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Every Breath You Take

Assistir "Every Breath You Take" é como olhar para os dramas psicológicos, daqueles com fortes elementos de suspense do passado, como "Mulher Solteira Procura" ou "A Mão que Balança o Berço", porém com uma nova perspectiva de tentar focar no desenvolvimento de personagens mais complexos - funciona, mas até certo ponto. De fato o filme dirigido pelo Vaughn Stein (de "A Vingança Perfeita") entrega uma narrativa tensa e envolvente, mesmo com algumas passagens mais cadenciadas, explorando com inteligência as complexidades da mente humana. No entanto, o roteiro do novato David Murray acaba tropeçando na falta de originalidade de sua trama e na simplicidade de suas conclusões - isso acaba colocando um filme com muito potencial naquela prateleira de "apenas um excelente entretenimento para um sábado chuvoso". Eu diria que aqui temos um filme bom, fácil e bastante divertido, mas não inesquecível!

Após a trágica morte de Daphne (Emily Alyn Lind), uma de suas pacientes e com quem estabeleceu um forte vinculo emocional, o renomado psicólogo Philip (Casey Affleck) se vê envolvido em uma teia de segredos e obsessão. Ele passa a ser perseguido por James (Sam Claflin), o irmão perturbado de Daphne, que acredita ter motivos suficientes para aterrorizar Philip e toda sua família. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos positivos de "Every Breath You Take" é o desempenho do elenco. Casey Affleck traz uma intensidade sutil ao seu papel, transmitindo a confusão e a angústia de seu personagem de maneira convincente - ele sabe trabalhar o silêncio e a dor mais íntima, criando uma atmosfera de melancolia impressionante. Reparem como ele se relaciona com sua mulher, Grace (Michelle Monaghan), e como essa relação vai ganhando força e desconstruindo toda uma expectativa de "volta por cima" para essa família. Já Sam Claflin, de certa forma, também se destaca como o antagonista - em alguns momentos ele pode até parecer mais estereotipado, mas é inegável sua capacidade de transmitir um tom de ameaça constante e perturbadora sem precisar se apoiar nos diálogos.

A direção de Vaughn Stein é competente, apresentando uma estética pesada que chama atenção. Ao lado do fotógrafo Michael Merriman (responsável pela segunda unidade de "Green Book"), Stein se aproveita de um conceito visualmente desconfortável, valorizando uma palheta mais fria e um cenário gélido - isso aproxima o drama do suspense com a gramática correta. Ao criar essa atmosfera de tensão permanente, ele nos conquista pela forma e não necessariamente pelo conteúdo - no terceiro ato, mesmo com uma reviravolta interessante (e talvez óbvia), essa afirmação fica ainda mais clara.

"Every Breath You Take" é um filme que se propõe a examinar as consequências devastadoras da psicopatia, explorando os limites da moralidade de uma maneira mais clássica. Com performances intensas e uma direção habilidosa, o filme nos leva por um caminho sinuoso, onde nada pode ser descartado quando o assunto é a dor íntima, a depressão. Ao mergulhar em uma história naturalmente envolvente, nos permitimos entender as fraquezas do roteiro como parte da imaturidade de seu roteirista, mas que nem por isso deixa de entregar uma trama divertida.

Pela pipoca, pelo cobertor e pelo entretenimento despretensioso, vá para o play!

Assista Agora

Assistir "Every Breath You Take" é como olhar para os dramas psicológicos, daqueles com fortes elementos de suspense do passado, como "Mulher Solteira Procura" ou "A Mão que Balança o Berço", porém com uma nova perspectiva de tentar focar no desenvolvimento de personagens mais complexos - funciona, mas até certo ponto. De fato o filme dirigido pelo Vaughn Stein (de "A Vingança Perfeita") entrega uma narrativa tensa e envolvente, mesmo com algumas passagens mais cadenciadas, explorando com inteligência as complexidades da mente humana. No entanto, o roteiro do novato David Murray acaba tropeçando na falta de originalidade de sua trama e na simplicidade de suas conclusões - isso acaba colocando um filme com muito potencial naquela prateleira de "apenas um excelente entretenimento para um sábado chuvoso". Eu diria que aqui temos um filme bom, fácil e bastante divertido, mas não inesquecível!

Após a trágica morte de Daphne (Emily Alyn Lind), uma de suas pacientes e com quem estabeleceu um forte vinculo emocional, o renomado psicólogo Philip (Casey Affleck) se vê envolvido em uma teia de segredos e obsessão. Ele passa a ser perseguido por James (Sam Claflin), o irmão perturbado de Daphne, que acredita ter motivos suficientes para aterrorizar Philip e toda sua família. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos positivos de "Every Breath You Take" é o desempenho do elenco. Casey Affleck traz uma intensidade sutil ao seu papel, transmitindo a confusão e a angústia de seu personagem de maneira convincente - ele sabe trabalhar o silêncio e a dor mais íntima, criando uma atmosfera de melancolia impressionante. Reparem como ele se relaciona com sua mulher, Grace (Michelle Monaghan), e como essa relação vai ganhando força e desconstruindo toda uma expectativa de "volta por cima" para essa família. Já Sam Claflin, de certa forma, também se destaca como o antagonista - em alguns momentos ele pode até parecer mais estereotipado, mas é inegável sua capacidade de transmitir um tom de ameaça constante e perturbadora sem precisar se apoiar nos diálogos.

A direção de Vaughn Stein é competente, apresentando uma estética pesada que chama atenção. Ao lado do fotógrafo Michael Merriman (responsável pela segunda unidade de "Green Book"), Stein se aproveita de um conceito visualmente desconfortável, valorizando uma palheta mais fria e um cenário gélido - isso aproxima o drama do suspense com a gramática correta. Ao criar essa atmosfera de tensão permanente, ele nos conquista pela forma e não necessariamente pelo conteúdo - no terceiro ato, mesmo com uma reviravolta interessante (e talvez óbvia), essa afirmação fica ainda mais clara.

"Every Breath You Take" é um filme que se propõe a examinar as consequências devastadoras da psicopatia, explorando os limites da moralidade de uma maneira mais clássica. Com performances intensas e uma direção habilidosa, o filme nos leva por um caminho sinuoso, onde nada pode ser descartado quando o assunto é a dor íntima, a depressão. Ao mergulhar em uma história naturalmente envolvente, nos permitimos entender as fraquezas do roteiro como parte da imaturidade de seu roteirista, mas que nem por isso deixa de entregar uma trama divertida.

Pela pipoca, pelo cobertor e pelo entretenimento despretensioso, vá para o play!

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In Treatment

Cada episódio de "In Treatment" tem cerca de 24 minutos de duração e a história se desenvolve em um único cenário: o consultório do terapeuta Paul Weston (Gabriel Byrne). O roteiro dá série se desenvolve a partir das confissões e relatos de quatro pacientes em sessões individuais. Pode parecer cansativo, mas o roteiro é tão bem construído que é impossível não nos envolvermos com a história de cada um deles.

Na segunda, a paciente é a Laura (Melissa George) - ela é uma anestesiologista que  que não consegue lidar de uma forma madura com seus relacionamentos, quase sempre todos muito conturbados. Alex (Blair Underwood) é o paciente da terça, ele é um piloto de caça, que sofreu um ataque cardíaco e que precisa de uma avaliação psicológica antes de voltar à ativa. Na quarta é a vez de Sophie (Mia Wasikowska), uma ginasta adolescente que sofreu um acidente de bicicleta e que agora precisa de um laudo médico antes de voltar a treinar e competir. Amy (Embeth Davidtz) e Jake (Josh Charles) são os pacientes de quinta, eles são casados e ela está grávida; a questão é que eles precisam de ajuda para decidir entre abortar ou não. Já na sexta é o próprio Weston que busca orientação profissional com uma espécie de mentora, Gina (Dianne Wiest).

Baseado no formato original “BeTipul” de Israel, a versão americana é boa e tem três temporadas que merecem ser assistidas, mas se prepare, pois só na primeira temporada são 43 episódios!

Como curiosidade fiz o exercício de assistir três versões disponíveis do formato. A versão argentina me pareceu a mais realista, sem pesar tanto no caricatura de cada personagem - me pareceu um texto melhor adaptado para cada um dos pacientes. Os atores ajudaram muito e a produção em si é tão boa quanto a americana - e isso é um elogio, pois estamos falando de HBO! Já a versão brasileira, eu achei muito sombria e faltou um pouco mais de cuidado no tom que os atores imprimiram em cena. Que fique claro que a versão não é ruim, pelo contrário, é muito boa; mas para o meu gosto a argentina ainda é melhor (pena que não está mais disponível na Netflix)!

É vital enfatizar a importância de um bom roteiro no sentido artístico e econômico do projeto. Artístico, pois o texto é facilmente adaptado em vários países, com suas realidades, particularidades e cultura - o que faz desse Formato um grande sucesso! “BeTipul” é, certamente, um dos maiores cases de globalização de um Formato  de Ficção pela sua qualidade e, claro, criatividade! Econômico, pois como comentei acima, cada episódio tem apenas dois atores em cena e, praticamente, só uma locação (ou estúdio) - o que ajuda ainda mais a viabilizar o projeto. Costumo dizer que esse é o tipo de projeto que todo mundo quer fazer (ou criar) - é o bom e barato!

"In Treatment" vale a pena assistir, seja ela qualquer das versões. Aqui o foco é a americana, mas a versão brasileira também merece sua atenção.

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Cada episódio de "In Treatment" tem cerca de 24 minutos de duração e a história se desenvolve em um único cenário: o consultório do terapeuta Paul Weston (Gabriel Byrne). O roteiro dá série se desenvolve a partir das confissões e relatos de quatro pacientes em sessões individuais. Pode parecer cansativo, mas o roteiro é tão bem construído que é impossível não nos envolvermos com a história de cada um deles.

Na segunda, a paciente é a Laura (Melissa George) - ela é uma anestesiologista que  que não consegue lidar de uma forma madura com seus relacionamentos, quase sempre todos muito conturbados. Alex (Blair Underwood) é o paciente da terça, ele é um piloto de caça, que sofreu um ataque cardíaco e que precisa de uma avaliação psicológica antes de voltar à ativa. Na quarta é a vez de Sophie (Mia Wasikowska), uma ginasta adolescente que sofreu um acidente de bicicleta e que agora precisa de um laudo médico antes de voltar a treinar e competir. Amy (Embeth Davidtz) e Jake (Josh Charles) são os pacientes de quinta, eles são casados e ela está grávida; a questão é que eles precisam de ajuda para decidir entre abortar ou não. Já na sexta é o próprio Weston que busca orientação profissional com uma espécie de mentora, Gina (Dianne Wiest).

Baseado no formato original “BeTipul” de Israel, a versão americana é boa e tem três temporadas que merecem ser assistidas, mas se prepare, pois só na primeira temporada são 43 episódios!

Como curiosidade fiz o exercício de assistir três versões disponíveis do formato. A versão argentina me pareceu a mais realista, sem pesar tanto no caricatura de cada personagem - me pareceu um texto melhor adaptado para cada um dos pacientes. Os atores ajudaram muito e a produção em si é tão boa quanto a americana - e isso é um elogio, pois estamos falando de HBO! Já a versão brasileira, eu achei muito sombria e faltou um pouco mais de cuidado no tom que os atores imprimiram em cena. Que fique claro que a versão não é ruim, pelo contrário, é muito boa; mas para o meu gosto a argentina ainda é melhor (pena que não está mais disponível na Netflix)!

É vital enfatizar a importância de um bom roteiro no sentido artístico e econômico do projeto. Artístico, pois o texto é facilmente adaptado em vários países, com suas realidades, particularidades e cultura - o que faz desse Formato um grande sucesso! “BeTipul” é, certamente, um dos maiores cases de globalização de um Formato  de Ficção pela sua qualidade e, claro, criatividade! Econômico, pois como comentei acima, cada episódio tem apenas dois atores em cena e, praticamente, só uma locação (ou estúdio) - o que ajuda ainda mais a viabilizar o projeto. Costumo dizer que esse é o tipo de projeto que todo mundo quer fazer (ou criar) - é o bom e barato!

"In Treatment" vale a pena assistir, seja ela qualquer das versões. Aqui o foco é a americana, mas a versão brasileira também merece sua atenção.

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Joy - O nascimento do FIV

Algumas histórias mereciam ser contadas - essa, certamente, é uma delas e já te adianto: você vai se emocionar, mas não sem antes transitar por um turbilhão de sensações muito particulares. "Joy", dirigido por Ben Taylor (de "Sex Education"), é um filme realmente envolvente e inspirador que resgata um dos capítulos mais revolucionários (e controversos) da medicina moderna: o nascimento do primeiro "bebê de proveta" do mundo, Louise Joy Brown, em 1978. O filme mergulha na jornada de um grupo de pioneiros que enfrentaram imensa oposição social, religiosa e científica para realizar um avanço que transformaria a medicina reprodutiva. Assim como "Radioactive" ou "A Batalha da Correntes", "Joy" não é uma superprodução, mas uma experiência singular, que mistura a narrativa biográfica, com um toque de ciência e drama, destacando a luta pela inovação em um cenário marcado por ceticismo e resistência.

A trama acompanha a jovem enfermeira Jean Purdy (Thomasin McKenzie), o cientista Robert "Bob" Edwards (James Norton) e o cirurgião obstetra Patrick Steptoe (Bill Nighy), figuras centrais na busca pela fertilização in vitro (chamada de FIV). Em meio a críticas ferozes da mídia, resistência do establishment médico e condenações morais vindas da igreja e do estado, os três unem esforços para transformar o impossível em realidade. O nascimento de Louise Joy Brown, a primeira criança concebida fora do útero, torna-se o ápice dessa jornada, mas não sem antes revelar os desafios, sacrifícios e dilemas enfrentados pelos envolvidos. Confira o trailer e veja o que te espera:

Esse filme é um presente para Ben Taylor! Ele conduz a narrativa com uma abordagem equilibrada, combinando o rigor técnico dos procedimentos científicos com a humanidade dos personagens que ousaram desafiar o status quo. O diretor, sabendo das suas limitações de orçamento, opta por um tom mais intimista, mas que nunca perde de vista a importância histórica dos eventos retratados. Taylor vai pelo caminho de uma direção delicada e focada no fator humano, valorizando o impacto emocional do processo, tanto para os cientistas quanto para as pacientes que, no filme, representam a esperança de milhares (e milhares) de famílias. O roteiro de Jack Thorne (de "Extraordinário") é muito competente - seu recorte é inteligente, alternando entre os avanços científicos e as adversidades pessoais, sem atropelos. Seu texto traz diálogos que enfatizam o conflito entre progresso e a tradição - a ética médica e as implicações morais da FIV são discutidas em cenas que elevam a tensão, mas sem nunca perder a mão. O interessante é a forma como Thorne explora as dúvidas do público e da comunidade médica em uma distante década de 60 e 70; enquanto os protagonistas, obviamente, lutam para provar a validade de sua pesquisa. Veja, há uma crítica sutil ao conservadorismo institucional da época, que muitas vezes sacrificava o avanço da ciência em nome de crenças dogmáticas, mas saiba que esse não é o foco - a jornada que vale é a da inovação pelos olhos de quem quis mudar o mundo.

As performances do elenco são o coração do filme. McKenzie entrega uma atuação sensível e comovente, destacando a força e a dedicação de uma mulher que desempenhou um papel crucial, mas frequentemente ignorado na história da FIV - sua relação com a mãe e com a religião dão o tom daquela sociedade. Já o cientista Robert Edwards de Norton traz a paixão e o idealismo, equilibrando o brilho do visionário com os fardos que precisa carregar ao longo da pesquisa. E o cirurgião Patrick Steptoe do brilhante Bill Nighy traz um pragmatismo que contrasta com os ideais de Edwards, criando uma dinâmica envolvente entre os três protagonistas - ele é o estereótipo (no bom sentido) do médico mal humorado, mas simpático, que gostaríamos de ter ao nosso lado durante a vida.

Mesmo "feito para TV", "Joy" impressiona pela reconstrução de época, com figurinos, cenários e uma paleta de cores suaves que evocam o final dos anos 1960 e a década de 1970, o que nos permite uma imersão imediata naquela atmosfera. Mesmo que o filme busque um tom mais emocional e acessível, às vezes simplificando o debate científico e evitando confrontar as implicações mais complexas que a pesquisa trouxe à época, eu diria que "Joy" é um filme indispensável - uma celebração inspiradora do avanço científico e do espírito humano em busca de esperança e da inovação!

Simplesmente imperdível!

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Algumas histórias mereciam ser contadas - essa, certamente, é uma delas e já te adianto: você vai se emocionar, mas não sem antes transitar por um turbilhão de sensações muito particulares. "Joy", dirigido por Ben Taylor (de "Sex Education"), é um filme realmente envolvente e inspirador que resgata um dos capítulos mais revolucionários (e controversos) da medicina moderna: o nascimento do primeiro "bebê de proveta" do mundo, Louise Joy Brown, em 1978. O filme mergulha na jornada de um grupo de pioneiros que enfrentaram imensa oposição social, religiosa e científica para realizar um avanço que transformaria a medicina reprodutiva. Assim como "Radioactive" ou "A Batalha da Correntes", "Joy" não é uma superprodução, mas uma experiência singular, que mistura a narrativa biográfica, com um toque de ciência e drama, destacando a luta pela inovação em um cenário marcado por ceticismo e resistência.

A trama acompanha a jovem enfermeira Jean Purdy (Thomasin McKenzie), o cientista Robert "Bob" Edwards (James Norton) e o cirurgião obstetra Patrick Steptoe (Bill Nighy), figuras centrais na busca pela fertilização in vitro (chamada de FIV). Em meio a críticas ferozes da mídia, resistência do establishment médico e condenações morais vindas da igreja e do estado, os três unem esforços para transformar o impossível em realidade. O nascimento de Louise Joy Brown, a primeira criança concebida fora do útero, torna-se o ápice dessa jornada, mas não sem antes revelar os desafios, sacrifícios e dilemas enfrentados pelos envolvidos. Confira o trailer e veja o que te espera:

Esse filme é um presente para Ben Taylor! Ele conduz a narrativa com uma abordagem equilibrada, combinando o rigor técnico dos procedimentos científicos com a humanidade dos personagens que ousaram desafiar o status quo. O diretor, sabendo das suas limitações de orçamento, opta por um tom mais intimista, mas que nunca perde de vista a importância histórica dos eventos retratados. Taylor vai pelo caminho de uma direção delicada e focada no fator humano, valorizando o impacto emocional do processo, tanto para os cientistas quanto para as pacientes que, no filme, representam a esperança de milhares (e milhares) de famílias. O roteiro de Jack Thorne (de "Extraordinário") é muito competente - seu recorte é inteligente, alternando entre os avanços científicos e as adversidades pessoais, sem atropelos. Seu texto traz diálogos que enfatizam o conflito entre progresso e a tradição - a ética médica e as implicações morais da FIV são discutidas em cenas que elevam a tensão, mas sem nunca perder a mão. O interessante é a forma como Thorne explora as dúvidas do público e da comunidade médica em uma distante década de 60 e 70; enquanto os protagonistas, obviamente, lutam para provar a validade de sua pesquisa. Veja, há uma crítica sutil ao conservadorismo institucional da época, que muitas vezes sacrificava o avanço da ciência em nome de crenças dogmáticas, mas saiba que esse não é o foco - a jornada que vale é a da inovação pelos olhos de quem quis mudar o mundo.

As performances do elenco são o coração do filme. McKenzie entrega uma atuação sensível e comovente, destacando a força e a dedicação de uma mulher que desempenhou um papel crucial, mas frequentemente ignorado na história da FIV - sua relação com a mãe e com a religião dão o tom daquela sociedade. Já o cientista Robert Edwards de Norton traz a paixão e o idealismo, equilibrando o brilho do visionário com os fardos que precisa carregar ao longo da pesquisa. E o cirurgião Patrick Steptoe do brilhante Bill Nighy traz um pragmatismo que contrasta com os ideais de Edwards, criando uma dinâmica envolvente entre os três protagonistas - ele é o estereótipo (no bom sentido) do médico mal humorado, mas simpático, que gostaríamos de ter ao nosso lado durante a vida.

Mesmo "feito para TV", "Joy" impressiona pela reconstrução de época, com figurinos, cenários e uma paleta de cores suaves que evocam o final dos anos 1960 e a década de 1970, o que nos permite uma imersão imediata naquela atmosfera. Mesmo que o filme busque um tom mais emocional e acessível, às vezes simplificando o debate científico e evitando confrontar as implicações mais complexas que a pesquisa trouxe à época, eu diria que "Joy" é um filme indispensável - uma celebração inspiradora do avanço científico e do espírito humano em busca de esperança e da inovação!

Simplesmente imperdível!

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O Paciente

Profundo, denso e surpreendente, talvez essa seja a melhor forma de definir "O Paciente". Embora tenha sido vendida como mais uma história de serial killer, eu diria que essa minissérie de 10 episódios (curtos) do Star+ vai muito além, pois a partir do ponto de vista de um terapeuta, somos inseridos em um violento embate psicológico que traz para discussão assuntos como traumas, luto, arrependimentos, mas que, principalmente, expõe as dores de uma relação familiar que em algum momento perdeu sua conexão. Para quem espera uma jornada de investigação e sangue, saiba que aqui o drama é muito mais intimo, cheio de camadas, cadenciado de tal forma que muitas vezes nos vemos dentro daquela situação sem ao menos tirar os olhos da tela. Eu diria que a jornada é tão angustiante quanto intensa e o seu realismo impacta demais nossa experiência!

"The Patient" (no original) acompanha o psicanalista, Alexander Strass (Steve Carell) tratando de um jovem extremamente conturbado, Sam Fortner (Domhnall Gleeson). O paciente (do título) é um serial killer que já fez dezenas de vítimas, sempre como consequência de fortes ataques nervosos. A questão é que Sam quer parar de matar e por isso ele sequestra Dr. Strauss com o intuito de intensificar seu tratamento. A partir daí se inicia uma luta contra o tempo na busca por repostas ou o próprio terapeuta pode ser a próxima vítima. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo Chris Long (de "The Americans"), pelo Kevin Bray (de "Succession") e pela Gwyneth Horder-Payton (de "Clube da Sedução"), "O Paciente" é uma verdadeira aula de roteiro ao pontuar uma série de assuntos espinhosos dentro de uma dinâmica psicológica, um contra um, de cair o queixo - e aqui cabe um comentário: inicialmente o conceito narrativo pode causar certo estranhamento e até cansar um pouco, mas aguente firme pois é impressionante como as peças vão se encaixando, alguns delírios vão fazendo sentido e no final, meu Deus, que entrega!

Como em "In Treatment"(e fatalmente Sam poderia ser um dos pacientes do terapeuta Paul Weston), a história se passa praticamente em um único cenário com dois personagens em uma verdadeiro jogo mental. Carell está impecável - seu personagem é tão bom e complexo emocionalmente como o recente Mitch Kessler. Já Gleeson, talvez na melhor performance da sua carreira até aqui (mesmo depois do inesquecível "Questão de Tempo"), está perfeito - eu não gostaria de cometer o sacrilégio de o comparar ao Hannibal Lecter de Anthony Hopkins, mas olha, eu diria com a mais absoluta certeza que como "serial killer", está muito bem representado - reparem em uma das cenas-chave do último episódio como Gleeson praticamente se desfigura durante um ataque de fúria criando um contraponto inacreditável com a introspecção e a timidez de outros momentos menos tensos do personagem.

Sim, a minissérie criada pelo Joel Fields (do premiado "Fosse/Verdon") e pelo Joseph Weisberg (de "Damages") tem muito do que de melhor encontramos em "O Silêncio dos Inocentes" e isso é um baita elogio! Se para alguns o "O Paciente" pode parecer parado demais, dando até a impressão que a história não sai do lugar; para aqueles dispostos a enxergar e a ouvir além do que está na tela, essa jornada será um desafio intelectual muito divertido, uma provocação psicológica envolvente, como se estivéssemos em frente a um espelho onde a mente humana fosse capaz de criar e depois nos convencer de que até o improvável pode ser real (e muitas vezes fatal)!

Vale muito o seu play! Só vai!

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Profundo, denso e surpreendente, talvez essa seja a melhor forma de definir "O Paciente". Embora tenha sido vendida como mais uma história de serial killer, eu diria que essa minissérie de 10 episódios (curtos) do Star+ vai muito além, pois a partir do ponto de vista de um terapeuta, somos inseridos em um violento embate psicológico que traz para discussão assuntos como traumas, luto, arrependimentos, mas que, principalmente, expõe as dores de uma relação familiar que em algum momento perdeu sua conexão. Para quem espera uma jornada de investigação e sangue, saiba que aqui o drama é muito mais intimo, cheio de camadas, cadenciado de tal forma que muitas vezes nos vemos dentro daquela situação sem ao menos tirar os olhos da tela. Eu diria que a jornada é tão angustiante quanto intensa e o seu realismo impacta demais nossa experiência!

"The Patient" (no original) acompanha o psicanalista, Alexander Strass (Steve Carell) tratando de um jovem extremamente conturbado, Sam Fortner (Domhnall Gleeson). O paciente (do título) é um serial killer que já fez dezenas de vítimas, sempre como consequência de fortes ataques nervosos. A questão é que Sam quer parar de matar e por isso ele sequestra Dr. Strauss com o intuito de intensificar seu tratamento. A partir daí se inicia uma luta contra o tempo na busca por repostas ou o próprio terapeuta pode ser a próxima vítima. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo Chris Long (de "The Americans"), pelo Kevin Bray (de "Succession") e pela Gwyneth Horder-Payton (de "Clube da Sedução"), "O Paciente" é uma verdadeira aula de roteiro ao pontuar uma série de assuntos espinhosos dentro de uma dinâmica psicológica, um contra um, de cair o queixo - e aqui cabe um comentário: inicialmente o conceito narrativo pode causar certo estranhamento e até cansar um pouco, mas aguente firme pois é impressionante como as peças vão se encaixando, alguns delírios vão fazendo sentido e no final, meu Deus, que entrega!

Como em "In Treatment"(e fatalmente Sam poderia ser um dos pacientes do terapeuta Paul Weston), a história se passa praticamente em um único cenário com dois personagens em uma verdadeiro jogo mental. Carell está impecável - seu personagem é tão bom e complexo emocionalmente como o recente Mitch Kessler. Já Gleeson, talvez na melhor performance da sua carreira até aqui (mesmo depois do inesquecível "Questão de Tempo"), está perfeito - eu não gostaria de cometer o sacrilégio de o comparar ao Hannibal Lecter de Anthony Hopkins, mas olha, eu diria com a mais absoluta certeza que como "serial killer", está muito bem representado - reparem em uma das cenas-chave do último episódio como Gleeson praticamente se desfigura durante um ataque de fúria criando um contraponto inacreditável com a introspecção e a timidez de outros momentos menos tensos do personagem.

Sim, a minissérie criada pelo Joel Fields (do premiado "Fosse/Verdon") e pelo Joseph Weisberg (de "Damages") tem muito do que de melhor encontramos em "O Silêncio dos Inocentes" e isso é um baita elogio! Se para alguns o "O Paciente" pode parecer parado demais, dando até a impressão que a história não sai do lugar; para aqueles dispostos a enxergar e a ouvir além do que está na tela, essa jornada será um desafio intelectual muito divertido, uma provocação psicológica envolvente, como se estivéssemos em frente a um espelho onde a mente humana fosse capaz de criar e depois nos convencer de que até o improvável pode ser real (e muitas vezes fatal)!

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The Good Doctor

The Good Doctor

Você vai precisar de muita suspensão da realidade para se conectar com "The Good Doctor" - é como se estivéssemos assistindo uma série do final dos anos 90, por outro lado é inegável a forma como ela cativa o público com sua abordagem única de um gênero que parece nunca sair de moda na televisão americana: o drama médico. Com uma premissa intrigante e personagens muito bem desenvolvidos, a série proporciona uma experiência emocional do início ao fim - e é isso que nos mantém envolvidos.

Criada pelo David Shore, a mesma mente por trás de "House", "The Good Doctor" vem conquistando o coração do mundo inteiro ao explorar não apenas a genialidade da investigação médica, mas também as emoções e desafios pessoais enfrentados pelos próprios personagens - é como se a humanização de seus dramas se conectassem imediatamente aos desafios profissionais.

"The Good Doctor", basicamente, acompanha a jornada de Shaun Murphy (Freddie Highmore), um brilhante jovem cirurgião com autismo e síndrome de Savant. Enfrentando desafios e preconceitos, Shaun usa suas habilidades extraordinárias para salvar vidas no Hospital San Jose St. Bonaventure, enquanto precisa lidar com seus próprias desafios pessoais e emocionais. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto de "The Good Doctor" é o desempenho extraordinário de Highmore. É impressionante como ele mergulha profundamente na psique de seu personagem - em muitos momentos temos a exata sensação de que Highmore na verdade nem existe, o que vemos ali é só o Shaun Murphy mesmo. Sua performance é irretocável, capaz de transmitir a vulnerabilidade e a inteligência do personagem com uma precisão notável. Ele consegue capturar os maneirismos de Shaun de uma forma muito autêntica, orgânica até, proporcionando uma representação extremamente respeitosa e empática do autismo.

Além disso, o roteiro habilmente escrito de "The Good Doctor" apresenta casos médicos intrigantes e complexos, mas de fácil assimilação graças ao texto inteligente e as aplicações gráficas que acontecem durante os episódios. A série explora uma variedade de temas e aborda dilemas éticos - sem falar em nos gatilhos emocionais com as histórias de superação, perseverança  e compaixão, oferecendo assim uma visão inspiradora da profissão. Como em "House", essa diversidade de casos mantém a trama fresca e empolgante, nos permitindo assistir um episódio aqui e outro ali, sem a necessidade de uma imersão mais profunda.

Apesar de todos os aspectos positivos, como é de se esperar pelo estilo narrativo da série, "The Good Doctor" tem alguns momentos em que a trama pode ser previsível demais. Em certos, os desfechos dos casos seguem uma fórmula já conhecida das séries do gênero e isso impacta na nossa experiência, mas não nos impede de seguir adiante pois já que sabemos que o formato é esse e pronto. Eu diria que, no geral, "The Good Doctor" é um ótimo e despretensioso entretenimento.

Vale o play!

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Você vai precisar de muita suspensão da realidade para se conectar com "The Good Doctor" - é como se estivéssemos assistindo uma série do final dos anos 90, por outro lado é inegável a forma como ela cativa o público com sua abordagem única de um gênero que parece nunca sair de moda na televisão americana: o drama médico. Com uma premissa intrigante e personagens muito bem desenvolvidos, a série proporciona uma experiência emocional do início ao fim - e é isso que nos mantém envolvidos.

Criada pelo David Shore, a mesma mente por trás de "House", "The Good Doctor" vem conquistando o coração do mundo inteiro ao explorar não apenas a genialidade da investigação médica, mas também as emoções e desafios pessoais enfrentados pelos próprios personagens - é como se a humanização de seus dramas se conectassem imediatamente aos desafios profissionais.

"The Good Doctor", basicamente, acompanha a jornada de Shaun Murphy (Freddie Highmore), um brilhante jovem cirurgião com autismo e síndrome de Savant. Enfrentando desafios e preconceitos, Shaun usa suas habilidades extraordinárias para salvar vidas no Hospital San Jose St. Bonaventure, enquanto precisa lidar com seus próprias desafios pessoais e emocionais. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto de "The Good Doctor" é o desempenho extraordinário de Highmore. É impressionante como ele mergulha profundamente na psique de seu personagem - em muitos momentos temos a exata sensação de que Highmore na verdade nem existe, o que vemos ali é só o Shaun Murphy mesmo. Sua performance é irretocável, capaz de transmitir a vulnerabilidade e a inteligência do personagem com uma precisão notável. Ele consegue capturar os maneirismos de Shaun de uma forma muito autêntica, orgânica até, proporcionando uma representação extremamente respeitosa e empática do autismo.

Além disso, o roteiro habilmente escrito de "The Good Doctor" apresenta casos médicos intrigantes e complexos, mas de fácil assimilação graças ao texto inteligente e as aplicações gráficas que acontecem durante os episódios. A série explora uma variedade de temas e aborda dilemas éticos - sem falar em nos gatilhos emocionais com as histórias de superação, perseverança  e compaixão, oferecendo assim uma visão inspiradora da profissão. Como em "House", essa diversidade de casos mantém a trama fresca e empolgante, nos permitindo assistir um episódio aqui e outro ali, sem a necessidade de uma imersão mais profunda.

Apesar de todos os aspectos positivos, como é de se esperar pelo estilo narrativo da série, "The Good Doctor" tem alguns momentos em que a trama pode ser previsível demais. Em certos, os desfechos dos casos seguem uma fórmula já conhecida das séries do gênero e isso impacta na nossa experiência, mas não nos impede de seguir adiante pois já que sabemos que o formato é esse e pronto. Eu diria que, no geral, "The Good Doctor" é um ótimo e despretensioso entretenimento.

Vale o play!

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The Pitt

"The Pitt" é muito (mas, muito) bom, porém já te adianto: não será uma jornada fácil! O fato é que essa produção Original Max chega como um sopro de vitalidade em um gênero que, há décadas, parecia ter cristalizado suas fórmulas. Embora seja impossível ignorar os paralelos com "ER" (ou "Plantão Médico", como preferir), uma série que moldou o formato de dramas médicos modernos, "The Pitt" se posiciona como uma evolução natural do gênero - fato que fará você pouco se lembrar daquele tom mais novelesco de "The Good Doctor" ou "Grey's Anatomy". Com a presença de R. Scott Gemmill e de John Wells, figuras essenciais na construção do legado criativo de "ER", e de Noah Wyle (o "John Carter" de "ER") retornando à TV em um papel central, essa série combina a nostalgia com a inovação, utilizando um formato que remete ao documental e que evoca aquele ritmo frenético em tempo real que vimos em "24 Horas". O resultado disso, é uma experiência imersiva e emocionalmente intensa, que traz relevância e urgência para histórias que vão te tirar da zona de conforto como audiência.

A trama de "The Pitt"acompanha um plantão de 15 horas no pronto-socorro de um hospital em Pittsburgh, liderado pelo experiente Dr. Michael “Robby” Robinavitch (Wyle). Durante esse período, Robby e sua equipe enfrentam uma série de desafios, desde casos médicos de altíssima complexidade até questões administrativas e emocionais que testam os limites de sua resiliência. Enquanto lida com a superlotação e a falta de recursos do hospital, Robby também carrega o peso pessoal de ser o aniversário de morte de seu antigo mentor, cuja perda durante a pandemia de Covid-19 ainda ecoa profundamente em sua vida. Confira o trailer e sinta o clima do que te espera:

Diferentemente de outras produções do gênero, "The Pitt" assume, sem o menor receio de errar, sua vocação em priorizar a prática médica no meio do caos, em detrimento do entretenimento despretensioso. A equipe de direção da série, liderada por John Wells, captura a intensidade de um pronto-socorro com uma precisão impressionante e visceral. Planos rápidos e câmeras mais nervosas enfatizam o sentimento de urgência do hospital, enquanto os momentos de respiro dramático oferecem passagens mais emocionais que aprofundam as camadas dos personagens. A fotografia se aproveita desse conceito e utiliza tons frios e uma iluminação clínica para refletir o ambiente funcional e, ao mesmo tempo, destacar a atmosfera clautrosfóbica por onde profissionais e seus pacientes precisam se relacionar. O roteiro de Gemmill é um dos pilares do sucesso da série por misturar a tensão médica com discussões sociais, abordando questões como desigualdade no acesso à saúde, burnout médico e os efeitos de traumas coletivos, como a pandemia, por exemplo. Os diálogos, mesmo repletos de termos técnicos, são naturais e bem ritmados, com momentos de alívio cômico que equilibram a intensidade dramática.

Já as relações entre os personagens até que são exploradas, mas é preciso reforçar que o foco da narrativa está mesmo na dinâmica do local, de seus casos e do impacto psicológico que o ambiente exerce sobre os profissionais, pacientes e familiares - então muito cuidado com alguns gatilhos. Cada episódio se desenrola em tempo real, intensificando a imersão e a sensação de que cada decisão é vital. Essa estrutura oferece uma perspectiva autêntica do trabalho médico, onde cada segundo pode definir a linha tênue entre a vida e a morte. Noah Wyle traz para a tela a complexidade de um médico veterano confiante e seguro, mas também assombrado pelas pressões de seu trabalho e pelas perdas pessoais ao longo da vida. A carga emocional de seu personagem é palpável, especialmente nas cenas que exploram sua luta para equilibrar a compaixão pelos pacientes com as demandas práticas de um sistema em colapso. Todo elenco de apoio é igualmente forte, com destaques para Tracy Ifeachor como Dr. Collins e Fiona Dourif como a  Dr. McKay - suas histórias adicionam uma profundidade emocional bem bacana para a série.

"The Pitt" é uma obra que resgata o espírito dos melhores tempos dos dramas médicos, mesmo que em alguns momentos perca força por alguns casos menos interessantes que acabam interrompendo o ritmo estabelecido pelos episódios mais intensos. Com performances de destaque, uma narrativa realmente imersiva e uma direção tecnicamente impecável, a série se firma como uma das grandes surpresas de 2025. Para quem busca uma experiência com intensidade emocional e autenticidade narrativa, "The Pitt" é um recorte pulsante do que significa salvar vidas em um ambiente cheio de imperfeições. 

Vale muito o seu play!

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"The Pitt" é muito (mas, muito) bom, porém já te adianto: não será uma jornada fácil! O fato é que essa produção Original Max chega como um sopro de vitalidade em um gênero que, há décadas, parecia ter cristalizado suas fórmulas. Embora seja impossível ignorar os paralelos com "ER" (ou "Plantão Médico", como preferir), uma série que moldou o formato de dramas médicos modernos, "The Pitt" se posiciona como uma evolução natural do gênero - fato que fará você pouco se lembrar daquele tom mais novelesco de "The Good Doctor" ou "Grey's Anatomy". Com a presença de R. Scott Gemmill e de John Wells, figuras essenciais na construção do legado criativo de "ER", e de Noah Wyle (o "John Carter" de "ER") retornando à TV em um papel central, essa série combina a nostalgia com a inovação, utilizando um formato que remete ao documental e que evoca aquele ritmo frenético em tempo real que vimos em "24 Horas". O resultado disso, é uma experiência imersiva e emocionalmente intensa, que traz relevância e urgência para histórias que vão te tirar da zona de conforto como audiência.

A trama de "The Pitt"acompanha um plantão de 15 horas no pronto-socorro de um hospital em Pittsburgh, liderado pelo experiente Dr. Michael “Robby” Robinavitch (Wyle). Durante esse período, Robby e sua equipe enfrentam uma série de desafios, desde casos médicos de altíssima complexidade até questões administrativas e emocionais que testam os limites de sua resiliência. Enquanto lida com a superlotação e a falta de recursos do hospital, Robby também carrega o peso pessoal de ser o aniversário de morte de seu antigo mentor, cuja perda durante a pandemia de Covid-19 ainda ecoa profundamente em sua vida. Confira o trailer e sinta o clima do que te espera:

Diferentemente de outras produções do gênero, "The Pitt" assume, sem o menor receio de errar, sua vocação em priorizar a prática médica no meio do caos, em detrimento do entretenimento despretensioso. A equipe de direção da série, liderada por John Wells, captura a intensidade de um pronto-socorro com uma precisão impressionante e visceral. Planos rápidos e câmeras mais nervosas enfatizam o sentimento de urgência do hospital, enquanto os momentos de respiro dramático oferecem passagens mais emocionais que aprofundam as camadas dos personagens. A fotografia se aproveita desse conceito e utiliza tons frios e uma iluminação clínica para refletir o ambiente funcional e, ao mesmo tempo, destacar a atmosfera clautrosfóbica por onde profissionais e seus pacientes precisam se relacionar. O roteiro de Gemmill é um dos pilares do sucesso da série por misturar a tensão médica com discussões sociais, abordando questões como desigualdade no acesso à saúde, burnout médico e os efeitos de traumas coletivos, como a pandemia, por exemplo. Os diálogos, mesmo repletos de termos técnicos, são naturais e bem ritmados, com momentos de alívio cômico que equilibram a intensidade dramática.

Já as relações entre os personagens até que são exploradas, mas é preciso reforçar que o foco da narrativa está mesmo na dinâmica do local, de seus casos e do impacto psicológico que o ambiente exerce sobre os profissionais, pacientes e familiares - então muito cuidado com alguns gatilhos. Cada episódio se desenrola em tempo real, intensificando a imersão e a sensação de que cada decisão é vital. Essa estrutura oferece uma perspectiva autêntica do trabalho médico, onde cada segundo pode definir a linha tênue entre a vida e a morte. Noah Wyle traz para a tela a complexidade de um médico veterano confiante e seguro, mas também assombrado pelas pressões de seu trabalho e pelas perdas pessoais ao longo da vida. A carga emocional de seu personagem é palpável, especialmente nas cenas que exploram sua luta para equilibrar a compaixão pelos pacientes com as demandas práticas de um sistema em colapso. Todo elenco de apoio é igualmente forte, com destaques para Tracy Ifeachor como Dr. Collins e Fiona Dourif como a  Dr. McKay - suas histórias adicionam uma profundidade emocional bem bacana para a série.

"The Pitt" é uma obra que resgata o espírito dos melhores tempos dos dramas médicos, mesmo que em alguns momentos perca força por alguns casos menos interessantes que acabam interrompendo o ritmo estabelecido pelos episódios mais intensos. Com performances de destaque, uma narrativa realmente imersiva e uma direção tecnicamente impecável, a série se firma como uma das grandes surpresas de 2025. Para quem busca uma experiência com intensidade emocional e autenticidade narrativa, "The Pitt" é um recorte pulsante do que significa salvar vidas em um ambiente cheio de imperfeições. 

Vale muito o seu play!

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