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13 Reasons Why

Sabe aquela série que a Netflix lança sem muito marketing, com uma levada meio anos 80/90 e que te trás um monte de referências da adolescência?

Pelo jeito a Netflix entendeu o resultado (e o hype) de "Stranger Things" ao lançar "13 Reasons Why"! É exatamente a mesma estratégia e o resultado tende a ser bem similar!!! Aproveite o final de semana e assista, você vai me agradecer! A série conta a história de uma adolescente que se suicidou, mas que antes criou um espécie de "ARG" (alternate reality game) para contar o motivo do seu suicídio para as pessoas que, de alguma forma, foram responsáveis por essa atitude!!! Cada episódio (são 13) é narrado pela protagonista a partir de uma gravação de fita-cassete, ou seja, cada lado da fita, um episódio!!! É muito original o formato da série, e, mesmo se passando nos dias de hoje, trás muito do conceito narrativo de séries clássicas (adolescentes) dos anos 90, mas sem ser piegas! Vale muito a pena. Confira o trailer:

Assim que acabei o episódio final de "13 Reasons Why" tive a certeza de que era uma das coisas mais bacanas que eu assisti na vida! É um episódio realmente especial e que fecha com chave de ouro um arco muito bem construído. É um episódio difícil, duro, profundo, bem feito, bem dirigido, bem interpretado, mas principalmente bem fundamentado! Os produtores e criadores da série foram precisos ao abordar o assunto "suicídio" com uma linguagem correta e verdadeira para os jovens e, indiscutivelmente, para os pais desses jovens - nos faz refletir (e muito)!

"13 Reasons Why" traz aquilo que eu acredito ser um conteúdo perfeito: é um ótimo entretenimento, sem dúvida, mas traz assuntos tão difíceis quanto necessários de serem retratados de uma forma muito inteligente! Se você em algum momento achar que uma ou outra situação está forçando uma barra, eu te aconselho a assistir o documentário "The Hunting Ground" e você vai ver que tudo aquilo realmente existe e que muita gente prefere fechar os olhos do que tirar de uma Universidade o principal jogador de futebol americano que vai fazer com que a cidade e a instituição fiquem famosos por ganhar um campeonato - isso aconteceu, inclusive, com um jogador que hoje ganha milhões na NFL. Revoltante!!!

Vale muito a pena!

Up Date: a série tem mais duas temporadas disponíveis, mas que infelizmente não seguiram a qualidade da primeira!

Assista Agora

Sabe aquela série que a Netflix lança sem muito marketing, com uma levada meio anos 80/90 e que te trás um monte de referências da adolescência?

Pelo jeito a Netflix entendeu o resultado (e o hype) de "Stranger Things" ao lançar "13 Reasons Why"! É exatamente a mesma estratégia e o resultado tende a ser bem similar!!! Aproveite o final de semana e assista, você vai me agradecer! A série conta a história de uma adolescente que se suicidou, mas que antes criou um espécie de "ARG" (alternate reality game) para contar o motivo do seu suicídio para as pessoas que, de alguma forma, foram responsáveis por essa atitude!!! Cada episódio (são 13) é narrado pela protagonista a partir de uma gravação de fita-cassete, ou seja, cada lado da fita, um episódio!!! É muito original o formato da série, e, mesmo se passando nos dias de hoje, trás muito do conceito narrativo de séries clássicas (adolescentes) dos anos 90, mas sem ser piegas! Vale muito a pena. Confira o trailer:

Assim que acabei o episódio final de "13 Reasons Why" tive a certeza de que era uma das coisas mais bacanas que eu assisti na vida! É um episódio realmente especial e que fecha com chave de ouro um arco muito bem construído. É um episódio difícil, duro, profundo, bem feito, bem dirigido, bem interpretado, mas principalmente bem fundamentado! Os produtores e criadores da série foram precisos ao abordar o assunto "suicídio" com uma linguagem correta e verdadeira para os jovens e, indiscutivelmente, para os pais desses jovens - nos faz refletir (e muito)!

"13 Reasons Why" traz aquilo que eu acredito ser um conteúdo perfeito: é um ótimo entretenimento, sem dúvida, mas traz assuntos tão difíceis quanto necessários de serem retratados de uma forma muito inteligente! Se você em algum momento achar que uma ou outra situação está forçando uma barra, eu te aconselho a assistir o documentário "The Hunting Ground" e você vai ver que tudo aquilo realmente existe e que muita gente prefere fechar os olhos do que tirar de uma Universidade o principal jogador de futebol americano que vai fazer com que a cidade e a instituição fiquem famosos por ganhar um campeonato - isso aconteceu, inclusive, com um jogador que hoje ganha milhões na NFL. Revoltante!!!

Vale muito a pena!

Up Date: a série tem mais duas temporadas disponíveis, mas que infelizmente não seguiram a qualidade da primeira!

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A Melhor Ideia

"A Melhor Ideia" é um documentário produzido pela National Geographic que você vai poder assistir pelo Disney+, que tem uma estrutura muito mais próxima de um reality show de competição do que propriamente de um projeto jornalístico. Essa escolha conceitual tem seus prós e seus contras, mas antes de discutir sobre isso, talvez o que mais importe nessa jornada é a reflexão que o filme nos provoca: existem mentes brilhantes em todos os lugares do mundo, de Nairobi à Nova York, e esse processo de inovação e empreendedorismo, tema discutido aqui, precisa ser fomentado, são esses jovens que vão transformar esse planeta para todas as gerações que virão! Esse documentário é um recorte do que acredito ser o caminho ideal e por isso fiz questão de dividir com vocês!

Em pouco mais de 90 minutos, acompanhamos cinco estudantes de diferentes cantos do planeta que levam suas grandes ideias a uma das competições para empreendedores mais prestigiadas do mundo. Além de todas as dificuldades inerentes ao empreendedorismo, cada um deles superou imensos obstáculos em busca do sonho de transformar seu propósito em um grande negócio: foram furacões, dificuldades econômicas, guerras civis, etc; e foi essa resiliência que os trouxeram até aqui! É aí que surge a questão: essas ideias já mudaram suas vidas, mas será que elas estão prontas para mudar o mundo? Confira o trailer:

Agora vamos entender o que a escolha conceitual de "A Melhor Ideia" tem de bom - o melhor de um reality são seus personagens e a maneira como a narrativa é construída que nos faz torcer por eles. Aqui, Santosh vem de uma pequena cidade agrícola do Nepal,  Alondra trabalha como caixa da padaria de sua família em Porto Rico, Henry é um gênio da programação de Nairóbi, Jason é uma máquina de marketing da Grécia e Daniela, uma imigrante que foge da crise na Venezuela, estuda química na Universidade de Nova York - cada um deles é apresentado com muita competência, seguindo dois caminhos: o primeiro, claro, que conta suas histórias de vida e as dificuldades que os levaram até aquele momento e o segundo, foca na forma como eles acreditam poder resolver uma dor do mercado. A jornada de cada um deles funciona como entretenimento, mas falta tempo para unir esses dois caminhos de uma maneira mais profunda - o famoso "CPF com CNPJ". O "contra" se encaixa justamente aí: o lado empreendedor de cada um deles, suas soluções, desafios, perrengues, vitórias, derrotas, pivotadas; tudo isso soa muito superficial, é pouquíssimo explorado - talvez se fosse uma série de 6 episódios, com um episódio para cada personagem e um sexto com a final da competição em si, seria o ideal!

 "A Melhor Ideia" é gostoso de assistir, mesmo sem essa profundidade empreendedora ou discussões mais fundamentadas nas dificuldades e na capacidade de enxergar uma oportunidade em meio ao ambiente que estão inseridos. Criar a expectativa sobre quem vai vencer uma competição importante funciona pela empatia e pela emoção, mas equilibrar uma assunto importante com a razão poderia funcionar muito melhor. O que, de fato, o filme tem de sobra é humanidade e isso é transformador, motivador e provoca reflexões pertinentes com o momento que estamos vivendo. 

 "A Melhor Ideia" é mais um convite para transformarmos o mundo em um lugar melhor e como citou Henry: "Se a oportunidade não bater na sua porta, quebre a parede!"

Assista Agora

 

"A Melhor Ideia" é um documentário produzido pela National Geographic que você vai poder assistir pelo Disney+, que tem uma estrutura muito mais próxima de um reality show de competição do que propriamente de um projeto jornalístico. Essa escolha conceitual tem seus prós e seus contras, mas antes de discutir sobre isso, talvez o que mais importe nessa jornada é a reflexão que o filme nos provoca: existem mentes brilhantes em todos os lugares do mundo, de Nairobi à Nova York, e esse processo de inovação e empreendedorismo, tema discutido aqui, precisa ser fomentado, são esses jovens que vão transformar esse planeta para todas as gerações que virão! Esse documentário é um recorte do que acredito ser o caminho ideal e por isso fiz questão de dividir com vocês!

Em pouco mais de 90 minutos, acompanhamos cinco estudantes de diferentes cantos do planeta que levam suas grandes ideias a uma das competições para empreendedores mais prestigiadas do mundo. Além de todas as dificuldades inerentes ao empreendedorismo, cada um deles superou imensos obstáculos em busca do sonho de transformar seu propósito em um grande negócio: foram furacões, dificuldades econômicas, guerras civis, etc; e foi essa resiliência que os trouxeram até aqui! É aí que surge a questão: essas ideias já mudaram suas vidas, mas será que elas estão prontas para mudar o mundo? Confira o trailer:

Agora vamos entender o que a escolha conceitual de "A Melhor Ideia" tem de bom - o melhor de um reality são seus personagens e a maneira como a narrativa é construída que nos faz torcer por eles. Aqui, Santosh vem de uma pequena cidade agrícola do Nepal,  Alondra trabalha como caixa da padaria de sua família em Porto Rico, Henry é um gênio da programação de Nairóbi, Jason é uma máquina de marketing da Grécia e Daniela, uma imigrante que foge da crise na Venezuela, estuda química na Universidade de Nova York - cada um deles é apresentado com muita competência, seguindo dois caminhos: o primeiro, claro, que conta suas histórias de vida e as dificuldades que os levaram até aquele momento e o segundo, foca na forma como eles acreditam poder resolver uma dor do mercado. A jornada de cada um deles funciona como entretenimento, mas falta tempo para unir esses dois caminhos de uma maneira mais profunda - o famoso "CPF com CNPJ". O "contra" se encaixa justamente aí: o lado empreendedor de cada um deles, suas soluções, desafios, perrengues, vitórias, derrotas, pivotadas; tudo isso soa muito superficial, é pouquíssimo explorado - talvez se fosse uma série de 6 episódios, com um episódio para cada personagem e um sexto com a final da competição em si, seria o ideal!

 "A Melhor Ideia" é gostoso de assistir, mesmo sem essa profundidade empreendedora ou discussões mais fundamentadas nas dificuldades e na capacidade de enxergar uma oportunidade em meio ao ambiente que estão inseridos. Criar a expectativa sobre quem vai vencer uma competição importante funciona pela empatia e pela emoção, mas equilibrar uma assunto importante com a razão poderia funcionar muito melhor. O que, de fato, o filme tem de sobra é humanidade e isso é transformador, motivador e provoca reflexões pertinentes com o momento que estamos vivendo. 

 "A Melhor Ideia" é mais um convite para transformarmos o mundo em um lugar melhor e como citou Henry: "Se a oportunidade não bater na sua porta, quebre a parede!"

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A Vastidão da Noite

"A Vastidão da Noite" ("The Vast of Night", título original) é uma ficção científica com toques de filme independente, de baixo orçamento e que se baseia em um conceito narrativo que não vai agradar a todos, mas que resolve, com muita criatividade e talento, as limitações da produção. É claro que quando falamos de um "filme de ETs", nossa maior expectativa gira em torno da maneira como a criatura será apresentada ou nos sustos que ela pode nos causar (basta lembrar de "Sinais"), mas "A Vastidão da Noite" não segue esse caminho e isso, quase sempre, causa uma certa decepção - não foi o meu caso, eu gostei muito do filme. Muito mesmo!

O filme se passa em poucas horas, durante uma noite aparentemente normal, em uma cidade bem do interior no Novo México. Estamos no final dos anos 50, uma época onde a ficção científica domina a TV e o Cinema seguindo as novidades da recém-criada corrida espacial e da rivalidade entre americanos e russos. Dois adolescentes, a telefonista Fay (Sierra McCormick) e o apresentador de um programa da rádio local, Everett (Jake Horowitz), percebem uma misteriosa interferência no rádio. Os sons, quase indecifráveis, desencadeiam para uma série de situações bastante curiosas que os levam a crer que algo fantástico está acontecendo na cidade enquanto todo o resto da população está no ginásio de uma escola assistindo um jogo de basquete colegial. Confira o trailer (em inglês):

"A Vastidão da Noite" é o primeiro projeto para o cinema do diretor e roteirista Andrew Patterson. Patterson rodou todo o filme em apenas 17 dias, com seu próprio investimento, o que só valoriza ainda mais o resultado que vemos na tela - a sensação é de estarmos ouvindo histórias sobre alienígenas de várias pessoas que garantem ser testemunhas dessas incríveis experiências. Muitos podem dizer que essa estrutura transforma o filme em verborrágico demais ou que falta ação e suspense dá sono - e de fato essas escolhas do diretor estão muito presentes na narrativa, mas de modo algum isso atrapalha a experiência de quem gosta do assunto e do gênero raiz.

Olha, vale muito a pena, mas, por favor, não esperem algo hollywoodiano, ok?

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o seu roteiro. Ele pode parecer muito denso, já que os diálogos dominam as cenas e isso deve causar um certo estranhamento inicial. Como os planos são muito longos, a câmera quase não se mexe enquanto um personagem conta (ou está ouvindo) uma história, enquanto nas cenas onde eles precisam ir para outros pontos da cidade, vemos vários planos-sequência muito bem realizados - a sensação é que estamos acompanhando aquela jornada em tempo real. O fato de Patterson imprimir uma linguagem extremamente autoral só beneficia a forma como ele resolveu alguns planos bastante complexos - sua edição (sim, foi ele quem editou o filme) colabora com essa frequente sensação de urgência dos protagonistas em contraponto aos momentos introspectivos e de reflexão durante os depoimentos dos coadjuvantes. Outro recurso interessante é a forma como Patterson nos faz acreditar em uma situação especifica e rapidamente nos sugere que essa mesma situação pode não passar de uma mera ficção ou de uma fantasia de um programa de TV - em muitos momentos ele deixa a tela completamente preta, ouvimos apenas a voz ou efeitos sonoros e isso basta para nos provocar e criar uma atmosfera de mistério absurdo, em outros ele transfere a imagem do filme para dentro de um aparelho de TV e assim vai transitando entre os dois mundos. O fato é que durante essas pausas dramáticas, existe uma sensação de que alguma coisa muito séria está prestes a acontecer e isso nos acompanha durante todo o filme, reparem!

As referências de "A Guerra dos Mundos" vai de Orson Welles em 1938 à Steven Spielberg de 20015. Algumas cenas nos remetem ao clássico "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" - tudo isso serve como uma homenagem bastante respeitosa ao gênero! "A Vastidão da Noite" é muito bem dirigida em todos os sentidos, trás muito de Paul Thomas Anderson, mas também referencia a inventividade de M. Night Shyamalan ou dinâmica de J.J. Abrams. A fotografia do chileno M.I. Littin-Menz e a trilha sonora de Erick Alexander e Jared Bulmer só colaboram (e nunca se sobressaem) nessa construção tão particular de Patterson - é como se tudo fizesse sentido por ser do tamanho que é e com as peças que ele tem (como vemos muito em curtas-metragens).

 "A Vastidão da Noite" é uma ficção cientifica nostálgica e imperdível para quem cresceu assistindo os filmes de Spielberg e acreditando que existem muitas histórias fantásticas para se contar sem necessariamente de encher o filme com tecnologia, Computação Gráfica e o escambau, onde o fator humano e o ato de dividir uma experiência (seja ela verdadeira ou não) já é o suficiente para nos fazer viajar com a imaginação - e digo mais: o final do filme comprova justamente isso!

Vale muito seu play!

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"A Vastidão da Noite" ("The Vast of Night", título original) é uma ficção científica com toques de filme independente, de baixo orçamento e que se baseia em um conceito narrativo que não vai agradar a todos, mas que resolve, com muita criatividade e talento, as limitações da produção. É claro que quando falamos de um "filme de ETs", nossa maior expectativa gira em torno da maneira como a criatura será apresentada ou nos sustos que ela pode nos causar (basta lembrar de "Sinais"), mas "A Vastidão da Noite" não segue esse caminho e isso, quase sempre, causa uma certa decepção - não foi o meu caso, eu gostei muito do filme. Muito mesmo!

O filme se passa em poucas horas, durante uma noite aparentemente normal, em uma cidade bem do interior no Novo México. Estamos no final dos anos 50, uma época onde a ficção científica domina a TV e o Cinema seguindo as novidades da recém-criada corrida espacial e da rivalidade entre americanos e russos. Dois adolescentes, a telefonista Fay (Sierra McCormick) e o apresentador de um programa da rádio local, Everett (Jake Horowitz), percebem uma misteriosa interferência no rádio. Os sons, quase indecifráveis, desencadeiam para uma série de situações bastante curiosas que os levam a crer que algo fantástico está acontecendo na cidade enquanto todo o resto da população está no ginásio de uma escola assistindo um jogo de basquete colegial. Confira o trailer (em inglês):

"A Vastidão da Noite" é o primeiro projeto para o cinema do diretor e roteirista Andrew Patterson. Patterson rodou todo o filme em apenas 17 dias, com seu próprio investimento, o que só valoriza ainda mais o resultado que vemos na tela - a sensação é de estarmos ouvindo histórias sobre alienígenas de várias pessoas que garantem ser testemunhas dessas incríveis experiências. Muitos podem dizer que essa estrutura transforma o filme em verborrágico demais ou que falta ação e suspense dá sono - e de fato essas escolhas do diretor estão muito presentes na narrativa, mas de modo algum isso atrapalha a experiência de quem gosta do assunto e do gênero raiz.

Olha, vale muito a pena, mas, por favor, não esperem algo hollywoodiano, ok?

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o seu roteiro. Ele pode parecer muito denso, já que os diálogos dominam as cenas e isso deve causar um certo estranhamento inicial. Como os planos são muito longos, a câmera quase não se mexe enquanto um personagem conta (ou está ouvindo) uma história, enquanto nas cenas onde eles precisam ir para outros pontos da cidade, vemos vários planos-sequência muito bem realizados - a sensação é que estamos acompanhando aquela jornada em tempo real. O fato de Patterson imprimir uma linguagem extremamente autoral só beneficia a forma como ele resolveu alguns planos bastante complexos - sua edição (sim, foi ele quem editou o filme) colabora com essa frequente sensação de urgência dos protagonistas em contraponto aos momentos introspectivos e de reflexão durante os depoimentos dos coadjuvantes. Outro recurso interessante é a forma como Patterson nos faz acreditar em uma situação especifica e rapidamente nos sugere que essa mesma situação pode não passar de uma mera ficção ou de uma fantasia de um programa de TV - em muitos momentos ele deixa a tela completamente preta, ouvimos apenas a voz ou efeitos sonoros e isso basta para nos provocar e criar uma atmosfera de mistério absurdo, em outros ele transfere a imagem do filme para dentro de um aparelho de TV e assim vai transitando entre os dois mundos. O fato é que durante essas pausas dramáticas, existe uma sensação de que alguma coisa muito séria está prestes a acontecer e isso nos acompanha durante todo o filme, reparem!

As referências de "A Guerra dos Mundos" vai de Orson Welles em 1938 à Steven Spielberg de 20015. Algumas cenas nos remetem ao clássico "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" - tudo isso serve como uma homenagem bastante respeitosa ao gênero! "A Vastidão da Noite" é muito bem dirigida em todos os sentidos, trás muito de Paul Thomas Anderson, mas também referencia a inventividade de M. Night Shyamalan ou dinâmica de J.J. Abrams. A fotografia do chileno M.I. Littin-Menz e a trilha sonora de Erick Alexander e Jared Bulmer só colaboram (e nunca se sobressaem) nessa construção tão particular de Patterson - é como se tudo fizesse sentido por ser do tamanho que é e com as peças que ele tem (como vemos muito em curtas-metragens).

 "A Vastidão da Noite" é uma ficção cientifica nostálgica e imperdível para quem cresceu assistindo os filmes de Spielberg e acreditando que existem muitas histórias fantásticas para se contar sem necessariamente de encher o filme com tecnologia, Computação Gráfica e o escambau, onde o fator humano e o ato de dividir uma experiência (seja ela verdadeira ou não) já é o suficiente para nos fazer viajar com a imaginação - e digo mais: o final do filme comprova justamente isso!

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A Vida Depois

"A Vida Depois" machuca pela imprevisibilidade e por dar a exata noção de como não temos controle, muito menos certeza do que pode acontecer com quem amamos. A profundidade da discussão deixa claro nos primeiros minutos que não se trata de um filme dinâmico, mas certamente é um mergulho dos mais interessantes no universo de alguns adolescentes que sofreram um enorme trauma e precisam continuar seu caminho como se esse impacto fosse "apenas" passageiro.

"The Fallout" (no original) acompanha a colegial Vada (Jenna Ortega) em sua jornada por uma difícil crise emocional após vivenciar uma tragédia escolar. Seu relacionamento com família e amigos, assim como sua visão do mundo, são alterados para sempre e ela precisa aprender a lidar com isso antes que seja tarde. Confira o trailer:

Vencedor dos dois principais prêmios no SXSW Film Festival de 2021 (Melhor Filme pelo Júri e pela Audiência), "A Vida Depois" é intenso, marcante e extremamente introspectivo - e se você já tiver filhos, a experiência será ainda mais reflexiva. Muito bem conduzido pela atriz canadense e agora diretora Megan Park, o filme tem um cuidado e uma sensibilidade para tocar em assuntos delicados, mas que ao mesmo tempo são necessários para que a trama ganhe força. Se no prólogo, Park sugestiona uma situação de maneira criativa e corajosa, em inúmeras outras cenas ela faz questão de focar apenas no impacto emocional da personagem e, claro, nos reflexos dessas atitudes na relação com sua família e com amigos. Veja, Park não floreia, mas também não perde a mão - tudo é muito mais interiorizado do que exposto, mesmo que o imediatismo esteja ali.

Essas escolhas conceituais da diretora deixam o filme bastante cadenciado. Ao lado da fotógrafa e estreante na função, Kristen Correll, Park faz a câmera praticamente flutuar nos pensamentos de Vada, usando e abusando de planos fechados de extremo bom gosto. Apoiada em uma trilha sonora belíssima, muitas vezes tive a impressão de estar assistido a um dos bons episódios de "Euphoria" - a própria  Jenna Ortega parece seguir os passos de Zendaya, e entrega uma performance segura, madura e muito inspirada. Aliás, todo o elenco funciona muito bem e aqui eu destaco uma linda cena entre Vada e seu pai Carlos Cavell (John Ortiz) onde ambos gritam seus sentimentos em um local reservado como se ali fosse uma espécie de rito, de recomeço, de reconexão, mas, principalmente, de amor - a cena é emocionante e muito sincera.

"A Vida Depois" sofre com a pressa de ter que estabelecer o caos emocional da protagonista, deixando de lado ótimas histórias e muitas possibilidade de identificação com a audiência (a relação com a irmã e com a mãe são só dois exemplos) - o que, certamente, em uma série ou minissérie só engrandeceria a trama. O filme tem o mérito de ser simples ao mesmo tempo em que é eficiente no que se propõe: discutir os efeitos impensáveis de um profundo trauma na cabeça (e na vida) de um adolescente. Embora a abordagem seja, de fato, cuidadosa, a forma como o silêncio é trabalhado dá o exato tom da seriedade e densidade do assunto - talvez tenha faltado um pouco mais de coragem para o arco de Mia Reed (Maddie Ziegler), cúmplice e amiga de Vada, mas com aquele final, tudo passou a fazer muito sentido - principalmente no que diz respeito as marcas e as consequências de uma realidade que não pede licença para acontecer.

Vale muito seu play!

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"A Vida Depois" machuca pela imprevisibilidade e por dar a exata noção de como não temos controle, muito menos certeza do que pode acontecer com quem amamos. A profundidade da discussão deixa claro nos primeiros minutos que não se trata de um filme dinâmico, mas certamente é um mergulho dos mais interessantes no universo de alguns adolescentes que sofreram um enorme trauma e precisam continuar seu caminho como se esse impacto fosse "apenas" passageiro.

"The Fallout" (no original) acompanha a colegial Vada (Jenna Ortega) em sua jornada por uma difícil crise emocional após vivenciar uma tragédia escolar. Seu relacionamento com família e amigos, assim como sua visão do mundo, são alterados para sempre e ela precisa aprender a lidar com isso antes que seja tarde. Confira o trailer:

Vencedor dos dois principais prêmios no SXSW Film Festival de 2021 (Melhor Filme pelo Júri e pela Audiência), "A Vida Depois" é intenso, marcante e extremamente introspectivo - e se você já tiver filhos, a experiência será ainda mais reflexiva. Muito bem conduzido pela atriz canadense e agora diretora Megan Park, o filme tem um cuidado e uma sensibilidade para tocar em assuntos delicados, mas que ao mesmo tempo são necessários para que a trama ganhe força. Se no prólogo, Park sugestiona uma situação de maneira criativa e corajosa, em inúmeras outras cenas ela faz questão de focar apenas no impacto emocional da personagem e, claro, nos reflexos dessas atitudes na relação com sua família e com amigos. Veja, Park não floreia, mas também não perde a mão - tudo é muito mais interiorizado do que exposto, mesmo que o imediatismo esteja ali.

Essas escolhas conceituais da diretora deixam o filme bastante cadenciado. Ao lado da fotógrafa e estreante na função, Kristen Correll, Park faz a câmera praticamente flutuar nos pensamentos de Vada, usando e abusando de planos fechados de extremo bom gosto. Apoiada em uma trilha sonora belíssima, muitas vezes tive a impressão de estar assistido a um dos bons episódios de "Euphoria" - a própria  Jenna Ortega parece seguir os passos de Zendaya, e entrega uma performance segura, madura e muito inspirada. Aliás, todo o elenco funciona muito bem e aqui eu destaco uma linda cena entre Vada e seu pai Carlos Cavell (John Ortiz) onde ambos gritam seus sentimentos em um local reservado como se ali fosse uma espécie de rito, de recomeço, de reconexão, mas, principalmente, de amor - a cena é emocionante e muito sincera.

"A Vida Depois" sofre com a pressa de ter que estabelecer o caos emocional da protagonista, deixando de lado ótimas histórias e muitas possibilidade de identificação com a audiência (a relação com a irmã e com a mãe são só dois exemplos) - o que, certamente, em uma série ou minissérie só engrandeceria a trama. O filme tem o mérito de ser simples ao mesmo tempo em que é eficiente no que se propõe: discutir os efeitos impensáveis de um profundo trauma na cabeça (e na vida) de um adolescente. Embora a abordagem seja, de fato, cuidadosa, a forma como o silêncio é trabalhado dá o exato tom da seriedade e densidade do assunto - talvez tenha faltado um pouco mais de coragem para o arco de Mia Reed (Maddie Ziegler), cúmplice e amiga de Vada, mas com aquele final, tudo passou a fazer muito sentido - principalmente no que diz respeito as marcas e as consequências de uma realidade que não pede licença para acontecer.

Vale muito seu play!

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Alpha Dog

Alpha Dog

Por que "raios" eu não assisti esse filme antes? Provavelmente você vai se fazer a mesma pergunta assim que os créditos de "Alpha Dog" subirem - pode acreditar! Dirigido pelo experiente Nick Cassavetes (de "Um Ato de Coragem"), esse filme de 2006 é uma montanha-russa emocional que nos leva para uma jornada pelo submundo juvenil do final dos anos 90 na Califórnia para discutir como algumas decisões erradas resultam em consequências irreversíveis. Aqui temos uma narrativa tão intensa quanto algumas referências mais contemporâneas como "Breaking Bad", por exemplo, no entanto a habilidade de Cassavetes em capturar a complexidade das relações entre os personagens já naquela época, é de se aplaudir de pé. Embora não tenha recebido o reconhecimento que merecia, "Alpha Dog" é uma obra que hoje, em época de um true crime atrás do outro, certamente vai ressoar com muito mais propriedade para aqueles que buscam um drama real extremamente visceral. Se você gostou de filmes como "Kids" ou "Ken Park", você encontrará em "Alpha Dog" uma história poderosa e inquietante com o mesmo vigor!

Johnny Truelove (Emile Hirsch) e seus amigos sequestram o irmão de 15 anos de Jake Mazursky (Ben Foster), Zach (Anton Yelchin), como estratégia para fazer com que ele pague uma dívida de drogas. No entanto, ao designar Frankie (Justin Timberlake) para ser o guardião do garoto, as relações acabam se transformando e eles desenvolvem uma amizade quase fraternal, o que coloca todo plano de Truelove em cheque. Porém o crime de sequestro já está configurado, a policia está envolvida, então agora é preciso achar uma forma de sair dessa confusão sem ir direto para cadeia. Assista o trailer (em inglês):

Esse é o tipo do filme que o fato dele ser inspirado em eventos reais, sem dúvida, o coloca em outro patamar - pensar que tudo aquilo foi acontecendo daquela maneira, chega a ser angustiante. Reparem como o roteiro do próprio Cassavetes brinca com o desequilíbrio emocional dos jovens personagens nos convidando para um mergulho nas motivações e dilemas morais de cada um deles como se estivéssemos ao lado de amigos fazendo besteira - lembrando que o filme se passa em 1999, ou seja, quem nunca? A escolha de não retratar os eventos de maneira linear, mas sim através de diferentes perspectivas, acrescenta camadas à narrativa nos desafiando a questionar nossa própria compreensão sobre aqueles acontecimentos. Veja, não será uma ou duas vezes que você vai pensar como tudo aquilo poderia ser resolvido tão facilmente, e vai se irritar por atestar que ninguém é capaz de enxergar isso!

A força de "Alpha Dog" reside não apenas em sua narrativa intrigante, envolvente, provocadora; mas também na maestria técnica e artística com que Cassavetes constrói sua obra. A fotografia de Robert Fraisse (indicado ao Oscar por "O Amante") destaca-se por capturar a atmosfera crua e frenética da vida daqueles jovens que cresceram juntos, cheios de possibilidades, ricos (eu diria), mas que resolveram se envolver com o crime por achar cool. A trilha sonora é um elemento importante para essa geração MTV - no filme ela é repleta de músicas contemporâneas, o que amplifica a energia de um elenco impressionante que vai de Timberlake, passando pelas promissoras Olivia Wilde e Amanda Seyfried até chegar em uma Sharon Stone na melhor forma - o seu monólogo no terceiro ato, transformada pelos quilos a mais de maquiagem, é impressionante de bom!

"Alpha Dog" não é um filme fácil de ser digerido, mas sua intensidade e complexidade o tornam uma experiência das mais interessantes - essa proposta de transitar pelos meandros do crime e pela amizade entre os jovens que parecem boas pessoas, apenas ingênuos, chega a ser cruel. O roteiro sabe disso e de fato desafia nossos limites emocionais - existe um sentimento de "vai dar ruim" constante que mexe com a gente, por outro lado, ao apresentar uma visão brutal daquela juventude, fica impossível não refletir sobre o quanto as relações familiares impactam na vida dos filhos.

Vale muito o seu play!

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Por que "raios" eu não assisti esse filme antes? Provavelmente você vai se fazer a mesma pergunta assim que os créditos de "Alpha Dog" subirem - pode acreditar! Dirigido pelo experiente Nick Cassavetes (de "Um Ato de Coragem"), esse filme de 2006 é uma montanha-russa emocional que nos leva para uma jornada pelo submundo juvenil do final dos anos 90 na Califórnia para discutir como algumas decisões erradas resultam em consequências irreversíveis. Aqui temos uma narrativa tão intensa quanto algumas referências mais contemporâneas como "Breaking Bad", por exemplo, no entanto a habilidade de Cassavetes em capturar a complexidade das relações entre os personagens já naquela época, é de se aplaudir de pé. Embora não tenha recebido o reconhecimento que merecia, "Alpha Dog" é uma obra que hoje, em época de um true crime atrás do outro, certamente vai ressoar com muito mais propriedade para aqueles que buscam um drama real extremamente visceral. Se você gostou de filmes como "Kids" ou "Ken Park", você encontrará em "Alpha Dog" uma história poderosa e inquietante com o mesmo vigor!

Johnny Truelove (Emile Hirsch) e seus amigos sequestram o irmão de 15 anos de Jake Mazursky (Ben Foster), Zach (Anton Yelchin), como estratégia para fazer com que ele pague uma dívida de drogas. No entanto, ao designar Frankie (Justin Timberlake) para ser o guardião do garoto, as relações acabam se transformando e eles desenvolvem uma amizade quase fraternal, o que coloca todo plano de Truelove em cheque. Porém o crime de sequestro já está configurado, a policia está envolvida, então agora é preciso achar uma forma de sair dessa confusão sem ir direto para cadeia. Assista o trailer (em inglês):

Esse é o tipo do filme que o fato dele ser inspirado em eventos reais, sem dúvida, o coloca em outro patamar - pensar que tudo aquilo foi acontecendo daquela maneira, chega a ser angustiante. Reparem como o roteiro do próprio Cassavetes brinca com o desequilíbrio emocional dos jovens personagens nos convidando para um mergulho nas motivações e dilemas morais de cada um deles como se estivéssemos ao lado de amigos fazendo besteira - lembrando que o filme se passa em 1999, ou seja, quem nunca? A escolha de não retratar os eventos de maneira linear, mas sim através de diferentes perspectivas, acrescenta camadas à narrativa nos desafiando a questionar nossa própria compreensão sobre aqueles acontecimentos. Veja, não será uma ou duas vezes que você vai pensar como tudo aquilo poderia ser resolvido tão facilmente, e vai se irritar por atestar que ninguém é capaz de enxergar isso!

A força de "Alpha Dog" reside não apenas em sua narrativa intrigante, envolvente, provocadora; mas também na maestria técnica e artística com que Cassavetes constrói sua obra. A fotografia de Robert Fraisse (indicado ao Oscar por "O Amante") destaca-se por capturar a atmosfera crua e frenética da vida daqueles jovens que cresceram juntos, cheios de possibilidades, ricos (eu diria), mas que resolveram se envolver com o crime por achar cool. A trilha sonora é um elemento importante para essa geração MTV - no filme ela é repleta de músicas contemporâneas, o que amplifica a energia de um elenco impressionante que vai de Timberlake, passando pelas promissoras Olivia Wilde e Amanda Seyfried até chegar em uma Sharon Stone na melhor forma - o seu monólogo no terceiro ato, transformada pelos quilos a mais de maquiagem, é impressionante de bom!

"Alpha Dog" não é um filme fácil de ser digerido, mas sua intensidade e complexidade o tornam uma experiência das mais interessantes - essa proposta de transitar pelos meandros do crime e pela amizade entre os jovens que parecem boas pessoas, apenas ingênuos, chega a ser cruel. O roteiro sabe disso e de fato desafia nossos limites emocionais - existe um sentimento de "vai dar ruim" constante que mexe com a gente, por outro lado, ao apresentar uma visão brutal daquela juventude, fica impossível não refletir sobre o quanto as relações familiares impactam na vida dos filhos.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Amar

Gostei do Filme! Um pouco diferente do cinema espanhol que venho acompanhando ultimamente, mas não deixa de ser uma ótima surpresa.

"Amar" acompanha a história de amor que Laura (María Pedraza) e Carlos (Pol Monen) vivenciam: desde sua intensidade até a natural fragilidade do primeiro amor e como eles enxergam a realidade quando se sentem abalados pelas dificuldades naturais de uma relação e sentem que todo romantismo que idealizaram não passou de uma fase! Confira o trailer (em espanhol):

Antes de mais nada é preciso dizer que "Amar" é muito bem dirigido pelo Esteban Crespo, embora seja seu primeiro longa-metragem. O filme dialoga com alguns dramas adolescentes como sexualidade, descobertas, inseguranças, sonhos e decepções; mas sem se fazer piegas. Não é um grande roteiro, mas a forma como o diretor levou a narrativa, provocando os atores, trabalhando com as lentes mais fechadas nos momentos mais introspectivos, mas enquadrando a cidade ora em segundo plano como um pano de fundo completamente desfocado e colorido, ora como um personagem com uso das grandes angulares, para estabelecer todo aquele universo underground europeu - o resultado desse apuro estético é um filme, para mim, bastante maduro e merecedor de todos os elogios que recebeu - além de uma indicação para o Goya (Oscar Espanhol) para Pol Monen.

Um filme de relações adolescentes muito bem realizado. Vale o play como entretenimento, mas com uma pegada de cinema independente!

Assista Agora

Gostei do Filme! Um pouco diferente do cinema espanhol que venho acompanhando ultimamente, mas não deixa de ser uma ótima surpresa.

"Amar" acompanha a história de amor que Laura (María Pedraza) e Carlos (Pol Monen) vivenciam: desde sua intensidade até a natural fragilidade do primeiro amor e como eles enxergam a realidade quando se sentem abalados pelas dificuldades naturais de uma relação e sentem que todo romantismo que idealizaram não passou de uma fase! Confira o trailer (em espanhol):

Antes de mais nada é preciso dizer que "Amar" é muito bem dirigido pelo Esteban Crespo, embora seja seu primeiro longa-metragem. O filme dialoga com alguns dramas adolescentes como sexualidade, descobertas, inseguranças, sonhos e decepções; mas sem se fazer piegas. Não é um grande roteiro, mas a forma como o diretor levou a narrativa, provocando os atores, trabalhando com as lentes mais fechadas nos momentos mais introspectivos, mas enquadrando a cidade ora em segundo plano como um pano de fundo completamente desfocado e colorido, ora como um personagem com uso das grandes angulares, para estabelecer todo aquele universo underground europeu - o resultado desse apuro estético é um filme, para mim, bastante maduro e merecedor de todos os elogios que recebeu - além de uma indicação para o Goya (Oscar Espanhol) para Pol Monen.

Um filme de relações adolescentes muito bem realizado. Vale o play como entretenimento, mas com uma pegada de cinema independente!

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Amor, Drogas e Nova York

"Amor, Drogas e Nova York" é um soco no estômago! Esse drama é tão intenso e visceral quanto "Eu, Christiane F." sem a menor dúvida - o que justifica meu aviso: só assista o filme se estiver preparado para enfrentar uma realidade quase documental de tão perturbadora! O filme dirigido pelos irmãos Safdie (Jóias Brutas) acompanha a relação doentia entre Harley (Arielle Holmes) e Ilya (Caleb Landry Jones), dois jovens "sem teto" que vivem em Nova York perambulando de um lado para o outro em busca de alguns trocados para poder comprar e consumir heroína.

Pesado? Então saiba que "Amor, Drogas e Nova York" é baseado no livro autobiográfico (Mad Love in New York Cityde Arielle Holmes - isso mesmo, a atriz que interpreta a protagonista, revive em cena os eventos mais marcantes de uma época da sua vida em que flertava com a morte a cada instante! Isso pode até explicar o trabalho sensacional de Holmes, mas, sinceramente, os irmãos Safdie dão uma aula de direção ao nos colocar ao lado dos personagens como poucas vezes vemos - vou analisar mais a fundo esse trabalho abaixo, mas adianto: é impressionante! Se você, como eu, gostou de "Euphoria" da HBO, não deixe de dar o play, mas saiba que estamos falando uma obra alguns degraus acima, não apenas na forma, mas também no conteúdo!

O roteiro de "Amor, Drogas e Nova York" trás a dor de uma personagem perdida, dependente e, principalmente, solitária. Embora a relação com a heroína seja o ponto mais marcante ou até impactante para quem assiste, o filme tem um mood de solidão que incomoda na alma. Ter Nova York como cenário só potencializa essa sensação e a forma como algumas situações são enquadradas trazem um realismo absurdo - não raro, os personagens discutem, gritam, se agridem no meio da rua, completamente alterados pela droga, e as pessoas ao redor se relacionam com aquela cena de uma forma muito natural (ou pelo menos tentando ser muito natural). Reparem! O sofrimento dos personagens (de todos) é outro ponto crucial no filme: ele está estampado em olhos completamente perdidos e os diretores fazem questão de amplificar essa percepção com lentes bem fechadas, 85mm, em closes belíssimos, mas muito cruéis! A câmera mais solta, ajuda na sensação de desordem, de caos, e a fotografia do americano Sean Price Williams, vencedor no Tribeca Film Festival de 2016 com "Contemporary Color", tem o mérito dessa organicidade. 

Ver a forma como Harley está inserida no meio do tráfico, em um universo de mendicância, de pequenos furtos, de pouco dinheiro e de nomadismo, impressiona até aquele que parece estar mais preparado - chega a ser cruel (e vemos isso todos os dias e nem nos damos conta no que está por trás daquela condição). Nesse cenário desolador ainda tem o "amor" entre os protagonistas, pautado no abuso psicológico e fisico, e isso, meu amigo, é só a ponta do iceberg para completar a escolha de não romantizar aquela situação e muito menos as escolhas absurdas que eles próprios fazem, em todo momento! O mérito de tanto impacto visual imposto pelos irmãos Safdie só tem sentido pelo sensacional trabalho do elenco e aí eu tenho que reforçar: todos os atores, sejam eles os mais desconhecidos, estão impecáveis. Além de Arielle Holmes e Caleb Landry Jones, eu ainda destaco, Buddy Duress (Mike) e Necro (Skully).

"Amor, Drogas e Nova York" venceu o prêmio da crítica no Festival de Veneza em 2014 e, mesmo cruel, teve o mérito de trazer um assunto delicado, mas sem maquiagem, que choca ao mesmo tempo em que emociona. Como se não existisse a necessidade de explicar a razão pela qual tudo aquilo está acontecendo, a verdade é que aquilo é a verdade e por isso incomoda tanto. É um belíssimo filme, embora não seja para todos, eu diria que é imperdível se você gostar de uma pegada mais independente, com um nível técnico e artístico acima da média!

Assista Agora

"Amor, Drogas e Nova York" é um soco no estômago! Esse drama é tão intenso e visceral quanto "Eu, Christiane F." sem a menor dúvida - o que justifica meu aviso: só assista o filme se estiver preparado para enfrentar uma realidade quase documental de tão perturbadora! O filme dirigido pelos irmãos Safdie (Jóias Brutas) acompanha a relação doentia entre Harley (Arielle Holmes) e Ilya (Caleb Landry Jones), dois jovens "sem teto" que vivem em Nova York perambulando de um lado para o outro em busca de alguns trocados para poder comprar e consumir heroína.

Pesado? Então saiba que "Amor, Drogas e Nova York" é baseado no livro autobiográfico (Mad Love in New York Cityde Arielle Holmes - isso mesmo, a atriz que interpreta a protagonista, revive em cena os eventos mais marcantes de uma época da sua vida em que flertava com a morte a cada instante! Isso pode até explicar o trabalho sensacional de Holmes, mas, sinceramente, os irmãos Safdie dão uma aula de direção ao nos colocar ao lado dos personagens como poucas vezes vemos - vou analisar mais a fundo esse trabalho abaixo, mas adianto: é impressionante! Se você, como eu, gostou de "Euphoria" da HBO, não deixe de dar o play, mas saiba que estamos falando uma obra alguns degraus acima, não apenas na forma, mas também no conteúdo!

O roteiro de "Amor, Drogas e Nova York" trás a dor de uma personagem perdida, dependente e, principalmente, solitária. Embora a relação com a heroína seja o ponto mais marcante ou até impactante para quem assiste, o filme tem um mood de solidão que incomoda na alma. Ter Nova York como cenário só potencializa essa sensação e a forma como algumas situações são enquadradas trazem um realismo absurdo - não raro, os personagens discutem, gritam, se agridem no meio da rua, completamente alterados pela droga, e as pessoas ao redor se relacionam com aquela cena de uma forma muito natural (ou pelo menos tentando ser muito natural). Reparem! O sofrimento dos personagens (de todos) é outro ponto crucial no filme: ele está estampado em olhos completamente perdidos e os diretores fazem questão de amplificar essa percepção com lentes bem fechadas, 85mm, em closes belíssimos, mas muito cruéis! A câmera mais solta, ajuda na sensação de desordem, de caos, e a fotografia do americano Sean Price Williams, vencedor no Tribeca Film Festival de 2016 com "Contemporary Color", tem o mérito dessa organicidade. 

Ver a forma como Harley está inserida no meio do tráfico, em um universo de mendicância, de pequenos furtos, de pouco dinheiro e de nomadismo, impressiona até aquele que parece estar mais preparado - chega a ser cruel (e vemos isso todos os dias e nem nos damos conta no que está por trás daquela condição). Nesse cenário desolador ainda tem o "amor" entre os protagonistas, pautado no abuso psicológico e fisico, e isso, meu amigo, é só a ponta do iceberg para completar a escolha de não romantizar aquela situação e muito menos as escolhas absurdas que eles próprios fazem, em todo momento! O mérito de tanto impacto visual imposto pelos irmãos Safdie só tem sentido pelo sensacional trabalho do elenco e aí eu tenho que reforçar: todos os atores, sejam eles os mais desconhecidos, estão impecáveis. Além de Arielle Holmes e Caleb Landry Jones, eu ainda destaco, Buddy Duress (Mike) e Necro (Skully).

"Amor, Drogas e Nova York" venceu o prêmio da crítica no Festival de Veneza em 2014 e, mesmo cruel, teve o mérito de trazer um assunto delicado, mas sem maquiagem, que choca ao mesmo tempo em que emociona. Como se não existisse a necessidade de explicar a razão pela qual tudo aquilo está acontecendo, a verdade é que aquilo é a verdade e por isso incomoda tanto. É um belíssimo filme, embora não seja para todos, eu diria que é imperdível se você gostar de uma pegada mais independente, com um nível técnico e artístico acima da média!

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Areia Movediça

Desde o primeiro trailer de "Areia Movediça" algo me chamou muito a atenção, embora o "mistério" desse o tom daquela narrativa. Uma minissérie original sueca, produzida pela Netflix, com 6 episódios de 40 minutos cada, baseada em um best-seller, certamente viria com muito potencial!!! O livro de autor Malin Persson Giolito foi publicado em mais de 20 países e foi eleito o melhor romance nórdico de crimes de 2016. Depois de tudo que eu vi e li sobre a minissérie, eu só precisava confirmar se minhas expectativas iriam se comprovar e, posso te garantir: de fato, a história é muito interessante, envolvente e misteriosa! Típico projeto que tem tudo para agradar, mas as pessoas ainda precisam descobrir a enorme qualidade da produção sueca e tudo que envolve essa história.

Então vamos lá: a história é contada em duas linhas temporais diferentes. No presente Maja Norberg, uma jovem e linda estudante pré-vestibular, é acusada de matar seus colegas de escola à tiros, em plena sala de aula. No passado recente, vemos a mesma personagem envolvida com os estudos, se relacionando com a família e com os amigos da melhor forma possível, até que conhece o jovem Sebastian Fagerman - um garoto educado, bem nascido e apaixonado por ela. A primeira dúvida que surge é: como uma jovem tão educada e amorosa foi capaz de matar seus colegas de classe com tanto sangue frio?

Olha, é impossível não se envolver com a história logo de cara, pois "Areia Movediça" trás elementos de dois outros grandes sucessos da Netflix "The Sinner" e "13 Reasons Why"!!! A minissérie transita muito bem no universo dos jovens ao mesmo tempo que trás o mistério da transformação humana e as razões que nos fariam cometer loucuras. Me lembrou quando assisti "Breaking Bad" pela primeira vez - não entendia como um cara como Walter White poderia se transformar em um assassino (ou um traficante) como Heisenberg. Se "Areia Movediça" não tem a genialidade (e profundidade) de "Breaking Bad", merece elogios pela coragem de tocar em assuntos delicados como tiroteio nas escolas, estupro, relacionamento abusivo em vários níveis e o uso de drogas. Tenha em mente que, como o bom cinema sueco exige, é preciso ter estômago!

A Produção é excelente. As locações na Suécia e na França são incríveis. A minissérie é muito bem fotografada, muito bem dirigida e os atores que interpretam a Maja Norberg e o Sebastian Fagerman, respectivamente Hanna Ardéhn e Felix Sandman, dão um verdadeiro show: a maneira como eles vão se desconstruindo durante os episódios vale o "ingresso"! Em muitos momentos o diretor Per-Olav Sørensen usa de técnicas documentais para humanizar ainda mais as situações. Com as câmeras mais soltas e um trabalho genial com o zoom, o diretor trás uma realidade muito interessante para essa ficção que nos faz refletir se aquilo tudo não foi baseado em fatos reais... Poderia!!! 

"Areia Movediça" é um ótima surpresa que ainda não caiu nas graças da audiência por puro desconhecimento, pois é impossível não se relacionar com todas as situações que o roteiro propõe!!! Vale muito o play!!!!

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Desde o primeiro trailer de "Areia Movediça" algo me chamou muito a atenção, embora o "mistério" desse o tom daquela narrativa. Uma minissérie original sueca, produzida pela Netflix, com 6 episódios de 40 minutos cada, baseada em um best-seller, certamente viria com muito potencial!!! O livro de autor Malin Persson Giolito foi publicado em mais de 20 países e foi eleito o melhor romance nórdico de crimes de 2016. Depois de tudo que eu vi e li sobre a minissérie, eu só precisava confirmar se minhas expectativas iriam se comprovar e, posso te garantir: de fato, a história é muito interessante, envolvente e misteriosa! Típico projeto que tem tudo para agradar, mas as pessoas ainda precisam descobrir a enorme qualidade da produção sueca e tudo que envolve essa história.

Então vamos lá: a história é contada em duas linhas temporais diferentes. No presente Maja Norberg, uma jovem e linda estudante pré-vestibular, é acusada de matar seus colegas de escola à tiros, em plena sala de aula. No passado recente, vemos a mesma personagem envolvida com os estudos, se relacionando com a família e com os amigos da melhor forma possível, até que conhece o jovem Sebastian Fagerman - um garoto educado, bem nascido e apaixonado por ela. A primeira dúvida que surge é: como uma jovem tão educada e amorosa foi capaz de matar seus colegas de classe com tanto sangue frio?

Olha, é impossível não se envolver com a história logo de cara, pois "Areia Movediça" trás elementos de dois outros grandes sucessos da Netflix "The Sinner" e "13 Reasons Why"!!! A minissérie transita muito bem no universo dos jovens ao mesmo tempo que trás o mistério da transformação humana e as razões que nos fariam cometer loucuras. Me lembrou quando assisti "Breaking Bad" pela primeira vez - não entendia como um cara como Walter White poderia se transformar em um assassino (ou um traficante) como Heisenberg. Se "Areia Movediça" não tem a genialidade (e profundidade) de "Breaking Bad", merece elogios pela coragem de tocar em assuntos delicados como tiroteio nas escolas, estupro, relacionamento abusivo em vários níveis e o uso de drogas. Tenha em mente que, como o bom cinema sueco exige, é preciso ter estômago!

A Produção é excelente. As locações na Suécia e na França são incríveis. A minissérie é muito bem fotografada, muito bem dirigida e os atores que interpretam a Maja Norberg e o Sebastian Fagerman, respectivamente Hanna Ardéhn e Felix Sandman, dão um verdadeiro show: a maneira como eles vão se desconstruindo durante os episódios vale o "ingresso"! Em muitos momentos o diretor Per-Olav Sørensen usa de técnicas documentais para humanizar ainda mais as situações. Com as câmeras mais soltas e um trabalho genial com o zoom, o diretor trás uma realidade muito interessante para essa ficção que nos faz refletir se aquilo tudo não foi baseado em fatos reais... Poderia!!! 

"Areia Movediça" é um ótima surpresa que ainda não caiu nas graças da audiência por puro desconhecimento, pois é impossível não se relacionar com todas as situações que o roteiro propõe!!! Vale muito o play!!!!

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As Vantagens de Ser Invisível

A adolescência é a fase mais complicada e difícil na vida de uma pessoa. Nesta época passamos por um turbilhão de mudanças - psicológicas, hormonais, sociais e comportamentais - que irão moldar o nosso caráter e definir o nosso lugar no mundo! “As Vantagens de Ser Invisível" aborda este universo de maneira simples e, ao mesmo tempo, profunda. Lida, principalmente, com dois problemas muito sérios que afligem a juventude: a depressão e o suicídio. Apesar dos temas pesados, há uma leveza na condução do enredo que torna a experiência de acompanhar a história muito prazerosa.

A trama é ambientada nos anos 90 e apresenta muitas referências literárias e musicais da época, o que garante um charme especial à produção. O protagonista é Charlie (Logan Lerman), um jovem retraído que possui bastante dificuldade em fazer novas amizades. Tudo muda, quando ele conhece dois veteranos, a descolada Sam (Emma Watson) e seu meio-irmão Patrick (Ezra Miller), que o ajudam a viver novas experiências. Embora esteja feliz nessa nova fase, Charlie possui traumas do passado que o impedem de seguir a sua vida de maneira plena e saudável. Confira o trailer:

Dirigido por Stephen Chbosky (de "Extraordinário"), fica fácil perceber a razão de todos os personagens serem bastante reais e cativantes - a ponto de você se identificar com as suas histórias e questões emocionais. E o enredo vai mais longe, apresentando ainda outros temas importantes, como virgindade, drogas, violência contra a mulher, bullying, assédio de menores e homofobia. Destaco ainda o excelente roteiro (do próprio Chbosky) e o ótimo trabalho do elenco jovem, em especial da atriz Emma Watson que está não menos que perfeita!

Por fim, preciso confessar que The Perks of Being a Wallflower (no original) foi uma surpresa muito agradável. Gostei tanto, que a produção entra fácil numa lista com as melhores produções sobre os dramas da juventude. Portanto, recomendo que não deixem de assistir, principalmente se você gosta deste universo teen, mas está cansado de produções que retratam os jovens de maneira rasa e sem conteúdo.

Aliás, “As Vantagens de Ser Invisível" recebeu mais de 50 indicações e recebeu inúmeros prêmios em festivais de cinema como "Film Independent Spirit Awards", "Hollywood Film Awards" e até no "People's Choice Awards" de 2013.

Vale muito o seu play!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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A adolescência é a fase mais complicada e difícil na vida de uma pessoa. Nesta época passamos por um turbilhão de mudanças - psicológicas, hormonais, sociais e comportamentais - que irão moldar o nosso caráter e definir o nosso lugar no mundo! “As Vantagens de Ser Invisível" aborda este universo de maneira simples e, ao mesmo tempo, profunda. Lida, principalmente, com dois problemas muito sérios que afligem a juventude: a depressão e o suicídio. Apesar dos temas pesados, há uma leveza na condução do enredo que torna a experiência de acompanhar a história muito prazerosa.

A trama é ambientada nos anos 90 e apresenta muitas referências literárias e musicais da época, o que garante um charme especial à produção. O protagonista é Charlie (Logan Lerman), um jovem retraído que possui bastante dificuldade em fazer novas amizades. Tudo muda, quando ele conhece dois veteranos, a descolada Sam (Emma Watson) e seu meio-irmão Patrick (Ezra Miller), que o ajudam a viver novas experiências. Embora esteja feliz nessa nova fase, Charlie possui traumas do passado que o impedem de seguir a sua vida de maneira plena e saudável. Confira o trailer:

Dirigido por Stephen Chbosky (de "Extraordinário"), fica fácil perceber a razão de todos os personagens serem bastante reais e cativantes - a ponto de você se identificar com as suas histórias e questões emocionais. E o enredo vai mais longe, apresentando ainda outros temas importantes, como virgindade, drogas, violência contra a mulher, bullying, assédio de menores e homofobia. Destaco ainda o excelente roteiro (do próprio Chbosky) e o ótimo trabalho do elenco jovem, em especial da atriz Emma Watson que está não menos que perfeita!

Por fim, preciso confessar que The Perks of Being a Wallflower (no original) foi uma surpresa muito agradável. Gostei tanto, que a produção entra fácil numa lista com as melhores produções sobre os dramas da juventude. Portanto, recomendo que não deixem de assistir, principalmente se você gosta deste universo teen, mas está cansado de produções que retratam os jovens de maneira rasa e sem conteúdo.

Aliás, “As Vantagens de Ser Invisível" recebeu mais de 50 indicações e recebeu inúmeros prêmios em festivais de cinema como "Film Independent Spirit Awards", "Hollywood Film Awards" e até no "People's Choice Awards" de 2013.

Vale muito o seu play!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Atypical

"Atypical" é uma série pequena, mas muito bem estruturada. Ela conta a história de uma família onde o filho mais velho é autista. O interessante (e acho que o mérito maior da série) é que ela aborda temas bem pesados, atitudes e consequências delicadas, mas equilibra essa narrativa com certa leveza - na linha de "Extraordinário"! Ela mostra o problema, pontua com uma trilha excelente, mas depois não fica fazendo drama com assunto, pois cada um dos personagens lidam com suas atitudes de uma forma bem particular e adulta. Confira o trailer:

O protagonista de "Atypical", Sam (Keir Gilchrist) é um típico adolescente americano que está no ensino médio e passando por todos os dilemas da idade - com o diferencial de ser autista! Ao redor dele, além dos estereótipos clássicos que estamos acostumados a encontrar em séries desse tipo, está uma família um pouco confusa e amigos que desconsideram as reais necessidades de Sam. O interessante do roteiro é perceber algumas peculiaridades que, mesmo elevando um pouco o tom das relações, nos aproximam de uma realidade dramática e legítima. Vejam os personagens da mãe (Jennifer Jason Leigh) e do pai (Michael Rapaport) de Sam: eles caminham em jornadas completamente opostas, mesmo tendo o filho como referência - reparem e não se preocupem, o julgamento é justamente proposta pelo texto; mesmo que por empatia!

Outra personagem que merece destaque é a irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) - mesmo que pareça um pouco ignorante de início, ela sabe lidar com Sam como poucas, com o silêncio ou até na gritaria, porém ela personifica seu amor através da compreensão, deixando de lado as relações de uma adolescente que vive os mesmos dilemas do irmão, só que em outra dimensão! O fato é que o roteiro trabalha muito bem essa dualidade, com a simplicidade do dia a dia e o desajuste de uma situação bem particular.

 "Atypical" tem uma trama básica sobre problemas familiares que nos conquista logo de cara - é um ótimo exemplo de um bom drama fantasiado de comédia, que de boba não tem nada! O roteiro não se apoia na pieguice, ele questiona as atitudes de todos os personagens de maneira descontraída e mostra que ser normal é a missão mais complicada de todas, para todos!

Vale muito a pena!

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"Atypical" é uma série pequena, mas muito bem estruturada. Ela conta a história de uma família onde o filho mais velho é autista. O interessante (e acho que o mérito maior da série) é que ela aborda temas bem pesados, atitudes e consequências delicadas, mas equilibra essa narrativa com certa leveza - na linha de "Extraordinário"! Ela mostra o problema, pontua com uma trilha excelente, mas depois não fica fazendo drama com assunto, pois cada um dos personagens lidam com suas atitudes de uma forma bem particular e adulta. Confira o trailer:

O protagonista de "Atypical", Sam (Keir Gilchrist) é um típico adolescente americano que está no ensino médio e passando por todos os dilemas da idade - com o diferencial de ser autista! Ao redor dele, além dos estereótipos clássicos que estamos acostumados a encontrar em séries desse tipo, está uma família um pouco confusa e amigos que desconsideram as reais necessidades de Sam. O interessante do roteiro é perceber algumas peculiaridades que, mesmo elevando um pouco o tom das relações, nos aproximam de uma realidade dramática e legítima. Vejam os personagens da mãe (Jennifer Jason Leigh) e do pai (Michael Rapaport) de Sam: eles caminham em jornadas completamente opostas, mesmo tendo o filho como referência - reparem e não se preocupem, o julgamento é justamente proposta pelo texto; mesmo que por empatia!

Outra personagem que merece destaque é a irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) - mesmo que pareça um pouco ignorante de início, ela sabe lidar com Sam como poucas, com o silêncio ou até na gritaria, porém ela personifica seu amor através da compreensão, deixando de lado as relações de uma adolescente que vive os mesmos dilemas do irmão, só que em outra dimensão! O fato é que o roteiro trabalha muito bem essa dualidade, com a simplicidade do dia a dia e o desajuste de uma situação bem particular.

 "Atypical" tem uma trama básica sobre problemas familiares que nos conquista logo de cara - é um ótimo exemplo de um bom drama fantasiado de comédia, que de boba não tem nada! O roteiro não se apoia na pieguice, ele questiona as atitudes de todos os personagens de maneira descontraída e mostra que ser normal é a missão mais complicada de todas, para todos!

Vale muito a pena!

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Bata antes de Entrar

Angustiante - eu só te digo isso: angustiante!

Sim, o filme sabe como explorar temas como a tentação, a infidelidade e as consequências morais de algumas decisões, digamos, mais impulsivas. O diretor,  Eli Roth ("O Albergue"), de fato, sabe mesmo como criar uma atmosfera de suspense que nos tira da zona de conforto. Porém, também é preciso que se diga, que o filme não será uma unanimidade, já que o roteiro tem dificuldades para desenvolver plenamente suas ótimas ideias, principalmente quando escolhe o caminho mais fácil, excessivamente exagerado em certos momentos. É como se Roth quisesse ser um Tarantino! Funciona? Claro que sim, mas mais como entretenimento despretensioso do que como um filme inesquecível!

"Bata Antes de Entrar" conta a história de Evan Webber (Keanu Reeves) um arquiteto bem-sucedido que está sozinho em casa durante um fim de semana enquanto sua esposa e filhos estão viajando. Sua tranquilidade, porém, é interrompida quando duas jovens, Genesis (Lorenza Izzo) e Bel (Ana de Armas), batem em sua porta em busca de ajuda durante uma tempestade. Se inicialmente elas tentam seduzi-lo, no dia seguinte, elas passam a persegui-lo implacavelmente, transformando um ato de fraqueza em uma experiência das mais macabras! Confira o trailer:

A direção de Roth é eficaz em muitos sentidos - na criação de uma tensão progressiva e ao usar de elementos visuais para transmitir algum desconforto, sucesso. O filme acaba ganhando uma dimensão menos superficial com a fotografia do Antonio Quercia e a trilha sonora assinada pelo Manuel Riveiro, ambos de "Aftershock" - eles contribuem demais nessa construção de uma a atmosfera quase claustrofóbica e intensa, aumentando a curiosa sensação de paranoia e agonia vivida pelo protagonista de uma forma impressionante.

Aliás, a atuação de Keanu Reeves é ótima - ele retrata com maestria essa luta interna entre a moral e a tentação, conforme ele é seduzido pelas jovens. Poderia ser melhor desenvolvido? Sim, mas em nada atrapalha nossa experiência. Lorenza Izzo e Ana de Armas também entregam performances convincentes, alternando entre uma aparência inocente e outra manipuladora, com a mesma competência. Tudo isso faz de "Bata antes de Entrar" em filme provocativo - um bom suspense psicológico sem derramar uma gota de sangue (ou, pelo menos, sem derramar muito sangue) e que sabe brincar com nossas mais diversas sensações e, por que não, fantasias! 

Uma coisa é certa, "Knock Knock" (no original) funciona muito melhor como um entretenimento, que mergulha nas nuances da tentação e das consequências morais do impulso, do que como um thriller psicológico profundo cheio de interpretações e teorias como o próprio trailer pode sugerir. Dito isso, aproveite e experiência e divirta-se!

Assista Agora

Angustiante - eu só te digo isso: angustiante!

Sim, o filme sabe como explorar temas como a tentação, a infidelidade e as consequências morais de algumas decisões, digamos, mais impulsivas. O diretor,  Eli Roth ("O Albergue"), de fato, sabe mesmo como criar uma atmosfera de suspense que nos tira da zona de conforto. Porém, também é preciso que se diga, que o filme não será uma unanimidade, já que o roteiro tem dificuldades para desenvolver plenamente suas ótimas ideias, principalmente quando escolhe o caminho mais fácil, excessivamente exagerado em certos momentos. É como se Roth quisesse ser um Tarantino! Funciona? Claro que sim, mas mais como entretenimento despretensioso do que como um filme inesquecível!

"Bata Antes de Entrar" conta a história de Evan Webber (Keanu Reeves) um arquiteto bem-sucedido que está sozinho em casa durante um fim de semana enquanto sua esposa e filhos estão viajando. Sua tranquilidade, porém, é interrompida quando duas jovens, Genesis (Lorenza Izzo) e Bel (Ana de Armas), batem em sua porta em busca de ajuda durante uma tempestade. Se inicialmente elas tentam seduzi-lo, no dia seguinte, elas passam a persegui-lo implacavelmente, transformando um ato de fraqueza em uma experiência das mais macabras! Confira o trailer:

A direção de Roth é eficaz em muitos sentidos - na criação de uma tensão progressiva e ao usar de elementos visuais para transmitir algum desconforto, sucesso. O filme acaba ganhando uma dimensão menos superficial com a fotografia do Antonio Quercia e a trilha sonora assinada pelo Manuel Riveiro, ambos de "Aftershock" - eles contribuem demais nessa construção de uma a atmosfera quase claustrofóbica e intensa, aumentando a curiosa sensação de paranoia e agonia vivida pelo protagonista de uma forma impressionante.

Aliás, a atuação de Keanu Reeves é ótima - ele retrata com maestria essa luta interna entre a moral e a tentação, conforme ele é seduzido pelas jovens. Poderia ser melhor desenvolvido? Sim, mas em nada atrapalha nossa experiência. Lorenza Izzo e Ana de Armas também entregam performances convincentes, alternando entre uma aparência inocente e outra manipuladora, com a mesma competência. Tudo isso faz de "Bata antes de Entrar" em filme provocativo - um bom suspense psicológico sem derramar uma gota de sangue (ou, pelo menos, sem derramar muito sangue) e que sabe brincar com nossas mais diversas sensações e, por que não, fantasias! 

Uma coisa é certa, "Knock Knock" (no original) funciona muito melhor como um entretenimento, que mergulha nas nuances da tentação e das consequências morais do impulso, do que como um thriller psicológico profundo cheio de interpretações e teorias como o próprio trailer pode sugerir. Dito isso, aproveite e experiência e divirta-se!

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Bela Vingança

Se "Bela Vingança" tem um grande mérito, eu diria que é o de ser um filme corajoso e que mesmo com uma certa previsibilidade (proposital), não tem receio algum de correr riscos, entregando um resultado estético e narrativo que merece ser elogiado de pé! O filme de estreia como diretora da atriz (já indicada ao Emmy duas vezes, por "The Crown" e por "Killing Eve") Emerald Fennell, transborda honestidade e responsabilidade ao tocar em uma ferida delicada e que vai gerar muito desconforto: a teoria do estupro discutida não só pelo lado de quem sofre, mas também pelo lado de quem se omite. Veja, existe sim um componente claramente didático no roteiro (que levou o Oscar de "original" em 2020), mas nem por isso o entretenimento é colocado de lado e mesmo com algumas cenas bem chocantes visualmente, fica fácil entender mesmo quando o lado mais intimo do ser humano é retratado - é aí que sentimos na pele.

Cassie (Carey Mulligan) é uma mulher com profundos traumas do passado que frequenta bares todas as noites e que finge estar bêbada para quando homens mal-intencionados se aproximarem com a desculpa de que vão ajudá-la, entrar em ação e se vingar dos predadores que tiveram o azar de conhecê-la. Acontece que nem todos os homens, aparentemente, estão na mesma prateleira, é aí que Cassie começa a refletir se sua postura é a mais correta e se suas escolhas de vida estão, de fato, a fazendo feliz. Confira o trailer:

"Bela Vingança" tem um cuidado que pode passar batido pelos mais desatentos, mas que vale pontuar para que você preste bem atenção e aproveite melhor a experiência: o filme pode até parecer meio sem identidade, com uma narrativa um pouco desconexa e sem manter um padrão visual alinhado com a proposta inicial, mas tudo isso tem sua razão de ser. Se no primeiro momento a estética lembra um slasher dos anos 80 (como "X - A Marca da Morte"), rapidamente ele pode soar como um drama adolescente (ao melhor estilo "Nudes" ou "13 Reasons Why") e por fim ainda emular uma certa atmosfera moderninha de comédia romântica (meio "Modern Love") - e tudo isso não acontece por acaso, é como se existisse uma representação gráfica da confusão mental pela qual a protagonista tem que conviver e que vai se misturando durante a trama. A relação com seus pais é um ótimo exemplo desse conceito. Aliás essa escolha de Fennell faz todo sentido quando olhamos em retrospectiva depois que descobrimos todas as nuances da história e por quais caminhos ela se desenvolve até o final - é genial essa sensibilidade do roteiro e da direção.

Mulligan está simplesmente sensacional como Cassandra - reparem como ela trabalha seu range de interpretação sem antecipar suas motivações, ou seja, você nunca sabe o que esperar da atriz em cena. Seu estilo fisico sugere certa meiguice; seu humor, alguma ironia; e suas ações alguma angustia. É impressionante, inclusive, como a escalação do elenco foi feliz em construir uma persona de "quem vê cara, não vê coração" também do lado masculino, trazendo ídolos de outras produções que marcaram época como “caras legais” - a ideia de quebra de expectativas é fundamental para entendermos a raiz do problema que o filme discute com sabedoria.

"Bela Vingança" pode até soar como um belo tapa na cara para a masculinidade tóxica, mas isso seria uma análise superficial e lacradora demais para nosso conceito editorial, já que, como obra cinematográfica, o filme vai muito além ao respeitar o que mais interessa em toda essa discussão: entender o sentimento de quem carrega essa marca seja pelo ato que não necessariamente tenha sofrido, mas que de alguma forma impactou em sua vida e que foi potencializado pelo "caminhão de omissões" típicas de uma sociedade hipócrita - a cena com a reitora da faculdade é impagável justamente por isso). Os últimos vinte minutos do filme, aliás, são essenciais para fechar o arco com sagacidade e ousadia, o que transforma a jornada de um gosto amargo em um fio de esperança!

Vale muito o seu play!

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Se "Bela Vingança" tem um grande mérito, eu diria que é o de ser um filme corajoso e que mesmo com uma certa previsibilidade (proposital), não tem receio algum de correr riscos, entregando um resultado estético e narrativo que merece ser elogiado de pé! O filme de estreia como diretora da atriz (já indicada ao Emmy duas vezes, por "The Crown" e por "Killing Eve") Emerald Fennell, transborda honestidade e responsabilidade ao tocar em uma ferida delicada e que vai gerar muito desconforto: a teoria do estupro discutida não só pelo lado de quem sofre, mas também pelo lado de quem se omite. Veja, existe sim um componente claramente didático no roteiro (que levou o Oscar de "original" em 2020), mas nem por isso o entretenimento é colocado de lado e mesmo com algumas cenas bem chocantes visualmente, fica fácil entender mesmo quando o lado mais intimo do ser humano é retratado - é aí que sentimos na pele.

Cassie (Carey Mulligan) é uma mulher com profundos traumas do passado que frequenta bares todas as noites e que finge estar bêbada para quando homens mal-intencionados se aproximarem com a desculpa de que vão ajudá-la, entrar em ação e se vingar dos predadores que tiveram o azar de conhecê-la. Acontece que nem todos os homens, aparentemente, estão na mesma prateleira, é aí que Cassie começa a refletir se sua postura é a mais correta e se suas escolhas de vida estão, de fato, a fazendo feliz. Confira o trailer:

"Bela Vingança" tem um cuidado que pode passar batido pelos mais desatentos, mas que vale pontuar para que você preste bem atenção e aproveite melhor a experiência: o filme pode até parecer meio sem identidade, com uma narrativa um pouco desconexa e sem manter um padrão visual alinhado com a proposta inicial, mas tudo isso tem sua razão de ser. Se no primeiro momento a estética lembra um slasher dos anos 80 (como "X - A Marca da Morte"), rapidamente ele pode soar como um drama adolescente (ao melhor estilo "Nudes" ou "13 Reasons Why") e por fim ainda emular uma certa atmosfera moderninha de comédia romântica (meio "Modern Love") - e tudo isso não acontece por acaso, é como se existisse uma representação gráfica da confusão mental pela qual a protagonista tem que conviver e que vai se misturando durante a trama. A relação com seus pais é um ótimo exemplo desse conceito. Aliás essa escolha de Fennell faz todo sentido quando olhamos em retrospectiva depois que descobrimos todas as nuances da história e por quais caminhos ela se desenvolve até o final - é genial essa sensibilidade do roteiro e da direção.

Mulligan está simplesmente sensacional como Cassandra - reparem como ela trabalha seu range de interpretação sem antecipar suas motivações, ou seja, você nunca sabe o que esperar da atriz em cena. Seu estilo fisico sugere certa meiguice; seu humor, alguma ironia; e suas ações alguma angustia. É impressionante, inclusive, como a escalação do elenco foi feliz em construir uma persona de "quem vê cara, não vê coração" também do lado masculino, trazendo ídolos de outras produções que marcaram época como “caras legais” - a ideia de quebra de expectativas é fundamental para entendermos a raiz do problema que o filme discute com sabedoria.

"Bela Vingança" pode até soar como um belo tapa na cara para a masculinidade tóxica, mas isso seria uma análise superficial e lacradora demais para nosso conceito editorial, já que, como obra cinematográfica, o filme vai muito além ao respeitar o que mais interessa em toda essa discussão: entender o sentimento de quem carrega essa marca seja pelo ato que não necessariamente tenha sofrido, mas que de alguma forma impactou em sua vida e que foi potencializado pelo "caminhão de omissões" típicas de uma sociedade hipócrita - a cena com a reitora da faculdade é impagável justamente por isso). Os últimos vinte minutos do filme, aliás, são essenciais para fechar o arco com sagacidade e ousadia, o que transforma a jornada de um gosto amargo em um fio de esperança!

Vale muito o seu play!

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Birds of Paradise

Após ler a sinopse de "Birds of Paradise", provavelmente três perguntas virão a sua cabeça, então vou me antecipar para alinharmos as expectativas. "Birds of Paradise" pode ser comparado ao "Cisne Negro" como obra cinematográfica? Não. Mas a temática é parecida certo? Sim. Então se eu gostei de "Cisne Negro", vou gostar de "Birds of Paradise"? Provavelmente sim!

A história acompanha a jornada de duas garotas que se tornam melhores amigas em uma companhia de dança e observam, impotentes, que os laços que criaram não são tão fortes para impedir seus instintos mais vaidosos e egoístas na busca por um único objetivo - vencer uma disputa individual que daria direito a um sólido contrato com a Ópera Nacional de Paris. Marine Elise Durand (Kristine Froseth) é conhecida por seu talento como bailarina, mas ainda carrega no corpo e na alma, o trauma pelo suicídio do irmão gêmeo e a pressão imposta pelo relacionamento tóxico com seus pais; já Kate Sanders (Diana Silvers) é uma jovem americana que ganhou uma bolsa para estudar ballet na França, mas que enfrenta um enorme preconceito justamente por não ser francesa - ela é chamada pejorativamente de Virginiapela austera Madame Brunelleschi (Jacqueline Bisset), dona da escola e responsável por escolher a grande vencedora. Confira o trailer:

"Birds of Paradise" é baseado no romance "Bright Burning Stars", de A.K. Small, e é uma adaptação da diretora e roteirista Sarah Adina Smith - profissional que construiu sua carreira dirigindo episódios de séries para o streaming (e isso fica muito claro no filme). Embora anos luz do Aronofsky (diretor de "Cisne Negro"), Smith é muito competente tecnicamente e sua parceria com o diretor de fotografia Shaheen Seth rendem boas (e plásticas) cenas, mostrando que o calcanhar de Aquíles do filme é mesmo o roteiro. Todos nós já sabemos que adaptar um livro para as telas não é uma tarefa das mais fáceis e aqui a necessidade de cobrir tantos eventos que ajudaram a construir as camadas mais profundas dos personagens no livro, acabam atrapalhando o que realmente importa - a relação conflituosa entre Kate e Marine. Não que isso atrapalhe o entretenimento, mas sem dúvida é um fator essencial que afasta qualquer tipo de comparação com "Cisne Negro", por exemplo.

O fato é que "Birds of Paradise" deve agradar mais o jovem adulto - até por uma certa identificação com as personagens e a forma como seus dramas pessoais são retratados. Aliás, é de se elogiar o trabalho do elenco, mesmo assumindo que todos estão um tom acima em suas performances. Por outro lado, a dinâmica que Smith impõe nas cenas, principalmente quando as bailarinas estão em ação, acaba trazendo um certo frescor independente para o filme, permitindo que a experiência flua e que a sensação, ao final de pouco mais que 90 minutos, seja agradável.

No final das contas, "Birds of Paradise" vale como um ótimo e despretensioso entretenimento, principalmente para quem tem alguma relação afetiva com as artes e a dança. 

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Após ler a sinopse de "Birds of Paradise", provavelmente três perguntas virão a sua cabeça, então vou me antecipar para alinharmos as expectativas. "Birds of Paradise" pode ser comparado ao "Cisne Negro" como obra cinematográfica? Não. Mas a temática é parecida certo? Sim. Então se eu gostei de "Cisne Negro", vou gostar de "Birds of Paradise"? Provavelmente sim!

A história acompanha a jornada de duas garotas que se tornam melhores amigas em uma companhia de dança e observam, impotentes, que os laços que criaram não são tão fortes para impedir seus instintos mais vaidosos e egoístas na busca por um único objetivo - vencer uma disputa individual que daria direito a um sólido contrato com a Ópera Nacional de Paris. Marine Elise Durand (Kristine Froseth) é conhecida por seu talento como bailarina, mas ainda carrega no corpo e na alma, o trauma pelo suicídio do irmão gêmeo e a pressão imposta pelo relacionamento tóxico com seus pais; já Kate Sanders (Diana Silvers) é uma jovem americana que ganhou uma bolsa para estudar ballet na França, mas que enfrenta um enorme preconceito justamente por não ser francesa - ela é chamada pejorativamente de Virginiapela austera Madame Brunelleschi (Jacqueline Bisset), dona da escola e responsável por escolher a grande vencedora. Confira o trailer:

"Birds of Paradise" é baseado no romance "Bright Burning Stars", de A.K. Small, e é uma adaptação da diretora e roteirista Sarah Adina Smith - profissional que construiu sua carreira dirigindo episódios de séries para o streaming (e isso fica muito claro no filme). Embora anos luz do Aronofsky (diretor de "Cisne Negro"), Smith é muito competente tecnicamente e sua parceria com o diretor de fotografia Shaheen Seth rendem boas (e plásticas) cenas, mostrando que o calcanhar de Aquíles do filme é mesmo o roteiro. Todos nós já sabemos que adaptar um livro para as telas não é uma tarefa das mais fáceis e aqui a necessidade de cobrir tantos eventos que ajudaram a construir as camadas mais profundas dos personagens no livro, acabam atrapalhando o que realmente importa - a relação conflituosa entre Kate e Marine. Não que isso atrapalhe o entretenimento, mas sem dúvida é um fator essencial que afasta qualquer tipo de comparação com "Cisne Negro", por exemplo.

O fato é que "Birds of Paradise" deve agradar mais o jovem adulto - até por uma certa identificação com as personagens e a forma como seus dramas pessoais são retratados. Aliás, é de se elogiar o trabalho do elenco, mesmo assumindo que todos estão um tom acima em suas performances. Por outro lado, a dinâmica que Smith impõe nas cenas, principalmente quando as bailarinas estão em ação, acaba trazendo um certo frescor independente para o filme, permitindo que a experiência flua e que a sensação, ao final de pouco mais que 90 minutos, seja agradável.

No final das contas, "Birds of Paradise" vale como um ótimo e despretensioso entretenimento, principalmente para quem tem alguma relação afetiva com as artes e a dança. 

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BlackBerry

Não se engane pelo conceito narrativo mais satírico que "BlackBerry" passa em um primeiro olhar, pois, mesmo pontuado como uma comédia (até certo ponto escrachada que nos remete ao clássico "Silicon Valley"), sua jornada está mesmo mais para o drama do quepara qualquer outra coisa. Eu diria, inclusive, que o filme dirigido pelo ótimo Matt Johnson (de "Matt & Bird Break Loose") é uma verdadeira aula sobre o que se deve e, principalmente, o que não se deve fazer durante uma jornada empreendedora. E sim, se você gosta do tema, você será fisgado pela história real (e absurda) da RIM e da sua "galinha dos ovos de ouro", o "BlackBerry"- considerado por muitos o primeiro smartphone do mundo.

Em 1996, Mike Lazaridis (Jay Baruchel) e Douglas Fregin (Matt Johnson) estão prestes a criar o primeiro smartphone e revolucionar a forma como as pessoas trabalham e se comunicam via celular. Já em 2007, a Research In Motion (RIM), startup de Lazaridis e Fregin, domina o mercado, com 45% de market share, graças ao seu dispositivo inovador. Até que algumas decisões equivocadas, uma certa arrogância corporativa e a implacável ascensão do iPhone da Apple faz com que a RIM transforme uma ascensão meteórica em um desaparecimento catastrófico como poucas vezes se viu na história. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso dizer que "BlackBerry" é uma pancada, um turbilhão de adrenalina que nos leva do auge da inovação ao abismo da obsolescência da forma mais viceral e cruel que podemos testemunhar - o seu diferencial, no entanto, é a maneira como Johnson conduz sua narrativa. Com uma câmera mais solta e um misto de trocas de foco e de zoom manual (bem ao estilo "The Office"), ele se apropria de inúmeras pitadas de humor ácido e atuações impecáveis do seu elenco para estereotipar uma situação que, acreditem, é quase corriqueira dentro do universo da inovação. O filme tem uma dinâmica muito interessante, é eletrizante, seu discurso é ágil e com saltos temporais muito bem contextualizados dentro de um roteiro que conta a verdade, mas do seu jeito - roteiro, aliás, que foi baseado no livro "Losing the Signal" de Jacquie McNish e Sean Silcoff.

Tecnicamente o filme tem algumas particularidades que merecem ser comentadas. A fotografia do Jared Raab (de "VHS 94") é competente ao capturar a vibrante estética do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, em um período onde o universo NERD ganhava força e o mundo se transformava na surdina para ganhar os holofotes logo em seguida - essa concepção temporal do filme é quase um personagem dada sua importância histórica na trama. A trilha sonora também - ela se aproveita desse contexto nostálgico e pulsa com hits da época, enquanto o texto em si, brinca com as referências da cultura pop a todo momento. Outro ponto de destaque: a performance de Baruchel é sensacional - ele transmite a insegurança, o sonho, a ambição e finalmente a frustração de Lazaridis de uma maneira elogiável. Já Glenn Howerton que brilha como o arrogante e egocêntrico Balsillie, eu tenho a impressão, é o nome do filme - ele é a personificação do líder babaca, símbolo de status e poder que se confunde com o produto que vendia.

A real é que "BlackBerry" não se limita a ser um mero retrato biográfico ou um estudo de caso corporativo, ele é um filme que oferece uma reflexão profunda sobre os perigos da complacência, sobre a importância da adaptação às mudanças e sobre a relação da obsolescência programada no mundo da tecnologia. É um conto de advertência para qualquer empreendedor que se acomoda no sucesso, ignorando as tendências do mercado ou as necessidades de seus clientes. Claro que é um filme sobre tecnologia, mas também é uma história sobre cultura e ambição. É um retrato humano e complexo dos bastidores de uma empresa que revolucionou a comunicação, mas sucumbiu à falta de visão de seus líderes. 

Imperdível!

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Não se engane pelo conceito narrativo mais satírico que "BlackBerry" passa em um primeiro olhar, pois, mesmo pontuado como uma comédia (até certo ponto escrachada que nos remete ao clássico "Silicon Valley"), sua jornada está mesmo mais para o drama do quepara qualquer outra coisa. Eu diria, inclusive, que o filme dirigido pelo ótimo Matt Johnson (de "Matt & Bird Break Loose") é uma verdadeira aula sobre o que se deve e, principalmente, o que não se deve fazer durante uma jornada empreendedora. E sim, se você gosta do tema, você será fisgado pela história real (e absurda) da RIM e da sua "galinha dos ovos de ouro", o "BlackBerry"- considerado por muitos o primeiro smartphone do mundo.

Em 1996, Mike Lazaridis (Jay Baruchel) e Douglas Fregin (Matt Johnson) estão prestes a criar o primeiro smartphone e revolucionar a forma como as pessoas trabalham e se comunicam via celular. Já em 2007, a Research In Motion (RIM), startup de Lazaridis e Fregin, domina o mercado, com 45% de market share, graças ao seu dispositivo inovador. Até que algumas decisões equivocadas, uma certa arrogância corporativa e a implacável ascensão do iPhone da Apple faz com que a RIM transforme uma ascensão meteórica em um desaparecimento catastrófico como poucas vezes se viu na história. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso dizer que "BlackBerry" é uma pancada, um turbilhão de adrenalina que nos leva do auge da inovação ao abismo da obsolescência da forma mais viceral e cruel que podemos testemunhar - o seu diferencial, no entanto, é a maneira como Johnson conduz sua narrativa. Com uma câmera mais solta e um misto de trocas de foco e de zoom manual (bem ao estilo "The Office"), ele se apropria de inúmeras pitadas de humor ácido e atuações impecáveis do seu elenco para estereotipar uma situação que, acreditem, é quase corriqueira dentro do universo da inovação. O filme tem uma dinâmica muito interessante, é eletrizante, seu discurso é ágil e com saltos temporais muito bem contextualizados dentro de um roteiro que conta a verdade, mas do seu jeito - roteiro, aliás, que foi baseado no livro "Losing the Signal" de Jacquie McNish e Sean Silcoff.

Tecnicamente o filme tem algumas particularidades que merecem ser comentadas. A fotografia do Jared Raab (de "VHS 94") é competente ao capturar a vibrante estética do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, em um período onde o universo NERD ganhava força e o mundo se transformava na surdina para ganhar os holofotes logo em seguida - essa concepção temporal do filme é quase um personagem dada sua importância histórica na trama. A trilha sonora também - ela se aproveita desse contexto nostálgico e pulsa com hits da época, enquanto o texto em si, brinca com as referências da cultura pop a todo momento. Outro ponto de destaque: a performance de Baruchel é sensacional - ele transmite a insegurança, o sonho, a ambição e finalmente a frustração de Lazaridis de uma maneira elogiável. Já Glenn Howerton que brilha como o arrogante e egocêntrico Balsillie, eu tenho a impressão, é o nome do filme - ele é a personificação do líder babaca, símbolo de status e poder que se confunde com o produto que vendia.

A real é que "BlackBerry" não se limita a ser um mero retrato biográfico ou um estudo de caso corporativo, ele é um filme que oferece uma reflexão profunda sobre os perigos da complacência, sobre a importância da adaptação às mudanças e sobre a relação da obsolescência programada no mundo da tecnologia. É um conto de advertência para qualquer empreendedor que se acomoda no sucesso, ignorando as tendências do mercado ou as necessidades de seus clientes. Claro que é um filme sobre tecnologia, mas também é uma história sobre cultura e ambição. É um retrato humano e complexo dos bastidores de uma empresa que revolucionou a comunicação, mas sucumbiu à falta de visão de seus líderes. 

Imperdível!

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Buscando...

"Buscando..." é, por si só, um filme criativo - e é partindo desse princípio que o diretor russo Timur Bekmambetov nos provoca uma experiência angustiante, transformando a tela do computador em uma espécie de prisão, que trabalha tão perfeitamente a dicotomia entre a "esperança" e o "desespero" que não serão poucas as vezes que você vai se perguntar "o que eu faria em uma situação como essa e com acesso apenas a um laptop".

O filme acompanha a saga de David Kim (John Cho), um pai que se encontra numa redoma de mistérios depois que sua filha Margot (Michelle La) desaparece deixando apenas alguns poucos vestígios por meio dos rastros virtuais relacionados aos seus acessos nas redes sociais e caixa de mensagens. Ajudando nessa busca, Kim conta com o apoio do irmão Peter (Joseph Lee) e com o atendimento profissional de Vick (Debra Messing), uma detetive dedicada e responsável pelo caso, para juntos tentar encaixar as dezenas de peças e finalmente encontrar o paradeiro de Margot. Confira o trailer:

Há algum tempo histórias contadas sob o ponto de vista de computadores e smartphones, usando de interfaces de webcam, redes sociais e apps de troca de mensagem instantânea, já não são uma grande novidade - o próprio "Amizade Desfeita" (de 2014) usou muito bem algumas dessas ferramentas virtuais para contar uma história de terror bem construída e original (eu diria, inclusive, partindo da mesma essência criativa de "A Bruxa de Blair" de 1999 - mas com um certo "upgrade" tecnológico).

Ao se propor elaborar um conceito narrativo dinâmico, mas ao mesmo tempo não convencional, esse estilo conhecido como "screenlife" de "Buscando..." aproxima o hábito moderno de registrar nossa história virtualmente (ou o que queremos mostrar dela) de uma trama recheada de mistério policial com ótimos plots twists -característica tradicional do gênero. Quando já no prólogo somos apresentados a família Kin por meio de um "passo-a-passo" de instalação de algumas ferramentas do Windows, temos a exata ideia do potencial criativo que esse estilo pode entregar.

Além do drama investigativo (dos bons), o roteiro ainda discute temas muito pertinentes como a falta de privacidade, os impactos da tecnologia nos relacionamentos dos jovens e outras especificidades dessa cultura superficial da sociedade. John Cho mostra todo seu potencial como ator praticamente se apoiando em monólogos estruturados ou em ligações telefônicas bem orquestradas no estilo de "Calls".

Veja, são esses elementos narrativos que parecem simples, mas que na verdade são até mais complexos como processo cinematográfico - Bekmambetov, por exemplo, precisou de três diretores de fotografia para contar a história: Juan Sebastian Baron ficou responsável pelas cenas externas enquanto Will Merrick e Nicholas D. Johnson cuidaram das cenas virtuais. O desenho de produção de Angel Herrera é o que une tudo: são os ambientes íntimos dos personagens que trazem veracidade para uma jornada que soa irreal.

"Buscando..." é um drama com elementos policiais que usa do que o online tem de melhor (e de pior) para criar uma verdadeira e dinâmica imersão visual e narrativa.

Vale muito a pena!

Up Date: O filme foi duplamente premiado no Festival de Sundance em 2018 - inclusive como "Melhor Filme" escolhido pelo público.

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"Buscando..." é, por si só, um filme criativo - e é partindo desse princípio que o diretor russo Timur Bekmambetov nos provoca uma experiência angustiante, transformando a tela do computador em uma espécie de prisão, que trabalha tão perfeitamente a dicotomia entre a "esperança" e o "desespero" que não serão poucas as vezes que você vai se perguntar "o que eu faria em uma situação como essa e com acesso apenas a um laptop".

O filme acompanha a saga de David Kim (John Cho), um pai que se encontra numa redoma de mistérios depois que sua filha Margot (Michelle La) desaparece deixando apenas alguns poucos vestígios por meio dos rastros virtuais relacionados aos seus acessos nas redes sociais e caixa de mensagens. Ajudando nessa busca, Kim conta com o apoio do irmão Peter (Joseph Lee) e com o atendimento profissional de Vick (Debra Messing), uma detetive dedicada e responsável pelo caso, para juntos tentar encaixar as dezenas de peças e finalmente encontrar o paradeiro de Margot. Confira o trailer:

Há algum tempo histórias contadas sob o ponto de vista de computadores e smartphones, usando de interfaces de webcam, redes sociais e apps de troca de mensagem instantânea, já não são uma grande novidade - o próprio "Amizade Desfeita" (de 2014) usou muito bem algumas dessas ferramentas virtuais para contar uma história de terror bem construída e original (eu diria, inclusive, partindo da mesma essência criativa de "A Bruxa de Blair" de 1999 - mas com um certo "upgrade" tecnológico).

Ao se propor elaborar um conceito narrativo dinâmico, mas ao mesmo tempo não convencional, esse estilo conhecido como "screenlife" de "Buscando..." aproxima o hábito moderno de registrar nossa história virtualmente (ou o que queremos mostrar dela) de uma trama recheada de mistério policial com ótimos plots twists -característica tradicional do gênero. Quando já no prólogo somos apresentados a família Kin por meio de um "passo-a-passo" de instalação de algumas ferramentas do Windows, temos a exata ideia do potencial criativo que esse estilo pode entregar.

Além do drama investigativo (dos bons), o roteiro ainda discute temas muito pertinentes como a falta de privacidade, os impactos da tecnologia nos relacionamentos dos jovens e outras especificidades dessa cultura superficial da sociedade. John Cho mostra todo seu potencial como ator praticamente se apoiando em monólogos estruturados ou em ligações telefônicas bem orquestradas no estilo de "Calls".

Veja, são esses elementos narrativos que parecem simples, mas que na verdade são até mais complexos como processo cinematográfico - Bekmambetov, por exemplo, precisou de três diretores de fotografia para contar a história: Juan Sebastian Baron ficou responsável pelas cenas externas enquanto Will Merrick e Nicholas D. Johnson cuidaram das cenas virtuais. O desenho de produção de Angel Herrera é o que une tudo: são os ambientes íntimos dos personagens que trazem veracidade para uma jornada que soa irreal.

"Buscando..." é um drama com elementos policiais que usa do que o online tem de melhor (e de pior) para criar uma verdadeira e dinâmica imersão visual e narrativa.

Vale muito a pena!

Up Date: O filme foi duplamente premiado no Festival de Sundance em 2018 - inclusive como "Melhor Filme" escolhido pelo público.

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Campeões

Se você está procurando um filme leve que vai melhorar o seu astral, daqueles que você assiste com um leve sorriso no rosto e que, de fato, te toca a alma; "Campeões" é a escolha certa. Versão americana do filme espanhol vencedor do prêmio Goya em 2019, "Campeões" é realmente um filme imperdível, que conquista corações e desafia o preconceito de uma forma muito sensível e bem humorada. Ao abordar as dificuldades impregnadas na sociedade quando o assunto é a inclusão de pessoas com deficiência, o diretor Bobby Farrelly (de "Quem Vai Ficar com Mary?") acaba encontrando o exato equilíbrio entre o drama e a comédia de uma maneira muito realista, emocionante e totalmente humana. Mesmo que soe se apoiar em alguns clichês, algo que a versão original não tem, Farrelly mostra que é possível entregar uma mensagem dura e direta sem precisar impactar visualmente a audiência. Tenha certeza que estamos diante de um filme delicioso de assistir!

Aqui Woody Harrelson protagoniza uma hilária e comovente história sobre um ex-técnico de basquete da liga secundária americana, chamado Marcus, que, após uma série de vacilos, é ordenado pelo tribunal a gerenciar de forma voluntária um time de jovens jogadores com algum tipo de deficiência intelectual. Ao perceber que, apesar de suas dúvidas e dificuldades, ele e o time podem ir muito mais longe do que todos jamais imaginaram, se inicia uma linda jornada de superação e auto-conhecimento. Confira o trailer:

Antes de mais nada, saiba que esse filme não é sobre basquete - "Campeões" é sobre pessoas! Baseado no brilhante roteiro de Javier Fesser e David Marqués, esse inteligente e bem estruturado filme sabe muito bem como alternar momentos de humor (daqueles que o texto só amplifica o poder da situação) com cenas de profunda emoção ao som de uma trilha sonora belíssima e muito bem trabalhada para nos provocar sensações bastante particulares. Farrelly demonstra sensibilidade e competência ao conduzir a história, criando uma atmosfera acolhedora e inspiradora de fácil conexão. Eu diria que é impossível não se apaixonar pelo time dos "Friends" e por sua jornada!

Não é preciso mais do que duas cenas para entender como "Campeões" se destaca pela performance impecável do elenco. Harrelson, mais uma vez, parece se divertir em cena, entregando um personagem complexo e em constante transformação - sem nunca pesar na mão. Já o time de atores com deficiência, como Kevin Iannucci e James Day Keith, brilham em seus papeis, mostrando um talento impressionante e um carisma que olha, vai deixar muita gente de queixo caído. Reparem como a química entre os membros do time é tão contagiante que temos a exata sensação de que aquela história é mais do que uma ficção - essa relação que o diretor conseguiu construir, contribui demais para a veracidade da história. A fotografia do indicado ao Emmy por por "Still - Ainda Sou Michael J. Fox", C. Kim Miles, é vibrante e imersiva - o que ratifica a leveza da trama ao mesmo tempo em que documenta a realidade de cada personagem.  

A grande verdade, aliás, é que "Champions" (no original) além de impecável tecnicamente, tem todos os elementos artísticos que chancelam o filme como "imperdível". Para todos que acreditam no poder transformador da inclusão, temos uma história simples e envolvente que vai te fazer rir, chorar e, principalmente, te fazer refletir sobre a importância da empatia e do respeito perante as diferenças. Olha, na linha de "Extraordinário" (mas com um certo "upgrade" narrativo), o filme é mesmo um verdadeiro triunfo que nos convida a celebrar a beleza real da diversidade na prática!

Golaço, ou melhor "cestaça"!

Assista Agora

Se você está procurando um filme leve que vai melhorar o seu astral, daqueles que você assiste com um leve sorriso no rosto e que, de fato, te toca a alma; "Campeões" é a escolha certa. Versão americana do filme espanhol vencedor do prêmio Goya em 2019, "Campeões" é realmente um filme imperdível, que conquista corações e desafia o preconceito de uma forma muito sensível e bem humorada. Ao abordar as dificuldades impregnadas na sociedade quando o assunto é a inclusão de pessoas com deficiência, o diretor Bobby Farrelly (de "Quem Vai Ficar com Mary?") acaba encontrando o exato equilíbrio entre o drama e a comédia de uma maneira muito realista, emocionante e totalmente humana. Mesmo que soe se apoiar em alguns clichês, algo que a versão original não tem, Farrelly mostra que é possível entregar uma mensagem dura e direta sem precisar impactar visualmente a audiência. Tenha certeza que estamos diante de um filme delicioso de assistir!

Aqui Woody Harrelson protagoniza uma hilária e comovente história sobre um ex-técnico de basquete da liga secundária americana, chamado Marcus, que, após uma série de vacilos, é ordenado pelo tribunal a gerenciar de forma voluntária um time de jovens jogadores com algum tipo de deficiência intelectual. Ao perceber que, apesar de suas dúvidas e dificuldades, ele e o time podem ir muito mais longe do que todos jamais imaginaram, se inicia uma linda jornada de superação e auto-conhecimento. Confira o trailer:

Antes de mais nada, saiba que esse filme não é sobre basquete - "Campeões" é sobre pessoas! Baseado no brilhante roteiro de Javier Fesser e David Marqués, esse inteligente e bem estruturado filme sabe muito bem como alternar momentos de humor (daqueles que o texto só amplifica o poder da situação) com cenas de profunda emoção ao som de uma trilha sonora belíssima e muito bem trabalhada para nos provocar sensações bastante particulares. Farrelly demonstra sensibilidade e competência ao conduzir a história, criando uma atmosfera acolhedora e inspiradora de fácil conexão. Eu diria que é impossível não se apaixonar pelo time dos "Friends" e por sua jornada!

Não é preciso mais do que duas cenas para entender como "Campeões" se destaca pela performance impecável do elenco. Harrelson, mais uma vez, parece se divertir em cena, entregando um personagem complexo e em constante transformação - sem nunca pesar na mão. Já o time de atores com deficiência, como Kevin Iannucci e James Day Keith, brilham em seus papeis, mostrando um talento impressionante e um carisma que olha, vai deixar muita gente de queixo caído. Reparem como a química entre os membros do time é tão contagiante que temos a exata sensação de que aquela história é mais do que uma ficção - essa relação que o diretor conseguiu construir, contribui demais para a veracidade da história. A fotografia do indicado ao Emmy por por "Still - Ainda Sou Michael J. Fox", C. Kim Miles, é vibrante e imersiva - o que ratifica a leveza da trama ao mesmo tempo em que documenta a realidade de cada personagem.  

A grande verdade, aliás, é que "Champions" (no original) além de impecável tecnicamente, tem todos os elementos artísticos que chancelam o filme como "imperdível". Para todos que acreditam no poder transformador da inclusão, temos uma história simples e envolvente que vai te fazer rir, chorar e, principalmente, te fazer refletir sobre a importância da empatia e do respeito perante as diferenças. Olha, na linha de "Extraordinário" (mas com um certo "upgrade" narrativo), o filme é mesmo um verdadeiro triunfo que nos convida a celebrar a beleza real da diversidade na prática!

Golaço, ou melhor "cestaça"!

Assista Agora

Como Vender Drogas Online

Se "Good Girls" foi definida como a versão de "Breaking Bad" com protagonistas femininos, naturalmente vamos relacionar "Como Vender Drogas Online (Rápido)" como a versão adolescente da série de Vince Gilligan. O que poderia soar com uma certa desconfiança, afinal a Netflix vem enchendo seu catálogo de projetos bem duvidosos com temática adolescente desde 2019, tem um elemento que acaba colocando essa série em um outro patamar: "Como Vender Drogas Online (Rápido)" é uma produção alemã! Repare na sinopse: Moritz (Maximilian Mundt) é um nerd que, após terminar um relacionamento de muitos anos e ver sua ex-namorada, Lisa (Lena Klenke), começar a se relacionar com o "traficante", popular e esportista da escola, resolve abrir seu próprio negócio para ganhar muito dinheiro, respeito, poder e assim reconquistá-la - o problema é "como" ele quer conseguir tudo isso, claro! Confira o trailer:

Vender drogas online pela Deep Web foi uma escolha tão natural para dois Nerds com o mindset empreendedor, como produzir metanfetamina de qualidade foi para um químico como Walter White. Se a motivação de White era ganhar a maior quantidade de dinheiro possível para deixar sua família tranquila após descobrir que o câncer no pulmão acabaria com sua vida, a de Moritz soa exatamente igual - mas dentro daquele universo que ele pertence! O que achei interessante em "Como Vender Drogas Online (Rápido)"é que não existe uma banalização do drama do protagonista por ele ser um adolescente cheio de inseguranças - sua dor e preocupação são tão legitimos quanto o câncer de White. Mesmo se apoiando em assuntos que estamos cansados de assistir, a série usa de um conceito narrativo menos denso, o que transforma temas bastante delicados em alegorias de fácil entendimento. O fato da série ser relativamente curta, cada episódio com cerca de 30 minutos e cada temporada com apenas seis episódios, ajuda muito nessa dinâmica e vai proporcionar um ótimo entretenimento sem tomar muito seu tempo, porém, talvez deixe a sensação que os personagens mereceriam um desenvolvimento mais cuidadoso. De cara, eu posso afirmar tranquilamente que vale a pena - sinceramente, acho que essa série pode te surpreender e, muito em breve, se tornar uma das queridinhas dos assinantes da Netflix se for inteligente o suficiente para não cair no óbvio!

Ao lado da Espanha, a Alemanha talvez seja o país europeu que mais ganhou os holofotes recentemente e que vem entregando ótimos conteúdos - deixando, inclusive, França e Reino Unido para trás. Dito isso, é de se esperar que depois de "Dark" e "Nós somos a Onda", o país trouxesse para um universo um pouco mais lúdico, a seriedade com que desenvolve suas histórias. Essa percepção executiva e criativa vem fazendo muita diferença. Um dos pontos que nos provocava em Breaking Bad e que encontramos em  "Como Vender Drogas Online (Rápido)" diz respeito a construção de um mito (mesmo que na forma de anti-herói). O interessante é que para contextualizar essa jornada, os criadores Philipp Käßbohrer e Matthias Murmann, a todo momento, fazem paralelos com empreendedores de sucesso da vida real, deixando claro que existe um padrão para alcançar o sucesso e que se repetido, a chance de funcionar aumenta consideravelmente, mesmo com um produto ilegal. Não é raro, aliás, nomes como Steve Jobs, Elon Musk e Jeff Bezos serem citados para validar uma ou outra atitude dos protagonistas - essas referências trazem uma agradável lembrança de "Silicon Valley" da HBO, inclusive!

Peço licença para repetir a mesma premissa que destaquei em "Good Girls": "Como Vender Drogas Online (Rápido)" é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho  vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, mas vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair!" - Dito isso, é possível afirmar que as tramas e sub-tramas vão soar familiares! Acontece que a série apresenta tantos elementos interessantes para serem desenvolvidos que eu chego a duvidar se a escolha por episódios menores foi realmente a melhor - acho que não!

Comandado pelo diretor Arne Feldhusen, a série tem um conceito estético maravilhoso que nos insere no universo da Geração Z com muita elegância. As inserções gráficas para explicar como a tecnologia faz parte do cotidiano dessa geração e como ela interfere na formação social desses jovens, é simplesmente genial - embora auto-explicativo, ter Moritz como narrador e protagonista só facilita o entendimento, além de render ótimas tiradas. Outro elemento visual muito bacana mostra como a droga impacta a vida de um ser humano normal - em uma sequência de cenas excepcionalmente bem editadas (totalmente clipadas), vemos uma pessoa no seu dia a dia que, rapidamente, sofre uma transformação assim que coloca um comprimido da boca. Usando tanto fashfowards quanto flashbacks, além de visualmente interessante, essas cenas ajudam a explicar os efeitos e consequências das drogas que estão sendo vendidas por Moritz e pelo seu sócio Lenny (Danilo Kamber).

Outro ponto que merece ser destacado antes de finalizarmos o review é justamente a qualidade do elenco: tanto Moritz (Maximilian Mundt) quanto Lenny (Danilo Kamber) fogem completamente do estereótipo que costumamos encontrar em séries adolescentes (e aqui estou sendo bastante taxativo). Com excelentes performances, a dupla de protagonistas convencem, cada um apoiado no seu drama particular, sem soar superficial e isso não é nada fácil!

Agora, é claro que beber na fonte de "Breaking Bad" tem seus prós e contras -  são inúmeras referências (quase adaptações): como ter um policial dentro de família ou o corte de cabelo do protagonista, mas que funcionam tão bem que soa até original, embora sabemos que não é! "Como Vender Drogas Online (Rápido)" é uma ótima escolha, pela dinâmica da série e pela forma como a história é contada - ela exige da nossa imaginação e até de uma certa abstração da realidade, ao mesmo tempo em que é extremamente real e paupável dentro daquele cenário! Vale muito a pena pela dicotomia inteligente da narrativa e pela diversão que ela nos proporciona!

Assista Agora

Se "Good Girls" foi definida como a versão de "Breaking Bad" com protagonistas femininos, naturalmente vamos relacionar "Como Vender Drogas Online (Rápido)" como a versão adolescente da série de Vince Gilligan. O que poderia soar com uma certa desconfiança, afinal a Netflix vem enchendo seu catálogo de projetos bem duvidosos com temática adolescente desde 2019, tem um elemento que acaba colocando essa série em um outro patamar: "Como Vender Drogas Online (Rápido)" é uma produção alemã! Repare na sinopse: Moritz (Maximilian Mundt) é um nerd que, após terminar um relacionamento de muitos anos e ver sua ex-namorada, Lisa (Lena Klenke), começar a se relacionar com o "traficante", popular e esportista da escola, resolve abrir seu próprio negócio para ganhar muito dinheiro, respeito, poder e assim reconquistá-la - o problema é "como" ele quer conseguir tudo isso, claro! Confira o trailer:

Vender drogas online pela Deep Web foi uma escolha tão natural para dois Nerds com o mindset empreendedor, como produzir metanfetamina de qualidade foi para um químico como Walter White. Se a motivação de White era ganhar a maior quantidade de dinheiro possível para deixar sua família tranquila após descobrir que o câncer no pulmão acabaria com sua vida, a de Moritz soa exatamente igual - mas dentro daquele universo que ele pertence! O que achei interessante em "Como Vender Drogas Online (Rápido)"é que não existe uma banalização do drama do protagonista por ele ser um adolescente cheio de inseguranças - sua dor e preocupação são tão legitimos quanto o câncer de White. Mesmo se apoiando em assuntos que estamos cansados de assistir, a série usa de um conceito narrativo menos denso, o que transforma temas bastante delicados em alegorias de fácil entendimento. O fato da série ser relativamente curta, cada episódio com cerca de 30 minutos e cada temporada com apenas seis episódios, ajuda muito nessa dinâmica e vai proporcionar um ótimo entretenimento sem tomar muito seu tempo, porém, talvez deixe a sensação que os personagens mereceriam um desenvolvimento mais cuidadoso. De cara, eu posso afirmar tranquilamente que vale a pena - sinceramente, acho que essa série pode te surpreender e, muito em breve, se tornar uma das queridinhas dos assinantes da Netflix se for inteligente o suficiente para não cair no óbvio!

Ao lado da Espanha, a Alemanha talvez seja o país europeu que mais ganhou os holofotes recentemente e que vem entregando ótimos conteúdos - deixando, inclusive, França e Reino Unido para trás. Dito isso, é de se esperar que depois de "Dark" e "Nós somos a Onda", o país trouxesse para um universo um pouco mais lúdico, a seriedade com que desenvolve suas histórias. Essa percepção executiva e criativa vem fazendo muita diferença. Um dos pontos que nos provocava em Breaking Bad e que encontramos em  "Como Vender Drogas Online (Rápido)" diz respeito a construção de um mito (mesmo que na forma de anti-herói). O interessante é que para contextualizar essa jornada, os criadores Philipp Käßbohrer e Matthias Murmann, a todo momento, fazem paralelos com empreendedores de sucesso da vida real, deixando claro que existe um padrão para alcançar o sucesso e que se repetido, a chance de funcionar aumenta consideravelmente, mesmo com um produto ilegal. Não é raro, aliás, nomes como Steve Jobs, Elon Musk e Jeff Bezos serem citados para validar uma ou outra atitude dos protagonistas - essas referências trazem uma agradável lembrança de "Silicon Valley" da HBO, inclusive!

Peço licença para repetir a mesma premissa que destaquei em "Good Girls": "Como Vender Drogas Online (Rápido)" é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho  vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, mas vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair!" - Dito isso, é possível afirmar que as tramas e sub-tramas vão soar familiares! Acontece que a série apresenta tantos elementos interessantes para serem desenvolvidos que eu chego a duvidar se a escolha por episódios menores foi realmente a melhor - acho que não!

Comandado pelo diretor Arne Feldhusen, a série tem um conceito estético maravilhoso que nos insere no universo da Geração Z com muita elegância. As inserções gráficas para explicar como a tecnologia faz parte do cotidiano dessa geração e como ela interfere na formação social desses jovens, é simplesmente genial - embora auto-explicativo, ter Moritz como narrador e protagonista só facilita o entendimento, além de render ótimas tiradas. Outro elemento visual muito bacana mostra como a droga impacta a vida de um ser humano normal - em uma sequência de cenas excepcionalmente bem editadas (totalmente clipadas), vemos uma pessoa no seu dia a dia que, rapidamente, sofre uma transformação assim que coloca um comprimido da boca. Usando tanto fashfowards quanto flashbacks, além de visualmente interessante, essas cenas ajudam a explicar os efeitos e consequências das drogas que estão sendo vendidas por Moritz e pelo seu sócio Lenny (Danilo Kamber).

Outro ponto que merece ser destacado antes de finalizarmos o review é justamente a qualidade do elenco: tanto Moritz (Maximilian Mundt) quanto Lenny (Danilo Kamber) fogem completamente do estereótipo que costumamos encontrar em séries adolescentes (e aqui estou sendo bastante taxativo). Com excelentes performances, a dupla de protagonistas convencem, cada um apoiado no seu drama particular, sem soar superficial e isso não é nada fácil!

Agora, é claro que beber na fonte de "Breaking Bad" tem seus prós e contras -  são inúmeras referências (quase adaptações): como ter um policial dentro de família ou o corte de cabelo do protagonista, mas que funcionam tão bem que soa até original, embora sabemos que não é! "Como Vender Drogas Online (Rápido)" é uma ótima escolha, pela dinâmica da série e pela forma como a história é contada - ela exige da nossa imaginação e até de uma certa abstração da realidade, ao mesmo tempo em que é extremamente real e paupável dentro daquele cenário! Vale muito a pena pela dicotomia inteligente da narrativa e pela diversão que ela nos proporciona!

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Crescendo Juntas

Sabe aquele tipo de filme que você assiste com um leve sorriso no rosto? Pois é, "Crescendo Juntas" talvez seja a melhor definição de filme "que te abraça" - principalmente se você tiver uma filha menina (meu caso). Essa é o tipo de adaptação cinematográfica que não pode passar despercebida, "Are You There God? It's Me, Margaret" (no original) transcende as barreiras do drama trazendo uma leveza impressionante para discutir assuntos, digamos, cotidianos da vida de uma pré-adolescente, oferecendo assim uma experiência cativante, envolvente e muito reflexiva. Aliás, pela resposta do público e da crítica, o filme faz jus ao sucesso da obra de Judy Blume - o que já não seria uma tarefa fácil.

Margaret (Abby Ryder Fortson), de 11 anos, muda-se para uma nova cidade e começa a contemplar tudo que a vida, a amizade e a adolescência têm para oferecer - é um período de descobertas, mas também de muita insegurança. Ela conta com a mãe, católica, Bárbara (Rachel McAdams), que oferece um apoio amoroso, e com a avó, judia, Sylvia (Kathy Bates), que está tentando encontrar a felicidade mesmo longe da neta. Questões de identidade, do lugar de cada um no mundo e do que dá sentido à vida rapidamente os aproximam mais do que nunca, mas ainda existe um ponto a ser discutido: que religião seguir? Confira o trailer:

Os elementos que tornam "Crescendo Juntas" imperdível, me parece, vão além da trama, ou seja, naturalmente passa pela nossa identificação com os personagens. Semelhante a outras obras que exploraram a complexidade da adolescência, como "Lady Bird" e até "As Vantagens de Ser Invisível", aqui temos um olhar verdadeiro sobre a jornada de aceitação perante o novo - e a metáfora da mudança de cidade e da dúvida sobre qual religião pertencer se encaixam perfeitamente na bola de neve que se transforma a vida da protagonista quando ela é confrontada com os desafios que todas as meninas enfrentam nessa fase: de aprender a usar um sutiã, passando pelo entendimento das mudanças do corpo e a chegada da menstruação, até a importância ou o tabu de dar o primeiro beijo.

A direção sensível de Kelly Fremon Craig (do elogiado "Quase 18") merece aplausos, pois ela não apenas captura a essência do livro, como adiciona camadas emocionais à narrativa que nos deixam encantados - e aqui é preciso que se diga: muito dessa percepção de realidade passa pela performance impressionante de Abby Ryder Fortson. Reparem como ela explora a vulnerabilidade e autodescoberta de sua personagem de maneira autêntica, contribuindo para que as relações construídas ao longo da trama façam total sentido dentro de um contexto emocional tão caótico - olha, eu não me surpreenderia se Craig recebesse uma indicação ao Oscar. Outro detalhe que merece sua atenção: a escolha da fotografia, com seus tons suaves e nostálgicos, nos leva para um mergulho profundo na atmosfera da década de 70 - não por acaso, mérito do diretor Tim Ives, indicado duas vezes ao Emmy por "Stranger Things".  

Para finalizar, preciso reforçar que "Crescendo Juntas"  é realmente mais do que uma simples adaptação; é uma celebração da juventude, da busca pela identidade e pelo entendimento da complexidade das relações humanas. Craig inteligentemente coloca a obra da premiada Judy Blume em outro patamar, oferecendo um filme intimista que ressoa com o público de todas as idades, que aquece o coração ao mesmo tempo que provoca ótimas discussões - é um olhar honesto sobre uma fase onde tudo ganha uma dimensão muito maior do que os fatos em si, mas que por outro lado ajuda a construir autonomia e uma percepção de vida onde nem tudo é simples!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Sabe aquele tipo de filme que você assiste com um leve sorriso no rosto? Pois é, "Crescendo Juntas" talvez seja a melhor definição de filme "que te abraça" - principalmente se você tiver uma filha menina (meu caso). Essa é o tipo de adaptação cinematográfica que não pode passar despercebida, "Are You There God? It's Me, Margaret" (no original) transcende as barreiras do drama trazendo uma leveza impressionante para discutir assuntos, digamos, cotidianos da vida de uma pré-adolescente, oferecendo assim uma experiência cativante, envolvente e muito reflexiva. Aliás, pela resposta do público e da crítica, o filme faz jus ao sucesso da obra de Judy Blume - o que já não seria uma tarefa fácil.

Margaret (Abby Ryder Fortson), de 11 anos, muda-se para uma nova cidade e começa a contemplar tudo que a vida, a amizade e a adolescência têm para oferecer - é um período de descobertas, mas também de muita insegurança. Ela conta com a mãe, católica, Bárbara (Rachel McAdams), que oferece um apoio amoroso, e com a avó, judia, Sylvia (Kathy Bates), que está tentando encontrar a felicidade mesmo longe da neta. Questões de identidade, do lugar de cada um no mundo e do que dá sentido à vida rapidamente os aproximam mais do que nunca, mas ainda existe um ponto a ser discutido: que religião seguir? Confira o trailer:

Os elementos que tornam "Crescendo Juntas" imperdível, me parece, vão além da trama, ou seja, naturalmente passa pela nossa identificação com os personagens. Semelhante a outras obras que exploraram a complexidade da adolescência, como "Lady Bird" e até "As Vantagens de Ser Invisível", aqui temos um olhar verdadeiro sobre a jornada de aceitação perante o novo - e a metáfora da mudança de cidade e da dúvida sobre qual religião pertencer se encaixam perfeitamente na bola de neve que se transforma a vida da protagonista quando ela é confrontada com os desafios que todas as meninas enfrentam nessa fase: de aprender a usar um sutiã, passando pelo entendimento das mudanças do corpo e a chegada da menstruação, até a importância ou o tabu de dar o primeiro beijo.

A direção sensível de Kelly Fremon Craig (do elogiado "Quase 18") merece aplausos, pois ela não apenas captura a essência do livro, como adiciona camadas emocionais à narrativa que nos deixam encantados - e aqui é preciso que se diga: muito dessa percepção de realidade passa pela performance impressionante de Abby Ryder Fortson. Reparem como ela explora a vulnerabilidade e autodescoberta de sua personagem de maneira autêntica, contribuindo para que as relações construídas ao longo da trama façam total sentido dentro de um contexto emocional tão caótico - olha, eu não me surpreenderia se Craig recebesse uma indicação ao Oscar. Outro detalhe que merece sua atenção: a escolha da fotografia, com seus tons suaves e nostálgicos, nos leva para um mergulho profundo na atmosfera da década de 70 - não por acaso, mérito do diretor Tim Ives, indicado duas vezes ao Emmy por "Stranger Things".  

Para finalizar, preciso reforçar que "Crescendo Juntas"  é realmente mais do que uma simples adaptação; é uma celebração da juventude, da busca pela identidade e pelo entendimento da complexidade das relações humanas. Craig inteligentemente coloca a obra da premiada Judy Blume em outro patamar, oferecendo um filme intimista que ressoa com o público de todas as idades, que aquece o coração ao mesmo tempo que provoca ótimas discussões - é um olhar honesto sobre uma fase onde tudo ganha uma dimensão muito maior do que os fatos em si, mas que por outro lado ajuda a construir autonomia e uma percepção de vida onde nem tudo é simples!

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Crypto Boy

Se olharmos pela perspectiva do desejo de ser muito rico, ainda muito jovem e assim resolver todos os problemas da vida com dinheiro e sem pensar nas consequências, "Crypto Boy" é uma versão atualizada de todo dilema que assistimos em "O Clube dos Meninos Bilionários" e que depois fomos nos aprofundando em excelentes obras como "Altos Negócios""O Primeiro Milhão" e "O Mago das Mentiras". Dito isso, fica muito fácil definir a linha narrativa que essa produção holandesa da Netflix escolhe para discutir o jogo de altos e baixos, mentiras e meia-verdades, do universo das criptomoedas, sem cair na armadilha de se aprofundar ou analisar didaticamente um cenário que, pode ter certeza, ainda terá ótimas (e verídicas, talvez por isso absurdas) histórias para contar. 

Dirigido por Shady El-Hamus (de "Forever Rich"), o filme acompanha a história do jovem Amir (Shahine El-Hamus), um rapaz que anda ainda meio perdido na vida, mas cheio de sonhos e ambições, que não se sente feliz sendo o garoto de entregas do restaurante mexicano de seu pai. Quando, bem por acaso, Amir descobre o universo das criptomoedas e conhece o CEO de uma startup que transaciona esse tipo de ativo prometendo lucros de 2% ao dia, Roy (Minne Koole), tudo muda! O problema é que, com o tempo, aquilo que parecia uma mina de ouro se transforma em uma crise pessoal e familiar sem precedentes. Confira o trailer (no seu idioma original):

Talvez a grande força "Crypto Boy" esteja justamente no elemento que pode desagradar algumas pessoas: sua simplicidade. O filme não deve ser encarado como um documentário mais profundo sobre o assunto, para isso sugiro outra obra: "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", também da Netflix. Aqui estamos falando é de um drama despretensioso que, mesmo nos remetendo ao escândalo real da FTX e de seu fundador Sam Bankman-Fried, não passa de uma ficção com o único objetivo de entreter.  O roteiro de El-Hamus, ao lado de seu parceiro Jeroen Scholten van Aschat, é habilmente construído para tornar aquele mundo que pode soar complexo para alguns, em algo acessível para todos, independentemente do conhecimento prévio que podemos (ou não) ter.

A narrativa é sim muito inteligente e por isso envolvente, já que insere uma jornada de humanidade ao perigo que pode ser o mercado de criptomoedas. Embora um pouco estereotipado demais em alguns momentos, o filme proporciona uma visão mais perspicaz sobre as dinâmicas financeiras modernas ao mesmo tempo em que usa das consequências de sua fraude para pontuar as relações familiares e provocar uma reflexão sobre o valor da "ultrapassada" velha economia. A direção habilidosa de El-Hamus capta muito bem a distorção do conceito "não trabalhe por dinheiro; deixe o dinheiro trabalhar por você" na cabeça de uma geração que ainda acredita no "almoço grátis" para se dar bem. Agora reparem quando a realidade bate na porta, como a tensão simbolizada pelo olhar de Amir e a angustia de, mais uma vez, ter decepcionado seu pai, nos provoca reflexões - e acreditem, ao encarar, sob essa perspectiva, "Crypto Boy" muda de patamar.

É um fato que aqui temos um filme que nos cativa do início ao fim, mas que não deixa marcas inesquecíveis. Embora sua narrativa seja intrigante, o assunto esteja em voga, as atuações sejam de alto nível e a produção impecável dentro de suas limitações e proposta, "Crypto Boy" é apenas mais um ótimo entretenimento para um domingo à tarde. Ou seja, se você é um entusiasta de tecnologia, um investidor em criptomoedas ou simplesmente alguém em busca diversão sem precisar pensar demais, certamente você vai se conectar com a história e ficar muito satisfeito. 

Assista Agora

Se olharmos pela perspectiva do desejo de ser muito rico, ainda muito jovem e assim resolver todos os problemas da vida com dinheiro e sem pensar nas consequências, "Crypto Boy" é uma versão atualizada de todo dilema que assistimos em "O Clube dos Meninos Bilionários" e que depois fomos nos aprofundando em excelentes obras como "Altos Negócios""O Primeiro Milhão" e "O Mago das Mentiras". Dito isso, fica muito fácil definir a linha narrativa que essa produção holandesa da Netflix escolhe para discutir o jogo de altos e baixos, mentiras e meia-verdades, do universo das criptomoedas, sem cair na armadilha de se aprofundar ou analisar didaticamente um cenário que, pode ter certeza, ainda terá ótimas (e verídicas, talvez por isso absurdas) histórias para contar. 

Dirigido por Shady El-Hamus (de "Forever Rich"), o filme acompanha a história do jovem Amir (Shahine El-Hamus), um rapaz que anda ainda meio perdido na vida, mas cheio de sonhos e ambições, que não se sente feliz sendo o garoto de entregas do restaurante mexicano de seu pai. Quando, bem por acaso, Amir descobre o universo das criptomoedas e conhece o CEO de uma startup que transaciona esse tipo de ativo prometendo lucros de 2% ao dia, Roy (Minne Koole), tudo muda! O problema é que, com o tempo, aquilo que parecia uma mina de ouro se transforma em uma crise pessoal e familiar sem precedentes. Confira o trailer (no seu idioma original):

Talvez a grande força "Crypto Boy" esteja justamente no elemento que pode desagradar algumas pessoas: sua simplicidade. O filme não deve ser encarado como um documentário mais profundo sobre o assunto, para isso sugiro outra obra: "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", também da Netflix. Aqui estamos falando é de um drama despretensioso que, mesmo nos remetendo ao escândalo real da FTX e de seu fundador Sam Bankman-Fried, não passa de uma ficção com o único objetivo de entreter.  O roteiro de El-Hamus, ao lado de seu parceiro Jeroen Scholten van Aschat, é habilmente construído para tornar aquele mundo que pode soar complexo para alguns, em algo acessível para todos, independentemente do conhecimento prévio que podemos (ou não) ter.

A narrativa é sim muito inteligente e por isso envolvente, já que insere uma jornada de humanidade ao perigo que pode ser o mercado de criptomoedas. Embora um pouco estereotipado demais em alguns momentos, o filme proporciona uma visão mais perspicaz sobre as dinâmicas financeiras modernas ao mesmo tempo em que usa das consequências de sua fraude para pontuar as relações familiares e provocar uma reflexão sobre o valor da "ultrapassada" velha economia. A direção habilidosa de El-Hamus capta muito bem a distorção do conceito "não trabalhe por dinheiro; deixe o dinheiro trabalhar por você" na cabeça de uma geração que ainda acredita no "almoço grátis" para se dar bem. Agora reparem quando a realidade bate na porta, como a tensão simbolizada pelo olhar de Amir e a angustia de, mais uma vez, ter decepcionado seu pai, nos provoca reflexões - e acreditem, ao encarar, sob essa perspectiva, "Crypto Boy" muda de patamar.

É um fato que aqui temos um filme que nos cativa do início ao fim, mas que não deixa marcas inesquecíveis. Embora sua narrativa seja intrigante, o assunto esteja em voga, as atuações sejam de alto nível e a produção impecável dentro de suas limitações e proposta, "Crypto Boy" é apenas mais um ótimo entretenimento para um domingo à tarde. Ou seja, se você é um entusiasta de tecnologia, um investidor em criptomoedas ou simplesmente alguém em busca diversão sem precisar pensar demais, certamente você vai se conectar com a história e ficar muito satisfeito. 

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Desaparecida

Se você gosta do estilo "Buscando..." de drama policial, pode dar o play tranquilamente em "Desaparecida" que seu entretenimento está garantido. Essa produção dirigida pelos novatos Nicholas D. Johnson e Will Merrick, ambos montadores de "Buscando...", não decepciona em nada, pelo contrário, é até mais dinâmico que seu antecessor. No entanto, também é preciso que se diga, que aqui percebemos uma dificuldade maior em criar aquela sensação claustrofobia que o diretor russo Timur Bekmambetov impôs com maestria na produção de 2018 - afinal é inegável que o estilo found footage tinha mais fôlego na época, mas nem por isso "Missing" (no original) deixa de ser bem criativo. 

Quando sua mãe Grace (Nia Long) desaparece enquanto estava de férias na Colômbia com seu novo namorado, a busca de June (Storm Reid) por respostas é prejudicada pela burocracia internacional. Embora os agentes Park (Daniel Henney) e Heather (Amy Landecker) assegurem à filha preocupada que estão fazendo tudo ao seu alcance, o tempo acaba jogando contra. Presa a milhares de quilômetros de distância em Los Angeles, June usa todas as tecnologias à sua disposição para tentar encontrar sua mãe antes que seja tarde demais. Conforme ela se aprofunda, suas investigações levantam mais perguntas do que respostas. Não apenas a informação sobre o novo namorado de sua mãe, Kevin (Ken Leung), é mais do que preocupante, como  também os mistérios envolvendo sua mãe, transformam essa jornada em algo surpreendente e angustiante. Confira o trailer:

Nesse tipo de produção a "forma" se sobrepõe ao "conteúdo" em um primeiro olhar, claro. É até muito bacana como os roteiros vão se adaptando à toda essa evolução tecnológica, e a cada nova incursão ao estilo, sempre percebemos um sopro de inovação e criatividade - a própria Sony usou desse conceito para vender "Desaparecida" como uma espécie de antologia que começou com "Buscando..." e que certamente deve ter outras histórias pela frente. 

Pensando na narrativa em si, o que encontramos em "Desaparecida" é uma linha temporal habilmente estruturada, alternando entre diferentes modos de enxergar uma situação, respeitando os limites das telas, o que contribui e muito para a construção da tensão em torno do mistério envolvendo Grace e Kevin. Reparem como a fórmula, mesmo repetida, funciona perfeitamente, nos dando a impressão de que, a medida que a investigação avança, somos levados a questionar todos os personagens e a formular nossas próprias teorias sobre o que realmente aconteceu. Talvez esteja aí o grande valor desse estilo gameficado do screen life!

Johnson e Merrick, de fato, criam uma atmosfera palpável de angústia e insegurança, trabalhando as cores e a estética a partir de uma paleta de cores mais sombria, onde o desenho de som e o silêncio em cena transformam toda aquela ambientação em algo muito mais melancólico - e Storm Reid também cumpre muito bem essa missão como protagonista. Veja, cada cena é cuidadosamente enquadrada pelo fotógrafo Steven Holleran (que esteve na segunda unidade de "Creed II") para transmitir a sensação de isolamento e desorientação que June enfrenta, intensificando ainda mais esse mood de suspense.

"Desaparecida" não deixa de nos provocar reflexões sobre nossas responsabilidades e pontuais culpas. O filme não se prende em explorar as repercussões que um evento traumático na vida de uma criança pode causar, mas também não deixa de questionar suas ações adolescente e como elas podem afetar aqueles ao seu redor. Dito isso, temos aqui mais um filme interessante e divertido que combina uma narrativa intrigante, com ótimas atuações e uma atmosfera intensa que nos leva em uma jornada das mais envolventes. 

Vale o seu play!

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Se você gosta do estilo "Buscando..." de drama policial, pode dar o play tranquilamente em "Desaparecida" que seu entretenimento está garantido. Essa produção dirigida pelos novatos Nicholas D. Johnson e Will Merrick, ambos montadores de "Buscando...", não decepciona em nada, pelo contrário, é até mais dinâmico que seu antecessor. No entanto, também é preciso que se diga, que aqui percebemos uma dificuldade maior em criar aquela sensação claustrofobia que o diretor russo Timur Bekmambetov impôs com maestria na produção de 2018 - afinal é inegável que o estilo found footage tinha mais fôlego na época, mas nem por isso "Missing" (no original) deixa de ser bem criativo. 

Quando sua mãe Grace (Nia Long) desaparece enquanto estava de férias na Colômbia com seu novo namorado, a busca de June (Storm Reid) por respostas é prejudicada pela burocracia internacional. Embora os agentes Park (Daniel Henney) e Heather (Amy Landecker) assegurem à filha preocupada que estão fazendo tudo ao seu alcance, o tempo acaba jogando contra. Presa a milhares de quilômetros de distância em Los Angeles, June usa todas as tecnologias à sua disposição para tentar encontrar sua mãe antes que seja tarde demais. Conforme ela se aprofunda, suas investigações levantam mais perguntas do que respostas. Não apenas a informação sobre o novo namorado de sua mãe, Kevin (Ken Leung), é mais do que preocupante, como  também os mistérios envolvendo sua mãe, transformam essa jornada em algo surpreendente e angustiante. Confira o trailer:

Nesse tipo de produção a "forma" se sobrepõe ao "conteúdo" em um primeiro olhar, claro. É até muito bacana como os roteiros vão se adaptando à toda essa evolução tecnológica, e a cada nova incursão ao estilo, sempre percebemos um sopro de inovação e criatividade - a própria Sony usou desse conceito para vender "Desaparecida" como uma espécie de antologia que começou com "Buscando..." e que certamente deve ter outras histórias pela frente. 

Pensando na narrativa em si, o que encontramos em "Desaparecida" é uma linha temporal habilmente estruturada, alternando entre diferentes modos de enxergar uma situação, respeitando os limites das telas, o que contribui e muito para a construção da tensão em torno do mistério envolvendo Grace e Kevin. Reparem como a fórmula, mesmo repetida, funciona perfeitamente, nos dando a impressão de que, a medida que a investigação avança, somos levados a questionar todos os personagens e a formular nossas próprias teorias sobre o que realmente aconteceu. Talvez esteja aí o grande valor desse estilo gameficado do screen life!

Johnson e Merrick, de fato, criam uma atmosfera palpável de angústia e insegurança, trabalhando as cores e a estética a partir de uma paleta de cores mais sombria, onde o desenho de som e o silêncio em cena transformam toda aquela ambientação em algo muito mais melancólico - e Storm Reid também cumpre muito bem essa missão como protagonista. Veja, cada cena é cuidadosamente enquadrada pelo fotógrafo Steven Holleran (que esteve na segunda unidade de "Creed II") para transmitir a sensação de isolamento e desorientação que June enfrenta, intensificando ainda mais esse mood de suspense.

"Desaparecida" não deixa de nos provocar reflexões sobre nossas responsabilidades e pontuais culpas. O filme não se prende em explorar as repercussões que um evento traumático na vida de uma criança pode causar, mas também não deixa de questionar suas ações adolescente e como elas podem afetar aqueles ao seu redor. Dito isso, temos aqui mais um filme interessante e divertido que combina uma narrativa intrigante, com ótimas atuações e uma atmosfera intensa que nos leva em uma jornada das mais envolventes. 

Vale o seu play!

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