodescoberta, de coragem e de superação, que merecia ser contada.

Baseado na história real de como alpinista Aron Ralston lutou para salvar a própria vida após um acidente. Em maio de 2003, Aron (James Franco) fazia mais uma escalada nas montanhas de Utah, Estados Unidos, quando acabou ficando com seu braço preso em uma fenda. Sua luta pela sobrevivência durante mais de cinco dias (sua agonia durou 127 horas) foi marcada por memórias e momentos de muita tensão e reflexão. Confira o trailer:

O roteiro, escrito pelo próprio Boyle ao lado de Simon Beaufoy, é excepcional, pois ele é capaz de capturar toda a essência da história de Ralston. A narrativa nos transporta para o deserto inóspito de Utah, onde somos imersos na angústia e no desespero de um homem que precisa lutar por sua sobrevivência. A habilidade do diretor em criar tensão é impressionante - sua escolha por uma narrativa visualmente impactante, usando vários formatos para captar as imagens dentro do Canyon, é tão arrojada quanto eficaz. Os planos que detalham aquela paisagem áridas através de uma fotografia vibrante do Anthony Dod Mantle (de "Quem quer ser um Milionário?") e do Enrique Chediak (de "Buena Vista Social Club") criam uma atmosfera visceral que nos transporta para o coração da história - reparem como os flashbacks e alucinações nos ajuda a mergulhar ainda mais na mente de Ralston.

A performance de James Franco é simplesmente extraordinária (tanto que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por esse personagem). Ele personifica com maestria a jornada emocional de Aron Ralston, passando por uma ampla gama de emoções, desde a alegria inicial do aventureiro sem responsabilidades até o desespero e a dor intensa após o acidente. Franco consegue transmitir toda essa vulnerabilidade ao mesmo tempo uma determinação impressionante -  ele é tão convincente que fica impossível não se conectar com sua luta. Outro aspecto marcante do filme é sem dúvida a trilha sonora composta por A.R. Rahman - ela desempenha um papel fundamental para intensificar as emoções e criar um profundo mood de suspense. 

"127 Horas" nos desafia a refletir sobre nossas próprias limitações e sobre o valor de cada momento de nossa vida. Com uma atuação brilhante de Franco, que praticamente carrega o filme sozinho por mais de 90 minutos, uma direção das mais competentes (e inovadoras) de Danny Boyle e uma trama densa e envolvente, fica fácil atestar o impacto que o filme tem como experiência cinematográfica. Então prepare-se, pois essa história real de coragem e sobrevivência ficará gravada na sua memória por muito tempo. 

Vale seu play!

Up-date: "127 horas" foi indicado em 6 categorias no Oscar 2011, inclusive como "Melhor Filme".

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548 Dias

548 Dias

"É preciso olhar por nossas crianças!"

Mais uma vez eu inicio um review com esse aviso já que, depois do play, você vai encontrar uma narrativa bastante interessante sobre o que de fato aconteceu com Patricia Aguilar, uma jovem espanhola de 18 anos, que permaneceu refém de uma seita no Peru, entre 2016 e 2018, depois de ficar dois anos trocando mensagens com um falso guru espiritual pela internet. Em 3 episódios extremamente dinâmicos, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" vai te provocar profundas reflexões sobre o valor de uma relação mais próxima e aberta entre pais e filhos. E reparem: o golaço do documentário escrito e dirigido pela dupla Olmo Figueredo e José Ortuño é justamente o de mostrar os dois lados da história: o dos pais e o da filha. Olha, eu diria que essa é uma saga perturbadora, mas igualmente essencial!

Como dá para imaginar, a minissérie conta a história real de Patricia Aguilar que foge de casa assim que chega à maioridade. A família fica dias sem notícias até que recebe um sinal de vida mais preocupante que seu silêncio: a garota parece estar fora de si, sendo controlada por outra pessoa. Patricia fora manipulada desde os 16 anos por Félix Steven Manrique, conhecido como "Príncipe Gurdjieff", um autointitulado guru que a convenceu ir encontra-lo no Peru. Ao longo dos episódios, a família Aguilar narra com muita honestidade e dor, os longos meses de angústia até recuperar a filha, além de mostrar o primeiro depoimento da própria Patrícia contando a sua versão da história. Confira o trailer:

A partir de um conceito corajoso que mistura depoimentos dos envolvidos nos caso, conversas gravadas dos celulares, reconstituições de passagens importantes da história, animação em estilo japonês e até imagens de arquivo da própria policia peruana, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" dá uma verdadeira aula de como construir uma narrativa com uma linha temporal complexa pelo tempo a ser retratado, mas ao mesmo tempo humana e honesta, que se preocupa em não esconder as falhas dentro de uma relação familiar que parecia ser tão saudável, do mesmo jeito que explora os perigos escondidos atrás de uma tela de computador e que, infelizmente, não podemos controlar.

Chega ser revoltante a maneira como o roteiro desvenda toda a operação online da seita e como seu idealizador agia de forma coercitiva e manipuladora. Manrique se baseava em ensinamentos espirituais e filosóficos distorcidos, com fortes elementos de manipulação psicológica e lavagem cerebral para recrutar sua vitimas - normalmente mulheres mais jovens em total estado de vulnerabilidade emocional. Mais impressionante até, é como essas vitimas se submetiam aos desejos do falso guru e como ele sempre foi capaz de controlar a situação fazendo com que suas "esposas" acreditassem que ele, de fato, era um ser iluminado e especial. Sem dar spoiler, mas tem uma cena onde uma de suas vitimas, mesmo depois de todos os abusos que sofreu, ainda demonstra carinho e respeito por Manrique.

Certamente "548 días: Captada por una Secta" (no original) vai mexer com suas emoções e julgamentos, mas talvez, mais importante que a dura jornada da família Aguilar em si, seja a mensagem que fica durante os créditos: atenção para os perigos das seitas e o poder que líderes carismáticos podem ter sobre os seguidores vulneráveis! A minissérie sabe exatamente seu lugar como ferramenta de informação e denúncia e, sem cair na morosidade dos jornalismo tradicional, expõe um fluxo de acontecimentos que se mistura ao entretenimento, mas que não esquece do elemento humano. Olmo Figueredo e José Ortuño sabem o valor do drama, mostram a dor de quem fica e de quem vai, mas fazem questão de deixar claro que, nos dias de hoje, ninguém está imune a uma experiência terrível como essa. 

Por tudo isso, vale muito o seu play!

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"É preciso olhar por nossas crianças!"

Mais uma vez eu inicio um review com esse aviso já que, depois do play, você vai encontrar uma narrativa bastante interessante sobre o que de fato aconteceu com Patricia Aguilar, uma jovem espanhola de 18 anos, que permaneceu refém de uma seita no Peru, entre 2016 e 2018, depois de ficar dois anos trocando mensagens com um falso guru espiritual pela internet. Em 3 episódios extremamente dinâmicos, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" vai te provocar profundas reflexões sobre o valor de uma relação mais próxima e aberta entre pais e filhos. E reparem: o golaço do documentário escrito e dirigido pela dupla Olmo Figueredo e José Ortuño é justamente o de mostrar os dois lados da história: o dos pais e o da filha. Olha, eu diria que essa é uma saga perturbadora, mas igualmente essencial!

Como dá para imaginar, a minissérie conta a história real de Patricia Aguilar que foge de casa assim que chega à maioridade. A família fica dias sem notícias até que recebe um sinal de vida mais preocupante que seu silêncio: a garota parece estar fora de si, sendo controlada por outra pessoa. Patricia fora manipulada desde os 16 anos por Félix Steven Manrique, conhecido como "Príncipe Gurdjieff", um autointitulado guru que a convenceu ir encontra-lo no Peru. Ao longo dos episódios, a família Aguilar narra com muita honestidade e dor, os longos meses de angústia até recuperar a filha, além de mostrar o primeiro depoimento da própria Patrícia contando a sua versão da história. Confira o trailer:

A partir de um conceito corajoso que mistura depoimentos dos envolvidos nos caso, conversas gravadas dos celulares, reconstituições de passagens importantes da história, animação em estilo japonês e até imagens de arquivo da própria policia peruana, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" dá uma verdadeira aula de como construir uma narrativa com uma linha temporal complexa pelo tempo a ser retratado, mas ao mesmo tempo humana e honesta, que se preocupa em não esconder as falhas dentro de uma relação familiar que parecia ser tão saudável, do mesmo jeito que explora os perigos escondidos atrás de uma tela de computador e que, infelizmente, não podemos controlar.

Chega ser revoltante a maneira como o roteiro desvenda toda a operação online da seita e como seu idealizador agia de forma coercitiva e manipuladora. Manrique se baseava em ensinamentos espirituais e filosóficos distorcidos, com fortes elementos de manipulação psicológica e lavagem cerebral para recrutar sua vitimas - normalmente mulheres mais jovens em total estado de vulnerabilidade emocional. Mais impressionante até, é como essas vitimas se submetiam aos desejos do falso guru e como ele sempre foi capaz de controlar a situação fazendo com que suas "esposas" acreditassem que ele, de fato, era um ser iluminado e especial. Sem dar spoiler, mas tem uma cena onde uma de suas vitimas, mesmo depois de todos os abusos que sofreu, ainda demonstra carinho e respeito por Manrique.

Certamente "548 días: Captada por una Secta" (no original) vai mexer com suas emoções e julgamentos, mas talvez, mais importante que a dura jornada da família Aguilar em si, seja a mensagem que fica durante os créditos: atenção para os perigos das seitas e o poder que líderes carismáticos podem ter sobre os seguidores vulneráveis! A minissérie sabe exatamente seu lugar como ferramenta de informação e denúncia e, sem cair na morosidade dos jornalismo tradicional, expõe um fluxo de acontecimentos que se mistura ao entretenimento, mas que não esquece do elemento humano. Olmo Figueredo e José Ortuño sabem o valor do drama, mostram a dor de quem fica e de quem vai, mas fazem questão de deixar claro que, nos dias de hoje, ninguém está imune a uma experiência terrível como essa. 

Por tudo isso, vale muito o seu play!

Assista Agora

A Crônica Francesa

"A Crônica Francesa" é genial, mas vai se conectar com uma audiência muito (mas, muito) particular e disposta a embarcar em uma experiência visual e narrativa bastante autoral e profundamente experimental - característica aliás, que fez do premiado (e muito criativo) Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste" e "Moonrise Kingdom") um dos diretores mais cultuados de sua geração.

O filme serve como uma carta de amor aos jornalistas. Ambientada em um posto avançado de um jornal americano em uma pacata cidade na França do século XX, a fictícia Ennui-sur-Blasé, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray), editor da revista "The French Dispatch", morre subitamente de ataque cardíaco. De acordo com os desejos expressos em seu testamento, a publicação da revista teria que ser imediatamente suspensa após um último número de despedida onde seriam publicados quatro crônicas, além, é claro, do seu obituário. Confira o trailer:

Vamos aos fatos: sabe-se que Wes Anderson pensou em "A Crônica Francesa" como uma espécie de agradecimento para a revistaThe New Yorker, fundada em 1905 por Raoul Fleishmann e Harold Ross, este último, referência para a criação do personagem Arthur Howitzer Jr., editor doFrench Dispatch. Pois bem, como estamos falando de uma clara homenagem ao jornalismo raiz, aquele preocupado com a qualidade do texto, com a identidade de quem escreve e não necessariamente com a interpretação de quem lê, somos jogados em uma atmosfera que visualmente tenta reconstruir a experiência de ler uma revista, enquanto narrativamente expõe a maravilha que é mergulhar nas mentes mais brilhantes da profissão pelos olhos de quem escreve maravilhosas (e profundas) crônicas - que, aliás, marcaram a existência da publicação!

Pontuar a qualidade visual de um filme de Anderson não é novidade - o que me surpreende é a Academia ter esnobado o trabalho do diretor e de sua equipe em departamentos como "desenho de produção", "montagem", "figurino" e "fotografia" - só para citar quatro categorias que o filme merecia disputar. O roteiro do próprio diretor, baseado em uma história que ele criou ao lado de Roman Coppola, Hugo Guinness e Jason Schwartzman, é um primor, mas difícil de compreender, já que cada um dos jornalistas se envolvem com sua crônica de uma maneira muito pessoal, criando uma dinâmica narrativa única para cada história que vemos na tela. Os quatros artigos são divididos entre diversos assuntos, o jornalista Herbsaint Sazerac (Owen Wilson) faz um tour rápido pela cidade de Ennui-sur-Blasé. Ele compara o passado e o presente de cada lugar, demonstrando o quanto pouco mudou em Ennui ao longo do tempo. O segundo artigo é feito por J.K.L. Berensen (Tilda Swinton), a partir de uma palestra na galeria de arte de seu ex-chefe - aqui temos um Benicio Del Toro como o pintor Moses Rosenthaler, magnífico. No terceiro, Lucinda Krementz (Frances McDormand) relata um protesto estudantil nas ruas de Ennui que logo se transforma na "Revolução do Tabuleiro de Xadrez". Enquanto a revolução inicialmente é inspirada por preocupações mesquinhas sobre o acesso ao dormitório feminino, o traumático recrutamento militar de um estudante, Mitch-Mitch, inspira uma revolta infinitamente maior. E por último, Roebuck Wright (Jeffrey Wright) conta a história de sua participação em um jantar privado da força policial do Ennui, preparado pelo lendário policial/chef tenente Nescaffier (Steve Park), no dia que o filho do comissário foi sequestrado.

Se você não se delicia com uma crônica bem escrita e cheio de referências culturais e politicas (que muitas vezes se misturam, exigindo do leitor um boa capacidade de interpretação) e também com uma gramática cinematográfica completamente autoral, criativa e subversiva até, certamente "A Crônica Francesa"  não vai te agradar. Antes do play, parta do principio que a experimentação de Anderson vai muito além do que estamos acostumados a ver normalmente - sempre foi assim e aqui talvez ele tenha elevado esse conceito para um outro nível. O filme traz uma conexão com o passado sem esquecer da importância da sua narrativa para o presente e é uma pena que muita gente vai achar o filme "sem pé nem cabeça" enquanto poucos vão agradecer pela incrível experiência.

Assista Agora

"A Crônica Francesa" é genial, mas vai se conectar com uma audiência muito (mas, muito) particular e disposta a embarcar em uma experiência visual e narrativa bastante autoral e profundamente experimental - característica aliás, que fez do premiado (e muito criativo) Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste" e "Moonrise Kingdom") um dos diretores mais cultuados de sua geração.

O filme serve como uma carta de amor aos jornalistas. Ambientada em um posto avançado de um jornal americano em uma pacata cidade na França do século XX, a fictícia Ennui-sur-Blasé, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray), editor da revista "The French Dispatch", morre subitamente de ataque cardíaco. De acordo com os desejos expressos em seu testamento, a publicação da revista teria que ser imediatamente suspensa após um último número de despedida onde seriam publicados quatro crônicas, além, é claro, do seu obituário. Confira o trailer:

Vamos aos fatos: sabe-se que Wes Anderson pensou em "A Crônica Francesa" como uma espécie de agradecimento para a revistaThe New Yorker, fundada em 1905 por Raoul Fleishmann e Harold Ross, este último, referência para a criação do personagem Arthur Howitzer Jr., editor doFrench Dispatch. Pois bem, como estamos falando de uma clara homenagem ao jornalismo raiz, aquele preocupado com a qualidade do texto, com a identidade de quem escreve e não necessariamente com a interpretação de quem lê, somos jogados em uma atmosfera que visualmente tenta reconstruir a experiência de ler uma revista, enquanto narrativamente expõe a maravilha que é mergulhar nas mentes mais brilhantes da profissão pelos olhos de quem escreve maravilhosas (e profundas) crônicas - que, aliás, marcaram a existência da publicação!

Pontuar a qualidade visual de um filme de Anderson não é novidade - o que me surpreende é a Academia ter esnobado o trabalho do diretor e de sua equipe em departamentos como "desenho de produção", "montagem", "figurino" e "fotografia" - só para citar quatro categorias que o filme merecia disputar. O roteiro do próprio diretor, baseado em uma história que ele criou ao lado de Roman Coppola, Hugo Guinness e Jason Schwartzman, é um primor, mas difícil de compreender, já que cada um dos jornalistas se envolvem com sua crônica de uma maneira muito pessoal, criando uma dinâmica narrativa única para cada história que vemos na tela. Os quatros artigos são divididos entre diversos assuntos, o jornalista Herbsaint Sazerac (Owen Wilson) faz um tour rápido pela cidade de Ennui-sur-Blasé. Ele compara o passado e o presente de cada lugar, demonstrando o quanto pouco mudou em Ennui ao longo do tempo. O segundo artigo é feito por J.K.L. Berensen (Tilda Swinton), a partir de uma palestra na galeria de arte de seu ex-chefe - aqui temos um Benicio Del Toro como o pintor Moses Rosenthaler, magnífico. No terceiro, Lucinda Krementz (Frances McDormand) relata um protesto estudantil nas ruas de Ennui que logo se transforma na "Revolução do Tabuleiro de Xadrez". Enquanto a revolução inicialmente é inspirada por preocupações mesquinhas sobre o acesso ao dormitório feminino, o traumático recrutamento militar de um estudante, Mitch-Mitch, inspira uma revolta infinitamente maior. E por último, Roebuck Wright (Jeffrey Wright) conta a história de sua participação em um jantar privado da força policial do Ennui, preparado pelo lendário policial/chef tenente Nescaffier (Steve Park), no dia que o filho do comissário foi sequestrado.

Se você não se delicia com uma crônica bem escrita e cheio de referências culturais e politicas (que muitas vezes se misturam, exigindo do leitor um boa capacidade de interpretação) e também com uma gramática cinematográfica completamente autoral, criativa e subversiva até, certamente "A Crônica Francesa"  não vai te agradar. Antes do play, parta do principio que a experimentação de Anderson vai muito além do que estamos acostumados a ver normalmente - sempre foi assim e aqui talvez ele tenha elevado esse conceito para um outro nível. O filme traz uma conexão com o passado sem esquecer da importância da sua narrativa para o presente e é uma pena que muita gente vai achar o filme "sem pé nem cabeça" enquanto poucos vão agradecer pela incrível experiência.

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A Favorita

"A Favorita" teve 10 indicações para o Oscar de 2019 e isso, por si só, já o credenciaria como um grande filme. Na verdade é filme grandioso, mas não sei se é um grande filme - daqueles inesquecíveis!

"A Favorita" conta a história conturbada da Rainha Anne com sua amiga e confidente Sarah. A influência que Sarah tem sobre a Rainha abre caminho para vários tipos de interpretação e isso ganha ainda mais força com a chegada Abigail que, pouso a pouco, vai se inserindo no meio dessa relação. A disputa pela atenção da Rainha é só a maquiagem que o diretor usou para falar sobre a imperfeição do ser humano quando o assunto é a busca pelo poder!!!

A maneira provocativa que o diretor grego Yorgos Lanthimos imprime no filme émuito interessante: ele alinha esse conceito com vários elementos narrativos que vão pontuandomuito bem esse "tom acima", o problema éque essa escolha faz com que a história derrape em vários momentos!!! A interpretação é estereotipada, com raros momentos de internalização e isso, para mim, soa como o caminho mais fácil! Funcionou, pois das 10 indicações, 3 envolvem as atrizes do filme, 2em uma mesma categoria "Atriz Coadjuvante". A fotografia têm momentos magníficos e outros extremamente duvidosos. Na verdade, desde o "Cervo Sagrado", eu acho que Yorgos Lanthimos coloca tantas idéias, algumas desconexas, na sua direção que acabam atrapalhando o resultado final. 

Bom, dito isso, talvez seja necessário entender cada uma das indicações: (1) "Edição", muito boa, mas não vai levar! (2) "Fotografia", como comentei acima, tem grandes momentos, lindos planos, o trabalho que o Robbie Ryan fez com o a luz do fogo contrastando com o fundo preto é lindo, mas foram nas escolhas das lentes que eu acho que ele derrapou. Eu vi ele explicando que era uma sensação de aprisionamento que ele buscou, para mim, não funcionou. A distorção da imagem ficou desconexa demais, mas é uma opinião muito pessoal. Nunca trocaria a fotografia de "Roma" pela de "A Favorita" - que se beneficia muito mais do cenário para compor grandes quadros! (3) "Desenho de Produção", forte candidato. Tudo é realmente lindo e vai brigar cabeça a cabeça com "Pantera Negra" - eu acho que essa é uma das categorias mais disputadas do ano! (4) "Figurino", também acho uma das favoritas, mas com um "Pantera Negra" bem próximo! (5) e (6) "Atriz Coadjuvante", Emma Stone e Rachel Weisz, ambas tem chance, talvez com Rachel Weisz um pouco a frente, mas acho difícil a Regina King de  "Se a rua Beale falasse" não levar - lembrando que a Amy Adams ainda corre forte por fora!!! (6) "Atriz", Olivia Colman, mereceria demais, foi um grande trabalho - o ponto alto do filme ao lado do departamento de arte. (8) "Roteiro Original", não vai levar, pode esquecer - é bom, sim, critico, inteligente, mas tem "Green Book", "Roma" e "Vice" na frente! (9) Direção, se Yorgos Lanthimos ganhar eu mudo de nome! (10) "Melhor Filme", o prêmio foi a indicação!

O fato é que "A Favorita" é interessante, bem feito, bonito... mas achei um pouco super estimado pela Academia. Das 10 indicações, 3 ou 4 estariam de bom tamanho!! Eu não me apaixonei, mas não posso dizer que não é um filme bom!!! Como disse um amigo: Gostei, mas não gostei!!!!...rs

Up-Date: "A Favorita" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz!

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"A Favorita" teve 10 indicações para o Oscar de 2019 e isso, por si só, já o credenciaria como um grande filme. Na verdade é filme grandioso, mas não sei se é um grande filme - daqueles inesquecíveis!

"A Favorita" conta a história conturbada da Rainha Anne com sua amiga e confidente Sarah. A influência que Sarah tem sobre a Rainha abre caminho para vários tipos de interpretação e isso ganha ainda mais força com a chegada Abigail que, pouso a pouco, vai se inserindo no meio dessa relação. A disputa pela atenção da Rainha é só a maquiagem que o diretor usou para falar sobre a imperfeição do ser humano quando o assunto é a busca pelo poder!!!

A maneira provocativa que o diretor grego Yorgos Lanthimos imprime no filme émuito interessante: ele alinha esse conceito com vários elementos narrativos que vão pontuandomuito bem esse "tom acima", o problema éque essa escolha faz com que a história derrape em vários momentos!!! A interpretação é estereotipada, com raros momentos de internalização e isso, para mim, soa como o caminho mais fácil! Funcionou, pois das 10 indicações, 3 envolvem as atrizes do filme, 2em uma mesma categoria "Atriz Coadjuvante". A fotografia têm momentos magníficos e outros extremamente duvidosos. Na verdade, desde o "Cervo Sagrado", eu acho que Yorgos Lanthimos coloca tantas idéias, algumas desconexas, na sua direção que acabam atrapalhando o resultado final. 

Bom, dito isso, talvez seja necessário entender cada uma das indicações: (1) "Edição", muito boa, mas não vai levar! (2) "Fotografia", como comentei acima, tem grandes momentos, lindos planos, o trabalho que o Robbie Ryan fez com o a luz do fogo contrastando com o fundo preto é lindo, mas foram nas escolhas das lentes que eu acho que ele derrapou. Eu vi ele explicando que era uma sensação de aprisionamento que ele buscou, para mim, não funcionou. A distorção da imagem ficou desconexa demais, mas é uma opinião muito pessoal. Nunca trocaria a fotografia de "Roma" pela de "A Favorita" - que se beneficia muito mais do cenário para compor grandes quadros! (3) "Desenho de Produção", forte candidato. Tudo é realmente lindo e vai brigar cabeça a cabeça com "Pantera Negra" - eu acho que essa é uma das categorias mais disputadas do ano! (4) "Figurino", também acho uma das favoritas, mas com um "Pantera Negra" bem próximo! (5) e (6) "Atriz Coadjuvante", Emma Stone e Rachel Weisz, ambas tem chance, talvez com Rachel Weisz um pouco a frente, mas acho difícil a Regina King de  "Se a rua Beale falasse" não levar - lembrando que a Amy Adams ainda corre forte por fora!!! (6) "Atriz", Olivia Colman, mereceria demais, foi um grande trabalho - o ponto alto do filme ao lado do departamento de arte. (8) "Roteiro Original", não vai levar, pode esquecer - é bom, sim, critico, inteligente, mas tem "Green Book", "Roma" e "Vice" na frente! (9) Direção, se Yorgos Lanthimos ganhar eu mudo de nome! (10) "Melhor Filme", o prêmio foi a indicação!

O fato é que "A Favorita" é interessante, bem feito, bonito... mas achei um pouco super estimado pela Academia. Das 10 indicações, 3 ou 4 estariam de bom tamanho!! Eu não me apaixonei, mas não posso dizer que não é um filme bom!!! Como disse um amigo: Gostei, mas não gostei!!!!...rs

Up-Date: "A Favorita" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz!

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A Linha Vermelha do Destino

"A Linha Vermelha do Destino" é uma espécie de "Before Sunrise" argentino, mas, infelizmente, sem o talento do diretor Richard Linklater! 

Uma lenda antiga diz que um fio vermelho invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente de hora, local ou das circunstâncias. Essa linha pode esticar ou contrair, mas nunca quebrar. Manuel (Benjamín Vicuña) e April (Eugenia Suárez) parecem estar vinculados por esse destino infalível. Depois de se conhecerem em um avião, eles se apaixonam instantaneamente, sentem que são um para o outro, mas o destino faz com que se separem e nunca mais se encontrem. Sete anos depois, ambos formaram suas famílias e estão felizes: Manuelcom Laura (Guillermina Valdés) e April com Bruno (Hugo Silva). Mas desejo, amor e destino os colocam frente a frente novamente para viver outro encontro inesquecível, colocando seus valores e crenças sobre o amor em crise e onde surgem aquelas perguntas com as respostas mais difíceis: Você pode amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Reencontrar o grande amor da vida é uma coisa boa? Quando existe amor entre duas pessoas, o fim é sempre feliz?

Olha, o filme não é ruim, longe disso - mas poderia ter ido além com uma premissa tão bacana quando essa! "El Hilo Rojo" (titulo original), na minha opinião, pecou pela falta de sensibilidade na hora de transformar algo simples em um filme com mais alma. É fato que existem lampejos de profundidade no roteiro, principalmente ao relatar aquela confusão de sentimentos tão único que os personagens estão vivendo, mas, infelizmente, 80% do tempo não passou de uma comédia romântica com um pouco mais de estilo. Nesse caso não acho que seja demérito e sim a proposta que a diretora Daniela Goggi escolheu.

Pra quem gosta do gênero, vale muito a pena!

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"A Linha Vermelha do Destino" é uma espécie de "Before Sunrise" argentino, mas, infelizmente, sem o talento do diretor Richard Linklater! 

Uma lenda antiga diz que um fio vermelho invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente de hora, local ou das circunstâncias. Essa linha pode esticar ou contrair, mas nunca quebrar. Manuel (Benjamín Vicuña) e April (Eugenia Suárez) parecem estar vinculados por esse destino infalível. Depois de se conhecerem em um avião, eles se apaixonam instantaneamente, sentem que são um para o outro, mas o destino faz com que se separem e nunca mais se encontrem. Sete anos depois, ambos formaram suas famílias e estão felizes: Manuelcom Laura (Guillermina Valdés) e April com Bruno (Hugo Silva). Mas desejo, amor e destino os colocam frente a frente novamente para viver outro encontro inesquecível, colocando seus valores e crenças sobre o amor em crise e onde surgem aquelas perguntas com as respostas mais difíceis: Você pode amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Reencontrar o grande amor da vida é uma coisa boa? Quando existe amor entre duas pessoas, o fim é sempre feliz?

Olha, o filme não é ruim, longe disso - mas poderia ter ido além com uma premissa tão bacana quando essa! "El Hilo Rojo" (titulo original), na minha opinião, pecou pela falta de sensibilidade na hora de transformar algo simples em um filme com mais alma. É fato que existem lampejos de profundidade no roteiro, principalmente ao relatar aquela confusão de sentimentos tão único que os personagens estão vivendo, mas, infelizmente, 80% do tempo não passou de uma comédia romântica com um pouco mais de estilo. Nesse caso não acho que seja demérito e sim a proposta que a diretora Daniela Goggi escolheu.

Pra quem gosta do gênero, vale muito a pena!

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A Maldição da Von Dutch

O roteiro está pronto! Transformar a história da "Von Dutch" em uma minissérie de ficção seria como assistir uma espécie de "Breaking Bad da moda" - não tenho a menor dúvida que funcionaria! Esse documentário em três partes prova isso: ele é um verdadeiro mergulho no que há de mais obscuro quando se pretende construir um negócio de sucesso com potencial de render milhões e milhões de dólares - mesmo que o preço dessa jornada envolva muita ganância, drogas, morte, egoísmo, traição, etc.

A Von Dutch, no início dos anos 2000, era uma das marcas de moda mais proeminentes, onipresentes e ousadas do mercado, particularmente famosa pelos bonés no estilo "caminhoneiro". No entanto, por trás da ascensão instantânea da marca, ela carregava uma história densa e completamente fora dos padrões empreendedores. O documentário "The Curse of Von Dutch: A Brand to Die For" (no original)  investiga justamente essa jornada, explorando os eventos e a postura de quatro homens que afirmavam ser os responsáveis por tanto sucesso. Confira o trailer (em inglês):

Muito bem dirigido pelo Andrew Renzi (de "Ready for War" e do premiadíssimo curta-metragem "Karaoke!") a partir do roteiro de Jeremiah Murphy (de "Colosseum"), "A Maldição da Von Dutch" é uma verdadeira aula de construção narrativa apoiada em um conceito visual irretocável - é como se o documentário fosse, de fato, a extensão da marca, como se essa "voz" migrasse da moda e se tornasse parte de um projeto audiovisual 100% direcionado para um determinado nicho. Obviamente que essa sensação não é 100% real, mas a emulação dessa atmosfera nos prende de uma forma impressionante, trazendo uma nostalgia absurda em meio a uma história dinâmica e surpreendente, digna de uma obra do Vince Gilligan com seus personagens tão complexos quanto empolgantes.

"Nunca subestime o mal gosto dos americanos"! Talvez essa frase defina bem o que foi a jornada da "Von Dutch" no final dos anos 90 e inicio dos 2.000 - impossível para aqueles com mais de 30 anos não se lembrarem da febre que foi essa marca. E o interessante é que Renzi foi capaz de organizar uma linha do tempo bastante competente para contar essa história, mesmo com tantas nuances, que vai muito (mas, muito) além do sucesso econômico e da representatividade cultural em um período pré-rede social. A conexão com um determinado público, a relação entre marca e celebridade, os perrengues, o sucesso, a queda; tudo isso é perfeitamente decupado e interpretado por quatro personagens intimamente ligados à marca, mas que não necessariamente se beneficiaram com ela: Ed Boswell, um coleccionador de arte de Los Angeles; Mike Cassel, outrora traficante de droga; e o surfista Bobby Vaughn; além, é claro, do dinamarquês Tonny Sorensen, empresário e campeão dinamarquês de taekwondo, que comprou uma fatia majoritária da empresa e que assumiu o cargo de CEO deixando todos os "fundadores" para trás.

"A Maldição da Von Dutch: Uma Marca de Morrer" mostra no primeiro episódio a origem da marca (mesmo antes de ser efetivamente "Von Dutch" ); no segundo, a transformação em fenômeno cultural (chegando a atingir ganhos anuais de 150 milhões de dólares); e no terceiro, a derrocada, como todos os personagens citados acima, de alguma maneira, destruiram uma marca que chegou a ser a segunda mais pirateada do mundo, apenas atrás da Louis Vuitton. Além de uma trama insana de bastidores, a minissérie é uma aula de empreendedorismo (do que fazer, mas principalmente do que não fazer), dito isso, tenho certeza que, independente de como você vai se relacionar com essa história, sua diversão estará mais que garantida!

Vale muito o seu play!

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O roteiro está pronto! Transformar a história da "Von Dutch" em uma minissérie de ficção seria como assistir uma espécie de "Breaking Bad da moda" - não tenho a menor dúvida que funcionaria! Esse documentário em três partes prova isso: ele é um verdadeiro mergulho no que há de mais obscuro quando se pretende construir um negócio de sucesso com potencial de render milhões e milhões de dólares - mesmo que o preço dessa jornada envolva muita ganância, drogas, morte, egoísmo, traição, etc.

A Von Dutch, no início dos anos 2000, era uma das marcas de moda mais proeminentes, onipresentes e ousadas do mercado, particularmente famosa pelos bonés no estilo "caminhoneiro". No entanto, por trás da ascensão instantânea da marca, ela carregava uma história densa e completamente fora dos padrões empreendedores. O documentário "The Curse of Von Dutch: A Brand to Die For" (no original)  investiga justamente essa jornada, explorando os eventos e a postura de quatro homens que afirmavam ser os responsáveis por tanto sucesso. Confira o trailer (em inglês):

Muito bem dirigido pelo Andrew Renzi (de "Ready for War" e do premiadíssimo curta-metragem "Karaoke!") a partir do roteiro de Jeremiah Murphy (de "Colosseum"), "A Maldição da Von Dutch" é uma verdadeira aula de construção narrativa apoiada em um conceito visual irretocável - é como se o documentário fosse, de fato, a extensão da marca, como se essa "voz" migrasse da moda e se tornasse parte de um projeto audiovisual 100% direcionado para um determinado nicho. Obviamente que essa sensação não é 100% real, mas a emulação dessa atmosfera nos prende de uma forma impressionante, trazendo uma nostalgia absurda em meio a uma história dinâmica e surpreendente, digna de uma obra do Vince Gilligan com seus personagens tão complexos quanto empolgantes.

"Nunca subestime o mal gosto dos americanos"! Talvez essa frase defina bem o que foi a jornada da "Von Dutch" no final dos anos 90 e inicio dos 2.000 - impossível para aqueles com mais de 30 anos não se lembrarem da febre que foi essa marca. E o interessante é que Renzi foi capaz de organizar uma linha do tempo bastante competente para contar essa história, mesmo com tantas nuances, que vai muito (mas, muito) além do sucesso econômico e da representatividade cultural em um período pré-rede social. A conexão com um determinado público, a relação entre marca e celebridade, os perrengues, o sucesso, a queda; tudo isso é perfeitamente decupado e interpretado por quatro personagens intimamente ligados à marca, mas que não necessariamente se beneficiaram com ela: Ed Boswell, um coleccionador de arte de Los Angeles; Mike Cassel, outrora traficante de droga; e o surfista Bobby Vaughn; além, é claro, do dinamarquês Tonny Sorensen, empresário e campeão dinamarquês de taekwondo, que comprou uma fatia majoritária da empresa e que assumiu o cargo de CEO deixando todos os "fundadores" para trás.

"A Maldição da Von Dutch: Uma Marca de Morrer" mostra no primeiro episódio a origem da marca (mesmo antes de ser efetivamente "Von Dutch" ); no segundo, a transformação em fenômeno cultural (chegando a atingir ganhos anuais de 150 milhões de dólares); e no terceiro, a derrocada, como todos os personagens citados acima, de alguma maneira, destruiram uma marca que chegou a ser a segunda mais pirateada do mundo, apenas atrás da Louis Vuitton. Além de uma trama insana de bastidores, a minissérie é uma aula de empreendedorismo (do que fazer, mas principalmente do que não fazer), dito isso, tenho certeza que, independente de como você vai se relacionar com essa história, sua diversão estará mais que garantida!

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A Nova Vida de Toby

"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!

Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:

Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.

A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!

"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados ​​pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.

Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?

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"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!

Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:

Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.

A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!

"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados ​​pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.

Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?

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A Super Fantástica História do Balão

O documentário do Star+ foi até vendido com ares de drama e lavação de roupa suja, mas a grande verdade é que "A Super Fantástica História do Balão" é muito mais uma celebração, um recorte de uma época que praticamente marcou uma geração, e, principalmente, é uma análise sobre o sucesso pela perspectiva de cada um dos seus quatro integrantes. Se em "Sandy & Junior: A História" somos transportados para uma jornada de 30 anos de carreira da maior referência na música jovem que o Brasil já teve, aqui a minissérie de três episódios mergulha nos, inacreditáveis 3 anos de sucesso fenomenal do maior grupo infantil da nossa história. E já adianto, se você passou dos 40, você vai se emocionar!

Em "A Super Fantástica História do Balão", o quarteto Simony, Jairzinho, Tob e Mike se reunem pela primeira vez para dar suas versões sobre o começo, o auge e o fim do fenômeno infantil dos anos 80, o Balão Mágico. Ilustrados por depoimentos de pessoas que fizeram parte do projeto e por inéditas imagens de arquivo, os quatro relatam suas experiências pessoais e profissionais a partir do sucesso meteórico do grupo, ainda quando eram crianças. Confira o trailer:

Com direção de Tatiana Issa, que comandou o filme “Pacto Brutal: o assassinato de Daniela Perez” e roteiro de Fernando Ceylão (“Zorra Total”) e de Beatriz Monteiro (“Caso Evandro”), a minissérie sabe equilibrar perfeitamente dois cenários: um com os depoimentos dos quatro integrantes juntos, em uma espécie de reencontro emocional; e outro com uma versão tão honesta quanto, de entrevistas individuais com cada um deles. Obviamente que os assuntos mais espinhosos são discutidos individualmente e mesmo assim fica longe do que a plataforma insistiu em vender como polêmica desde o anúncio do projeto. Outro ponto a ser observado, diz respeito aos depoimentos dos artistas, familiares e executivos do entretenimento que participaram da construção do Balão Mágico - são eles que pontuam os dramas e os pontos mais sensíveis dos bastidores, mas já te adianto: nada que possa nos deixar de cabelo em pé ou nos provocar alguma emoção mais acalorada. O fato é que o tom da narrativa é leve, nostálgica, agradável e até emocionante; nunca tensa.

O grupo era claramente um produto da indústria fonográfica dos anos 80, mais precisamente da CBS (que depois veio ser vendida para a Som Livre). Tudo, absolutamente tudo, foi  moldado para atender aos interesses comerciais de uma fatia do mercado de entretenimento praticamente inexistente na época. O grande ponto, e aí "A Super Fantástica História do Balão" talvez não tenha a força dramática que outros documentários como "Showbiz Kids" (por exemplo), é que, mesmo com esse impacto cultural pioneiro do grupo infantil, a vida dos integrantes pós-sucesso não é muito bem explorada - o plot até existe, claro, mas me pareceu que poderia ter sido melhor desenvolvido. Essa abordagem mais, digamos, controversa, talvez trouxesse um pouco mais de conflito ao roteiro, nos foi vendido isso, mas ela não está ali. No entanto existe uma honestidade tão marcante em cada um dos ex-integrantes que até esse vacilo narrativo, parece não fazer tanta falta. Aliás aqui é impossível não destacar a postura do Mike em expor toda sua história e sua relação com seu pai, o famoso assaltante Ronald Biggs (falecido há 10 anos) ou de Tob nos contando sobre seus medos gerados pela necessidade de acertar sempre.

"A Super Fantástica História do Balão" é daquelas para assistir em uma sentada - muito bem produzida e com uma dinâmica narrativa das mais competentes, a minissérie merece sua atenção., principalmente se você for dessa época! Se sim, é bem possível que você se divirta e se emocione com as histórias e as lembranças nostálgicas que inevitavelmente vão te transportar para a sua infância - nisso o documentário cumpre seu papel. Agora, para ganhar um 10, faltou cutucar algumas feridas com mais vontade - tanto nas questões de bastidores envolvendo a família da Simony quanto na relação da própria Simony com a Mara Maravilha, são exemplos de alguns espinhos que ainda não parecem prontos para serem eliminados. Uma pena!

Para você que também cantou "A Galinha Magricela" o play é quase uma obrigação!

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O documentário do Star+ foi até vendido com ares de drama e lavação de roupa suja, mas a grande verdade é que "A Super Fantástica História do Balão" é muito mais uma celebração, um recorte de uma época que praticamente marcou uma geração, e, principalmente, é uma análise sobre o sucesso pela perspectiva de cada um dos seus quatro integrantes. Se em "Sandy & Junior: A História" somos transportados para uma jornada de 30 anos de carreira da maior referência na música jovem que o Brasil já teve, aqui a minissérie de três episódios mergulha nos, inacreditáveis 3 anos de sucesso fenomenal do maior grupo infantil da nossa história. E já adianto, se você passou dos 40, você vai se emocionar!

Em "A Super Fantástica História do Balão", o quarteto Simony, Jairzinho, Tob e Mike se reunem pela primeira vez para dar suas versões sobre o começo, o auge e o fim do fenômeno infantil dos anos 80, o Balão Mágico. Ilustrados por depoimentos de pessoas que fizeram parte do projeto e por inéditas imagens de arquivo, os quatro relatam suas experiências pessoais e profissionais a partir do sucesso meteórico do grupo, ainda quando eram crianças. Confira o trailer:

Com direção de Tatiana Issa, que comandou o filme “Pacto Brutal: o assassinato de Daniela Perez” e roteiro de Fernando Ceylão (“Zorra Total”) e de Beatriz Monteiro (“Caso Evandro”), a minissérie sabe equilibrar perfeitamente dois cenários: um com os depoimentos dos quatro integrantes juntos, em uma espécie de reencontro emocional; e outro com uma versão tão honesta quanto, de entrevistas individuais com cada um deles. Obviamente que os assuntos mais espinhosos são discutidos individualmente e mesmo assim fica longe do que a plataforma insistiu em vender como polêmica desde o anúncio do projeto. Outro ponto a ser observado, diz respeito aos depoimentos dos artistas, familiares e executivos do entretenimento que participaram da construção do Balão Mágico - são eles que pontuam os dramas e os pontos mais sensíveis dos bastidores, mas já te adianto: nada que possa nos deixar de cabelo em pé ou nos provocar alguma emoção mais acalorada. O fato é que o tom da narrativa é leve, nostálgica, agradável e até emocionante; nunca tensa.

O grupo era claramente um produto da indústria fonográfica dos anos 80, mais precisamente da CBS (que depois veio ser vendida para a Som Livre). Tudo, absolutamente tudo, foi  moldado para atender aos interesses comerciais de uma fatia do mercado de entretenimento praticamente inexistente na época. O grande ponto, e aí "A Super Fantástica História do Balão" talvez não tenha a força dramática que outros documentários como "Showbiz Kids" (por exemplo), é que, mesmo com esse impacto cultural pioneiro do grupo infantil, a vida dos integrantes pós-sucesso não é muito bem explorada - o plot até existe, claro, mas me pareceu que poderia ter sido melhor desenvolvido. Essa abordagem mais, digamos, controversa, talvez trouxesse um pouco mais de conflito ao roteiro, nos foi vendido isso, mas ela não está ali. No entanto existe uma honestidade tão marcante em cada um dos ex-integrantes que até esse vacilo narrativo, parece não fazer tanta falta. Aliás aqui é impossível não destacar a postura do Mike em expor toda sua história e sua relação com seu pai, o famoso assaltante Ronald Biggs (falecido há 10 anos) ou de Tob nos contando sobre seus medos gerados pela necessidade de acertar sempre.

"A Super Fantástica História do Balão" é daquelas para assistir em uma sentada - muito bem produzida e com uma dinâmica narrativa das mais competentes, a minissérie merece sua atenção., principalmente se você for dessa época! Se sim, é bem possível que você se divirta e se emocione com as histórias e as lembranças nostálgicas que inevitavelmente vão te transportar para a sua infância - nisso o documentário cumpre seu papel. Agora, para ganhar um 10, faltou cutucar algumas feridas com mais vontade - tanto nas questões de bastidores envolvendo a família da Simony quanto na relação da própria Simony com a Mara Maravilha, são exemplos de alguns espinhos que ainda não parecem prontos para serem eliminados. Uma pena!

Para você que também cantou "A Galinha Magricela" o play é quase uma obrigação!

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Acredite em Mim: A História de Lisa McVey

Mulheres vítimas de estupro são violentadas duas vezes: uma pelo agressor, e a outra quando precisam provar que foram realmente estupradas. Isso, quando denunciam, pois na maioria dos casos elas não se sentem encorajadas para expor a violência. A ficção, seja no formato de filmes, séries ou minisséries, possui um papel social muito importante, pois denuncia o problema, dando voz a essas mulheres, promovendo o debate público e revelando como a questão é muito sensível e traumática para as vítimas.

O tema pode ser visto na excelente minissérie “Inacreditável”e agora nesse filme do Star+, “Acredite em Mim: A História de Lisa McVey”. As duas produções são certeiras ao provocar um sentimento de impotência e desconforto em quem assiste, pois escancara o despreparo da polícia em lidar com crimes de estupro e como isso afeta o psicológico da mulher para o resto da sua vida.

O filme apresenta um aterrorizante caso real de sequestro seguido de estupro ocorrido nos Estados Unidos, em 1984. A trama é dividida em duas partes: na primeira, mostra o rapto da adolescente Lisa McVey (Katie Douglas), e todo o tempo que ela ficou no cativeiro sendo ameaçada e violentada pelo serial killer Bobby Joe Long (Rossif Sutherland). Já na segunda parte, a história foca nos interrogatórios policiais e como a garota foi desacreditada por todos, inclusive pela própria avó (Kim Horsman). A única exceção é o detetive Larry Pinkerton (David James Elliott), que acredita no seu depoimento e decide seguir as pistas que ela deu para capturar o assassino. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido por Jim Donovan, profissional que construiu sua carreira na TV, “Acredite em Mim: A História de Lisa McVey” possui certas limitações, tanto orçamentárias, quanto artísticas, já que foi produzido a toque de caixa e sem o mesmo esmero de uma atração feita para o cinema. No entanto, a produção não decepciona e transmite a sua mensagem de maneira satisfatória - atenção para o trabalho de Katie Douglas.

Por apresentar um caso verídico com o máximo de detalhes e realismo, o roteiro de Christina Welsh provoca nosso envolvimento com a obra de uma maneira bastante intensa. Afinal, tudo que presenciamos, infelizmente, aconteceu… A experiência é de fato impactante e a conclusão que se chega é que a realidade é muito mais chocante que a ficção!

Vale a pena!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Mulheres vítimas de estupro são violentadas duas vezes: uma pelo agressor, e a outra quando precisam provar que foram realmente estupradas. Isso, quando denunciam, pois na maioria dos casos elas não se sentem encorajadas para expor a violência. A ficção, seja no formato de filmes, séries ou minisséries, possui um papel social muito importante, pois denuncia o problema, dando voz a essas mulheres, promovendo o debate público e revelando como a questão é muito sensível e traumática para as vítimas.

O tema pode ser visto na excelente minissérie “Inacreditável”e agora nesse filme do Star+, “Acredite em Mim: A História de Lisa McVey”. As duas produções são certeiras ao provocar um sentimento de impotência e desconforto em quem assiste, pois escancara o despreparo da polícia em lidar com crimes de estupro e como isso afeta o psicológico da mulher para o resto da sua vida.

O filme apresenta um aterrorizante caso real de sequestro seguido de estupro ocorrido nos Estados Unidos, em 1984. A trama é dividida em duas partes: na primeira, mostra o rapto da adolescente Lisa McVey (Katie Douglas), e todo o tempo que ela ficou no cativeiro sendo ameaçada e violentada pelo serial killer Bobby Joe Long (Rossif Sutherland). Já na segunda parte, a história foca nos interrogatórios policiais e como a garota foi desacreditada por todos, inclusive pela própria avó (Kim Horsman). A única exceção é o detetive Larry Pinkerton (David James Elliott), que acredita no seu depoimento e decide seguir as pistas que ela deu para capturar o assassino. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido por Jim Donovan, profissional que construiu sua carreira na TV, “Acredite em Mim: A História de Lisa McVey” possui certas limitações, tanto orçamentárias, quanto artísticas, já que foi produzido a toque de caixa e sem o mesmo esmero de uma atração feita para o cinema. No entanto, a produção não decepciona e transmite a sua mensagem de maneira satisfatória - atenção para o trabalho de Katie Douglas.

Por apresentar um caso verídico com o máximo de detalhes e realismo, o roteiro de Christina Welsh provoca nosso envolvimento com a obra de uma maneira bastante intensa. Afinal, tudo que presenciamos, infelizmente, aconteceu… A experiência é de fato impactante e a conclusão que se chega é que a realidade é muito mais chocante que a ficção!

Vale a pena!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Al Davis vs. The NFL

Esse não é um documentário sobre o "esporte", esse é um documentário  sobre os bastidores do "esporte", sobre o negócio, sobre o futuro, sobre duas formas distintas de escrever a história, só que pelo olhar de figuras marcantes do futebol americano que nunca estiveram em "campo":  o ex-proprietário dos Raiders, Al Davis, e o ex-comissário da NFL, Pete Rozelle.

"Al Davis vs. The NFL" mostra os reflexos de uma relação conflituosa entre duas ligas profissionais de futebol americano, a AFL e a NFL, soberanas na década de 1960, que resultou em uma enorme animosidade quando Al Davis quis sair de Oakland e levar o seu Raders para Los Angeles e que acabou gerando um desgastante processo antitruste que Davis moveu contra a NFL em 1980, justamente por Rozelle acreditar que essa decisão não cabia apenas a uma pessoa e sim aos 28 sócios de uma única liga que havia sido criada para evitar conflitos de interesses e preservar a vontade do todo. Confira o trailer:

Mais uma incrível produção do selo "30 for 30" da ESPN Films, "Al Davis vs. The NFL" é um recorte histórico que discute a visão empreendedora tendo como pano de fundo o esporte. Se de um lado entendemos o conceito liberal de Al Davis, do outro somos impactados sobre a visão controladora de Rozelle - e o interessante do documentário dirigido por Ken Rodgers (de "The Four Falls of Buffalo") é que em nenhum momento ele defende um dos lados, deixando para a audiência a posição de júri e, admito, dentro de um determinado contexto, ambas as visões faziam sentido para o negócio.

Veja, já nos começo dos anos 80, Davis queria um estádio maior, de última geração, onde pudesse arrecadar mais receita com venda de ingressos e de camarotes luxuosos, além de poder negociar maiores verbas com os contratos de transmissão que a NFL liderava. Já Rozelle queria que o todo decidisse o destino da liga, não queria que o proprietário de um time tivesse a liberdade de decidir sozinho qual o melhor local para levar sua franquia e assim abrisse um precedente que certamente impactaria na identidade da liga e na tradição dos seus times - é como se ele quisesse impedir que, da noite para o dia, o Flamengo, sozinho, resolvesse mudar para São Paulo, deixando seus torcedores de décadas à 450 km de distância.

O fato é que nenhuma competição, dentro ou fora do campo, ajudou a moldar a NFL moderna tanto quanto esses embates de décadas entre Al Davis e Pete Rozelle e o documentário foi muito feliz em pontuar todos os detalhes e implicações dessa disputa profissional. Um detalhe interessante: a história é contada em primeira pessoa, e o diretor apostou em um conceito narrativo (e visual) que preservou os espíritos de Pete e Davis como protagonistas - como ambos já faleceram, foi usada a técnica de “deepfake” para coloca-los lado a lado mais uma vez. Embora a reinvenção possa não parecer real (e claramente essa não era a intenção), a montagem do próprio Rogers foi muito sensível e inteligente para equilibrar inúmeras imagens de arquivo com a naturalidade de um contador de histórias que olha para o passado e avalia sua importância no presente.

Vale muito a pena!

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Esse não é um documentário sobre o "esporte", esse é um documentário  sobre os bastidores do "esporte", sobre o negócio, sobre o futuro, sobre duas formas distintas de escrever a história, só que pelo olhar de figuras marcantes do futebol americano que nunca estiveram em "campo":  o ex-proprietário dos Raiders, Al Davis, e o ex-comissário da NFL, Pete Rozelle.

"Al Davis vs. The NFL" mostra os reflexos de uma relação conflituosa entre duas ligas profissionais de futebol americano, a AFL e a NFL, soberanas na década de 1960, que resultou em uma enorme animosidade quando Al Davis quis sair de Oakland e levar o seu Raders para Los Angeles e que acabou gerando um desgastante processo antitruste que Davis moveu contra a NFL em 1980, justamente por Rozelle acreditar que essa decisão não cabia apenas a uma pessoa e sim aos 28 sócios de uma única liga que havia sido criada para evitar conflitos de interesses e preservar a vontade do todo. Confira o trailer:

Mais uma incrível produção do selo "30 for 30" da ESPN Films, "Al Davis vs. The NFL" é um recorte histórico que discute a visão empreendedora tendo como pano de fundo o esporte. Se de um lado entendemos o conceito liberal de Al Davis, do outro somos impactados sobre a visão controladora de Rozelle - e o interessante do documentário dirigido por Ken Rodgers (de "The Four Falls of Buffalo") é que em nenhum momento ele defende um dos lados, deixando para a audiência a posição de júri e, admito, dentro de um determinado contexto, ambas as visões faziam sentido para o negócio.

Veja, já nos começo dos anos 80, Davis queria um estádio maior, de última geração, onde pudesse arrecadar mais receita com venda de ingressos e de camarotes luxuosos, além de poder negociar maiores verbas com os contratos de transmissão que a NFL liderava. Já Rozelle queria que o todo decidisse o destino da liga, não queria que o proprietário de um time tivesse a liberdade de decidir sozinho qual o melhor local para levar sua franquia e assim abrisse um precedente que certamente impactaria na identidade da liga e na tradição dos seus times - é como se ele quisesse impedir que, da noite para o dia, o Flamengo, sozinho, resolvesse mudar para São Paulo, deixando seus torcedores de décadas à 450 km de distância.

O fato é que nenhuma competição, dentro ou fora do campo, ajudou a moldar a NFL moderna tanto quanto esses embates de décadas entre Al Davis e Pete Rozelle e o documentário foi muito feliz em pontuar todos os detalhes e implicações dessa disputa profissional. Um detalhe interessante: a história é contada em primeira pessoa, e o diretor apostou em um conceito narrativo (e visual) que preservou os espíritos de Pete e Davis como protagonistas - como ambos já faleceram, foi usada a técnica de “deepfake” para coloca-los lado a lado mais uma vez. Embora a reinvenção possa não parecer real (e claramente essa não era a intenção), a montagem do próprio Rogers foi muito sensível e inteligente para equilibrar inúmeras imagens de arquivo com a naturalidade de um contador de histórias que olha para o passado e avalia sua importância no presente.

Vale muito a pena!

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American Crime Story - 1ª Temporada

“American Crime Story” é uma série antológica, onde a cada temporada uma história é contada (com começo, meio e fim como uma minissérie), que derivou do grande sucesso que foi “American Horror Story”, criada pelo badalado Ryan Murphy (de “Halston”)  A diferença entre as duas, é que em "Crime Story”, como o próprio nome diz, cada temporada se baseia em um caso real, seja de assassinato ou não (tanto que o terceiro ano da série focou no escândalo envolvendo o ex presidente Bill Clinton e Mônica Lewinsky).

Nessa primeira temporada, acompanhamos o advogado Robert Shapiro (John Travolta) reunindo um time de estrelas para defender o ex-astro da NFL, OJ Simpson (Cuba Gooding Jr.). Os advogados foram chamados 13 dias depois dos assassinatos de Nicole Brown Simpson, ex-esposa de OJ e Ronald Lyle Goldman, um amigo que foi até a casa de Nicole para, supostamente, devolver um pertence da mãe dela. O interessante porém, é que depois do crime, todas as provas recolhidas pela policia não diziam outra coisa: OJ era culpado. Confira o trailer:

Embora fosse tão nítido a culpa do ex jogador de futebol americano, esse não era um caso comum - o envolvido era famoso, amado por todos e ainda era negro. A complexidade está em uma trama que conta uma história de maneira muito clara, não deixando dúvidas sobre quem foi o verdadeiro culpado, mas é na atuação de Cuba Gooding Jr., tão convincente, que por vezes você também pode ficar em dúvida se ele era realmente o assassino.

A trama frenética sempre está em movimento, afinal em um caso como esse não existiria tempo para respirar, tudo acontece muito rápido e toma proporções inimagináveis. É um turbilhão de emoções (e de discussões culturais) para todos os personagens envolvidos, e principalmente para nós como audiência. Para se ter uma ideia, uma revista foi capaz de  "embranquecer" a figura de O.J. Simpson em uma capa de revista como se isso radicasse sua inocência - é quase surreal, mas acreditem, tudo isso realmente aconteceu.

A atriz Sarah Paulson, também foi uma escolha mais que certa para interpretar a promotora de justiça Marcia Clark - ela sempre foi muito assediada pela mídia, pelos seus companheiros de trabalho, especialmente porque nunca se preocupava com a aparência como outras mulheres, e para esses homens isso era quase de outro mundo. Ao dar vida para uma mulher que não tinha uma vida fácil, nem profissional e muito menos pessoal, Paulson brilhou, carregando nuances necessárias para transmitir todas as inseguranças da personagem com muita sensibilidade - esse performance, inclusive, lhe rendeu o Emmy de Melhor Atriz em 2016.

“American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson” é exemplar! Essa primeira temporada, responsabilidade de Scott Alexander e Larry Karaszewski, acerta em todos os quesitos possíveis: seja na adaptação do livro em que se baseou, "The Run of His Life: The People v. O.J. Simpson" de Jeffrey Toobin; na direção do próprio Ryan Murphy; no casting maravilhoso que proporcionou atuações seguras e competentes e até mesmo no ritmo que proporciona uma maratona mais que bem vinda, afinal essa história vai te prender do inicio ao fim.

PS: O documentário "O.J. Simpson Made in America", grande vencedor do Oscar de 2017, faz com que tenhamos uma percepção da série um pouco diferente, mas não por isso menos interessante. A sensação de torcer para que tudo fosse mentira quando se assiste ao documentário, dado o carisma (e a história de superação) do O.J., praticamente some na ficção, já que fica impossível não torcer para os promotores - talvez por uma visão mais romântica dos fatos e por acabar se envolvendo mais com a narrativa proposta pelo roteiro, onde o backstage do processo está mais presente, a vida dos promotores mais exposta, etc. São experiências diferentes, mas complementares. Sugiro conhecer a história pelo documentário (que também está disponível no Star+) e depois partir para o entretenimento dessa série.

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“American Crime Story” é uma série antológica, onde a cada temporada uma história é contada (com começo, meio e fim como uma minissérie), que derivou do grande sucesso que foi “American Horror Story”, criada pelo badalado Ryan Murphy (de “Halston”)  A diferença entre as duas, é que em "Crime Story”, como o próprio nome diz, cada temporada se baseia em um caso real, seja de assassinato ou não (tanto que o terceiro ano da série focou no escândalo envolvendo o ex presidente Bill Clinton e Mônica Lewinsky).

Nessa primeira temporada, acompanhamos o advogado Robert Shapiro (John Travolta) reunindo um time de estrelas para defender o ex-astro da NFL, OJ Simpson (Cuba Gooding Jr.). Os advogados foram chamados 13 dias depois dos assassinatos de Nicole Brown Simpson, ex-esposa de OJ e Ronald Lyle Goldman, um amigo que foi até a casa de Nicole para, supostamente, devolver um pertence da mãe dela. O interessante porém, é que depois do crime, todas as provas recolhidas pela policia não diziam outra coisa: OJ era culpado. Confira o trailer:

Embora fosse tão nítido a culpa do ex jogador de futebol americano, esse não era um caso comum - o envolvido era famoso, amado por todos e ainda era negro. A complexidade está em uma trama que conta uma história de maneira muito clara, não deixando dúvidas sobre quem foi o verdadeiro culpado, mas é na atuação de Cuba Gooding Jr., tão convincente, que por vezes você também pode ficar em dúvida se ele era realmente o assassino.

A trama frenética sempre está em movimento, afinal em um caso como esse não existiria tempo para respirar, tudo acontece muito rápido e toma proporções inimagináveis. É um turbilhão de emoções (e de discussões culturais) para todos os personagens envolvidos, e principalmente para nós como audiência. Para se ter uma ideia, uma revista foi capaz de  "embranquecer" a figura de O.J. Simpson em uma capa de revista como se isso radicasse sua inocência - é quase surreal, mas acreditem, tudo isso realmente aconteceu.

A atriz Sarah Paulson, também foi uma escolha mais que certa para interpretar a promotora de justiça Marcia Clark - ela sempre foi muito assediada pela mídia, pelos seus companheiros de trabalho, especialmente porque nunca se preocupava com a aparência como outras mulheres, e para esses homens isso era quase de outro mundo. Ao dar vida para uma mulher que não tinha uma vida fácil, nem profissional e muito menos pessoal, Paulson brilhou, carregando nuances necessárias para transmitir todas as inseguranças da personagem com muita sensibilidade - esse performance, inclusive, lhe rendeu o Emmy de Melhor Atriz em 2016.

“American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson” é exemplar! Essa primeira temporada, responsabilidade de Scott Alexander e Larry Karaszewski, acerta em todos os quesitos possíveis: seja na adaptação do livro em que se baseou, "The Run of His Life: The People v. O.J. Simpson" de Jeffrey Toobin; na direção do próprio Ryan Murphy; no casting maravilhoso que proporcionou atuações seguras e competentes e até mesmo no ritmo que proporciona uma maratona mais que bem vinda, afinal essa história vai te prender do inicio ao fim.

PS: O documentário "O.J. Simpson Made in America", grande vencedor do Oscar de 2017, faz com que tenhamos uma percepção da série um pouco diferente, mas não por isso menos interessante. A sensação de torcer para que tudo fosse mentira quando se assiste ao documentário, dado o carisma (e a história de superação) do O.J., praticamente some na ficção, já que fica impossível não torcer para os promotores - talvez por uma visão mais romântica dos fatos e por acabar se envolvendo mais com a narrativa proposta pelo roteiro, onde o backstage do processo está mais presente, a vida dos promotores mais exposta, etc. São experiências diferentes, mas complementares. Sugiro conhecer a história pelo documentário (que também está disponível no Star+) e depois partir para o entretenimento dessa série.

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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American Crime Story - 3ª Temporada

Diferente das duas primeiras (excelentes) temporadas da série antológica "American Crime Story", dessa vez a vítima central é o foco da narrativa. Aqui não se trata de algo impactante como o destino do suposto criminoso O.J. Simpson e dos embates de seus advogados no tribunal americano, muito menos de desvendar os fantasmas do assassino de Gianni Versace, Andrew Cunanan - a construção de "Impeachment" basicamente deixa de lado a intimidade do presidente Bill Clinton para dar voz ao curioso e improvável lado mais fraco da história: Monica Lewinsky e sua relação com uma companheira de trabalho, a sempre dissimulada Linda Tripp.

"American Crime Story: Impeachment" se baseia no livro "A Vast Conspiracy", de Jeffrey Toobin, e acompanha os bastidores dos fatos que envolveram Bill Clinton (Clive Owen) quando era o presidente dos EUA (entre 1995 a 1997), e sua relação com a estagiária Monica Lewinsky (Beanie Feldstein). Assim que o caso se tornou inconveniente para Clinton, Monica foi transferida para o Pentágono, onde conheceu Linda Tripp (Sarah Paulson), ex-funcionária da Casa Branca que virou sua confidente e que, por acaso, nutria um profundo desprezo pela família do presidente - estava armada a bomba relógio! Confira o trailer (em inglês):

Durante muitos anos, Monica Lewinsky foi tratada como a mulher que tentou destruir o casamento do homem mais poderoso do mundo, enquanto as mentiras do então presidente dos EUA eram ignoradas em favor de uma esposa fiel, que perdoou o marido mesmo depois de tantas histórias de traição, e abuso de poder, vir a público - fatos que lhe causaram uma enorme humilhação. Dito isso, o que é mais perceptível nessa temporada de American Crime Story, não é necessariamente o fato (ou a relação) envolvendo Monica e Bill, mas sim mostrar a perspectiva do elo mais fraco - com suas fragilidades de caráter, sim, mas também explorando a "sacanagem" que fizeram com ela (e aqui não estou falando da sua relação "amorosa").

E é ai que entra o grande destaque dessa temporada: Sarah Paulson, atriz que brilhou em "O Povo Contra O.J. Simpson", onde, inclusive, ganhou o Emmy por sua performance como Marcia Clark; retorna à franquia de uma forma simplesmente impecável! Irreconhecível como Linda Tripp, ex-servidora da Casa Branca, a atriz dá vida a uma figura marcante no caso por ter se aproximado de Monica apenas para se "vingar" dos Clinton e por ter gravado conversas telefônicas com Monica, onde ela estimulava a estagiária a dar detalhes de todos encontros com o presidente. O interessante porém, é que Paulson constrói uma personagem com tantas camadas, profundidade e nuances que, por si só, já mereceria ser chamada de protagonista de "Impeachment"  - ela dá um verdadeiro show!

"Impeachment" foi considerada por muitos a temporada mais fraca de "American Crime Story"- eu discordo! Eu diria que essa temporada é a mais humana de todas e talvez por isso a menos espetacular como narrativa. Assistir "American Crime Story: Impeachment" é como ler um livro que encontra nos detalhes a força de sua trama, onde o envolvimento é diretamente proporcional ao nosso interesse pelo fato em si. Veja, aqui não estamos falando de mortes envolvendo um astro do futebol americano ou do assassinato de um maiores estilistas de todos os tempos, estamos falando de uma jovem como tantas outras que teimava em romantizar uma relação improvável, extremamente sexual, que pagou um preço caro por sua ingenuidade e que precisou lidar com uma mídia (e uma sociedade) hipócrita e cruel.

Vale seu play!

Assista Agora

Diferente das duas primeiras (excelentes) temporadas da série antológica "American Crime Story", dessa vez a vítima central é o foco da narrativa. Aqui não se trata de algo impactante como o destino do suposto criminoso O.J. Simpson e dos embates de seus advogados no tribunal americano, muito menos de desvendar os fantasmas do assassino de Gianni Versace, Andrew Cunanan - a construção de "Impeachment" basicamente deixa de lado a intimidade do presidente Bill Clinton para dar voz ao curioso e improvável lado mais fraco da história: Monica Lewinsky e sua relação com uma companheira de trabalho, a sempre dissimulada Linda Tripp.

"American Crime Story: Impeachment" se baseia no livro "A Vast Conspiracy", de Jeffrey Toobin, e acompanha os bastidores dos fatos que envolveram Bill Clinton (Clive Owen) quando era o presidente dos EUA (entre 1995 a 1997), e sua relação com a estagiária Monica Lewinsky (Beanie Feldstein). Assim que o caso se tornou inconveniente para Clinton, Monica foi transferida para o Pentágono, onde conheceu Linda Tripp (Sarah Paulson), ex-funcionária da Casa Branca que virou sua confidente e que, por acaso, nutria um profundo desprezo pela família do presidente - estava armada a bomba relógio! Confira o trailer (em inglês):

Durante muitos anos, Monica Lewinsky foi tratada como a mulher que tentou destruir o casamento do homem mais poderoso do mundo, enquanto as mentiras do então presidente dos EUA eram ignoradas em favor de uma esposa fiel, que perdoou o marido mesmo depois de tantas histórias de traição, e abuso de poder, vir a público - fatos que lhe causaram uma enorme humilhação. Dito isso, o que é mais perceptível nessa temporada de American Crime Story, não é necessariamente o fato (ou a relação) envolvendo Monica e Bill, mas sim mostrar a perspectiva do elo mais fraco - com suas fragilidades de caráter, sim, mas também explorando a "sacanagem" que fizeram com ela (e aqui não estou falando da sua relação "amorosa").

E é ai que entra o grande destaque dessa temporada: Sarah Paulson, atriz que brilhou em "O Povo Contra O.J. Simpson", onde, inclusive, ganhou o Emmy por sua performance como Marcia Clark; retorna à franquia de uma forma simplesmente impecável! Irreconhecível como Linda Tripp, ex-servidora da Casa Branca, a atriz dá vida a uma figura marcante no caso por ter se aproximado de Monica apenas para se "vingar" dos Clinton e por ter gravado conversas telefônicas com Monica, onde ela estimulava a estagiária a dar detalhes de todos encontros com o presidente. O interessante porém, é que Paulson constrói uma personagem com tantas camadas, profundidade e nuances que, por si só, já mereceria ser chamada de protagonista de "Impeachment"  - ela dá um verdadeiro show!

"Impeachment" foi considerada por muitos a temporada mais fraca de "American Crime Story"- eu discordo! Eu diria que essa temporada é a mais humana de todas e talvez por isso a menos espetacular como narrativa. Assistir "American Crime Story: Impeachment" é como ler um livro que encontra nos detalhes a força de sua trama, onde o envolvimento é diretamente proporcional ao nosso interesse pelo fato em si. Veja, aqui não estamos falando de mortes envolvendo um astro do futebol americano ou do assassinato de um maiores estilistas de todos os tempos, estamos falando de uma jovem como tantas outras que teimava em romantizar uma relação improvável, extremamente sexual, que pagou um preço caro por sua ingenuidade e que precisou lidar com uma mídia (e uma sociedade) hipócrita e cruel.

Vale seu play!

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As Pequenas Coisas da Vida

Não existe outra forma de iniciar essa análise que não seja afirmando que se você gostou de "This is Us", você também vai gostar de "As Pequenas Coisas da Vida". Talvez inicialmente você perceba que alguns alívios cômicos podem diminuir o valor da comparação com a série da NBC, principalmente pela performance propositalmente descontrolada de Kathryn Hahn; mas não se engane, a forma como essa adaptação da obra homônima da autora Cheryl Strayed vai se ajustando para retratar os dramas das relações de um casal em crise e de uma mãe com sua filha pouco amorosa, é genial. Inegavelmente muito sensível, o roteiro sabe tocar em elementos dramáticos que vão te tirar da zona de conforto - pode apostar!

A série conta a história de Clare (Hahn), uma mulher que passa por um momento complicado da sua vida - no lado profissional, sua carreira como escritora praticamente não existe mais; já pelo lado pessoal, o casamento com Danny (Quentin Plair) está em ruínas e a relação com sua filha adolescente, Rae (Tanzyn Crawford), um verdadeiro caos. Quando Clare assume uma coluna virtual de conselhos "auto-ajuda" chamado "Dear Sugar", ela vê sua vida desdobrar-se em uma complexa teia de memórias e solidão. Confira o trailer:

Com uma proposta narrativa que contempla duas linhas temporais que conceitualmente vão se cruzando, dando a exata sensação de que a protagonista precisa revisitar seu passado para poder lidar com os problemas do presente, "As Pequenas Coisas da Vida" mais acerta do que erra. Tentando equilibrar os rápidos episódios de meia hora para que tenhamos fôlego para suportar o drama até o final da temporada, e bem como "This is Us", a série que tem Reese Witherspoon e Laura Dern como produtoras executivas, vai conectando os pontos de forma bem homeopática, o que gera um certo desconforto inicialmente, mas que com o passar dos episódios vai fazendo sentido - a história do primeiro casamento de Claire é um bom exemplo dessa estratégia que brinca com nossa curiosidade.

Sob a supervisão da competente Liz Tigelaar (de "Little Fires Everywhere"), "As Pequenas Coisas da Vida" surpreende demais por quebrar nossa expectativa a cada episódio sem parecer estar perdendo o rumo. Veja, se inicialmente os conselhos de "Dear Sugar" podem parecer o elo entre a vida de Claire, do passado com o presente, é na dor da protagonista ao longo desse recorte temporal, nas suas imperfeições como ser humano  e como tudo isso impactou em sua vida, que é onde a história ganha em profundidade. É claro que o conceito da narração em off ajuda a pontuar a trama quase como uma crônica, mas é lindo como a direção se aproveita do lúdico para dar sentido a tudo que é falado.

Com um elenco de peso que ainda conta com Merritt Wever como Frankie, a mãe de Clare, essa série original do Hulu vai mexer com suas emoções ao trazer temas que vão do amor incondicional à perda irreparável, passando pelos traumas familiares que exploram as complexidades e contradições da vida e das relações humanas em diversas camadas. Sim, “As Pequenas Coisas da Vida” é uma jornada de fato inspiradora, que mostra a importância de conexões autênticas e do amor verdadeiro para superar as adversidades e encontrar a felicidade, seja lá onde ela estiver - mas aviso: não será simples!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Não existe outra forma de iniciar essa análise que não seja afirmando que se você gostou de "This is Us", você também vai gostar de "As Pequenas Coisas da Vida". Talvez inicialmente você perceba que alguns alívios cômicos podem diminuir o valor da comparação com a série da NBC, principalmente pela performance propositalmente descontrolada de Kathryn Hahn; mas não se engane, a forma como essa adaptação da obra homônima da autora Cheryl Strayed vai se ajustando para retratar os dramas das relações de um casal em crise e de uma mãe com sua filha pouco amorosa, é genial. Inegavelmente muito sensível, o roteiro sabe tocar em elementos dramáticos que vão te tirar da zona de conforto - pode apostar!

A série conta a história de Clare (Hahn), uma mulher que passa por um momento complicado da sua vida - no lado profissional, sua carreira como escritora praticamente não existe mais; já pelo lado pessoal, o casamento com Danny (Quentin Plair) está em ruínas e a relação com sua filha adolescente, Rae (Tanzyn Crawford), um verdadeiro caos. Quando Clare assume uma coluna virtual de conselhos "auto-ajuda" chamado "Dear Sugar", ela vê sua vida desdobrar-se em uma complexa teia de memórias e solidão. Confira o trailer:

Com uma proposta narrativa que contempla duas linhas temporais que conceitualmente vão se cruzando, dando a exata sensação de que a protagonista precisa revisitar seu passado para poder lidar com os problemas do presente, "As Pequenas Coisas da Vida" mais acerta do que erra. Tentando equilibrar os rápidos episódios de meia hora para que tenhamos fôlego para suportar o drama até o final da temporada, e bem como "This is Us", a série que tem Reese Witherspoon e Laura Dern como produtoras executivas, vai conectando os pontos de forma bem homeopática, o que gera um certo desconforto inicialmente, mas que com o passar dos episódios vai fazendo sentido - a história do primeiro casamento de Claire é um bom exemplo dessa estratégia que brinca com nossa curiosidade.

Sob a supervisão da competente Liz Tigelaar (de "Little Fires Everywhere"), "As Pequenas Coisas da Vida" surpreende demais por quebrar nossa expectativa a cada episódio sem parecer estar perdendo o rumo. Veja, se inicialmente os conselhos de "Dear Sugar" podem parecer o elo entre a vida de Claire, do passado com o presente, é na dor da protagonista ao longo desse recorte temporal, nas suas imperfeições como ser humano  e como tudo isso impactou em sua vida, que é onde a história ganha em profundidade. É claro que o conceito da narração em off ajuda a pontuar a trama quase como uma crônica, mas é lindo como a direção se aproveita do lúdico para dar sentido a tudo que é falado.

Com um elenco de peso que ainda conta com Merritt Wever como Frankie, a mãe de Clare, essa série original do Hulu vai mexer com suas emoções ao trazer temas que vão do amor incondicional à perda irreparável, passando pelos traumas familiares que exploram as complexidades e contradições da vida e das relações humanas em diversas camadas. Sim, “As Pequenas Coisas da Vida” é uma jornada de fato inspiradora, que mostra a importância de conexões autênticas e do amor verdadeiro para superar as adversidades e encontrar a felicidade, seja lá onde ela estiver - mas aviso: não será simples!

Vale muito o seu play!

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Bem-Vindos ao Clube da Sedução

"Bem-Vindos ao Clube da Sedução" é tão excelente que chega a ser inacreditável que o Star+ não tenha dado mais atenção ao marketing dessa minissérie baseada em fatos reais que além de te surpreender, vai te prender durante os 8 episódios de uma forma impressionante. Veja, se inicialmente temos a leve impressão de estarmos diante de uma narrativa que nos remete àquela história de um pacato cidadão que vê uma oportunidade de se dar muito bem na vida mesmo que para isso ele tenha que sujar as mãos, ao melhor estilo "anti-herói" de Walter White em "Breaking Bad"; imediatamente depois somos jogados ao mundo do empreendedorismo com fortes gatilhos emocionais como em "O Urso" ou "Physical", mas que na verdade tudo não passa de uma jornada de vaidade, crime e dinheiro como em "The Thing About Pam" ou “Halston”, por exemplo.

Somen “Steve” Banerjee (Kumail Nanjiani) é um empreendedor indiano-americano que criou o Chippendales - conhecido na década de 70 como o primeiro show de strip-tease apenas com modelos masculinos. Depois de imigrar para Playa del Rey, na Califórnia, Steve vê uma oportunidade única de transformar um bar de gamão em algo único, inédito e muito rentável. Sua ambição o leva ao sucesso, com decisões firmes, criativas e visionárias, com a mesma velocidade com que sua vaidade e insegurança emocional começa destrui-lo. Confira o trailer:

Eu dei o play sem muito saber sobre a história - mal sabia, inclusive, que ela era real; porém acho necessário dizer que o clube Chippendales (de onde vem o título original "Welcome to Chippendales"), de fato, marcou uma geração de mulheres que buscavam liberdade e diversão no final dos anos 70, com a mesma veemência com que figurou nos noticiários americanos pelos consecutivos casos de assassinato e suicídio que envolveram funcionários que ali trabalharam. Por isso que a minissérie se apoia em elementos de true crime, mas 90% do seu tempo ela é muito mais sobre negócios, sucesso, dinheiro e vaidade do que qualquer outra coisa - eu diria que são ”os bastidores de showbiz" que nos guiam durante toda a jornada

Criada por Robert Siegel (o mesmo de "Pam & Tommy"), "Bem-Vindos ao Clube da Sedução" nos envolve de tal maneira que naturalmente emendamos um episódio no outro - e aqui cabe um aviso: como em “Halston” e em "Hollywood", algumas cenas que recriam o cenário gay da época, podem chocar parte da audiência. Por outro lado, o trabalho do departamento de Arte é fenomenal - dos cabelos aos figurinos, até mesmo passando pelos cenários cuidadosamente recriados, temos um projeto tecnicamente impecável e visualmente muito caprichado. O elenco encabeçado pelo talentoso Kumail Nanjiani também merece destaque. Todo núcleo principal que conta com Murray Bartlett (o Nick De Noia), Annaleigh Ashford (como Irene) e a impagável Juliette Lewis (como Denise), é digno de prêmios pela performance e pela capacidade de equilibrar a dor mais íntima com o estereótipo mais despojado típico daquele universo. 

"Bem-Vindos ao Clube da Sedução" é uma jóia que pode até incomodar os mais preconceituosos, mas que encanta pela veracidade de sua jornada e nos provoca inúmeras reflexões sobre o poder que o sucesso e o dinheiro tem de transformar até quem são, como a própria Irene definiu, "pessoas boas". Com um roteiro de muita profundidade, que discute assuntos espinhosos e marcantes para toda uma sociedade, ao mesmo tempo em que nos maravilha com uma qualidade artística acima da média, fica fácil afirmar que estamos diante de um dos títulos mais subestimados de 2022 e que merece (e muito) o seu play!

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"Bem-Vindos ao Clube da Sedução" é tão excelente que chega a ser inacreditável que o Star+ não tenha dado mais atenção ao marketing dessa minissérie baseada em fatos reais que além de te surpreender, vai te prender durante os 8 episódios de uma forma impressionante. Veja, se inicialmente temos a leve impressão de estarmos diante de uma narrativa que nos remete àquela história de um pacato cidadão que vê uma oportunidade de se dar muito bem na vida mesmo que para isso ele tenha que sujar as mãos, ao melhor estilo "anti-herói" de Walter White em "Breaking Bad"; imediatamente depois somos jogados ao mundo do empreendedorismo com fortes gatilhos emocionais como em "O Urso" ou "Physical", mas que na verdade tudo não passa de uma jornada de vaidade, crime e dinheiro como em "The Thing About Pam" ou “Halston”, por exemplo.

Somen “Steve” Banerjee (Kumail Nanjiani) é um empreendedor indiano-americano que criou o Chippendales - conhecido na década de 70 como o primeiro show de strip-tease apenas com modelos masculinos. Depois de imigrar para Playa del Rey, na Califórnia, Steve vê uma oportunidade única de transformar um bar de gamão em algo único, inédito e muito rentável. Sua ambição o leva ao sucesso, com decisões firmes, criativas e visionárias, com a mesma velocidade com que sua vaidade e insegurança emocional começa destrui-lo. Confira o trailer:

Eu dei o play sem muito saber sobre a história - mal sabia, inclusive, que ela era real; porém acho necessário dizer que o clube Chippendales (de onde vem o título original "Welcome to Chippendales"), de fato, marcou uma geração de mulheres que buscavam liberdade e diversão no final dos anos 70, com a mesma veemência com que figurou nos noticiários americanos pelos consecutivos casos de assassinato e suicídio que envolveram funcionários que ali trabalharam. Por isso que a minissérie se apoia em elementos de true crime, mas 90% do seu tempo ela é muito mais sobre negócios, sucesso, dinheiro e vaidade do que qualquer outra coisa - eu diria que são ”os bastidores de showbiz" que nos guiam durante toda a jornada

Criada por Robert Siegel (o mesmo de "Pam & Tommy"), "Bem-Vindos ao Clube da Sedução" nos envolve de tal maneira que naturalmente emendamos um episódio no outro - e aqui cabe um aviso: como em “Halston” e em "Hollywood", algumas cenas que recriam o cenário gay da época, podem chocar parte da audiência. Por outro lado, o trabalho do departamento de Arte é fenomenal - dos cabelos aos figurinos, até mesmo passando pelos cenários cuidadosamente recriados, temos um projeto tecnicamente impecável e visualmente muito caprichado. O elenco encabeçado pelo talentoso Kumail Nanjiani também merece destaque. Todo núcleo principal que conta com Murray Bartlett (o Nick De Noia), Annaleigh Ashford (como Irene) e a impagável Juliette Lewis (como Denise), é digno de prêmios pela performance e pela capacidade de equilibrar a dor mais íntima com o estereótipo mais despojado típico daquele universo. 

"Bem-Vindos ao Clube da Sedução" é uma jóia que pode até incomodar os mais preconceituosos, mas que encanta pela veracidade de sua jornada e nos provoca inúmeras reflexões sobre o poder que o sucesso e o dinheiro tem de transformar até quem são, como a própria Irene definiu, "pessoas boas". Com um roteiro de muita profundidade, que discute assuntos espinhosos e marcantes para toda uma sociedade, ao mesmo tempo em que nos maravilha com uma qualidade artística acima da média, fica fácil afirmar que estamos diante de um dos títulos mais subestimados de 2022 e que merece (e muito) o seu play!

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Better Things

Como em "O Método Kominsky" e mais recentemente em "A Nova Vida de Toby", assistir "Better Things" é como olhar pela janela, reconhecer a vida e, com muito bom humor, enfrentá-la. Existe uma honestidade no texto dessa excelente produção do FX (disponível aqui no Star+) que nos envolve e nos conecta com a protagonista de uma forma muito natural. Enxergar a beleza da maternidade pode soar até usual, mas reconhecer suas dificuldades já exige um pouco mais de coragem, e é nesse ponto que os criadores da série, Pamela Adlon e Louis C.K., dão uma aula de sensibilidade ao entregar uma jornada emocionante, inteligente, dinâmica e muito afinada com a realidade, a partir da perspectiva de quem de fato merece os holofotes: a mulher!

'Better Things', basicamente, conta a história de Sam (Pamela Adlon), uma atriz, mãe e divorciada que cuida de suas três filhas sozinha. Apesar de sua profissão, a vida de Sam não é tão glamorosa quanto se pensa; ela trabalha duro para pagar as contas, cuidar das três filhas, Max (Mikey Madison), Frankie (Hannah Alligood) e Duke (Olivia Edward); e ainda poder se reconectar com sua essência, mesmo com as marcas que a vida foi deixando para ela. Confira o excelente 'first look' (em inglês):

Premiadíssimo, Louis C.K. é a mente criativa por trás de projetos como "Louis" e "Trapaça"; que ao se encontrar com Pamela Adlon (a inesquecível Marcy de "Californication"), nos entrega uma abordagem realista sobre a vida cotidiana, retratando com muita autenticidade os altos e baixos da experiência de ser mãe, explorando os desafios, as alegrias, as frustrações e os sacrifícios envolvidos na criação e na educação dos filhos. A dupla mostra muita competência ao abordar uma variedade de questões relevantes, como relacionamentos, feminismo, envelhecimento e até passagens mais curiosas como o mercado de trabalho para mulheres na indústria do entretenimento - reparem como o texto trata desses temas de forma inteligente e perspicaz, sem perder a mão, equilibrando o tom mais descontraído ao mesmo tempo em que não deixa de lado o drama e os sentimentos mais íntimos dos personagens.

Aliás, o que dizer sobre a performance de Pamela Adlon como Sam Fox? É impossível não citá-la como um dos destaques não só da série, mas do entretenimento como um todo. Sua interpretação é crua, quase documental, sincera ao extremo e muitas vezes hilária - ela já tinha provado sua capacidade com Marcy e agora só ratifica sua qualidade como artista, inclusive sendo indicada ao Emmy 7 vezes. Adlon tem um alcance de interpretação invejável, capaz de trabalhar uma vulnerabilidade e uma autenticidade cativantes, tornando Sam uma personagem mais humana, com falhas palpáveis, na qual a audiência se reconhece, se identifica e, claro, torce!

Outro aspecto que me chamou a atenção em "Better Things" diz respeito à sua representação diversificada de personagens. A série foi capaz de apresentar uma ampla gama de possibilidades ao retratar mulheres complexas, cada uma com suas próprias histórias e desafios, capazes de abordar assuntos difíceis e desconfortáveis, mas sempre de forma genuína e respeitosa. Repare no terceiro episódio da primeira temporada como a mãe de Sam lida com o fato de um homem negro ir jantar em sua casa. Existe uma leveza e uma ironia no texto que são dignas de muitos elogios.

"Better Things" é uma série cativante que retrata com autenticidade a vida e a luta de uma mulher moderna: como mãe e como profissional. Eu diria que essas cinco temporadas (e sim, a série tem um final) são uma experiência das mais envolventes, divertidas, sinceras e reflexivas - que vão deixar muitas saudades.

Vai na fé que vale muito o seu play!

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Como em "O Método Kominsky" e mais recentemente em "A Nova Vida de Toby", assistir "Better Things" é como olhar pela janela, reconhecer a vida e, com muito bom humor, enfrentá-la. Existe uma honestidade no texto dessa excelente produção do FX (disponível aqui no Star+) que nos envolve e nos conecta com a protagonista de uma forma muito natural. Enxergar a beleza da maternidade pode soar até usual, mas reconhecer suas dificuldades já exige um pouco mais de coragem, e é nesse ponto que os criadores da série, Pamela Adlon e Louis C.K., dão uma aula de sensibilidade ao entregar uma jornada emocionante, inteligente, dinâmica e muito afinada com a realidade, a partir da perspectiva de quem de fato merece os holofotes: a mulher!

'Better Things', basicamente, conta a história de Sam (Pamela Adlon), uma atriz, mãe e divorciada que cuida de suas três filhas sozinha. Apesar de sua profissão, a vida de Sam não é tão glamorosa quanto se pensa; ela trabalha duro para pagar as contas, cuidar das três filhas, Max (Mikey Madison), Frankie (Hannah Alligood) e Duke (Olivia Edward); e ainda poder se reconectar com sua essência, mesmo com as marcas que a vida foi deixando para ela. Confira o excelente 'first look' (em inglês):

Premiadíssimo, Louis C.K. é a mente criativa por trás de projetos como "Louis" e "Trapaça"; que ao se encontrar com Pamela Adlon (a inesquecível Marcy de "Californication"), nos entrega uma abordagem realista sobre a vida cotidiana, retratando com muita autenticidade os altos e baixos da experiência de ser mãe, explorando os desafios, as alegrias, as frustrações e os sacrifícios envolvidos na criação e na educação dos filhos. A dupla mostra muita competência ao abordar uma variedade de questões relevantes, como relacionamentos, feminismo, envelhecimento e até passagens mais curiosas como o mercado de trabalho para mulheres na indústria do entretenimento - reparem como o texto trata desses temas de forma inteligente e perspicaz, sem perder a mão, equilibrando o tom mais descontraído ao mesmo tempo em que não deixa de lado o drama e os sentimentos mais íntimos dos personagens.

Aliás, o que dizer sobre a performance de Pamela Adlon como Sam Fox? É impossível não citá-la como um dos destaques não só da série, mas do entretenimento como um todo. Sua interpretação é crua, quase documental, sincera ao extremo e muitas vezes hilária - ela já tinha provado sua capacidade com Marcy e agora só ratifica sua qualidade como artista, inclusive sendo indicada ao Emmy 7 vezes. Adlon tem um alcance de interpretação invejável, capaz de trabalhar uma vulnerabilidade e uma autenticidade cativantes, tornando Sam uma personagem mais humana, com falhas palpáveis, na qual a audiência se reconhece, se identifica e, claro, torce!

Outro aspecto que me chamou a atenção em "Better Things" diz respeito à sua representação diversificada de personagens. A série foi capaz de apresentar uma ampla gama de possibilidades ao retratar mulheres complexas, cada uma com suas próprias histórias e desafios, capazes de abordar assuntos difíceis e desconfortáveis, mas sempre de forma genuína e respeitosa. Repare no terceiro episódio da primeira temporada como a mãe de Sam lida com o fato de um homem negro ir jantar em sua casa. Existe uma leveza e uma ironia no texto que são dignas de muitos elogios.

"Better Things" é uma série cativante que retrata com autenticidade a vida e a luta de uma mulher moderna: como mãe e como profissional. Eu diria que essas cinco temporadas (e sim, a série tem um final) são uma experiência das mais envolventes, divertidas, sinceras e reflexivas - que vão deixar muitas saudades.

Vai na fé que vale muito o seu play!

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Bohemian Rhapsody

É incrível como a música ativa os gatilhos das lembranças e das emoções com tanta força!!! E como o cinema potencializa isso!!! Acho que um dos trunfos de "Bohemian Rhapsody" é justamente esse: nos levar para uma época que deixou muita saudade (se você tem mais de 35 anos), tendo como trilha sonora uma das maiores bandas de todos os tempos, o Queen! 

"Bohemian Rhapsody" conta a história por trás da ascensão do Queen, através de seu estilo próprio, da sua música que oscilava entre o rock e o pop capaz, e dos enormes sucessos como a própria canção que da nome ao filme. "Bohemian Rhapsody" é inteligente ao relatar também as tensões da banda, o estilo de vida de Freddie Mercury e passagens emblemáticas como a reunião na véspera do festival Live Aid (organizado por Bob Geldof, em Wembley, no ano de 1985), onde cantor, compositor e pianista do Queen, já lidando com a realidade da sua doença, conduziu a sua banda em um dos concertos mais lendários da história da música!

De fato, a história do Freddie Mercury merecia ser contada, ele era um gênio, muito a frente do seu tempo e não consigo imaginar o tamanho que seria se ainda estivesse vivo; mas tenho que dizer que, como filme em si, o roteiro deixa um pouco a desejar. Ele nos passa a impressão de já termos assistido algo parecido, pois a estrutura narrativa segue a mesma fórmula de vários outros filmes biográficos de um Rock Star. Claro que isso não prejudica a experiência, mas também não coloca o filme como uma obra a ser referenciada ou inovadora. Faça o exercício de assistir "Cazuza" ou "Elis" antes de assistir "Bohemian Rhapsody" e você vai entender o que eu estou falando.  O filme é grandioso sim, mas não é um grande filme! Ele tinha potencial para provocar mais, mas aliviaram!

Na minha opinião "Quase Famosos" e "Ray" são melhores como obras cinematográficas, mas isso pouco vai importar porque o diretor Bryan Singer (Os Suspeitos e X-men) entrega o que promete com muita maestria: um filme dinâmico, bem realizado e, principalmente, nostálgico! É impossível não destacar o 3º ato para ilustrar minha afirmação - ele é alucinante!!!! Singer trás a atmosfera grandiosa de um show histórico como nunca tinha visto; ele nos coloca no palco, junto com a banda, e no meio do publico em um Wembley lotado - tudo ao mesmo tempo! Ele mexe com nossa fantasia de subir no palco e ver um Estádio com mais de 100 mil pessoas esperando para cantar sua música - mais ou menos como o Aronofsky fez em Cisne Negro ou como o Oliver Stone fez em "Any Given Sunday". É muito bacana! Fiquei imaginando esse filme em Imax!!! A fotografia também merece um destaque especial. Belo trabalho do Newton Thomas Sigel (Tom Sigel). Rami Malek como Freddie Mercury tem seus bons momentos - tem uma cena que ele fala com os olhos que é sensacional!! É possível sentir sua dor sem ele dizer uma só palavra - digna de prêmios!!! A direção de arte e maquiagem eu achei mediana, não compromete, mas também não salta aos olhos. 

O fato é que mesmo, com algumas limitações de roteiro, "Bohemian Rhapsody" merece ser visto, com o som lá no alto! É divertido, emocionante e justifica o Hype!!!!

Up-date: "Bohemian Rhapsody" ganhou em quatro categorias no Oscar 2019: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem, Melhor Montagem e Melhor Ator!

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É incrível como a música ativa os gatilhos das lembranças e das emoções com tanta força!!! E como o cinema potencializa isso!!! Acho que um dos trunfos de "Bohemian Rhapsody" é justamente esse: nos levar para uma época que deixou muita saudade (se você tem mais de 35 anos), tendo como trilha sonora uma das maiores bandas de todos os tempos, o Queen! 

"Bohemian Rhapsody" conta a história por trás da ascensão do Queen, através de seu estilo próprio, da sua música que oscilava entre o rock e o pop capaz, e dos enormes sucessos como a própria canção que da nome ao filme. "Bohemian Rhapsody" é inteligente ao relatar também as tensões da banda, o estilo de vida de Freddie Mercury e passagens emblemáticas como a reunião na véspera do festival Live Aid (organizado por Bob Geldof, em Wembley, no ano de 1985), onde cantor, compositor e pianista do Queen, já lidando com a realidade da sua doença, conduziu a sua banda em um dos concertos mais lendários da história da música!

De fato, a história do Freddie Mercury merecia ser contada, ele era um gênio, muito a frente do seu tempo e não consigo imaginar o tamanho que seria se ainda estivesse vivo; mas tenho que dizer que, como filme em si, o roteiro deixa um pouco a desejar. Ele nos passa a impressão de já termos assistido algo parecido, pois a estrutura narrativa segue a mesma fórmula de vários outros filmes biográficos de um Rock Star. Claro que isso não prejudica a experiência, mas também não coloca o filme como uma obra a ser referenciada ou inovadora. Faça o exercício de assistir "Cazuza" ou "Elis" antes de assistir "Bohemian Rhapsody" e você vai entender o que eu estou falando.  O filme é grandioso sim, mas não é um grande filme! Ele tinha potencial para provocar mais, mas aliviaram!

Na minha opinião "Quase Famosos" e "Ray" são melhores como obras cinematográficas, mas isso pouco vai importar porque o diretor Bryan Singer (Os Suspeitos e X-men) entrega o que promete com muita maestria: um filme dinâmico, bem realizado e, principalmente, nostálgico! É impossível não destacar o 3º ato para ilustrar minha afirmação - ele é alucinante!!!! Singer trás a atmosfera grandiosa de um show histórico como nunca tinha visto; ele nos coloca no palco, junto com a banda, e no meio do publico em um Wembley lotado - tudo ao mesmo tempo! Ele mexe com nossa fantasia de subir no palco e ver um Estádio com mais de 100 mil pessoas esperando para cantar sua música - mais ou menos como o Aronofsky fez em Cisne Negro ou como o Oliver Stone fez em "Any Given Sunday". É muito bacana! Fiquei imaginando esse filme em Imax!!! A fotografia também merece um destaque especial. Belo trabalho do Newton Thomas Sigel (Tom Sigel). Rami Malek como Freddie Mercury tem seus bons momentos - tem uma cena que ele fala com os olhos que é sensacional!! É possível sentir sua dor sem ele dizer uma só palavra - digna de prêmios!!! A direção de arte e maquiagem eu achei mediana, não compromete, mas também não salta aos olhos. 

O fato é que mesmo, com algumas limitações de roteiro, "Bohemian Rhapsody" merece ser visto, com o som lá no alto! É divertido, emocionante e justifica o Hype!!!!

Up-date: "Bohemian Rhapsody" ganhou em quatro categorias no Oscar 2019: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem, Melhor Montagem e Melhor Ator!

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Brawn

"Brawn: Uma História Incrível da Fórmula 1", minissérie do Hulu, é realmente imperdível para qualquer amante do automobilismo - especialmente para aqueles que contam os dias para a chegada de uma nova temporada de "Formula 1: Dirigir paraViver".Aqui, a produção dirigida por Daryl Goodrich (de "Ferrari: Rumo à Imortalidade") e produzida pelo astro do cinema, Keanu Reeves, conta a surpreendente história real da equipe Brawn GP, que conquistou o Campeonato Mundial de Pilotos e Construtores da Fórmula 1 na temporada de 2009, contra todas as probabilidades possíveis e imagináveis! Sério, para quem conhece os bastidores da F1, fica fácil afirmar que se trata de verdadeiro conto de fadas esportivo, com todos os ingredientes necessários para emocionar e inspirar a audiência como um bom drama de superação. Olha, "Brawn" é um ótimo exemplo do significado de ser resiliente. Vai por mim!

Quando a crise de 2008 chega na fórmula 1 e provoca a aquisição da Honda pelo então diretor técnico da equipe, Ross Brawn, a recém batizada Brawn GP precisa se virar com um orçamento limitado, um tempo curto para desenvolver um novo carro, arranjar patrocínios, um motor, e assim competir em todas as provas de 2009 - o que além de tudo garantiria o emprego de centenas de pessoas em pleno período de recessão. A grande verdade é que a Brawn precisaria mesmo era de um milagre para se mostrar competitiva... e esse milagre acontece quando um de seus engenheiros descobre uma brecha inesperada nas novas regras da modalidade e assim ajuda a transformar o BGP 001 em um dos carros mais inovadores da história. Confira o trailer (em inglês):

Se "Brawn: Uma História Incrível da Fórmula 1" não tem aquela narrativa dinâmica e aquele belíssimo conceito visual cinematográficos da série da Netflix, pode ter certeza que Goodrich se vale de outros elementos primordiais para nos envolver com essa história: um host e um protagonista carismático, no caso Keanu Reeves e Ross Brawn, respectivamente, além de uma dupla de pilotos que é quase uma unanimidade entre seus parceiros, Jenson Button e Rubens Barrichello. Claro que a premissa "David x Golias" é importante, que as cenas de arquivo e encenações estão ótimas, mas a forma como o diretor consegue criar um ritmo envolvente e emocionante, mesmo pontuando passagens complicadas dos bastidores da Fórmula 1, é impressionante - eu diria que ele foi capaz de criar uma trama que se apoia no fator humano da jornada, da criatividade, mas sem esquecer dos embates políticos e esportivos de uma das temporadas mais marcantes desse esporte.

2009 trouxe algumas subtramas para a temporada que ajudam a minissérie, isso é inegável. A perspectiva sobre o mundo da Fórmula 1, mostrando os bastidores da competição e as dificuldades que as equipes enfrentaram naquele ano para vencer o duplo difusor da Brawn é só o inicio da conversa. Foi em 2009 que a mola do carro do Rubinho quase matou Felipe Massa. Foi nesse ano também que a FIA quase viu todas as equipes criarem um campeonato independente graças a relação ditatorial que Bernie Ecclestone e Max Mosley tinham com a categoria. Enfim, além do conto de fadas da Brawn e da improvável briga pelo título de Button e Barrichello, todos esses fatos transformam a narrativa de Goodrich em algo ainda mais interessante.

A BrawnGP foi a primeira equipe a vencer o campeonato de construtores com um carro que não foi fabricado por uma das grandes montadoras. Tinha um carro que no começo da temporada nem motor possuía. Tinha pilotos contratados apenas até a quarta etapa. Um orçamento 90% menor que suas maiores concorrentes. Enfim, "Brawn: Uma História Incrível da Fórmula 1" pode e deve ser enxergada muito além do esporte - sem dúvida que você vai encontrar uma jornada inspiradora sobre determinação, superação e... trabalho, muito trabalho!

Vale muito o seu play

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"Brawn: Uma História Incrível da Fórmula 1", minissérie do Hulu, é realmente imperdível para qualquer amante do automobilismo - especialmente para aqueles que contam os dias para a chegada de uma nova temporada de "Formula 1: Dirigir paraViver".Aqui, a produção dirigida por Daryl Goodrich (de "Ferrari: Rumo à Imortalidade") e produzida pelo astro do cinema, Keanu Reeves, conta a surpreendente história real da equipe Brawn GP, que conquistou o Campeonato Mundial de Pilotos e Construtores da Fórmula 1 na temporada de 2009, contra todas as probabilidades possíveis e imagináveis! Sério, para quem conhece os bastidores da F1, fica fácil afirmar que se trata de verdadeiro conto de fadas esportivo, com todos os ingredientes necessários para emocionar e inspirar a audiência como um bom drama de superação. Olha, "Brawn" é um ótimo exemplo do significado de ser resiliente. Vai por mim!

Quando a crise de 2008 chega na fórmula 1 e provoca a aquisição da Honda pelo então diretor técnico da equipe, Ross Brawn, a recém batizada Brawn GP precisa se virar com um orçamento limitado, um tempo curto para desenvolver um novo carro, arranjar patrocínios, um motor, e assim competir em todas as provas de 2009 - o que além de tudo garantiria o emprego de centenas de pessoas em pleno período de recessão. A grande verdade é que a Brawn precisaria mesmo era de um milagre para se mostrar competitiva... e esse milagre acontece quando um de seus engenheiros descobre uma brecha inesperada nas novas regras da modalidade e assim ajuda a transformar o BGP 001 em um dos carros mais inovadores da história. Confira o trailer (em inglês):

Se "Brawn: Uma História Incrível da Fórmula 1" não tem aquela narrativa dinâmica e aquele belíssimo conceito visual cinematográficos da série da Netflix, pode ter certeza que Goodrich se vale de outros elementos primordiais para nos envolver com essa história: um host e um protagonista carismático, no caso Keanu Reeves e Ross Brawn, respectivamente, além de uma dupla de pilotos que é quase uma unanimidade entre seus parceiros, Jenson Button e Rubens Barrichello. Claro que a premissa "David x Golias" é importante, que as cenas de arquivo e encenações estão ótimas, mas a forma como o diretor consegue criar um ritmo envolvente e emocionante, mesmo pontuando passagens complicadas dos bastidores da Fórmula 1, é impressionante - eu diria que ele foi capaz de criar uma trama que se apoia no fator humano da jornada, da criatividade, mas sem esquecer dos embates políticos e esportivos de uma das temporadas mais marcantes desse esporte.

2009 trouxe algumas subtramas para a temporada que ajudam a minissérie, isso é inegável. A perspectiva sobre o mundo da Fórmula 1, mostrando os bastidores da competição e as dificuldades que as equipes enfrentaram naquele ano para vencer o duplo difusor da Brawn é só o inicio da conversa. Foi em 2009 que a mola do carro do Rubinho quase matou Felipe Massa. Foi nesse ano também que a FIA quase viu todas as equipes criarem um campeonato independente graças a relação ditatorial que Bernie Ecclestone e Max Mosley tinham com a categoria. Enfim, além do conto de fadas da Brawn e da improvável briga pelo título de Button e Barrichello, todos esses fatos transformam a narrativa de Goodrich em algo ainda mais interessante.

A BrawnGP foi a primeira equipe a vencer o campeonato de construtores com um carro que não foi fabricado por uma das grandes montadoras. Tinha um carro que no começo da temporada nem motor possuía. Tinha pilotos contratados apenas até a quarta etapa. Um orçamento 90% menor que suas maiores concorrentes. Enfim, "Brawn: Uma História Incrível da Fórmula 1" pode e deve ser enxergada muito além do esporte - sem dúvida que você vai encontrar uma jornada inspiradora sobre determinação, superação e... trabalho, muito trabalho!

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