"Mosaic" é muito mais que uma série policial, é uma tentativa de gameficar a experiência de acompanhar a investigação de um assassinato pelos olhos de vários personagens através de um aplicativo. Acontece que o brasileiro nunca teve a oportunidade de testar essa novidade, já que o app só funcionou nos EUA (ele era bloqueado por geolocalização) e como a HBO adquiriu os direitos de distribuição para sua plataforma, uma versão linear da trama foi montada como uma minissérie de 6 episódios - e é aí que a coisa complicou um pouquinho!
A história gira em torno de Olivia Lake (Sharon Stone), uma bem sucedida escritora de livros infantis que vive sendo assediada para vender sua propriedade para empresários locais responsáveis pela exploração de minérios. Com uma personalidade forte e uma dificuldade enorme de lidar com a idade, Olivia se encanta por um jovem artista chamado Joel Hurley (Garrett Hedlund), porém logo ela descobre que o rapaz é comprometido e, digamos, não fica tão feliz. É nesse clima de fragilidade que o vigarista profissional Eric Neill (Frederick Weller) entra na sua vida. Eric foi contratado para convencê-la a vender sua propriedade, mas acaba se envolvendo com Olivia. Pensando na relação, Eric conta a verdade para Olivia, os dois tem uma grave discussão e ela acaba desaparecendo sem deixar pistas. Como principal suspeito, Eric é preso após se declarar culpado em troca de um acordo que reduziria sua pena. Após quatro anos, sua irmã Petra (Jennifer Ferrin) inicia uma investigação, com a ajuda do xerife local: o inseguro Nate Henry (Devin Ratray). Ela acredita na inocência do irmão e tenta de todas as formas juntar as peças de um enorme quebra-cabeça que possa finalmente levar o verdadeiro assassino para prisão.
"Mosaic" tem uma excelente trama, mas a edição, por ser uma adaptação, falha na apresentação de vários elementos que são essenciais em um bom roteiro policial: embora a história pareça confusa e em alguns momentos até desconexa, existe um fio condutor que é a investigação - até aí, tudo bem; mas o problema passa a ser a superficialidade de algumas motivações de personagens-chaves, além de uma falta de unidade narrativa que nos deixe confortáveis com tantas idas e vindas da história - talvez uma legenda já ajudasse! Resumindo,"Mosaic" é um bom entretenimento, com uma trama simples, mas envolvente, e que vai divertir quem gosta do gênero - mas o mais atento pode perceber que a diluição da força dramática depois de algumas ações dos personagens fazem a história perder um pouco de sentido!
“Mosaic” foi um projeto que demorou cerca de 5 anos de desenvolvimento. Comandado pelo premiado (e inovador) Steven Soderbergh ("High Flying Bird") ao lado de Casey Silver, ex-chefe da Universal Pictures, a minissérie trás muito do conceito visual característico de Soderbergh com uma câmera mais solta, sem muito ensaio ou marcações com os atores e ainda abusando da iluminação natural nas cenas - o que trás muito do estilo documental para o projeto! O problema, como já comentamos é o roteiro. A versão original tinha cerca de 500 páginas e com vários finais diferentes, já que as escolhas do usuário impactavam na linha narrativa da história. Como na minissérie da HBO isso não seria possível, algumas escolhas na montagem deixaram a história um pouco solta, sem todas as informações - com um roteiro de mais ou menos 300 páginas. Alguns elementos e até personagens, aparecem e somem sem nenhuma explicação - o símbolo misterioso que Petra repara durante a investigação e a morte de Cliff Jones são ótimos exemplos (não se preocupem, isso não é spolier)
A minissérie é muito bem produzida, tem um visual marcante e os atores estão muito bem: embora seja apenas uma participação especial, Sharon Stone está incrível. Imagino que o fato do aplicativo dividir a narrativa em pedaços de cerca de 20 minutos e acompanhar o ponto de vista de um único personagem, sua participação tenha ainda mais força que na versão da minissérie. Infelizmente alguns detalhes do ótimo trabalho do departamento de arte também devem passar despercebidos no streaming já que, pelo app, pequenas janelas se abriam no meio da história dando oportunidade para o usuário explorar uma determinada cena e objetos - como as obras de Joel, por exemplo.
O fato é que toda adaptação falha em algum ponto, no caso de "Mosaic" o problema está na forma como a história foi comprimida e estruturada (a resolução do mistério escancara isso). Algumas liberdades narrativas prejudicaram a minissérie e enfraqueceram a história. Uma pena, pois o potencial era enorme. Vale pelo bom entretenimento, pelo gênero e pelo estilo de cinematografia que o diretor Steven Soderbergh imprimiu!
"Mosaic" é muito mais que uma série policial, é uma tentativa de gameficar a experiência de acompanhar a investigação de um assassinato pelos olhos de vários personagens através de um aplicativo. Acontece que o brasileiro nunca teve a oportunidade de testar essa novidade, já que o app só funcionou nos EUA (ele era bloqueado por geolocalização) e como a HBO adquiriu os direitos de distribuição para sua plataforma, uma versão linear da trama foi montada como uma minissérie de 6 episódios - e é aí que a coisa complicou um pouquinho!
A história gira em torno de Olivia Lake (Sharon Stone), uma bem sucedida escritora de livros infantis que vive sendo assediada para vender sua propriedade para empresários locais responsáveis pela exploração de minérios. Com uma personalidade forte e uma dificuldade enorme de lidar com a idade, Olivia se encanta por um jovem artista chamado Joel Hurley (Garrett Hedlund), porém logo ela descobre que o rapaz é comprometido e, digamos, não fica tão feliz. É nesse clima de fragilidade que o vigarista profissional Eric Neill (Frederick Weller) entra na sua vida. Eric foi contratado para convencê-la a vender sua propriedade, mas acaba se envolvendo com Olivia. Pensando na relação, Eric conta a verdade para Olivia, os dois tem uma grave discussão e ela acaba desaparecendo sem deixar pistas. Como principal suspeito, Eric é preso após se declarar culpado em troca de um acordo que reduziria sua pena. Após quatro anos, sua irmã Petra (Jennifer Ferrin) inicia uma investigação, com a ajuda do xerife local: o inseguro Nate Henry (Devin Ratray). Ela acredita na inocência do irmão e tenta de todas as formas juntar as peças de um enorme quebra-cabeça que possa finalmente levar o verdadeiro assassino para prisão.
"Mosaic" tem uma excelente trama, mas a edição, por ser uma adaptação, falha na apresentação de vários elementos que são essenciais em um bom roteiro policial: embora a história pareça confusa e em alguns momentos até desconexa, existe um fio condutor que é a investigação - até aí, tudo bem; mas o problema passa a ser a superficialidade de algumas motivações de personagens-chaves, além de uma falta de unidade narrativa que nos deixe confortáveis com tantas idas e vindas da história - talvez uma legenda já ajudasse! Resumindo,"Mosaic" é um bom entretenimento, com uma trama simples, mas envolvente, e que vai divertir quem gosta do gênero - mas o mais atento pode perceber que a diluição da força dramática depois de algumas ações dos personagens fazem a história perder um pouco de sentido!
“Mosaic” foi um projeto que demorou cerca de 5 anos de desenvolvimento. Comandado pelo premiado (e inovador) Steven Soderbergh ("High Flying Bird") ao lado de Casey Silver, ex-chefe da Universal Pictures, a minissérie trás muito do conceito visual característico de Soderbergh com uma câmera mais solta, sem muito ensaio ou marcações com os atores e ainda abusando da iluminação natural nas cenas - o que trás muito do estilo documental para o projeto! O problema, como já comentamos é o roteiro. A versão original tinha cerca de 500 páginas e com vários finais diferentes, já que as escolhas do usuário impactavam na linha narrativa da história. Como na minissérie da HBO isso não seria possível, algumas escolhas na montagem deixaram a história um pouco solta, sem todas as informações - com um roteiro de mais ou menos 300 páginas. Alguns elementos e até personagens, aparecem e somem sem nenhuma explicação - o símbolo misterioso que Petra repara durante a investigação e a morte de Cliff Jones são ótimos exemplos (não se preocupem, isso não é spolier)
A minissérie é muito bem produzida, tem um visual marcante e os atores estão muito bem: embora seja apenas uma participação especial, Sharon Stone está incrível. Imagino que o fato do aplicativo dividir a narrativa em pedaços de cerca de 20 minutos e acompanhar o ponto de vista de um único personagem, sua participação tenha ainda mais força que na versão da minissérie. Infelizmente alguns detalhes do ótimo trabalho do departamento de arte também devem passar despercebidos no streaming já que, pelo app, pequenas janelas se abriam no meio da história dando oportunidade para o usuário explorar uma determinada cena e objetos - como as obras de Joel, por exemplo.
O fato é que toda adaptação falha em algum ponto, no caso de "Mosaic" o problema está na forma como a história foi comprimida e estruturada (a resolução do mistério escancara isso). Algumas liberdades narrativas prejudicaram a minissérie e enfraqueceram a história. Uma pena, pois o potencial era enorme. Vale pelo bom entretenimento, pelo gênero e pelo estilo de cinematografia que o diretor Steven Soderbergh imprimiu!
Mais do que uma história sobre amizade, "My Brilliant Friend" é uma verdadeira jornada de descoberta! Premiadíssima, "L'amica geniale" (no original) é uma adaptação das mais ambiciosas e delicadas da obra de Elena Ferrante, e acompanha a complexa e intensa relação entre duas mulheres ao longo de décadas, retratando tanto as mudanças pessoais quanto os contextos sociais e políticos que moldam suas vidas. A narrativa é uma fusão de um profundo drama íntimo com uma pertinente reflexão social, tecendo uma história envolvente sobre a identidade e os desafios da emancipação feminina em uma sociedade patriarcal.
Criada por Saverio Costanzo, a série começa nos anos 1950, em um bairro pobre de Nápoles, e segue a vida de Elena Greco (apelidada de Lenù) e Raffaella Cerullo (a Lila), duas meninas de personalidades opostas, mas ligadas por uma amizade verdadeira. Lenù (Margherita Mazzucco e Elisa Del Genio) é introspectiva e estudiosa, enquanto Lila (Gaia Girace e Ludovica Nasti) é determinada e impulsiva, com um intelecto brilhante que desafia sua condição social. À medida que crescem, a amizade das duas passa por transformações, da infância para a adolescência, e depois para a vida adulta; enquanto lidam com expectativas, com a violência e com oportunidades desiguais. Confira o trailer:
Pode ser que você não se apaixone imediatamente por "My Brilliant Friend" - seu ritmo é lento e sua abordagem é mais contemplativa. Para aqueles acostumados com narrativas mais aceleradas, essa produção da HBO em parceira com a RAI pode parecer excessivamente meticulosa, mas acredite: é justamente essa escolha conceitual, parte de sua identidade e do compromisso em capturar a profundidade das emoções e dos dilemas vividos pelas protagonistas, que vai fazer você não tirar os olhos da tela por algumas boas temporadas. Costanzo faz um trabalho cuidadoso na reconstrução dos cenários e na criação de uma atmosfera que envolve a audiência através dos anos do pós-guerra. Com uma fotografia linda, ele utiliza de uma paleta de cores sombria e uma estética realista para nos deixar imersos nas ruas apertadas de Nápoles onde as fachadas desgastadas dos prédios refletem a dureza da vida cotidiana e a opressão social que define os destinos de seus personagens. Esse realismo cru se estende ao uso do dialeto napolitano, que intensifica a sensação palpável do contraste entre o mundo local e as aspirações intelectuais e culturais de Lenù, por exemplo.
A direção de Costanzo é muito feliz ao evitar o melodrama, mantendo um tom introspectivo que dá espaço para que as emoções dos personagens sejam sentidas de forma orgânica. Mesmo com uma narrativa cadenciada, focada nos detalhes da vida cotidiana, é nas nuances das relações humanas que a série ganha seu brilho. A amizade entre Lenù e Lila é retratada com verdade diante de sua complexidade, revelando tanto a cumplicidade quanto a competição que define o vínculo entre elas. A tensão constante entre admiração e ressentimento é um dos eixos de "My Brilliant Friend", assim como a forma com que elas tentam escapar das limitações impostas por sua classe social e gênero - olha, é lindo de se ver. Margherita Mazzucco e Gaia Girace, que interpretam as versões adolescentes de Lenù e Lila, trazem uma intensidade visceral ao capturar a dualidade de suas personagens - a admiração mútua e a rivalidade, a esperança e a frustração. De maneira autêntica e envolvente, a transição para a vida adulta é marcada por muitos desafios - algo que a série explora com inteligência e competência durante as temporadas. É impressionante como o nível não cai, eu diria até que só melhora.
Com um roteiro fiel à obra de Ferrante, preservando a estrutura literária e o tom introspectivo do texto original, e uma narração em off (de Lenù), que reflete sobre os eventos com o distanciamento de alguém que olha para o passado, temos uma jornada que, de fato, mantém a essência contemplativa do livro. Ou seja, "My Brilliant Friend" é uma aula de adaptação bem sucedida, que aborda questões amplas como a violência de gênero, a educação como forma de ascensão social e a opressão patriarcal através dos tempos, sem jamais perder de vista a intimidade e a amizade que é o coração dessa história imperdível! Olha, acho que é o respeito ao espírito da obra original e a profundidade psicológica das protagonistas que tornam essa série uma experiência realmente envolvente - mas é só para aqueles que buscam uma narrativa que vai além do entretenimento superficial.
Mais do que uma história sobre amizade, "My Brilliant Friend" é uma verdadeira jornada de descoberta! Premiadíssima, "L'amica geniale" (no original) é uma adaptação das mais ambiciosas e delicadas da obra de Elena Ferrante, e acompanha a complexa e intensa relação entre duas mulheres ao longo de décadas, retratando tanto as mudanças pessoais quanto os contextos sociais e políticos que moldam suas vidas. A narrativa é uma fusão de um profundo drama íntimo com uma pertinente reflexão social, tecendo uma história envolvente sobre a identidade e os desafios da emancipação feminina em uma sociedade patriarcal.
Criada por Saverio Costanzo, a série começa nos anos 1950, em um bairro pobre de Nápoles, e segue a vida de Elena Greco (apelidada de Lenù) e Raffaella Cerullo (a Lila), duas meninas de personalidades opostas, mas ligadas por uma amizade verdadeira. Lenù (Margherita Mazzucco e Elisa Del Genio) é introspectiva e estudiosa, enquanto Lila (Gaia Girace e Ludovica Nasti) é determinada e impulsiva, com um intelecto brilhante que desafia sua condição social. À medida que crescem, a amizade das duas passa por transformações, da infância para a adolescência, e depois para a vida adulta; enquanto lidam com expectativas, com a violência e com oportunidades desiguais. Confira o trailer:
Pode ser que você não se apaixone imediatamente por "My Brilliant Friend" - seu ritmo é lento e sua abordagem é mais contemplativa. Para aqueles acostumados com narrativas mais aceleradas, essa produção da HBO em parceira com a RAI pode parecer excessivamente meticulosa, mas acredite: é justamente essa escolha conceitual, parte de sua identidade e do compromisso em capturar a profundidade das emoções e dos dilemas vividos pelas protagonistas, que vai fazer você não tirar os olhos da tela por algumas boas temporadas. Costanzo faz um trabalho cuidadoso na reconstrução dos cenários e na criação de uma atmosfera que envolve a audiência através dos anos do pós-guerra. Com uma fotografia linda, ele utiliza de uma paleta de cores sombria e uma estética realista para nos deixar imersos nas ruas apertadas de Nápoles onde as fachadas desgastadas dos prédios refletem a dureza da vida cotidiana e a opressão social que define os destinos de seus personagens. Esse realismo cru se estende ao uso do dialeto napolitano, que intensifica a sensação palpável do contraste entre o mundo local e as aspirações intelectuais e culturais de Lenù, por exemplo.
A direção de Costanzo é muito feliz ao evitar o melodrama, mantendo um tom introspectivo que dá espaço para que as emoções dos personagens sejam sentidas de forma orgânica. Mesmo com uma narrativa cadenciada, focada nos detalhes da vida cotidiana, é nas nuances das relações humanas que a série ganha seu brilho. A amizade entre Lenù e Lila é retratada com verdade diante de sua complexidade, revelando tanto a cumplicidade quanto a competição que define o vínculo entre elas. A tensão constante entre admiração e ressentimento é um dos eixos de "My Brilliant Friend", assim como a forma com que elas tentam escapar das limitações impostas por sua classe social e gênero - olha, é lindo de se ver. Margherita Mazzucco e Gaia Girace, que interpretam as versões adolescentes de Lenù e Lila, trazem uma intensidade visceral ao capturar a dualidade de suas personagens - a admiração mútua e a rivalidade, a esperança e a frustração. De maneira autêntica e envolvente, a transição para a vida adulta é marcada por muitos desafios - algo que a série explora com inteligência e competência durante as temporadas. É impressionante como o nível não cai, eu diria até que só melhora.
Com um roteiro fiel à obra de Ferrante, preservando a estrutura literária e o tom introspectivo do texto original, e uma narração em off (de Lenù), que reflete sobre os eventos com o distanciamento de alguém que olha para o passado, temos uma jornada que, de fato, mantém a essência contemplativa do livro. Ou seja, "My Brilliant Friend" é uma aula de adaptação bem sucedida, que aborda questões amplas como a violência de gênero, a educação como forma de ascensão social e a opressão patriarcal através dos tempos, sem jamais perder de vista a intimidade e a amizade que é o coração dessa história imperdível! Olha, acho que é o respeito ao espírito da obra original e a profundidade psicológica das protagonistas que tornam essa série uma experiência realmente envolvente - mas é só para aqueles que buscam uma narrativa que vai além do entretenimento superficial.
"Não se preocupe, querida" vai dividir opniões, pois não se trata de um filme de "jornada" e sim de "respostas". Para você que gosta de séries como "Ruptura" ou "Black Mirror", certamente sua conexão será imediata; e talvez se buscarmos referências de narrativas pautadas na semiótica - até mesmo "WandaVision" poderá te ajudar a entender como o roteiro tenta construir inúmeras camadas de interpretação, em vez de se apoiar em um caminho mais fácil e assim ser considerado só um filme de gênero.
Em meio a década de 1950, Alice (Florence Pugh) é uma jovem dona de casa que, aparentemente, tem uma vida perfeita. Ela e o marido, Jack (Harry Styles), moram em uma comunidade em algum lugar do deserto da Califórnia. No entanto, com o passar do tempo, ela começa a desconfiar de toda aquela realidade. A partir de alguns estranhos eventos, Alice vai atrás de respostas até ter certeza que a empresa que seu marido trabalha, esconde, de fato, segredos perturbadores. Confira o trailer:
É inegável que por ser um filme de 120 minutos, "Não se preocupe, querida" não tem o tempo para trabalhar as nuances do mistério que pautam sua narrativa como as séries citadas acima. Comparar, em termos de detalhes e complexidade, "Ruptura" com o filme de Olivia Wilde é até injusto, mas natural. Veja, como na série da Apple, desde o primeiro minuto sabemos que algo está errado - que aquela atmosfera de perfeição quase utópica parece ter sido construída, justamente, para nos provocar desconfiança. Não acho que nem seja esse o problema do roteiro de Katie Silberman (de "Fora de Série"), e de Carey e Shane Van Dyke (de "O Silêncio") - na verdade a grande questão que pode ser levantada é que mesmo com o esforço da narrativa para entregar "pistas" pouco a pouco, no final o que vemos são resoluções atropeladas e pouco desenvolvidas (embora boas, diga-se de passagem).
Por outro lado, o que faz de "Não se preocupe, querida" um bom entretenimento, é que toda história criada dentro daquele contexto surreal bem apresentado no primeiro ato, tem uma resolução de mistério que faz total sentido no terceiro - o que dói um pouco é ter em mente que essa "jornada" (do segundo ato) tinha potencial para ser melhor explorada. Em uma era "pós-Lost", se apropriar de uma narrativa cercada de mistérios onde o impacto do plot twist se torna o diferencial da experiência, em um longa-metragem é quase um suicídio. Simplesmente não dá tempo! É até um pecado atribuir ao formato uma responsabilidade tão grande, até porquê o que assistimos aqui é uma produção extremamente cuidadosa e bem realizada - o desenho de produção, figurino, fotografia e trilha sonora estão muito bem alinhados com a proposta de Wilde (uma mistura de Ari Aster com Jordan Peele).
Sem dúvida que o grande mérito do filme vem da performance de Florence Pugh - é possível sentir na pele seu desespero e ansiedade para entender o que, de fato, está acontecendo ali. Por isso um detalhe importante precisa ser citado: Olivia Wilde é uma jovem diretora, mas já muito competente ao equilibrar o requinte de sua visão estética com sua inerente capacidade de dirigir atores - reparem nas cenas onde Alice parece surtar e como as inserções de imagens (e de som) mais abstratas ajudam a criar uma forte sensação de vazio e caos interno.
Pois bem, por tudo isso, "Não se preocupe, querida" vale como entretenimento desde que todas as expectativas estejam alinhadas. Cobrar da história mais do que o tempo lhe permitiria contar, não vai mudar sua percepção sobre o filme - as repostas que você normalmente buscaria em um filme de mistério e as reflexões sobre alguns assuntos delicados, como machismo, relacionamentos tóxicos, ganância e submissão, também vão estar lá, então "não se preocupe" e divirta-se!
"Não se preocupe, querida" vai dividir opniões, pois não se trata de um filme de "jornada" e sim de "respostas". Para você que gosta de séries como "Ruptura" ou "Black Mirror", certamente sua conexão será imediata; e talvez se buscarmos referências de narrativas pautadas na semiótica - até mesmo "WandaVision" poderá te ajudar a entender como o roteiro tenta construir inúmeras camadas de interpretação, em vez de se apoiar em um caminho mais fácil e assim ser considerado só um filme de gênero.
Em meio a década de 1950, Alice (Florence Pugh) é uma jovem dona de casa que, aparentemente, tem uma vida perfeita. Ela e o marido, Jack (Harry Styles), moram em uma comunidade em algum lugar do deserto da Califórnia. No entanto, com o passar do tempo, ela começa a desconfiar de toda aquela realidade. A partir de alguns estranhos eventos, Alice vai atrás de respostas até ter certeza que a empresa que seu marido trabalha, esconde, de fato, segredos perturbadores. Confira o trailer:
É inegável que por ser um filme de 120 minutos, "Não se preocupe, querida" não tem o tempo para trabalhar as nuances do mistério que pautam sua narrativa como as séries citadas acima. Comparar, em termos de detalhes e complexidade, "Ruptura" com o filme de Olivia Wilde é até injusto, mas natural. Veja, como na série da Apple, desde o primeiro minuto sabemos que algo está errado - que aquela atmosfera de perfeição quase utópica parece ter sido construída, justamente, para nos provocar desconfiança. Não acho que nem seja esse o problema do roteiro de Katie Silberman (de "Fora de Série"), e de Carey e Shane Van Dyke (de "O Silêncio") - na verdade a grande questão que pode ser levantada é que mesmo com o esforço da narrativa para entregar "pistas" pouco a pouco, no final o que vemos são resoluções atropeladas e pouco desenvolvidas (embora boas, diga-se de passagem).
Por outro lado, o que faz de "Não se preocupe, querida" um bom entretenimento, é que toda história criada dentro daquele contexto surreal bem apresentado no primeiro ato, tem uma resolução de mistério que faz total sentido no terceiro - o que dói um pouco é ter em mente que essa "jornada" (do segundo ato) tinha potencial para ser melhor explorada. Em uma era "pós-Lost", se apropriar de uma narrativa cercada de mistérios onde o impacto do plot twist se torna o diferencial da experiência, em um longa-metragem é quase um suicídio. Simplesmente não dá tempo! É até um pecado atribuir ao formato uma responsabilidade tão grande, até porquê o que assistimos aqui é uma produção extremamente cuidadosa e bem realizada - o desenho de produção, figurino, fotografia e trilha sonora estão muito bem alinhados com a proposta de Wilde (uma mistura de Ari Aster com Jordan Peele).
Sem dúvida que o grande mérito do filme vem da performance de Florence Pugh - é possível sentir na pele seu desespero e ansiedade para entender o que, de fato, está acontecendo ali. Por isso um detalhe importante precisa ser citado: Olivia Wilde é uma jovem diretora, mas já muito competente ao equilibrar o requinte de sua visão estética com sua inerente capacidade de dirigir atores - reparem nas cenas onde Alice parece surtar e como as inserções de imagens (e de som) mais abstratas ajudam a criar uma forte sensação de vazio e caos interno.
Pois bem, por tudo isso, "Não se preocupe, querida" vale como entretenimento desde que todas as expectativas estejam alinhadas. Cobrar da história mais do que o tempo lhe permitiria contar, não vai mudar sua percepção sobre o filme - as repostas que você normalmente buscaria em um filme de mistério e as reflexões sobre alguns assuntos delicados, como machismo, relacionamentos tóxicos, ganância e submissão, também vão estar lá, então "não se preocupe" e divirta-se!
"Nasce uma Estrela" começa com um jeitão de comédia romântica, meio que no estilo "Nothing Hill" sabe?!!! Vem com aquela levada de "conto de fadas moderno" adaptada para universo da música, onde o Pop Star (famoso, rico e bonito) se apaixona pela garota normal, mas muito talentosa, que canta nos bares da noite após dar um duro danado durante o dia inteiro, aguentando o chefe idiota e a difícil batalha cotidiana da vida normal!!! Sim, eu sei que, pela rápida sinopse, parece o típico filme "Sessão da Tarde" que já cansamos de assistir... mas, te garanto, a superficialidade do enredo acaba justamente por aí, ou melhor, ela vai se transformando em algo muito mais intenso!!!
"Nasce uma Estrela" tem o mérito de revisitar uma história que já foi contada no cinema pelo menos três vezes, mas vem com um novo olhar e, principalmente, com uma sensibilidade muito interessante, diferente. Com o desenrolar do filme, vamos sendo apresentados às várias camadas dos personagens e das situações que os rodeiam e conforme você vai conhecendo cada uma delas, vai se aprofundando e entendendo dramas mais complexos do que parecem - aí fica fácil perceber porque ganhou mais de 50 prêmios em Festivais ao redor do Mundo e porque está indicado em 8 categorias do Oscar, inclusive como melhor filme!!!
O Filme traz em primeiro plano o sonho de um amor improvável, da imperdível chance de mostrar um talento escondido, mas logo trás à tona o drama do alcoolismo, da insegurança da perda de personalidade. Ao mesmo tempo que trás a sedução do sucesso, mostra o constrangimento do fracasso. Fala sobre cumplicidade familiar, mas também escancara as feridas de um passado marcado por decepções. O genial é que tudo isso está personificado nos dois personagens principais e em duas excelentes atuações: Bradley Cooper como Jack e Lady Gaga como Allie - aliás, Lady Gaga foi uma notável surpresa... a primeira cena dela mostra até um pouco de insegurança, mas depois ela vai ganhando força, encontrando o caminho, o tom certo! Já o Bradley Cooper, talvez tenha feito o melhor papel dele.
"Nasce uma Estrela" ainda tem "Shallow" concorrendo como Melhor Canção (e tem tudo para levar), Melhor Edição de Som (esquece) , Melhor Roteiro Adaptado (aqui também pode levar), Melhor Fotografia (duvido) e Melhor Ator Coadjuvante, com o também excelente Sam Elliott (que corre por fora, mas não seria uma surpresa se levasse). Uma categoria que senti falta na indicação foi a de Melhor Diretor - talvez por puro preconceito. Bradley Cooper fez um excelente trabalho, foi indicado em todos os prêmios até agora e, para mim, foi até melhor que o Bryan Singer em Bohemian Rhapsody, principalmente nas cenas de palco onde a comparação é inevitável. Está certo que são câmeras diferentes: a do Cooper é mais solta, mais orgânica; a do Singer, é mais fixa, ensaiada, porém muito inventiva - pessoalmente, gosto mais da escolha do Cooper: tem uns planos sequência, onde ele deixa aquele flare das luzes do palco interferirem na lente no meio da narrativa, de uma forma tão natural, que fica lindo!!!
Enfim, "Nasce uma Estrela" é um filme que transita por um universo bastante seguro, porque é praticamente impossível, quem assiste, não se importar (e não sofrer) com a história da protagonista. Cooper sabia disso e conduziu a história de uma maneira bem bacana - tecnicamente é muito bem realizado - até melhor que Bohemian.
Olha, é um excelente entretenimento, fácil de se emocionar!
Up-date: "Nasce uma Estrela" ganhou em uma categoria no Oscar 2019: Melhor Canção!
"Nasce uma Estrela" começa com um jeitão de comédia romântica, meio que no estilo "Nothing Hill" sabe?!!! Vem com aquela levada de "conto de fadas moderno" adaptada para universo da música, onde o Pop Star (famoso, rico e bonito) se apaixona pela garota normal, mas muito talentosa, que canta nos bares da noite após dar um duro danado durante o dia inteiro, aguentando o chefe idiota e a difícil batalha cotidiana da vida normal!!! Sim, eu sei que, pela rápida sinopse, parece o típico filme "Sessão da Tarde" que já cansamos de assistir... mas, te garanto, a superficialidade do enredo acaba justamente por aí, ou melhor, ela vai se transformando em algo muito mais intenso!!!
"Nasce uma Estrela" tem o mérito de revisitar uma história que já foi contada no cinema pelo menos três vezes, mas vem com um novo olhar e, principalmente, com uma sensibilidade muito interessante, diferente. Com o desenrolar do filme, vamos sendo apresentados às várias camadas dos personagens e das situações que os rodeiam e conforme você vai conhecendo cada uma delas, vai se aprofundando e entendendo dramas mais complexos do que parecem - aí fica fácil perceber porque ganhou mais de 50 prêmios em Festivais ao redor do Mundo e porque está indicado em 8 categorias do Oscar, inclusive como melhor filme!!!
O Filme traz em primeiro plano o sonho de um amor improvável, da imperdível chance de mostrar um talento escondido, mas logo trás à tona o drama do alcoolismo, da insegurança da perda de personalidade. Ao mesmo tempo que trás a sedução do sucesso, mostra o constrangimento do fracasso. Fala sobre cumplicidade familiar, mas também escancara as feridas de um passado marcado por decepções. O genial é que tudo isso está personificado nos dois personagens principais e em duas excelentes atuações: Bradley Cooper como Jack e Lady Gaga como Allie - aliás, Lady Gaga foi uma notável surpresa... a primeira cena dela mostra até um pouco de insegurança, mas depois ela vai ganhando força, encontrando o caminho, o tom certo! Já o Bradley Cooper, talvez tenha feito o melhor papel dele.
"Nasce uma Estrela" ainda tem "Shallow" concorrendo como Melhor Canção (e tem tudo para levar), Melhor Edição de Som (esquece) , Melhor Roteiro Adaptado (aqui também pode levar), Melhor Fotografia (duvido) e Melhor Ator Coadjuvante, com o também excelente Sam Elliott (que corre por fora, mas não seria uma surpresa se levasse). Uma categoria que senti falta na indicação foi a de Melhor Diretor - talvez por puro preconceito. Bradley Cooper fez um excelente trabalho, foi indicado em todos os prêmios até agora e, para mim, foi até melhor que o Bryan Singer em Bohemian Rhapsody, principalmente nas cenas de palco onde a comparação é inevitável. Está certo que são câmeras diferentes: a do Cooper é mais solta, mais orgânica; a do Singer, é mais fixa, ensaiada, porém muito inventiva - pessoalmente, gosto mais da escolha do Cooper: tem uns planos sequência, onde ele deixa aquele flare das luzes do palco interferirem na lente no meio da narrativa, de uma forma tão natural, que fica lindo!!!
Enfim, "Nasce uma Estrela" é um filme que transita por um universo bastante seguro, porque é praticamente impossível, quem assiste, não se importar (e não sofrer) com a história da protagonista. Cooper sabia disso e conduziu a história de uma maneira bem bacana - tecnicamente é muito bem realizado - até melhor que Bohemian.
Olha, é um excelente entretenimento, fácil de se emocionar!
Up-date: "Nasce uma Estrela" ganhou em uma categoria no Oscar 2019: Melhor Canção!
Simplesmente sensacional - embora a sensação ao subirem os créditos não seja das mais agradáveis! "Navalny", documentário da HBO em parceira com a CNN e indicado ao Oscar 2023, é um verdadeiro soco no estômago, daqueles difíceis de digerir e capaz de nos provocar as mais diversas emoções em uma jornada que soa até ficção, mas que infelizmente é um retrato dolorido da realidade que representa a política de Valdimir Putin na Rússia.
Aqui conhecemos a história de Alexei Navalny, um dos opositores mais fortes que Putin jamais enfrentou e que, justamente por isso, em 2020, em um voo doméstico da Sibéria para Moscou, foi envenenado com Novichok, uma combinação de substâncias neurotóxicas altamente letal e marca registrada de como o presidente da Rússia trata seus desafetos. Confira o trailer (original):
"Navalny" representa para a política, mais ou menos o que representou "Icarus" para o esporte em 2018 - onde, aliás, o "bandido" era o mesmo! Revelador e muito potente como narrativa, o documentário do diretor Daniel Roher (de "Once Were Brothers: Robbie Robertson & The Band") se propõe a mostrar de uma forma muito honesta, as ideias políticas de Navalny, passando por toda sua estratégia para enfrentar Putin após o evento do envenenamento que quase tirou a sua vida. Roher equilibra muito bem o tom investigativo da história com um recorte mais pessoal do protagonista que expõe sua relação com a mulher e com seus filhos ao mesmo tempo em que precisa lidar com as constantes ameaças que sua posição provoca em seus oponentes.
E acho que aqui cabe um pequeno disclaimer: mesmo sendo muito cuidadoso para não apagar (ou manchar) a aura de "salvador da pátria" de Navalny, Roher não se esconde ao trazer para discussão algumas passagens polêmicas do politico como quando ele participou de um evento nacionalista com inspirações neonazistas ou quando ele discute com sua RP sobre a forma com que está transmitindo suas mensagens no documentário (aqui sem saber que câmera estava ligada e gravando a conversa). Veja, ninguém é santo, muito menos políticos (e estamos cansados de saber disso), porém o foco aqui vai além dos fatos em si, já que o plot se apoia em como hoje em dia é possível criar e capilarizar um discurso capaz de incomodar até aqueles que se acham intocáveis - reparem como Navalny e sua equipe lidam com as informações usando todos os canais de comunicação eletrônica, e seus respectivos públicos, com muita inteligência e, principalmente, coerência.
Como em "Icarus", alguns momentos são incrivelmente marcantes (para não dizer históricos) - é o caso da ligação entre o protagonista e um cientista, aliado de Putin, que trabalhou na missão de envenená-lo. O fato é que "Navalny" consegue trazer para os holofotes um assunto relevante para o futuro da geopolítica mundial e que mais uma vez expõe o modus operandi de um ser-humano que foi agente da KGB, chefe dos serviços secretos soviético e que hoje comanda um país tão forte como a Rússia. Se o documentário será um instrumento de mudança, é difícil saber, mas que ele, de alguma forma, vai provocar muita reflexão, isso é inegável!
Daqueles imperdíveis! Vale muito o seu play!
Up-date: "Navalny" foi o grande vencedor do Oscar 2023 na categoria "Melhor Documentário"!
Simplesmente sensacional - embora a sensação ao subirem os créditos não seja das mais agradáveis! "Navalny", documentário da HBO em parceira com a CNN e indicado ao Oscar 2023, é um verdadeiro soco no estômago, daqueles difíceis de digerir e capaz de nos provocar as mais diversas emoções em uma jornada que soa até ficção, mas que infelizmente é um retrato dolorido da realidade que representa a política de Valdimir Putin na Rússia.
Aqui conhecemos a história de Alexei Navalny, um dos opositores mais fortes que Putin jamais enfrentou e que, justamente por isso, em 2020, em um voo doméstico da Sibéria para Moscou, foi envenenado com Novichok, uma combinação de substâncias neurotóxicas altamente letal e marca registrada de como o presidente da Rússia trata seus desafetos. Confira o trailer (original):
"Navalny" representa para a política, mais ou menos o que representou "Icarus" para o esporte em 2018 - onde, aliás, o "bandido" era o mesmo! Revelador e muito potente como narrativa, o documentário do diretor Daniel Roher (de "Once Were Brothers: Robbie Robertson & The Band") se propõe a mostrar de uma forma muito honesta, as ideias políticas de Navalny, passando por toda sua estratégia para enfrentar Putin após o evento do envenenamento que quase tirou a sua vida. Roher equilibra muito bem o tom investigativo da história com um recorte mais pessoal do protagonista que expõe sua relação com a mulher e com seus filhos ao mesmo tempo em que precisa lidar com as constantes ameaças que sua posição provoca em seus oponentes.
E acho que aqui cabe um pequeno disclaimer: mesmo sendo muito cuidadoso para não apagar (ou manchar) a aura de "salvador da pátria" de Navalny, Roher não se esconde ao trazer para discussão algumas passagens polêmicas do politico como quando ele participou de um evento nacionalista com inspirações neonazistas ou quando ele discute com sua RP sobre a forma com que está transmitindo suas mensagens no documentário (aqui sem saber que câmera estava ligada e gravando a conversa). Veja, ninguém é santo, muito menos políticos (e estamos cansados de saber disso), porém o foco aqui vai além dos fatos em si, já que o plot se apoia em como hoje em dia é possível criar e capilarizar um discurso capaz de incomodar até aqueles que se acham intocáveis - reparem como Navalny e sua equipe lidam com as informações usando todos os canais de comunicação eletrônica, e seus respectivos públicos, com muita inteligência e, principalmente, coerência.
Como em "Icarus", alguns momentos são incrivelmente marcantes (para não dizer históricos) - é o caso da ligação entre o protagonista e um cientista, aliado de Putin, que trabalhou na missão de envenená-lo. O fato é que "Navalny" consegue trazer para os holofotes um assunto relevante para o futuro da geopolítica mundial e que mais uma vez expõe o modus operandi de um ser-humano que foi agente da KGB, chefe dos serviços secretos soviético e que hoje comanda um país tão forte como a Rússia. Se o documentário será um instrumento de mudança, é difícil saber, mas que ele, de alguma forma, vai provocar muita reflexão, isso é inegável!
Daqueles imperdíveis! Vale muito o seu play!
Up-date: "Navalny" foi o grande vencedor do Oscar 2023 na categoria "Melhor Documentário"!
"Nem um Passo em Falso" é muito divertido! O filme traz todo o talento do diretor Steven Soderbergh (Traffic) e sua enorme capacidade de construir uma narrativa visualmente deslumbrante e extremamente alinhada com um roteiro tão bom quanto - e aqui o mérito é de Ed Solomon (Bill e Ted: Encare a Música). O filme é uma maravilhosa mistura (e por favor me perdoem pela licença criativa) de "Magnatas do Crime"do diretor Guy Ritchie com o "O Irlandês"do Scorsese.
A premissa é relativamente simples: situado em 1955, em Detroit, o filme acompanha um grupo de pequenos criminosos que foram contratados para roubar o que parecia ser apenas um documento, mas que depois se descobre, claro, ser mais importante do que isso - um projeto que vai mudar a história da humanidade (sem exageros). Confira o trailer:
É de se imaginar que o plano inicial fracassa e que a partir daí temos uma verdadeira corrida contra o tempo, cheio de traições e reviravoltas, onde os protagonistas Curt Goynes (Don Cheadle) e Ronald Russo (Benicio Del Toro) precisam escapar da polícia, de grupos mafiosos e ainda tentar se dar bem financeiramente. Olha, é um verdadeiro jogo de xadrez e visto que todos os personagens tem uma enorme importância na narrativa, é preciso prestar muita atenção para não perder em uma série de detalhes que fazem desse roteiro uma coisas mais interessantes que assisti em 2021.
Será natural se algumas pessoas acharem a história complexa e é aqui que Soderbergh mostra sua maturidade: ele cria uma dinâmica narrativa de perder o fôlego, mas não inventa tanta moda - ele é direto, sem rodeios. Seu foco não é impor sua habilidade inventiva (embora as use) e sim colocar a câmera no lugar certa e deixar os atores brilharem - Don Cheadle e Benicio Del Toro não decepcionam e não vou me surpreender se chegarem fortes na temporada de premiação de 2022. Veja, é interessante como Steven Soderbergh usa sua criatividade para compor algumas cenas, mas sem se sobressair ao texto - quando ele usa uma lente que gera uma certa distorção da imagem com o objetivo de criar a sensação de que algo não está certo e que aquele momento pode ter consequências graves, temos a exata confirmação da sua capacidade como cineasta, mas sem querer aparecer mais que a história.
Outro ponto que me chamou a atenção é a montagem - elegante e sucinta, serve como "fio condutor" sem precisar ser didática demais. Nesse ponto, inclusive, a história se fasta de Guy Ritchie e se aproxima Scorsese. Reparem como o filme nunca deixa de ser uma trama sobre um assalto - são pessoas que montaram um plano e que estão, essencialmente, em busca de dinheiro e alimentando sua ganância. Pontuado isso, eu diria que "No Sudden Move" (no original) tem mais ação do que drama e é muito mais entretenimento do que uma imersão no submundo da Máfia, ou seja, um equilíbrio perfeito entre uma boa história e uma atmosfera complexa, mas envolvente - com um diretor talentoso no melhor da sua forma! Vale muito a pena!
"Nem um Passo em Falso" é muito divertido! O filme traz todo o talento do diretor Steven Soderbergh (Traffic) e sua enorme capacidade de construir uma narrativa visualmente deslumbrante e extremamente alinhada com um roteiro tão bom quanto - e aqui o mérito é de Ed Solomon (Bill e Ted: Encare a Música). O filme é uma maravilhosa mistura (e por favor me perdoem pela licença criativa) de "Magnatas do Crime"do diretor Guy Ritchie com o "O Irlandês"do Scorsese.
A premissa é relativamente simples: situado em 1955, em Detroit, o filme acompanha um grupo de pequenos criminosos que foram contratados para roubar o que parecia ser apenas um documento, mas que depois se descobre, claro, ser mais importante do que isso - um projeto que vai mudar a história da humanidade (sem exageros). Confira o trailer:
É de se imaginar que o plano inicial fracassa e que a partir daí temos uma verdadeira corrida contra o tempo, cheio de traições e reviravoltas, onde os protagonistas Curt Goynes (Don Cheadle) e Ronald Russo (Benicio Del Toro) precisam escapar da polícia, de grupos mafiosos e ainda tentar se dar bem financeiramente. Olha, é um verdadeiro jogo de xadrez e visto que todos os personagens tem uma enorme importância na narrativa, é preciso prestar muita atenção para não perder em uma série de detalhes que fazem desse roteiro uma coisas mais interessantes que assisti em 2021.
Será natural se algumas pessoas acharem a história complexa e é aqui que Soderbergh mostra sua maturidade: ele cria uma dinâmica narrativa de perder o fôlego, mas não inventa tanta moda - ele é direto, sem rodeios. Seu foco não é impor sua habilidade inventiva (embora as use) e sim colocar a câmera no lugar certa e deixar os atores brilharem - Don Cheadle e Benicio Del Toro não decepcionam e não vou me surpreender se chegarem fortes na temporada de premiação de 2022. Veja, é interessante como Steven Soderbergh usa sua criatividade para compor algumas cenas, mas sem se sobressair ao texto - quando ele usa uma lente que gera uma certa distorção da imagem com o objetivo de criar a sensação de que algo não está certo e que aquele momento pode ter consequências graves, temos a exata confirmação da sua capacidade como cineasta, mas sem querer aparecer mais que a história.
Outro ponto que me chamou a atenção é a montagem - elegante e sucinta, serve como "fio condutor" sem precisar ser didática demais. Nesse ponto, inclusive, a história se fasta de Guy Ritchie e se aproxima Scorsese. Reparem como o filme nunca deixa de ser uma trama sobre um assalto - são pessoas que montaram um plano e que estão, essencialmente, em busca de dinheiro e alimentando sua ganância. Pontuado isso, eu diria que "No Sudden Move" (no original) tem mais ação do que drama e é muito mais entretenimento do que uma imersão no submundo da Máfia, ou seja, um equilíbrio perfeito entre uma boa história e uma atmosfera complexa, mas envolvente - com um diretor talentoso no melhor da sua forma! Vale muito a pena!
Impossível começar esse review sem dizer que, em “O Abutre”, Jake Gyllenhaal tem o melhor desempenho de toda sua carreira e é impressionante, impressionante não, melhor: é injusto que ele não tenha sido indicado ao Oscar de 2015 por esse papel. Alias, "Nightcrawler" (no original) só foi indicado em uma categoria: Melhor Roteiro Original.
Na trama, o jovem Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) enfrenta dificuldades para conseguir um emprego formal. Depois de testemunhar um trágico acidente, ele decide entrar no agitado submundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles. A fórmula é simples: correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo e vender a história para veículos sensacionalistas que se interessarem. Confira o trailer:
A mudança de Jake Gyllenhaal é nítida, ele perdeu 14 quilos para dar vida ao obscuro e misterioso Louis Bloom. Mas não se trata de uma mudança corporal apenas, seus olhos mudaram, sua feição é outra, e em muitos momentos chega ser assustador o que ele conseguiu fazer com o seu personagem. Se você gostou da atuação de Joaquin Phoenix em “Coringa”, certamente vai apreciar esse trabalho de Gyllenhaal.
Mas “O Abutre” não se trata apenas de Jake Gyllenhaal, embora se destaque mais que outros acertos do filme, o elenco ainda conta com Rene Russo e Riz Ahmed que também estão ótimos em seus papéis. O diretor de fotografia Robert Elswit é o mesmo de “Sangue Negro” (outro filme espetacular), cria aquela atmosfera caótica de uma noite urbana com primor, fazendo referências visuais através do uso cores que nos remetem aos clássicos como “Taxi Driver”, por exemplo. A trilha sonora é do James Newton Howard, e ajuda na composição de toda a estranheza necessária para o desenrolar dessa trama envolvente - inclusive, esse é um thriller que vai causar incômodo propositalmente.
O filme de Dan Gilroy, estreante como diretor, mergulha fundo na crítica sobre o que a mídia vende e o que as pessoas consomem, além de retratar assuntos delicados como ética moral e social, com isso, “O Abutre” também expõe o pior lado do ser humano e o que algumas pessoas são capazes de fazer para obter êxito profissional - mesmo que isso custe a vida de outras pessoas.
Vale muito a pena, mas não será uma jornada tranquila!
Apenas para chancelar a recomendação, “O Abutre” foi o grande vencedor do "Film Independent Spirit Awards" de 2015 em duas categorias: "Melhor Filme de um Diretor Estreante" e "Melhor Diretor".
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
Impossível começar esse review sem dizer que, em “O Abutre”, Jake Gyllenhaal tem o melhor desempenho de toda sua carreira e é impressionante, impressionante não, melhor: é injusto que ele não tenha sido indicado ao Oscar de 2015 por esse papel. Alias, "Nightcrawler" (no original) só foi indicado em uma categoria: Melhor Roteiro Original.
Na trama, o jovem Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) enfrenta dificuldades para conseguir um emprego formal. Depois de testemunhar um trágico acidente, ele decide entrar no agitado submundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles. A fórmula é simples: correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo e vender a história para veículos sensacionalistas que se interessarem. Confira o trailer:
A mudança de Jake Gyllenhaal é nítida, ele perdeu 14 quilos para dar vida ao obscuro e misterioso Louis Bloom. Mas não se trata de uma mudança corporal apenas, seus olhos mudaram, sua feição é outra, e em muitos momentos chega ser assustador o que ele conseguiu fazer com o seu personagem. Se você gostou da atuação de Joaquin Phoenix em “Coringa”, certamente vai apreciar esse trabalho de Gyllenhaal.
Mas “O Abutre” não se trata apenas de Jake Gyllenhaal, embora se destaque mais que outros acertos do filme, o elenco ainda conta com Rene Russo e Riz Ahmed que também estão ótimos em seus papéis. O diretor de fotografia Robert Elswit é o mesmo de “Sangue Negro” (outro filme espetacular), cria aquela atmosfera caótica de uma noite urbana com primor, fazendo referências visuais através do uso cores que nos remetem aos clássicos como “Taxi Driver”, por exemplo. A trilha sonora é do James Newton Howard, e ajuda na composição de toda a estranheza necessária para o desenrolar dessa trama envolvente - inclusive, esse é um thriller que vai causar incômodo propositalmente.
O filme de Dan Gilroy, estreante como diretor, mergulha fundo na crítica sobre o que a mídia vende e o que as pessoas consomem, além de retratar assuntos delicados como ética moral e social, com isso, “O Abutre” também expõe o pior lado do ser humano e o que algumas pessoas são capazes de fazer para obter êxito profissional - mesmo que isso custe a vida de outras pessoas.
Vale muito a pena, mas não será uma jornada tranquila!
Apenas para chancelar a recomendação, “O Abutre” foi o grande vencedor do "Film Independent Spirit Awards" de 2015 em duas categorias: "Melhor Filme de um Diretor Estreante" e "Melhor Diretor".
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
"O Acontecimento" é um drama pesadíssimo, visceral eu diria! A jornada que começa amena, quase juvenil, vai ganhando força e brutalidade até alcançar o seu ápice no terceiro ato. Sim, durante os mais de 90 minutos de filme, em vários momentos você sentirá a dor da protagonista - e aqui eu não falo apenas da dor física, embora ela exista e seja brilhantemente retratada pela diretora Audrey Diwan (de "À Beira da Loucura "); eu falo daquela dor na alma que nos tira do eixo, que nos faz refletir sobre o outro - algo como vimos recentemente em “Pieces of a Woman”, por exemplo.
O filme conta a história de Anne (Anamaria Vartolomei), uma jovem garota que engravida e que simplesmente não quer e não pode ter aquela criança, já que seu futuro brilhante seria comprometido. No entanto, na França dos anos 1960, o direito ao aborto ainda não existia. Pelo contrário: qualquer um que praticasse o aborto, tanto a mulher quanto o médico, seria preso. Anne então precisa correr contra o tempo para encontrar uma solução antes de colocar sua própria vida em risco. Confira o trailer:
Essa produção francesa chega ao streaming chancelada pelo "Golden Lion" e pelo "FIPRESCI Prize" no Festival de Veneza em 2021. Além de uma carreira internacional de respeito, "O Acontecimento" ainda rendeu muitos elogios da crítica especializada e do público, o que coloca o filme naquela disputada prateleira de grandes surpresas do ano. E não é para menos, de fato "L'événement" (no original) impressiona ao se aprofundar de uma maneira muito cruel no realismo de uma situação tão atual que nem nos damos conta que o filme se passa na década de 60.
Graças ao aspecto 4:3 (aquele mais quadrado das TVs de tubo de antigamente) em que foi filmado, a diretora é capaz de provocar sensações das mais desagradáveis para audiência - essa escolha conceitual incomoda muito, gera uma certa percepção de angústia, de opressão, de limite. Curiosamente, a história da protagonista, ou seja, o "conteúdo" do filme, está completamente alinhado à "forma" com que presenciamos o seu sofrimento. A jornada de Anne é dura, solitária demais - chega a ser impressionante como a atriz Anamaria Vartolomei encontra o tom certo, introspectivo, para lidar com suas decisões e consequências. A cena em Anne tenta fazer o aborto por si só, por exemplo, é simplesmente desesperadora, além de impactante.
Baseado no aclamado livro de Annie Ernaux, o que vemos na tela é um adaptação extremamente autoral e de altíssima qualidade cinematográfica. "O Acontecimento" é cadenciado, sem nenhuma ação aparente, até repetitivo em alguns momentos, mas com o tempo se apropria de uma verdadeira experiência sensorial para entregar um mergulho no íntimo da mulher e na forma como ela é julgada pela sociedade. Não é uma jornada confortável da mesma forma em que se mostra necessária a discussão sobre um tema polêmico e muito importante nos dias de hoje (mesmo 60 anos depois).
Vale muito o seu play!
"O Acontecimento" é um drama pesadíssimo, visceral eu diria! A jornada que começa amena, quase juvenil, vai ganhando força e brutalidade até alcançar o seu ápice no terceiro ato. Sim, durante os mais de 90 minutos de filme, em vários momentos você sentirá a dor da protagonista - e aqui eu não falo apenas da dor física, embora ela exista e seja brilhantemente retratada pela diretora Audrey Diwan (de "À Beira da Loucura "); eu falo daquela dor na alma que nos tira do eixo, que nos faz refletir sobre o outro - algo como vimos recentemente em “Pieces of a Woman”, por exemplo.
O filme conta a história de Anne (Anamaria Vartolomei), uma jovem garota que engravida e que simplesmente não quer e não pode ter aquela criança, já que seu futuro brilhante seria comprometido. No entanto, na França dos anos 1960, o direito ao aborto ainda não existia. Pelo contrário: qualquer um que praticasse o aborto, tanto a mulher quanto o médico, seria preso. Anne então precisa correr contra o tempo para encontrar uma solução antes de colocar sua própria vida em risco. Confira o trailer:
Essa produção francesa chega ao streaming chancelada pelo "Golden Lion" e pelo "FIPRESCI Prize" no Festival de Veneza em 2021. Além de uma carreira internacional de respeito, "O Acontecimento" ainda rendeu muitos elogios da crítica especializada e do público, o que coloca o filme naquela disputada prateleira de grandes surpresas do ano. E não é para menos, de fato "L'événement" (no original) impressiona ao se aprofundar de uma maneira muito cruel no realismo de uma situação tão atual que nem nos damos conta que o filme se passa na década de 60.
Graças ao aspecto 4:3 (aquele mais quadrado das TVs de tubo de antigamente) em que foi filmado, a diretora é capaz de provocar sensações das mais desagradáveis para audiência - essa escolha conceitual incomoda muito, gera uma certa percepção de angústia, de opressão, de limite. Curiosamente, a história da protagonista, ou seja, o "conteúdo" do filme, está completamente alinhado à "forma" com que presenciamos o seu sofrimento. A jornada de Anne é dura, solitária demais - chega a ser impressionante como a atriz Anamaria Vartolomei encontra o tom certo, introspectivo, para lidar com suas decisões e consequências. A cena em Anne tenta fazer o aborto por si só, por exemplo, é simplesmente desesperadora, além de impactante.
Baseado no aclamado livro de Annie Ernaux, o que vemos na tela é um adaptação extremamente autoral e de altíssima qualidade cinematográfica. "O Acontecimento" é cadenciado, sem nenhuma ação aparente, até repetitivo em alguns momentos, mas com o tempo se apropria de uma verdadeira experiência sensorial para entregar um mergulho no íntimo da mulher e na forma como ela é julgada pela sociedade. Não é uma jornada confortável da mesma forma em que se mostra necessária a discussão sobre um tema polêmico e muito importante nos dias de hoje (mesmo 60 anos depois).
Vale muito o seu play!
"O Crime do Século", sem a menor dúvida, é um olhar mais amplo, e dos mais perturbadores, sobre a epidemia dos opioides nos EUA. Se você gostou dos potentes "Dopesick" e "Império da Dor",além do emocionante "Prescrição Fatal", pode dar o play tranquilamente porque o que você vai encontrar nesse documentário em duas partes da HBO é um cenário ainda mais profundo sobre o absurdo que foi a comercialização dessas drogas por um viés social e politico que com certeza vai te impactar de verdade. Olha, é de embrulhar o estômago!
"O Crime do Século" apresenta uma acusação mordaz contra a indústria farmacêutica e as regulamentações governamentais que permitem a superprodução, distribuição imprudente e abuso de opioides sintéticos. Com a participação de testemunhas-chave de uma longa investigação, o filme explora as origens de uma das maiores tragédias de saúde pública da atualidade. Confira o trailer (em inglês):
Com uma abordagem técnica afiada, rica em detalhes artísticos e carregada de emoções intensas, o documentário dirigido pelo multi-premiado Alex Gibney (de "Um Táxi para a Escuridão" e "A Inventora") de fato exerce um impacto profundo na audiência, nos convidando a refletir sobre os complexos dilemas humanos e institucionais a cada nova subtrama. Mesmo que em um primeiro olhar, sua narrativa soe verborrágica, "O Crime do Século" não hesita em expor as entranhas do escândalo da crise de opioides, destacando a interconexão entre empresas farmacêuticas, prescrições médicas exageradas e pacientes viciados em analgésicos. A narrativa de Gibney é construída com maestria, alternando depoimentos de especialistas, sobreviventes da crise e profissionais da saúde, além de investigadores e jornalistas, criando um panorama abrangente e convincente dos eventos reais que assistimos em "Dopesick" e "Império da Dor".
Equilibrando dados estatísticos com histórias importantes, a edição de Andy Grieve é muito inteligente em criar uma dinâmica bastante fluida entre as entrevistas feitas por Gibney, inúmeras (e surpreendentes) imagens de arquivo e aplicações gráficas belíssimas, o que resulta em uma experiência que ao mesmo tempo nos informa e nos comove. Repare como aescolha cuidadosa das imagens de arquivo contrastam com os recortes de documentos (normalmente e-mails ou gravações de telefone), evocando uma sensação angustiante e revoltante que captura a dor e a luta das vítimas da crise, com a ganância e ostentação de quem enriqueceu com a epidemia.
Ao longo de "O Crime do Século", nossas emoções oscilam entre a indignação e a tristeza, culminando em uma catarse emocional poderosa. A revolta diante da ganância corporativa e do sistema de saúde falho é acompanhada por um senso de urgência que nenhum politico foi capaz de entender, mesmo diante dos fatos - e nós sabemos a razão. O genial do documentário é que ele não se contenta em apenas expor o problema do OxyContin, da Purdue ou dos Sacklers, mas também nos apresenta um personagem que merece sua atenção: John Kapoor, fundador da Insys Therapeutics e criador de um potente spray de fentanil - um opioide 50 vezes mais potente que a heroína.
Vale muito o seu play!
"O Crime do Século", sem a menor dúvida, é um olhar mais amplo, e dos mais perturbadores, sobre a epidemia dos opioides nos EUA. Se você gostou dos potentes "Dopesick" e "Império da Dor",além do emocionante "Prescrição Fatal", pode dar o play tranquilamente porque o que você vai encontrar nesse documentário em duas partes da HBO é um cenário ainda mais profundo sobre o absurdo que foi a comercialização dessas drogas por um viés social e politico que com certeza vai te impactar de verdade. Olha, é de embrulhar o estômago!
"O Crime do Século" apresenta uma acusação mordaz contra a indústria farmacêutica e as regulamentações governamentais que permitem a superprodução, distribuição imprudente e abuso de opioides sintéticos. Com a participação de testemunhas-chave de uma longa investigação, o filme explora as origens de uma das maiores tragédias de saúde pública da atualidade. Confira o trailer (em inglês):
Com uma abordagem técnica afiada, rica em detalhes artísticos e carregada de emoções intensas, o documentário dirigido pelo multi-premiado Alex Gibney (de "Um Táxi para a Escuridão" e "A Inventora") de fato exerce um impacto profundo na audiência, nos convidando a refletir sobre os complexos dilemas humanos e institucionais a cada nova subtrama. Mesmo que em um primeiro olhar, sua narrativa soe verborrágica, "O Crime do Século" não hesita em expor as entranhas do escândalo da crise de opioides, destacando a interconexão entre empresas farmacêuticas, prescrições médicas exageradas e pacientes viciados em analgésicos. A narrativa de Gibney é construída com maestria, alternando depoimentos de especialistas, sobreviventes da crise e profissionais da saúde, além de investigadores e jornalistas, criando um panorama abrangente e convincente dos eventos reais que assistimos em "Dopesick" e "Império da Dor".
Equilibrando dados estatísticos com histórias importantes, a edição de Andy Grieve é muito inteligente em criar uma dinâmica bastante fluida entre as entrevistas feitas por Gibney, inúmeras (e surpreendentes) imagens de arquivo e aplicações gráficas belíssimas, o que resulta em uma experiência que ao mesmo tempo nos informa e nos comove. Repare como aescolha cuidadosa das imagens de arquivo contrastam com os recortes de documentos (normalmente e-mails ou gravações de telefone), evocando uma sensação angustiante e revoltante que captura a dor e a luta das vítimas da crise, com a ganância e ostentação de quem enriqueceu com a epidemia.
Ao longo de "O Crime do Século", nossas emoções oscilam entre a indignação e a tristeza, culminando em uma catarse emocional poderosa. A revolta diante da ganância corporativa e do sistema de saúde falho é acompanhada por um senso de urgência que nenhum politico foi capaz de entender, mesmo diante dos fatos - e nós sabemos a razão. O genial do documentário é que ele não se contenta em apenas expor o problema do OxyContin, da Purdue ou dos Sacklers, mas também nos apresenta um personagem que merece sua atenção: John Kapoor, fundador da Insys Therapeutics e criador de um potente spray de fentanil - um opioide 50 vezes mais potente que a heroína.
Vale muito o seu play!
Essa é para você matar a saudade de um bom drama policial nórdico! Embora "O Degelo" seja polonesa, todos os elementos narrativos e conceitos estéticos inevitavelmente nos levam para as ótimas séries dinamarquesas e suecas de investigação criminal - e mais uma vez, funciona demais! "Odwilż" (no original) é uma série criada pela novata, mas talentosa, Marta Szymanek (de "Wataha") e dirigida por Xawery Żuławski, que mergulha nas profundezas do luto e das complexidades das relações humanas para desenvolver o mistério da sua trama. Com uma narrativa realmente sombria e envolvente, bem ao estilo "The Killing" (ou melhor, "Forbrydelsen"), a série explora não apenas a investigação de um crime brutal, mas também as ramificações pessoais e as lutas internas dos personagens que transitam pela história. Ambientada em Szczecin, uma cidade fria e úmida no noroeste da Polônia, "O Degelo" faz de seu cenário um reflexo das emoções e tensões presentes em uma jornada que facilmente vai te conquistar..
A história, basicamente, segue Zawieja (Katarzyna Wajda), uma investigadora que, após a morte de seu marido, é encarregada de investigar o caso do desaparecimento de uma jovem mulher cujo corpo é encontrado em circunstâncias bastante misteriosas. À medida que Zawieja mergulha nessa investigação, ela descobre que a mulher assassinada, além de filha de um famoso procurador, estava grávida e que a criança provavelmente ainda está viva. Determinada a encontrar respostas, Zawieja precisa enfrentar não apenas os desafios do caso, como também o seu recente trauma familiar. Confira o trailer (em polonês):
É impressionante como "O Degelo" sabe construir uma narrativa que transforma o clima frio e opressivo em sensações pouco agradáveis para quem assiste. Se essa proposta de fato não é uma inovação narrativa., é preciso dizer que, pelo menos, a direção de Xawery Żuławski é extremamente eficaz em capturar a angústia desse ambiente para entregar uma história em constante tensão. A fotografia do Tomasz Naumiuk (o mesmo de "Rastros") utiliza os tons frios das paisagens desoladoras de Szczecin para intensificar a sensação de desconforto e perigo iminente, mantendo a audiência imersa em uma jornada que parece sempre estar à beira de um colapso emocional - como, aliás, manda a receita de um bom drama nórdico. Já o roteiro de Marta Szymanek, embora siga a estrutura clássica dos thrillers policiais, se diferencia pornão se contentar em ser apenas um mistério para ser resolvido; é também um estudo sobre a dor, o luto e a busca por redenção - é possível notar como o desaparecimento da criança se torna uma metáfora importante para as ausências e os vazios emocionais que assombram a protagonista e outros personagens. Repare como ao longo da série, temas como maternidade, sacrifício e o peso das escolhas são explorados de forma sensível, conferindo uma camada ainda mais profunda à narrativa.
Katarzyna Wajda, no papel de Zawieja, entrega uma atuação realmente poderosa e convincente na medida certa. Ela interpreta uma mulher com a frieza necessária de uma investigadora e as emoções que assombram sua vida pessoal. A dor pelo luto do marido de um lado e a determinação de Zawieja em solucionar o caso do outro, são tão palpáveis ao ponto dela conseguir transmitir a mesma intensidade entre uma cena e outra - ela se transforma apenas com o olhar e com a respiração. Tudo sem exageros, Wajda mantém sua personagem sempre crível e envolvente. Eu diria que sua atuação é um dos pilares da série, ancorando a narrativa que está estruturada de forma a revelar gradualmente as complexidades do caso. Esse formato nos mantém intrigados, enquanto as camadas de mistério são desvendadas, revelando segredos ocultos, tanto no passado da vítima quanto da própria vida de Zawieja.
Com um ritmo calculado, com um equilíbrio entre momentos de ação e introspecção, que permite um desenvolvimento interessante dos personagens e uma progressão eficaz do enredo, "O Degelo" oferece uma experiência cativante para quem já estava com saudades de um bom drama policial cheio de elementos psicológicos. Então, se você busca algo mais do que apenas resolver um crime e está pronto para um mergulho nos ecos emocionais que assombram os protagonistas, essa série é realmente imperdível!
Essa é para você matar a saudade de um bom drama policial nórdico! Embora "O Degelo" seja polonesa, todos os elementos narrativos e conceitos estéticos inevitavelmente nos levam para as ótimas séries dinamarquesas e suecas de investigação criminal - e mais uma vez, funciona demais! "Odwilż" (no original) é uma série criada pela novata, mas talentosa, Marta Szymanek (de "Wataha") e dirigida por Xawery Żuławski, que mergulha nas profundezas do luto e das complexidades das relações humanas para desenvolver o mistério da sua trama. Com uma narrativa realmente sombria e envolvente, bem ao estilo "The Killing" (ou melhor, "Forbrydelsen"), a série explora não apenas a investigação de um crime brutal, mas também as ramificações pessoais e as lutas internas dos personagens que transitam pela história. Ambientada em Szczecin, uma cidade fria e úmida no noroeste da Polônia, "O Degelo" faz de seu cenário um reflexo das emoções e tensões presentes em uma jornada que facilmente vai te conquistar..
A história, basicamente, segue Zawieja (Katarzyna Wajda), uma investigadora que, após a morte de seu marido, é encarregada de investigar o caso do desaparecimento de uma jovem mulher cujo corpo é encontrado em circunstâncias bastante misteriosas. À medida que Zawieja mergulha nessa investigação, ela descobre que a mulher assassinada, além de filha de um famoso procurador, estava grávida e que a criança provavelmente ainda está viva. Determinada a encontrar respostas, Zawieja precisa enfrentar não apenas os desafios do caso, como também o seu recente trauma familiar. Confira o trailer (em polonês):
É impressionante como "O Degelo" sabe construir uma narrativa que transforma o clima frio e opressivo em sensações pouco agradáveis para quem assiste. Se essa proposta de fato não é uma inovação narrativa., é preciso dizer que, pelo menos, a direção de Xawery Żuławski é extremamente eficaz em capturar a angústia desse ambiente para entregar uma história em constante tensão. A fotografia do Tomasz Naumiuk (o mesmo de "Rastros") utiliza os tons frios das paisagens desoladoras de Szczecin para intensificar a sensação de desconforto e perigo iminente, mantendo a audiência imersa em uma jornada que parece sempre estar à beira de um colapso emocional - como, aliás, manda a receita de um bom drama nórdico. Já o roteiro de Marta Szymanek, embora siga a estrutura clássica dos thrillers policiais, se diferencia pornão se contentar em ser apenas um mistério para ser resolvido; é também um estudo sobre a dor, o luto e a busca por redenção - é possível notar como o desaparecimento da criança se torna uma metáfora importante para as ausências e os vazios emocionais que assombram a protagonista e outros personagens. Repare como ao longo da série, temas como maternidade, sacrifício e o peso das escolhas são explorados de forma sensível, conferindo uma camada ainda mais profunda à narrativa.
Katarzyna Wajda, no papel de Zawieja, entrega uma atuação realmente poderosa e convincente na medida certa. Ela interpreta uma mulher com a frieza necessária de uma investigadora e as emoções que assombram sua vida pessoal. A dor pelo luto do marido de um lado e a determinação de Zawieja em solucionar o caso do outro, são tão palpáveis ao ponto dela conseguir transmitir a mesma intensidade entre uma cena e outra - ela se transforma apenas com o olhar e com a respiração. Tudo sem exageros, Wajda mantém sua personagem sempre crível e envolvente. Eu diria que sua atuação é um dos pilares da série, ancorando a narrativa que está estruturada de forma a revelar gradualmente as complexidades do caso. Esse formato nos mantém intrigados, enquanto as camadas de mistério são desvendadas, revelando segredos ocultos, tanto no passado da vítima quanto da própria vida de Zawieja.
Com um ritmo calculado, com um equilíbrio entre momentos de ação e introspecção, que permite um desenvolvimento interessante dos personagens e uma progressão eficaz do enredo, "O Degelo" oferece uma experiência cativante para quem já estava com saudades de um bom drama policial cheio de elementos psicológicos. Então, se você busca algo mais do que apenas resolver um crime e está pronto para um mergulho nos ecos emocionais que assombram os protagonistas, essa série é realmente imperdível!
"Imperdível" do ponto de vista histórico, "Essencial" pelo lado social dos acontecimentos que fizeram (ou deveriam ter feito) de 2020 um divisor de águas no que diz respeito às relações humanas. "O Dia que o Esporte Parou", dirigido pelo Antoine Fuqua (de "Dia de Treinamento") e produzido pela HBO, transcende a esfera esportiva ao mergulhar naquela atmosfera de insegurança que vivemos antes e durante a pandemia e que logo depois foi potencializada com os fatos que levaram ao movimento "Black Lives Matter" na NBA. Com uma abordagem única, o filme não apenas retrata a interrupção abrupta dos jogos, mas também examina a influência dos jogadores, especialmente de Chris Paul, na busca por segurança e justiça social. Reconhecido por sua excelência, o documentário não só cativa os amantes dos esportes, mas também todos que buscam uma compreensão mais profunda dos impactos da pandemia nos negócios e nas relações sociais em uma cultura contemporânea cheia de imperfeições.
"O Dia que o Esporte Parou" então oferece uma visão íntima dos acontecimentos que levaram à interrupção histórica das competições esportivas em 2020. A narrativa se desenrola através de entrevistas exclusivas com atletas, dirigentes e personalidades envolvidas, oferecendo uma perspectiva inédita sobre o momento em que a NBA decidiu parar como resposta à pandemia da COVID-19 e como a entidade lidou com o retorno as quadras durante a crescente necessidade de conscientização sobre a injustiça racial nos Estados Unidos. Com direção magistral de Fuqua, o documentário apresenta imagens de bastidores, testemunhos poderosos e uma análise profunda dos eventos que definiram um capítulo marcante na história do esporte. Confira o trailer (em inglês):
Ao mergulharmos na essência do documentário, nos deparamos com a maestria técnica e artística de Fuqua, cuja direção habilidosa se destaca em uma construção narrativa fluida, direta e muito inteligente. A fusão de imagens de arquivo, entrevistas e cenas inéditas proporciona uma imersão completa no contexto dos acontecimentos que começou com o receio de uma pandemia global e terminou com uma luta pelos direitos sociais dos afro-americanos. A habilidade do diretor em equilibrar a urgência dos eventos com a reflexão profunda sobre tudo que aconteceu em 2020 é notável, criando um retrato vívido e comovente do que foi viver naquele ano que nem deveria ter existido - em todos os pontos que o documentário se aprofunda.
Com uma abordagem que transcende o lado esportivo dos fatos ao destacar o ativismo dos jogadores da NBA, explorando as formas como eles usaram suas vozes para promover a justiça social é muito tocante. A interseção entre o esporte e a realidade social daqueles meses na "Bolha de Orlando" é habilmente explorada por Fuqua, enriquecendo a narrativa com uma profundidade emocional impressionante. A pesquisa minuciosa e a qualidade da produção são evidentes, elevando "O Dia que o Esporte Parou" para um patamar diferenciado - tanto que o projeto chegou a ser indicado para dois prêmios extremamente relevantes: o "Sports Emmy Awards" e o "Critics' Choice Documentary Awards".
Detalhes que poderiam passar despercebidos são trazidos à luz nessa produção, proporcionando uma compreensão mais completa dos desafios enfrentados pelos atletas e suas comunidades - a sensibilidade do documentário para capturar o zeitgeist de 2020 é notável. Dito isso fica fácil afirmar que "O Dia que o Esporte Parou" ganhará ainda mais importância com o passar dos anos, e tem tudo para se tornar obra necessária para quem busca uma compreensão mais profunda da relação entre esporte, sociedade e ativismo. Eu diria, inclusive, que a narrativa construída por Fuqua funciona como uma crônica essencial de um período que moldou não apenas o mundo do esporte, mas a sociedade como um todo!
Vale muito o seu play!
"Imperdível" do ponto de vista histórico, "Essencial" pelo lado social dos acontecimentos que fizeram (ou deveriam ter feito) de 2020 um divisor de águas no que diz respeito às relações humanas. "O Dia que o Esporte Parou", dirigido pelo Antoine Fuqua (de "Dia de Treinamento") e produzido pela HBO, transcende a esfera esportiva ao mergulhar naquela atmosfera de insegurança que vivemos antes e durante a pandemia e que logo depois foi potencializada com os fatos que levaram ao movimento "Black Lives Matter" na NBA. Com uma abordagem única, o filme não apenas retrata a interrupção abrupta dos jogos, mas também examina a influência dos jogadores, especialmente de Chris Paul, na busca por segurança e justiça social. Reconhecido por sua excelência, o documentário não só cativa os amantes dos esportes, mas também todos que buscam uma compreensão mais profunda dos impactos da pandemia nos negócios e nas relações sociais em uma cultura contemporânea cheia de imperfeições.
"O Dia que o Esporte Parou" então oferece uma visão íntima dos acontecimentos que levaram à interrupção histórica das competições esportivas em 2020. A narrativa se desenrola através de entrevistas exclusivas com atletas, dirigentes e personalidades envolvidas, oferecendo uma perspectiva inédita sobre o momento em que a NBA decidiu parar como resposta à pandemia da COVID-19 e como a entidade lidou com o retorno as quadras durante a crescente necessidade de conscientização sobre a injustiça racial nos Estados Unidos. Com direção magistral de Fuqua, o documentário apresenta imagens de bastidores, testemunhos poderosos e uma análise profunda dos eventos que definiram um capítulo marcante na história do esporte. Confira o trailer (em inglês):
Ao mergulharmos na essência do documentário, nos deparamos com a maestria técnica e artística de Fuqua, cuja direção habilidosa se destaca em uma construção narrativa fluida, direta e muito inteligente. A fusão de imagens de arquivo, entrevistas e cenas inéditas proporciona uma imersão completa no contexto dos acontecimentos que começou com o receio de uma pandemia global e terminou com uma luta pelos direitos sociais dos afro-americanos. A habilidade do diretor em equilibrar a urgência dos eventos com a reflexão profunda sobre tudo que aconteceu em 2020 é notável, criando um retrato vívido e comovente do que foi viver naquele ano que nem deveria ter existido - em todos os pontos que o documentário se aprofunda.
Com uma abordagem que transcende o lado esportivo dos fatos ao destacar o ativismo dos jogadores da NBA, explorando as formas como eles usaram suas vozes para promover a justiça social é muito tocante. A interseção entre o esporte e a realidade social daqueles meses na "Bolha de Orlando" é habilmente explorada por Fuqua, enriquecendo a narrativa com uma profundidade emocional impressionante. A pesquisa minuciosa e a qualidade da produção são evidentes, elevando "O Dia que o Esporte Parou" para um patamar diferenciado - tanto que o projeto chegou a ser indicado para dois prêmios extremamente relevantes: o "Sports Emmy Awards" e o "Critics' Choice Documentary Awards".
Detalhes que poderiam passar despercebidos são trazidos à luz nessa produção, proporcionando uma compreensão mais completa dos desafios enfrentados pelos atletas e suas comunidades - a sensibilidade do documentário para capturar o zeitgeist de 2020 é notável. Dito isso fica fácil afirmar que "O Dia que o Esporte Parou" ganhará ainda mais importância com o passar dos anos, e tem tudo para se tornar obra necessária para quem busca uma compreensão mais profunda da relação entre esporte, sociedade e ativismo. Eu diria, inclusive, que a narrativa construída por Fuqua funciona como uma crônica essencial de um período que moldou não apenas o mundo do esporte, mas a sociedade como um todo!
Vale muito o seu play!
Não se trata de recordes, se trata de um time! Sim, eu sei que essa frase pode parecer batida, pretensiosa e até hipócrita se enxergarmos pelo prisma do reconhecimento individual dos dias de hoje, e talvez, justamente por isso que "O Jogo de uma Vida" mereça sua atenção. Embora seja um filme sobre esportes (mais precisamente sobre o futebol americano) e longe de ser uma superprodução (mesmo contando com atores renomados), posso afirmar que mais uma vez o "fator humano" transforma uma linha narrativa usual (para não dizer batida) de um subgênero cinematográfico com uma audiência cativa, em algo muito interessante e com uma história que, de fato, merecia ser contada.
"When the Game Stands Tall" (no original) acompanha a trajetória lendária e recordista de Bob Ladouceur (Jim Caviezel), treinador de futebol americano que assumiu o desconhecido time De La Salle High School Spartans e conduziu seus atletas da obscuridade à incrível marca de 151 jogos de invencibilidade. Baseado em uma história real, o filme não retrata a jornada de vitórias especificamente, mas como Ladouceur transformou o conceito de um programa escolar vencedor em algo que ia muito além do esporte. Confira o trailer:
Thomas Carter foi o responsável por outra obra sobre um personagem sensacional do esporte, "Coach Carter". Seguindo exatamente a mesma linha, Carter sai do basquete e vai para o futebol americano para nos entregar mais um importante filme biográfico, mas dessa vez com um peso esportivo maior na história e na narrativa. Se em "Coach Carter" o basquete era "apenas" o ponto de partida para explorar a relação entre educação e esporte, e como isso está inserido na sociedade americana, "O Jogo de uma Vida" faz o caminho contrário, mas respeitando o conceito estabelecido pelo subgênero com belíssimas cenas no campo de jogo - drama e emoção não faltam. Claro que você também vai encontrar inúmeras lições de liderança e postura perante a vida, passagens de superação e frases inspiracionais, mas o mais interessante que o fato em si, é o exemplo, o legado.
Baseado no livro de Neil Hayes, a adaptação feita pelo Scott Marshall Smith (de "A cartada final") não é um primor, eu diria até que é cheia de furos e muito superficial, mas a montagem do Scott Richter (profissional com uma interessante carreira em clipes musicais) ajuda a conectar a audiência com o que realmente importa: a construção de uma (ou várias) narrativas que convergem lindamente no terceiro ato, dando a sensação de que o filme é até mais perfeito do que realmente é. Sempre apoiado em uma trilha sonora que pauta o clima de cada cena, Richter e Carter conseguem nos provocar emocionalmente e nos prender mesmo com todas as limitações artísticas da produção. Caviezel é sempre aquilo (alguns gostam, eu acho canastrão). Já Laura Dern, como a esposa de Ladouceur (Bev), essa sim entrega uma personagem mais verdadeira e honesta com a situação em que vive. Michael Chiklis, o assistente técnico e parceiro de Bob (Terry Eidson), também brilha e transita perfeitamente entre a dramaticidade e a humanidade que Caviezel dificilmente entrega.
Tão interessante quanto o filme, são nos créditos onde entendemos o tamanho de Bob Ladouceur e de seu trabalho. São imagens raras de arquivo e entrevistas como a do lendário e inesquecível ex-treinador do Raiders, John Madden, que considerava Ladouceur o melhor técnico de futebol americano de todos os tempos - mesmo ele sendo do High School. Veja, 151 vitórias consecutivas não é um feito a ser ignorado, mas mais interessante do que se apegar as vitórias, foi no momento da derrota e na reconstrução de um time com potencial vencedor, que a trama mostrou sua força e importância como recorte histórico.
É um filme para o amante do esporte que merece ser assistido e estudado. Vale seu play!
Não se trata de recordes, se trata de um time! Sim, eu sei que essa frase pode parecer batida, pretensiosa e até hipócrita se enxergarmos pelo prisma do reconhecimento individual dos dias de hoje, e talvez, justamente por isso que "O Jogo de uma Vida" mereça sua atenção. Embora seja um filme sobre esportes (mais precisamente sobre o futebol americano) e longe de ser uma superprodução (mesmo contando com atores renomados), posso afirmar que mais uma vez o "fator humano" transforma uma linha narrativa usual (para não dizer batida) de um subgênero cinematográfico com uma audiência cativa, em algo muito interessante e com uma história que, de fato, merecia ser contada.
"When the Game Stands Tall" (no original) acompanha a trajetória lendária e recordista de Bob Ladouceur (Jim Caviezel), treinador de futebol americano que assumiu o desconhecido time De La Salle High School Spartans e conduziu seus atletas da obscuridade à incrível marca de 151 jogos de invencibilidade. Baseado em uma história real, o filme não retrata a jornada de vitórias especificamente, mas como Ladouceur transformou o conceito de um programa escolar vencedor em algo que ia muito além do esporte. Confira o trailer:
Thomas Carter foi o responsável por outra obra sobre um personagem sensacional do esporte, "Coach Carter". Seguindo exatamente a mesma linha, Carter sai do basquete e vai para o futebol americano para nos entregar mais um importante filme biográfico, mas dessa vez com um peso esportivo maior na história e na narrativa. Se em "Coach Carter" o basquete era "apenas" o ponto de partida para explorar a relação entre educação e esporte, e como isso está inserido na sociedade americana, "O Jogo de uma Vida" faz o caminho contrário, mas respeitando o conceito estabelecido pelo subgênero com belíssimas cenas no campo de jogo - drama e emoção não faltam. Claro que você também vai encontrar inúmeras lições de liderança e postura perante a vida, passagens de superação e frases inspiracionais, mas o mais interessante que o fato em si, é o exemplo, o legado.
Baseado no livro de Neil Hayes, a adaptação feita pelo Scott Marshall Smith (de "A cartada final") não é um primor, eu diria até que é cheia de furos e muito superficial, mas a montagem do Scott Richter (profissional com uma interessante carreira em clipes musicais) ajuda a conectar a audiência com o que realmente importa: a construção de uma (ou várias) narrativas que convergem lindamente no terceiro ato, dando a sensação de que o filme é até mais perfeito do que realmente é. Sempre apoiado em uma trilha sonora que pauta o clima de cada cena, Richter e Carter conseguem nos provocar emocionalmente e nos prender mesmo com todas as limitações artísticas da produção. Caviezel é sempre aquilo (alguns gostam, eu acho canastrão). Já Laura Dern, como a esposa de Ladouceur (Bev), essa sim entrega uma personagem mais verdadeira e honesta com a situação em que vive. Michael Chiklis, o assistente técnico e parceiro de Bob (Terry Eidson), também brilha e transita perfeitamente entre a dramaticidade e a humanidade que Caviezel dificilmente entrega.
Tão interessante quanto o filme, são nos créditos onde entendemos o tamanho de Bob Ladouceur e de seu trabalho. São imagens raras de arquivo e entrevistas como a do lendário e inesquecível ex-treinador do Raiders, John Madden, que considerava Ladouceur o melhor técnico de futebol americano de todos os tempos - mesmo ele sendo do High School. Veja, 151 vitórias consecutivas não é um feito a ser ignorado, mas mais interessante do que se apegar as vitórias, foi no momento da derrota e na reconstrução de um time com potencial vencedor, que a trama mostrou sua força e importância como recorte histórico.
É um filme para o amante do esporte que merece ser assistido e estudado. Vale seu play!
Assista esse filme - especialmente se você se identifica com tramas que transitam entre a força de um drama de tribunal e a sensibilidade de um drama de relações, nesse caso, familiar, com aquele toque de humor, ironia e acidez quase uma comédia britânica. Diante de uma trama que tenta (e evidentemente consegue) se levar a sério, o filme do diretor David Dobkin, que fez carreira entre os vídeos musicais de bandas como Maroon 5 e as comédias despretensiosas como "Penetras Bons de Bico", "O Juiz" apresenta um excelente resultado no que tange aos aspectos narrativos, mesmo que a obra em si não seja algo, digamos, tão inovador. Não é à toa que o filme recebeu diversas indicações em importantes premiações, incluindo uma nomeação ao Oscar de 2015 pela performance magistral de Robert Duvall como ator coadjuvante.
Na trama, um advogado de sucesso, Hank Palmer (Robert Downey Jr.), precisa retornar para a pacata cidadezinha onde nasceu assim que recebe a notícia da morte de sua mãe. Lá, no entanto, ele reencontra seu pai, Joseph Palmer (Duvall), o juiz da cidade e uma espécie de bastião moral perante a comunidade, depois de décadas de um difícil rompimento familiar. Tudo muda de figura quando Hank se vê em uma situação inusitada: seu pai é acusado de um assassinato e ele é a única opção para livrá-lo da prisão. Confira o trailer:
Só pelo trailer você já consegue sentir o moodque vai te acompanhar por mais de duas horas de uma emocionante jornada e acredite, você vai se surpreender ainda mais! Partindo de um princípio básico: "o reencontro forçado entre pai e filho que vai revelando segredos do passado e que desencadeiam uma narrativa intensa, onde a busca pela verdade colide com as emoções profundas de uma família dividida", "O Juiz" não só te prende como te provoca inúmeras reflexões, especialmente se alguma relação familiar anda estremecida.
O conceito narrativo de Dobkin que praticamente nos força olhar para o passado, está incrivelmente alinhada com a fotografia de Janusz Kaminski, vencedor do Oscar "só" por "A Lista de Schindler" e "O Resgate do Soldado Ryan" - ele captura a essência da cidade pequena de Carlinville de maneira sublime, transmitindo visualmente a tensão e a nostalgia que permeiam o retorno de Hank. A escolha assertiva de planos e enquadramentos contribui para a construção de uma atmosfera tão imersiva que intensifica nossa conexão emocional com os personagens e a história em si, como poucas vezes você vai encontrar no gênero. Sem exageros.
Já o desempenho do elenco é outro elemento que coloca "O Juiz" em um patamar superior - certamente construído para chegar ao Oscar. Robert Downey Jr. entrega uma atuação excepcional, transcendendo as expectativas ao retratar a complexidade e a vulnerabilidade de Hank Palmer. A química entre Downey Jr. com seu parceiro Robert Duvall é palpável, proporcionando momentos de pura intensidade emocional - chega ser um absurdo ele também não ter recebido sua indicação em 2015.
Se Dobkin conduz a história com tanta maestria, equilibrando habilmente os aspectos jurídicos com as complexidades familiares em uma jornada emocional cheia de camadas, posso garantir que é na narrativa intrincada, que oferece reflexões profundas sobre a natureza humana, que está o maior desafio - é impressionante como ela nos faz questionar nossas próprias convicções e preconceitos sem pedir licença. Dito isso, é quase impossível não recomendar "O Juiz" de olhos fechados por essa experiência que vai além das barreiras didáticas de uma disputa de tribunal e que mergulha no cerne da condição humana nos presenteando com um entretenimento de primeiríssima qualidade!
Imperdível!
Assista esse filme - especialmente se você se identifica com tramas que transitam entre a força de um drama de tribunal e a sensibilidade de um drama de relações, nesse caso, familiar, com aquele toque de humor, ironia e acidez quase uma comédia britânica. Diante de uma trama que tenta (e evidentemente consegue) se levar a sério, o filme do diretor David Dobkin, que fez carreira entre os vídeos musicais de bandas como Maroon 5 e as comédias despretensiosas como "Penetras Bons de Bico", "O Juiz" apresenta um excelente resultado no que tange aos aspectos narrativos, mesmo que a obra em si não seja algo, digamos, tão inovador. Não é à toa que o filme recebeu diversas indicações em importantes premiações, incluindo uma nomeação ao Oscar de 2015 pela performance magistral de Robert Duvall como ator coadjuvante.
Na trama, um advogado de sucesso, Hank Palmer (Robert Downey Jr.), precisa retornar para a pacata cidadezinha onde nasceu assim que recebe a notícia da morte de sua mãe. Lá, no entanto, ele reencontra seu pai, Joseph Palmer (Duvall), o juiz da cidade e uma espécie de bastião moral perante a comunidade, depois de décadas de um difícil rompimento familiar. Tudo muda de figura quando Hank se vê em uma situação inusitada: seu pai é acusado de um assassinato e ele é a única opção para livrá-lo da prisão. Confira o trailer:
Só pelo trailer você já consegue sentir o moodque vai te acompanhar por mais de duas horas de uma emocionante jornada e acredite, você vai se surpreender ainda mais! Partindo de um princípio básico: "o reencontro forçado entre pai e filho que vai revelando segredos do passado e que desencadeiam uma narrativa intensa, onde a busca pela verdade colide com as emoções profundas de uma família dividida", "O Juiz" não só te prende como te provoca inúmeras reflexões, especialmente se alguma relação familiar anda estremecida.
O conceito narrativo de Dobkin que praticamente nos força olhar para o passado, está incrivelmente alinhada com a fotografia de Janusz Kaminski, vencedor do Oscar "só" por "A Lista de Schindler" e "O Resgate do Soldado Ryan" - ele captura a essência da cidade pequena de Carlinville de maneira sublime, transmitindo visualmente a tensão e a nostalgia que permeiam o retorno de Hank. A escolha assertiva de planos e enquadramentos contribui para a construção de uma atmosfera tão imersiva que intensifica nossa conexão emocional com os personagens e a história em si, como poucas vezes você vai encontrar no gênero. Sem exageros.
Já o desempenho do elenco é outro elemento que coloca "O Juiz" em um patamar superior - certamente construído para chegar ao Oscar. Robert Downey Jr. entrega uma atuação excepcional, transcendendo as expectativas ao retratar a complexidade e a vulnerabilidade de Hank Palmer. A química entre Downey Jr. com seu parceiro Robert Duvall é palpável, proporcionando momentos de pura intensidade emocional - chega ser um absurdo ele também não ter recebido sua indicação em 2015.
Se Dobkin conduz a história com tanta maestria, equilibrando habilmente os aspectos jurídicos com as complexidades familiares em uma jornada emocional cheia de camadas, posso garantir que é na narrativa intrincada, que oferece reflexões profundas sobre a natureza humana, que está o maior desafio - é impressionante como ela nos faz questionar nossas próprias convicções e preconceitos sem pedir licença. Dito isso, é quase impossível não recomendar "O Juiz" de olhos fechados por essa experiência que vai além das barreiras didáticas de uma disputa de tribunal e que mergulha no cerne da condição humana nos presenteando com um entretenimento de primeiríssima qualidade!
Imperdível!
Você conhece a expressão "não existe almoço grátis"? Pois é, Bernie Madoff elevou essa expressão para um nível estratosférico, mais precisamente, na casa de 50 bilhões de dólares... de prejuízo. Madoff, é preciso que se diga, era um dos profissionais mais respeitados do mercado financeiro nos EUA, tendo sido presidente da NASDAQ e CEO de uma das empresas de investimentos com mais prestigio em Wall Street. O único problema é que Madoff foi ambicioso demais e para alcançar seus objetivos resolveu cortar um caminho que acabou custando muito caro para ele e para seus clientes que, da noite para dia, perderam todo seu patrimônio!
Como é de se imaginar, a trama dessa produção original da HBO de 2017 gira em torno da história real de Bernard Madoff, um ex-consultor financeiro norte-americano que acabou condenado a 150 anos de prisão - ele foi responsável por uma sofisticada operação, nomeada Esquema Ponzi, uma espécie de pirâmide, que é considerada a maior fraude financeira da história dos EUA. Confira o trailer:
Dirigido por Barry Levinson, indicado 5 vezes ao Oscar e vencendor em 1988 com "Rain Man", "The Wizard of Lies" (no original) é um retrato brutal da ganância que sempre permeou o mercado financeiro de Wall Street, justamente no auge da crise do subprime deflagrada com a quebra de um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, o Lehman Brothers, e que desencadeou uma queda insustentável nas bolsas do mundo todo - tema que você pode se aprofundar em filmes como: "Grande demais para Quebrar", "Trabalho Interno" e "Margin Call - o dia antes do fim". É nesse contexto que o diretor traz para ficção a história real da família Madoff, incrivelmente bem interpretada por Robert De Niro (Bernie), Michelle Pfeiffer (Ruth) - ambos indicados ao Emmy pelos respectivos personagens - e um surpreendente Alessandro Nivola (como Mark - filho mais velho do casal e completamente renegado pelo pai). Veja, se você gosta de "Succession", a relação de Bernie e Mark é incrivelmente parecida com a dinâmica de Logan e Kendall.
O roteiro de Sam Levinson (isso mesmo, aquele de Euphoria e Malcolm & Marie) é extremamente feliz ao não aliviar na seriedade em uma cena sequer. A construção da narrativa é tão consistente e simples que a imersão naquela situação terrível é imediata - reparem na cena em que Bernie pede desculpas para seus clientes minutos antes de receber sua sentença! É mais uma aula de de interpretação de De Niro! Outro ponto muito interessante do roteiro diz respeito a desconstrução do "Mito Madoff" perante seus clientes e sua família, especialmente para os filhos. Figura intocável, exemplo de honestidade, durante 15, 20 anos, ele convenceu clientes de peso a investir em fundos que simplesmente não existiam e quando houve a necessidade de liquidez devido a crise de 2008, ele não teve como honrar com o enorme volume de dinheiro que ele mesmo manipulou e o reflexo disso é perfeitamente pontuado durante o filme, seja em flashes ou no arco paralelo de sua família, criando a exata sensação de desespero e angústia que todos aqueles que foram afetados pelo golpe sofreram.
"O Mago das Mentiras" pode até ser definido como cadenciado demais, lento, mas é coerente com a proposta de entregar uma história dramática e densa, com performances de um elenco que seguram a nossa atenção do início ao fim. A forte relação entre obsessão e destruição, bem como o efeito colateral que isso gerou alcançou as últimas consequências - é de embrulhar estômago, mas nos faz refletir e nos ensina ao mesmo tempo que entretem!
Vale seu play!
Você conhece a expressão "não existe almoço grátis"? Pois é, Bernie Madoff elevou essa expressão para um nível estratosférico, mais precisamente, na casa de 50 bilhões de dólares... de prejuízo. Madoff, é preciso que se diga, era um dos profissionais mais respeitados do mercado financeiro nos EUA, tendo sido presidente da NASDAQ e CEO de uma das empresas de investimentos com mais prestigio em Wall Street. O único problema é que Madoff foi ambicioso demais e para alcançar seus objetivos resolveu cortar um caminho que acabou custando muito caro para ele e para seus clientes que, da noite para dia, perderam todo seu patrimônio!
Como é de se imaginar, a trama dessa produção original da HBO de 2017 gira em torno da história real de Bernard Madoff, um ex-consultor financeiro norte-americano que acabou condenado a 150 anos de prisão - ele foi responsável por uma sofisticada operação, nomeada Esquema Ponzi, uma espécie de pirâmide, que é considerada a maior fraude financeira da história dos EUA. Confira o trailer:
Dirigido por Barry Levinson, indicado 5 vezes ao Oscar e vencendor em 1988 com "Rain Man", "The Wizard of Lies" (no original) é um retrato brutal da ganância que sempre permeou o mercado financeiro de Wall Street, justamente no auge da crise do subprime deflagrada com a quebra de um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, o Lehman Brothers, e que desencadeou uma queda insustentável nas bolsas do mundo todo - tema que você pode se aprofundar em filmes como: "Grande demais para Quebrar", "Trabalho Interno" e "Margin Call - o dia antes do fim". É nesse contexto que o diretor traz para ficção a história real da família Madoff, incrivelmente bem interpretada por Robert De Niro (Bernie), Michelle Pfeiffer (Ruth) - ambos indicados ao Emmy pelos respectivos personagens - e um surpreendente Alessandro Nivola (como Mark - filho mais velho do casal e completamente renegado pelo pai). Veja, se você gosta de "Succession", a relação de Bernie e Mark é incrivelmente parecida com a dinâmica de Logan e Kendall.
O roteiro de Sam Levinson (isso mesmo, aquele de Euphoria e Malcolm & Marie) é extremamente feliz ao não aliviar na seriedade em uma cena sequer. A construção da narrativa é tão consistente e simples que a imersão naquela situação terrível é imediata - reparem na cena em que Bernie pede desculpas para seus clientes minutos antes de receber sua sentença! É mais uma aula de de interpretação de De Niro! Outro ponto muito interessante do roteiro diz respeito a desconstrução do "Mito Madoff" perante seus clientes e sua família, especialmente para os filhos. Figura intocável, exemplo de honestidade, durante 15, 20 anos, ele convenceu clientes de peso a investir em fundos que simplesmente não existiam e quando houve a necessidade de liquidez devido a crise de 2008, ele não teve como honrar com o enorme volume de dinheiro que ele mesmo manipulou e o reflexo disso é perfeitamente pontuado durante o filme, seja em flashes ou no arco paralelo de sua família, criando a exata sensação de desespero e angústia que todos aqueles que foram afetados pelo golpe sofreram.
"O Mago das Mentiras" pode até ser definido como cadenciado demais, lento, mas é coerente com a proposta de entregar uma história dramática e densa, com performances de um elenco que seguram a nossa atenção do início ao fim. A forte relação entre obsessão e destruição, bem como o efeito colateral que isso gerou alcançou as últimas consequências - é de embrulhar estômago, mas nos faz refletir e nos ensina ao mesmo tempo que entretem!
Vale seu play!
O Dr. Steven Murphy (Colin Farrell) é um cardiologista conceituado que é casado com Anna (Nicole Kidman), com quem tem dois filhos: Kim (Raffey Cassidy) e Bob (Sunny Suljic). Já há algum tempo ele mantém contato frequente com Martin (Barry Keoghan), um adolescente cujo pai morreu na mesa de operação, justamente quando era operado por Steven. Talvez tomado pela culpa, o médico se coloca em uma posição bastante fraternal perante Martin - a relação dos dois sugere certa intimidade e carinho, tanto que Steven lhe dá presentes e em um determinado momento decide, inclusive, apresentá-lo à família. Entretanto, quando o jovem passa a não receber mais a atenção de antigamente, ele decide elaborar um plano de vingança para que a vida que lhe foi tirada seja recompensada de alguma forma. Confira o trailer:
"O Sacrifício do Cervo Sagrado" nada mais é do que uma tentativa de transformar uma história rasa do grego Yorgos Lanthimos ("The Lobster") em um filme bem ao estilo "Darren Aronofsky" (de "Mãe!"). É um festival de travelling, de zoom in, zoom out, que chega a ser irritante para quem se apega ao elementos mais técnicos de um filme - não soa um conceito estético definido e sim uma sugestão de modernidade ou identidade que simplesmente não existe. O filme não é ruim, longe disso, mas tem um roteiro abaixo do real valor da premissa que assistimos no trailer, por exemplo
Existem elementos interessantes, simbolismos e diálogos inteligentes, mas quando juntamos tudo isso, parece uma enorme confusão de gêneros. Não sei, "O Sacrifício do Cervo Sagrado" tem bons momentos, algumas cenas fortes, gera uma certa tensão, mas no final percebemos que é só um bom entretenimento que vai agradar mais uns do que outros.
Os fãs do diretor vão gostar, então, provavelmente, é por isso que você está recebendo essa recomendação!
O Dr. Steven Murphy (Colin Farrell) é um cardiologista conceituado que é casado com Anna (Nicole Kidman), com quem tem dois filhos: Kim (Raffey Cassidy) e Bob (Sunny Suljic). Já há algum tempo ele mantém contato frequente com Martin (Barry Keoghan), um adolescente cujo pai morreu na mesa de operação, justamente quando era operado por Steven. Talvez tomado pela culpa, o médico se coloca em uma posição bastante fraternal perante Martin - a relação dos dois sugere certa intimidade e carinho, tanto que Steven lhe dá presentes e em um determinado momento decide, inclusive, apresentá-lo à família. Entretanto, quando o jovem passa a não receber mais a atenção de antigamente, ele decide elaborar um plano de vingança para que a vida que lhe foi tirada seja recompensada de alguma forma. Confira o trailer:
"O Sacrifício do Cervo Sagrado" nada mais é do que uma tentativa de transformar uma história rasa do grego Yorgos Lanthimos ("The Lobster") em um filme bem ao estilo "Darren Aronofsky" (de "Mãe!"). É um festival de travelling, de zoom in, zoom out, que chega a ser irritante para quem se apega ao elementos mais técnicos de um filme - não soa um conceito estético definido e sim uma sugestão de modernidade ou identidade que simplesmente não existe. O filme não é ruim, longe disso, mas tem um roteiro abaixo do real valor da premissa que assistimos no trailer, por exemplo
Existem elementos interessantes, simbolismos e diálogos inteligentes, mas quando juntamos tudo isso, parece uma enorme confusão de gêneros. Não sei, "O Sacrifício do Cervo Sagrado" tem bons momentos, algumas cenas fortes, gera uma certa tensão, mas no final percebemos que é só um bom entretenimento que vai agradar mais uns do que outros.
Os fãs do diretor vão gostar, então, provavelmente, é por isso que você está recebendo essa recomendação!
"Imagina se aquela série do diretor José Padilha, "O Mecanismo" da Netflix, que retrata os bastidores da Lava-Jato e todas as ramificações até o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, fosse contada de uma forma mais leve, irônica, quase satírica, sem, obviamente, esquecer que todos os fatos retratados na narrativa são, de fato, reais! Pois bem, "Os Encanadores da Casa Branca", produção da HBO, é mais ou menos isso, já que ela acompanha os detalhes da operação política mais catastrófica da história dos Estados Unidos, conhecida como o "Caso Watergate", só que dessa vez pela ótica dos próprios criminosos. Mas atenção: para uma experiência mais interessante, é preciso ter o mínimo de conhecimento sobre o caso e seus principais personagens. Se esse não é o seu caso, sugiro assistir ao filme "Todos Os Homens do Presidente" (de 1976), que oferecerá um prólogo bastante satisfatório.
A minissérie basicamente acompanha E. Howard Hunt (interpretado por Woody Harrelson) e Gordon Liddy (interpretado por Justin Theroux), dois espiões veteranos, um da CIA e outro do FBI, que passaram a trabalhar no comitê de reeleição do então presidente Richard Nixon e que foram as mentes por trás do escândalo Watergate que derrubou acidentalmente o político que estavam tentando proteger. Confira o trailer:
Em 2007, Egil Krogh, advogado da administração de Richard Nixon que foi condenado à prisão por seu envolvimento no caso Watergate, escreveu um livro sobre o assunto com a ajuda de seu filho Matthew, que foi inicialmente batizado de "Integridade", mas que depois ganhou uma edição com o nome de "Os Encanadores da Casa Branca"- foi esse livro que serviu de base para a minissérie da HBO. Para quem não sabe, o caso Watergate foi um escândalo político que ocorreu nos Estados Unidos na década de 1970, quando cinco homens foram presos por tentarem invadir o escritório do Partido Democrata, no complexo Watergate. As investigações revelaram que a invasão estava ligada a uma série de atividades ilegais realizadas pelo comitê de reeleição do Presidente Nixon, que buscava obter vantagens políticas e assim vencer nas urnas. O caso envolveu suborno, obstrução da justiça e abuso de poder, levando à renúncia do presidente em 1974.
Aqui, os criadores Alex Gregory e Peter Huyck, ambos produtores de "Veep", se unem mais uma vez ao diretor David Mandel para construir uma atmosfera envolvente que mistura o melhor do drama político com o tragicômico da idolatria política - repare como, em tempos de total polarização, o assunto é até mais atemporal do que podemos imaginar e estupidamente repetitivo ao longo das décadas, no mundo inteiro. A obsessão que seus protagonistas nutrem por Nixon soa bizarra, mas é inegável como o roteiro expande essas camadas de forma fluida e inteligente para criar um paralelo consistente entre corrupção, desvio de caráter e, claro, as consequências catastróficas que uma servidão cega pode trazer como efeito colateral.
Com um verdadeiro show de Harrelson (sempre ele) e Theroux, "White House Plumbers" (no original) brilha - mesmo carregando o peso de abordar a maior quantidade de fatos possíveis, muitos deles inacreditáveis, ao longo de uma linha temporal curta que a narrativa escolheu para contextualizar o Watergate. Veja, o apego à realidade é tão grande que, cinematograficamente, soa excessivo. Dito isso, fica fácil afirmar que a minissérie não é uma jornada das mais fáceis; no entanto, com o mínimo de conhecimento do caso, ela é um mergulho na história democrática americana com muito entretenimento e de uma forma muito original.
Vale muito a pena assistir!"
"Imagina se aquela série do diretor José Padilha, "O Mecanismo" da Netflix, que retrata os bastidores da Lava-Jato e todas as ramificações até o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, fosse contada de uma forma mais leve, irônica, quase satírica, sem, obviamente, esquecer que todos os fatos retratados na narrativa são, de fato, reais! Pois bem, "Os Encanadores da Casa Branca", produção da HBO, é mais ou menos isso, já que ela acompanha os detalhes da operação política mais catastrófica da história dos Estados Unidos, conhecida como o "Caso Watergate", só que dessa vez pela ótica dos próprios criminosos. Mas atenção: para uma experiência mais interessante, é preciso ter o mínimo de conhecimento sobre o caso e seus principais personagens. Se esse não é o seu caso, sugiro assistir ao filme "Todos Os Homens do Presidente" (de 1976), que oferecerá um prólogo bastante satisfatório.
A minissérie basicamente acompanha E. Howard Hunt (interpretado por Woody Harrelson) e Gordon Liddy (interpretado por Justin Theroux), dois espiões veteranos, um da CIA e outro do FBI, que passaram a trabalhar no comitê de reeleição do então presidente Richard Nixon e que foram as mentes por trás do escândalo Watergate que derrubou acidentalmente o político que estavam tentando proteger. Confira o trailer:
Em 2007, Egil Krogh, advogado da administração de Richard Nixon que foi condenado à prisão por seu envolvimento no caso Watergate, escreveu um livro sobre o assunto com a ajuda de seu filho Matthew, que foi inicialmente batizado de "Integridade", mas que depois ganhou uma edição com o nome de "Os Encanadores da Casa Branca"- foi esse livro que serviu de base para a minissérie da HBO. Para quem não sabe, o caso Watergate foi um escândalo político que ocorreu nos Estados Unidos na década de 1970, quando cinco homens foram presos por tentarem invadir o escritório do Partido Democrata, no complexo Watergate. As investigações revelaram que a invasão estava ligada a uma série de atividades ilegais realizadas pelo comitê de reeleição do Presidente Nixon, que buscava obter vantagens políticas e assim vencer nas urnas. O caso envolveu suborno, obstrução da justiça e abuso de poder, levando à renúncia do presidente em 1974.
Aqui, os criadores Alex Gregory e Peter Huyck, ambos produtores de "Veep", se unem mais uma vez ao diretor David Mandel para construir uma atmosfera envolvente que mistura o melhor do drama político com o tragicômico da idolatria política - repare como, em tempos de total polarização, o assunto é até mais atemporal do que podemos imaginar e estupidamente repetitivo ao longo das décadas, no mundo inteiro. A obsessão que seus protagonistas nutrem por Nixon soa bizarra, mas é inegável como o roteiro expande essas camadas de forma fluida e inteligente para criar um paralelo consistente entre corrupção, desvio de caráter e, claro, as consequências catastróficas que uma servidão cega pode trazer como efeito colateral.
Com um verdadeiro show de Harrelson (sempre ele) e Theroux, "White House Plumbers" (no original) brilha - mesmo carregando o peso de abordar a maior quantidade de fatos possíveis, muitos deles inacreditáveis, ao longo de uma linha temporal curta que a narrativa escolheu para contextualizar o Watergate. Veja, o apego à realidade é tão grande que, cinematograficamente, soa excessivo. Dito isso, fica fácil afirmar que a minissérie não é uma jornada das mais fáceis; no entanto, com o mínimo de conhecimento do caso, ela é um mergulho na história democrática americana com muito entretenimento e de uma forma muito original.
Vale muito a pena assistir!"
Se a Copa do Mundo do Catar já acabou no campo, o que se vê nas plataformas de streaming é um lado nada glamoroso do que representou o maior evento esportivo da Terra. Nessa produção do Discovery+, que você já encontra no HBO Max, somos convidados a conhecer os detalhes de como a escolha das sedes de 2018 e 2022 foram uma espécie de "ponto de partida" para um dos maiores escândalos de corrupção institucionalizada da História. Diferente do também excelente "Esquemas da FIFA" da Netflix, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" faz um recorte mais preciso do caso a partir de como o jornal The Sunday Times investigou todas as denúncias e de como FBI e o MI6 se envolveram definitivamente no "FIFAGate".
Em dois episódios de cerca de 60 minutos, os jornalistas Heidi Blake e Jonathan Calvert expõem os bastidores da corrupção desenfreada que acontecia no coração da FIFA na Suíça, como isso levou à escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo e ainda acompanha alguns dos personagens vitais para que toda essa sujeira viesse à tona. Confira o trailer:
Dirigido pelo Daniel DiMauro e pelo Morgan Pehme, parceiros de projetos documentais relevantes como "Na Rota do Dinheiro Sujo" e "Get Me Roger Stone", "The Heist" (no original) se apoia em todo material da investigação relatado no livro "The Ugly Game: The Qatari Plot to Buy the World Cup", de Blake e Calvert, para construir uma narrativa simples, porém densa, sobre o tão falado "FIFAGate". Embora menos apegado ao valor histórico do esporte e da própria FIFA que a produção da Netflix usou para contextualizar o mesmo caso, aqui temos uma dinâmica que soa mais fluída por chegar ao ponto-chave da história sem tantos rodeios - o olhar dos jornalistas do The Sunday Times, os primeiros a receber os documentos de possíveis casos de suborno envolvendo dirigentes da FIFA, do ex-agente do MI6 contratado para investigar possíveis irregularidades na escolha dos países que realizariam a Copa (pela própria Federação Inglesa que sonhava em sediar o evento) e do investigador do FBI responsável pelo caso em si, ajudam a amarrar os fatos, nos afastando um pouco de uma visão sensacionalista (e as vezes até oportunista) da imprensa, para criar uma atmosfera muito mais crítica e criminal.
DiMauro e Pehme até se esforçam para equilibrar o tom jornalístico do documentário com uma narrativa mais voltada para o entretenimento - isso, obviamente, traz curiosidades que ajudam a construir uma visão mais ampla para quem já vem acompanhando e gosta do assunto desde "El Presidente". Aliás, um fator curioso e que nos remete imediatamente ao segundo ano da série antológica da Prime Vídeo, "Jogo da Corrupção", é a participação importante da mulher de Chuck Blazer (principal delator do caso), Mary Lynn, nos depoimentos. Talvez esse seja até o ponto alto dos bastidores da investigação, já que Lynn ajuda a construir um perfil de Blazer inédito para quem já tinha assistido "Esquemas da FIFA".
De fato, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" traz pouca novidade para quem já conhece e assistiu outras produções sobre o assunto, porém seu valor como documentário não pode (e nem deve) ser descartado para quem deseja ter acesso a outros pontos da investigação e até ouvir algumas passagens, histórias e impressões bastante interessantes de quem esteve lá. Mais uma vez o "vovô" Sepp Blatter dá sua versão, e personagens como Sunil Gulati (Presidente da Federação Americana de Futebol e amigo íntimo de Chuck Blazer) e até Gianni Infantino (atual presidente da FIFA) tentam mostrar que mesmo com uma difícil missão de reestabelecer a credibilidade dos seus membros, a FIFA ainda é uma instituição que tem no Esporte seu principal propósito!
Vale seu play!
Se a Copa do Mundo do Catar já acabou no campo, o que se vê nas plataformas de streaming é um lado nada glamoroso do que representou o maior evento esportivo da Terra. Nessa produção do Discovery+, que você já encontra no HBO Max, somos convidados a conhecer os detalhes de como a escolha das sedes de 2018 e 2022 foram uma espécie de "ponto de partida" para um dos maiores escândalos de corrupção institucionalizada da História. Diferente do também excelente "Esquemas da FIFA" da Netflix, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" faz um recorte mais preciso do caso a partir de como o jornal The Sunday Times investigou todas as denúncias e de como FBI e o MI6 se envolveram definitivamente no "FIFAGate".
Em dois episódios de cerca de 60 minutos, os jornalistas Heidi Blake e Jonathan Calvert expõem os bastidores da corrupção desenfreada que acontecia no coração da FIFA na Suíça, como isso levou à escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo e ainda acompanha alguns dos personagens vitais para que toda essa sujeira viesse à tona. Confira o trailer:
Dirigido pelo Daniel DiMauro e pelo Morgan Pehme, parceiros de projetos documentais relevantes como "Na Rota do Dinheiro Sujo" e "Get Me Roger Stone", "The Heist" (no original) se apoia em todo material da investigação relatado no livro "The Ugly Game: The Qatari Plot to Buy the World Cup", de Blake e Calvert, para construir uma narrativa simples, porém densa, sobre o tão falado "FIFAGate". Embora menos apegado ao valor histórico do esporte e da própria FIFA que a produção da Netflix usou para contextualizar o mesmo caso, aqui temos uma dinâmica que soa mais fluída por chegar ao ponto-chave da história sem tantos rodeios - o olhar dos jornalistas do The Sunday Times, os primeiros a receber os documentos de possíveis casos de suborno envolvendo dirigentes da FIFA, do ex-agente do MI6 contratado para investigar possíveis irregularidades na escolha dos países que realizariam a Copa (pela própria Federação Inglesa que sonhava em sediar o evento) e do investigador do FBI responsável pelo caso em si, ajudam a amarrar os fatos, nos afastando um pouco de uma visão sensacionalista (e as vezes até oportunista) da imprensa, para criar uma atmosfera muito mais crítica e criminal.
DiMauro e Pehme até se esforçam para equilibrar o tom jornalístico do documentário com uma narrativa mais voltada para o entretenimento - isso, obviamente, traz curiosidades que ajudam a construir uma visão mais ampla para quem já vem acompanhando e gosta do assunto desde "El Presidente". Aliás, um fator curioso e que nos remete imediatamente ao segundo ano da série antológica da Prime Vídeo, "Jogo da Corrupção", é a participação importante da mulher de Chuck Blazer (principal delator do caso), Mary Lynn, nos depoimentos. Talvez esse seja até o ponto alto dos bastidores da investigação, já que Lynn ajuda a construir um perfil de Blazer inédito para quem já tinha assistido "Esquemas da FIFA".
De fato, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" traz pouca novidade para quem já conhece e assistiu outras produções sobre o assunto, porém seu valor como documentário não pode (e nem deve) ser descartado para quem deseja ter acesso a outros pontos da investigação e até ouvir algumas passagens, histórias e impressões bastante interessantes de quem esteve lá. Mais uma vez o "vovô" Sepp Blatter dá sua versão, e personagens como Sunil Gulati (Presidente da Federação Americana de Futebol e amigo íntimo de Chuck Blazer) e até Gianni Infantino (atual presidente da FIFA) tentam mostrar que mesmo com uma difícil missão de reestabelecer a credibilidade dos seus membros, a FIFA ainda é uma instituição que tem no Esporte seu principal propósito!
Vale seu play!
Todo projeto baseado em um espetáculo de teatro tende a sofrer com a limitação cênica - ou seja, muitas cenas acontecem exatamente no mesmo cenário, o que dificulta a criação de uma dinâmica narrativa mais eficiente, mesmo com um roteiro inteligente e chancelado como uma das grandes vencedoras do Prêmio Tony durante as temporadas 2016/17. O fato é que "Oslo" é muito bom, mas não será inesquecível como "Chernobyl", por exemplo.
O filme mostra as intermináveis negociações secretas que levaram ao Acordo de Paz de Oslo em 1993, entre Israel e aOLP (Organização para a Libertação da Palestina), liderada porYasser Arafat e orquestrado por dois funcionários do governo norueguês: Mona Juul (Ruth Wilson) e Terje Rød-Larsen (Andrew Scott). Esse é um momento breve, mas brilhante na história politica mundial - embora o "Acordo de Oslo" não tenha resultado em um processo de paz duradouro, ele continua representando um ponto de esperança diplomático quando pessoas de boa-vontade se reúnem e conversam sem preconceitos em busca de um bem maior. Confira o trailer:
Com um tema bastante sensível, é perceptível o cuidado do roteirista J.T. Rogers e do diretor Bartlett Sher, ambos estreantes, para que não haja nenhum desequilíbrio ideológico muito evidente entre o posicionamento de Israel ou dos palestinos, sobre diversos assuntos discutidos naqueles dias - uma outra produção da HBO sobre as diferenças entre os dois povos e que merece ser assistida é "Our Boys".
Pois bem, alguns pontos diplomáticos entre a Noruega e os dois países, inclusive, foram omitidos, outros, tratados rapidamente, mas nada que impacte na experiência que é acompanhar uma negociação marcada por um rancor histórico. Vale ressaltar que os diálogos podem fugir um pouco do que realmente aconteceu na realidade, mas é de se elogiar a simplicidade como o problema é exposto sem ser didático demais e a forma marcante como os personagens se relacionam entre si ajudam no entendimento - talvez um pouco fora do tom em alguns momentos, pouco esteriotipados como é o caso de Jeff Wilbusch com seu Uri Savir. Aliás, do elenco, Salim Daucomo Ahmed Qurei (representante de Yasser Arafat) é o ponto alto do filme.
"Oslo" tem um mérito de deixar bem claro que não existe uma única narrativa dos fatos que os levaram até ali e que nenhuma delas necessariamente é a verdadeira - apenas versões de ambos os lados. O filme não ignora o fato de que o conflito entre Israel e palestinos é o resultado de um emaranhado de histórias que foram inflamadas ao longo do tempo, seja pela guerra, pelo colonialismo, pelo Holocausto ou também pela forma como tudo sempre foi noticiado. Não há heróis e muito menos bandidos. Não se trata de uma jornada de Mona e Terje para alcançar a paz, mas sim de mostrar qual o papel de cada um deles nesse momento relevante da história recente e aí cabe um crítica: talvez "Oslo" merecesse ser uma minissérie - muitas passagens, personagens e discussões poderiam tranquilamente ser melhor explorados.
"Oslo" não é brilhante como já atestamos, mas é importante, interessante e bem realizado - para quem gosta de teatro, a dinâmica será melhor absorvida. Vale a pena? Claro, ainda mais pelo momento onde o confronto entre Israel e Palestina voltou a ser notícia em uma história marcada por questões territoriais, históricas e religiosas que nós, de muito longe, não somos capazes de entender.
Todo projeto baseado em um espetáculo de teatro tende a sofrer com a limitação cênica - ou seja, muitas cenas acontecem exatamente no mesmo cenário, o que dificulta a criação de uma dinâmica narrativa mais eficiente, mesmo com um roteiro inteligente e chancelado como uma das grandes vencedoras do Prêmio Tony durante as temporadas 2016/17. O fato é que "Oslo" é muito bom, mas não será inesquecível como "Chernobyl", por exemplo.
O filme mostra as intermináveis negociações secretas que levaram ao Acordo de Paz de Oslo em 1993, entre Israel e aOLP (Organização para a Libertação da Palestina), liderada porYasser Arafat e orquestrado por dois funcionários do governo norueguês: Mona Juul (Ruth Wilson) e Terje Rød-Larsen (Andrew Scott). Esse é um momento breve, mas brilhante na história politica mundial - embora o "Acordo de Oslo" não tenha resultado em um processo de paz duradouro, ele continua representando um ponto de esperança diplomático quando pessoas de boa-vontade se reúnem e conversam sem preconceitos em busca de um bem maior. Confira o trailer:
Com um tema bastante sensível, é perceptível o cuidado do roteirista J.T. Rogers e do diretor Bartlett Sher, ambos estreantes, para que não haja nenhum desequilíbrio ideológico muito evidente entre o posicionamento de Israel ou dos palestinos, sobre diversos assuntos discutidos naqueles dias - uma outra produção da HBO sobre as diferenças entre os dois povos e que merece ser assistida é "Our Boys".
Pois bem, alguns pontos diplomáticos entre a Noruega e os dois países, inclusive, foram omitidos, outros, tratados rapidamente, mas nada que impacte na experiência que é acompanhar uma negociação marcada por um rancor histórico. Vale ressaltar que os diálogos podem fugir um pouco do que realmente aconteceu na realidade, mas é de se elogiar a simplicidade como o problema é exposto sem ser didático demais e a forma marcante como os personagens se relacionam entre si ajudam no entendimento - talvez um pouco fora do tom em alguns momentos, pouco esteriotipados como é o caso de Jeff Wilbusch com seu Uri Savir. Aliás, do elenco, Salim Daucomo Ahmed Qurei (representante de Yasser Arafat) é o ponto alto do filme.
"Oslo" tem um mérito de deixar bem claro que não existe uma única narrativa dos fatos que os levaram até ali e que nenhuma delas necessariamente é a verdadeira - apenas versões de ambos os lados. O filme não ignora o fato de que o conflito entre Israel e palestinos é o resultado de um emaranhado de histórias que foram inflamadas ao longo do tempo, seja pela guerra, pelo colonialismo, pelo Holocausto ou também pela forma como tudo sempre foi noticiado. Não há heróis e muito menos bandidos. Não se trata de uma jornada de Mona e Terje para alcançar a paz, mas sim de mostrar qual o papel de cada um deles nesse momento relevante da história recente e aí cabe um crítica: talvez "Oslo" merecesse ser uma minissérie - muitas passagens, personagens e discussões poderiam tranquilamente ser melhor explorados.
"Oslo" não é brilhante como já atestamos, mas é importante, interessante e bem realizado - para quem gosta de teatro, a dinâmica será melhor absorvida. Vale a pena? Claro, ainda mais pelo momento onde o confronto entre Israel e Palestina voltou a ser notícia em uma história marcada por questões territoriais, históricas e religiosas que nós, de muito longe, não somos capazes de entender.
Você provavelmente ainda não assistiu "Otros Pecados" - o que é até natural já que essa produção argentina de 2019 está escondida no catálogo da HBO Max e nunca chegou a chamar tanta atenção fora dos limites do seu território. No entanto, me sinto extremamente confortável em atestar: cinco anos após o excelente "Relatos Selvagens", essa nova antologia, aqui no formato de minissérie, traz o melhor daquele cinema argentino, na sua forma e no seu conteúdo, de uma maneira criativa e extremamente envolvente que vai fazer você maratonar e torcer para que o fim demore muito para chegar. Sempre com aquele misto de comédia, drama e sarcasmo, somos convidados a explorar outros pecados (daí o título) que não aqueles sete capitais que já conhecemos.
Em cada uma das dez histórias há uma construção única, original, que nos convida a ser espectadores de situações onde o limite está ligado ao inimaginável (alguém já viu isso em "Relatos"?). Onde essas situações abordadas fazem parte do nosso dia a dia, mesmo que aqui elevadas ao absurdo. É nesse contexto que surgem as misérias íntimas dos personagens, absorvidos pela culpa, pelo ciúme e pelas vicissitudes sociais, aquelas aptas a acabar com uma vida aparentemente tranquila e que embora pouco se saiba sobre quem de fato estaria disposto a agir de tal forma, suas consequências se tornam claras e irremediáveis. Confira o trailer (em espanhol):
As histórias de "Otros Pecados" navegam em situações difíceis de resolver, o que nos provoca sensações indescritíveis e talvez esteja aí a grande força dessa narrativa - o exercício de nos projetar para cada uma das histórias e assim refletir como nos comportaríamos em uma situação tão extrema, é tão forte quanto natural. Porém nada disso aconteceria não fosse o talentoso elenco para dar vida a esse personagens - Rafael Ferro, Leonardo Sbaraglia, Erica Rivas, Germán Palacios, Celeste Cid, Gonzalo Heredia, Violeta Urtizberea e Dady Brieva, entre muitos outros nomes que já são reconhecíveis para a audiência brasileira além de Ricardo Darín.
O tom de "Otros Pecados" foi um grande gancho para unificar essa estrutura de antologia. Os diretores Daniel Barone (de "El Lobista") e Jorge Nisco (de "Sua Parte do Trato") seguem um certo padrão, senão visual, pelo menos no mood. É verdade que cada história tem o seu encanto pessoal, umas são mais interessantes que outras, natural, mas todas oferecem uma perspectiva muito interessante no que diz respeito a complexidade das ações e dos dramas humanos. Seja em uma trama onde um fenômeno do tênis não consegue sobreviver sem sua treinadora abusiva, ou um rapaz que precisa lidar com o rancor de uma ex-namorada dez anos depois e até um publicitário capaz de tudo para não perder seu lugar (e status) para um talento mais novo; a minissérie entretem como poucas.
O fato é que "Otros Pecados" é uma jóia! Um entretenimento de primeiríssima qualidade para quem já está acostumado com um certo estilo argentino de contar histórias absurdas sem se levar tão a sério com o simples objetivo de se divertir. E o melhor de tudo isso é que as tramas são independentes, prontas para nos surpreender a cada episódio e olha, não decepcionam!
Vale muito o seu play!
Você provavelmente ainda não assistiu "Otros Pecados" - o que é até natural já que essa produção argentina de 2019 está escondida no catálogo da HBO Max e nunca chegou a chamar tanta atenção fora dos limites do seu território. No entanto, me sinto extremamente confortável em atestar: cinco anos após o excelente "Relatos Selvagens", essa nova antologia, aqui no formato de minissérie, traz o melhor daquele cinema argentino, na sua forma e no seu conteúdo, de uma maneira criativa e extremamente envolvente que vai fazer você maratonar e torcer para que o fim demore muito para chegar. Sempre com aquele misto de comédia, drama e sarcasmo, somos convidados a explorar outros pecados (daí o título) que não aqueles sete capitais que já conhecemos.
Em cada uma das dez histórias há uma construção única, original, que nos convida a ser espectadores de situações onde o limite está ligado ao inimaginável (alguém já viu isso em "Relatos"?). Onde essas situações abordadas fazem parte do nosso dia a dia, mesmo que aqui elevadas ao absurdo. É nesse contexto que surgem as misérias íntimas dos personagens, absorvidos pela culpa, pelo ciúme e pelas vicissitudes sociais, aquelas aptas a acabar com uma vida aparentemente tranquila e que embora pouco se saiba sobre quem de fato estaria disposto a agir de tal forma, suas consequências se tornam claras e irremediáveis. Confira o trailer (em espanhol):
As histórias de "Otros Pecados" navegam em situações difíceis de resolver, o que nos provoca sensações indescritíveis e talvez esteja aí a grande força dessa narrativa - o exercício de nos projetar para cada uma das histórias e assim refletir como nos comportaríamos em uma situação tão extrema, é tão forte quanto natural. Porém nada disso aconteceria não fosse o talentoso elenco para dar vida a esse personagens - Rafael Ferro, Leonardo Sbaraglia, Erica Rivas, Germán Palacios, Celeste Cid, Gonzalo Heredia, Violeta Urtizberea e Dady Brieva, entre muitos outros nomes que já são reconhecíveis para a audiência brasileira além de Ricardo Darín.
O tom de "Otros Pecados" foi um grande gancho para unificar essa estrutura de antologia. Os diretores Daniel Barone (de "El Lobista") e Jorge Nisco (de "Sua Parte do Trato") seguem um certo padrão, senão visual, pelo menos no mood. É verdade que cada história tem o seu encanto pessoal, umas são mais interessantes que outras, natural, mas todas oferecem uma perspectiva muito interessante no que diz respeito a complexidade das ações e dos dramas humanos. Seja em uma trama onde um fenômeno do tênis não consegue sobreviver sem sua treinadora abusiva, ou um rapaz que precisa lidar com o rancor de uma ex-namorada dez anos depois e até um publicitário capaz de tudo para não perder seu lugar (e status) para um talento mais novo; a minissérie entretem como poucas.
O fato é que "Otros Pecados" é uma jóia! Um entretenimento de primeiríssima qualidade para quem já está acostumado com um certo estilo argentino de contar histórias absurdas sem se levar tão a sério com o simples objetivo de se divertir. E o melhor de tudo isso é que as tramas são independentes, prontas para nos surpreender a cada episódio e olha, não decepcionam!
Vale muito o seu play!
Depois de 10 incríveis episódios, eu já posso cravar: "Outsider" é uma das melhores adaptações da obra doStephen King já produzidas! É realmente um espetáculo essa série: a experiência de acompanhar toda a jornada dos detetives Ralph Anderson e Holli Gibney e com a HBO nos entregando um final de verdade, admito, é uma sensação muito próxima de ter terminado um bom livro.
A série começa com o detetive Ralph Anderson (Ben Mendelsohn de "Bloodline") investigando o brutal assassinato de um garoto de 11 anos chamado Frankie Peterson. Encontrado completamente dilacerado em um bosque de uma pequena cidade do interior da Georgia - o principal suspeito passa ser o técnico do time infantil de beisebol: Terry Maitland (Jason Bateman de "Ozark"). Terry sempre foi muito amável com todos, inclusive com o filho de Ralph, mas o fato dele ter sido identificado por três testemunhas em situações que, de alguma maneira, o ligavam à Frankie no dia do crime, acabou selando o destino do treinador. Acontece que Ralph descobre que no mesmo dia do assassinato, Terry estava em uma convenção de professores, 100 km distante dali - um álibi incontestável que bagunça completamente a investigação e obriga a policia a buscar ajuda com uma especialista para desvendar o mistério, a detetive Holly Gibney. Veja o trailer:
"Outsider" é imperdível e vale muito o seu play, porém a dúvida que fica no final do 10º episódio é se o que acabamos de assistir é uma série ou uma minissérie, pois o arco é completamente finalizado e mesmo com uma cena pós-crédito que nos dá uma pista do que pode acontecer em breve, ainda nada foi divulgado pela HBO.
Depois dos dois primeiros, temos a sensação de que a série não vai ter fôlego para segurar mais 8 episódios - erro de percepção! O assassinato de Frankie Peterson é só o inicio de uma grande investigação que engloba alguns outros crimes que seguiram o mesmo padrão, inclusive de tempo entre um e outro - vale a pena reparar nesse detalhe! Mais acostumada a esse tipo de mistério, Holly Gibney se torna peça chave no desenvolvimento da história, pois ela é a parte que não descarta o desconhecido ou o inexplicável, enquanto Ralph Anderson tem um séria dificuldade em lidar com aquilo que ele não pode provar empiricamente. É óbvio que por se tratar de uma obra do Stephen King os elementos sobrenaturais tem enorme relevância na trama, mas o roteiro do Richard Price (o mesmo de "The Night Of") equilibra tão bem o mistério possível com o medo do desconhecido que embarcamos facilmente em várias teorias levantadas durante a temporada!
Eu já havia comentado sobre a qualidade da produção assim que assisti o lançamento de "Outsider", então peço licença para ratificar minha opinião (mesmo que possa soar repetitivo): tudo é um primor, coisa de gente grande! Jason Bateman dirigiu apenas os dois primeiros episódios, porém a continuidade do conceito estético e narrativo se manteve linear, coerente - é um grande trabalho de concepção e de realização! A trilha sonora também continuou me chamando a atenção e a fotografia, olha, é linda demais - responsabilidade de Kevin McKnight, Zak Mulligan e Rasmus Heise.
Antes de finalizar, duas observações bastante pertinentes: os episódios 9 e 10 são surpreendentes, tensos, corajosos, só com um pequeno vacilo, mas que pode justificar minha segunda observação: ficou claro que o arco de investigação do Ralph Anderson terminou, porém a "cena pós-créditos" indica que Holly Gibney pode render mais histórias e o fato da personagem estar presente em outras obras de King fortalece a minha aposta: teremos uma serie antológica da personagem!
Enquanto aguardamos mais novidades, eu sugiro que você enfrente essa jornada! Vale muito a pena! Parabéns HBO!
Up Date: a HBO cancelou o que poderia ser uma série, mas isso não impacta na história ou muito menos na jornada do detetive Ralph Anderson, ou seja, aproveite os episódios ao máximo, pois "Outsider" pode ser considerada uma minissérie com um final bastante interessante.
Depois de 10 incríveis episódios, eu já posso cravar: "Outsider" é uma das melhores adaptações da obra doStephen King já produzidas! É realmente um espetáculo essa série: a experiência de acompanhar toda a jornada dos detetives Ralph Anderson e Holli Gibney e com a HBO nos entregando um final de verdade, admito, é uma sensação muito próxima de ter terminado um bom livro.
A série começa com o detetive Ralph Anderson (Ben Mendelsohn de "Bloodline") investigando o brutal assassinato de um garoto de 11 anos chamado Frankie Peterson. Encontrado completamente dilacerado em um bosque de uma pequena cidade do interior da Georgia - o principal suspeito passa ser o técnico do time infantil de beisebol: Terry Maitland (Jason Bateman de "Ozark"). Terry sempre foi muito amável com todos, inclusive com o filho de Ralph, mas o fato dele ter sido identificado por três testemunhas em situações que, de alguma maneira, o ligavam à Frankie no dia do crime, acabou selando o destino do treinador. Acontece que Ralph descobre que no mesmo dia do assassinato, Terry estava em uma convenção de professores, 100 km distante dali - um álibi incontestável que bagunça completamente a investigação e obriga a policia a buscar ajuda com uma especialista para desvendar o mistério, a detetive Holly Gibney. Veja o trailer:
"Outsider" é imperdível e vale muito o seu play, porém a dúvida que fica no final do 10º episódio é se o que acabamos de assistir é uma série ou uma minissérie, pois o arco é completamente finalizado e mesmo com uma cena pós-crédito que nos dá uma pista do que pode acontecer em breve, ainda nada foi divulgado pela HBO.
Depois dos dois primeiros, temos a sensação de que a série não vai ter fôlego para segurar mais 8 episódios - erro de percepção! O assassinato de Frankie Peterson é só o inicio de uma grande investigação que engloba alguns outros crimes que seguiram o mesmo padrão, inclusive de tempo entre um e outro - vale a pena reparar nesse detalhe! Mais acostumada a esse tipo de mistério, Holly Gibney se torna peça chave no desenvolvimento da história, pois ela é a parte que não descarta o desconhecido ou o inexplicável, enquanto Ralph Anderson tem um séria dificuldade em lidar com aquilo que ele não pode provar empiricamente. É óbvio que por se tratar de uma obra do Stephen King os elementos sobrenaturais tem enorme relevância na trama, mas o roteiro do Richard Price (o mesmo de "The Night Of") equilibra tão bem o mistério possível com o medo do desconhecido que embarcamos facilmente em várias teorias levantadas durante a temporada!
Eu já havia comentado sobre a qualidade da produção assim que assisti o lançamento de "Outsider", então peço licença para ratificar minha opinião (mesmo que possa soar repetitivo): tudo é um primor, coisa de gente grande! Jason Bateman dirigiu apenas os dois primeiros episódios, porém a continuidade do conceito estético e narrativo se manteve linear, coerente - é um grande trabalho de concepção e de realização! A trilha sonora também continuou me chamando a atenção e a fotografia, olha, é linda demais - responsabilidade de Kevin McKnight, Zak Mulligan e Rasmus Heise.
Antes de finalizar, duas observações bastante pertinentes: os episódios 9 e 10 são surpreendentes, tensos, corajosos, só com um pequeno vacilo, mas que pode justificar minha segunda observação: ficou claro que o arco de investigação do Ralph Anderson terminou, porém a "cena pós-créditos" indica que Holly Gibney pode render mais histórias e o fato da personagem estar presente em outras obras de King fortalece a minha aposta: teremos uma serie antológica da personagem!
Enquanto aguardamos mais novidades, eu sugiro que você enfrente essa jornada! Vale muito a pena! Parabéns HBO!
Up Date: a HBO cancelou o que poderia ser uma série, mas isso não impacta na história ou muito menos na jornada do detetive Ralph Anderson, ou seja, aproveite os episódios ao máximo, pois "Outsider" pode ser considerada uma minissérie com um final bastante interessante.