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A Bela e a Fera

Quando assisti a versão para cinema do musical "Les Miserables" fiz um review (que você pode ler aqui) torcendo para que desse muito certo e tudo aquilo que eu havia assistido no teatro se transformasse em grandes filmes. "Beauty and the Beast" (título original) é um grande filme, no sentido mais cinematográfico da afirmação! É uma história que fez sucesso em Animação, na Broadway e agora no Cinema - custou 160 milhões e "só" no final de semana de lançamento arrecadou 174 milhões (apenas nos EUA)! Confira o belíssimo trailer e tente não se emocionar:

O filme é sobre a fantástica história de Bela (Emma Watson), uma jovem brilhante, bonita e independente, que é aprisionada por um Monstro (Dan Stevens) no seu castelo. Apesar dos seus receios, Bela torna-se amiga dos empregados - figuras encantadas que personificam objetos de decoração ou de cozinha. A jovem se diferencia de outras "convidadas" por conseguir ver além do terrível exterior da Fera assim que começa conhecer a alma e o coração de um verdadeiro Príncipe amaldiçoado!

Dirigido pelo ótimo Bill Condon (de "Dreamgirls"), o filme é muito bem feito, muito bonito visualmente e pode separar um monte de estatuetas para as categorias técnicas e de arte (desenho de produção, figurino, maquiagem e se bobear até efeitos especiais) do Oscar 2018. É muito bacana o conceito que imprimiram no filme, você tem a impressão que está assistindo uma animação só que com pessoas de verdade - as cores, os efeitos, os movimentos de câmera, a fotografia; tudo colabora pra isso e trás muito da magia que é assistir "A Bela e a Fera" na Broadway.  

Torço para que a Disney traga mais dos seus clássicos para o cinema e que outros estúdios acreditem e invistam em adaptações de outras clássicos como Miss Saygon, Phanton of the Opera, Cats, etc!

É um filme para toda a familia! Vale muito o play!

Up-date: "A Bela e a Fera" foi indicada em duas categorias no Oscar 2018: Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção, mas acabou não ganhando nenhuma estatueta!

Assista Agora

Quando assisti a versão para cinema do musical "Les Miserables" fiz um review (que você pode ler aqui) torcendo para que desse muito certo e tudo aquilo que eu havia assistido no teatro se transformasse em grandes filmes. "Beauty and the Beast" (título original) é um grande filme, no sentido mais cinematográfico da afirmação! É uma história que fez sucesso em Animação, na Broadway e agora no Cinema - custou 160 milhões e "só" no final de semana de lançamento arrecadou 174 milhões (apenas nos EUA)! Confira o belíssimo trailer e tente não se emocionar:

O filme é sobre a fantástica história de Bela (Emma Watson), uma jovem brilhante, bonita e independente, que é aprisionada por um Monstro (Dan Stevens) no seu castelo. Apesar dos seus receios, Bela torna-se amiga dos empregados - figuras encantadas que personificam objetos de decoração ou de cozinha. A jovem se diferencia de outras "convidadas" por conseguir ver além do terrível exterior da Fera assim que começa conhecer a alma e o coração de um verdadeiro Príncipe amaldiçoado!

Dirigido pelo ótimo Bill Condon (de "Dreamgirls"), o filme é muito bem feito, muito bonito visualmente e pode separar um monte de estatuetas para as categorias técnicas e de arte (desenho de produção, figurino, maquiagem e se bobear até efeitos especiais) do Oscar 2018. É muito bacana o conceito que imprimiram no filme, você tem a impressão que está assistindo uma animação só que com pessoas de verdade - as cores, os efeitos, os movimentos de câmera, a fotografia; tudo colabora pra isso e trás muito da magia que é assistir "A Bela e a Fera" na Broadway.  

Torço para que a Disney traga mais dos seus clássicos para o cinema e que outros estúdios acreditem e invistam em adaptações de outras clássicos como Miss Saygon, Phanton of the Opera, Cats, etc!

É um filme para toda a familia! Vale muito o play!

Up-date: "A Bela e a Fera" foi indicada em duas categorias no Oscar 2018: Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção, mas acabou não ganhando nenhuma estatueta!

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A Forma da Água

Já na maratona do Oscar 2018, assisti "A Forma da Água" e gostei - uma mistura de "Amélie Poulain" com a "Bela e a Fera"! Em 1963, durante o auge da Guerra Fria, Elisa (Sally Hawkins), uma solitária funcionária responsável pela limpeza em laboratório ultra-secreto do governo, vê a sua vida mudar para sempre quando ela descobre a existência de um estranho ser aquático que vive isolado dentro de um tanque. Para executar um arriscado e apaixonado resgate, ela recorre ao melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e à colega de turno Zelda (Otavia Spencer), em uma aventura que pode custar muito mais do que o seu emprego. Confira o lindo trailer:

Admito que não me impressionei o bastante para apostar em "A Forma da Água" como o grande vencedor da noite. Claro que se ganhar não será nenhum absurdo, mas, pra mim, são nas indicações do Departamento de Arte que o filme vai disputar prêmio a prêmio com "O Destino de Uma Nação". Já nos prêmios técnicos, Dunkirk me pareceu um trabalho mais complexo, embora o trabalho do diretor Guillermo del Toro tenha sido primoroso - existem duas ou três cenas que equilibra tão bem a fantasia com a realidade que chegamos a acreditar que tudo aquilo seria possível - olha, Del Toro tem boas chances! Prestem atenção na trilha sonora e no trabalho Otavia Spencer indicada como atriz coadjuvante - ambos podem surpreender. Na categoria de "Atriz Principal" a Sally Hawkins mandou muito bem, mas está tão disputado que fica difícil arriscar - eu não apostaria! Dan Laustsen na fotografia também pode levar - embora com "Dunkirk" na disputa complica um pouco.

Das incríveis 13 indicações, se levar 4 ou 5 estará de bom tamanho - e aproveito para dizer, o filme merece cada uma delas e seu play só vai comprovar a enorme qualidade do filme!

Up-date: "A Forma da Água" ganhou em quatro categorias no Oscar 2020: Melhor Trilha Sonora, Melhor Desenho de Produção, Melhor Diretor e Melhor Filme!

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Já na maratona do Oscar 2018, assisti "A Forma da Água" e gostei - uma mistura de "Amélie Poulain" com a "Bela e a Fera"! Em 1963, durante o auge da Guerra Fria, Elisa (Sally Hawkins), uma solitária funcionária responsável pela limpeza em laboratório ultra-secreto do governo, vê a sua vida mudar para sempre quando ela descobre a existência de um estranho ser aquático que vive isolado dentro de um tanque. Para executar um arriscado e apaixonado resgate, ela recorre ao melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e à colega de turno Zelda (Otavia Spencer), em uma aventura que pode custar muito mais do que o seu emprego. Confira o lindo trailer:

Admito que não me impressionei o bastante para apostar em "A Forma da Água" como o grande vencedor da noite. Claro que se ganhar não será nenhum absurdo, mas, pra mim, são nas indicações do Departamento de Arte que o filme vai disputar prêmio a prêmio com "O Destino de Uma Nação". Já nos prêmios técnicos, Dunkirk me pareceu um trabalho mais complexo, embora o trabalho do diretor Guillermo del Toro tenha sido primoroso - existem duas ou três cenas que equilibra tão bem a fantasia com a realidade que chegamos a acreditar que tudo aquilo seria possível - olha, Del Toro tem boas chances! Prestem atenção na trilha sonora e no trabalho Otavia Spencer indicada como atriz coadjuvante - ambos podem surpreender. Na categoria de "Atriz Principal" a Sally Hawkins mandou muito bem, mas está tão disputado que fica difícil arriscar - eu não apostaria! Dan Laustsen na fotografia também pode levar - embora com "Dunkirk" na disputa complica um pouco.

Das incríveis 13 indicações, se levar 4 ou 5 estará de bom tamanho - e aproveito para dizer, o filme merece cada uma delas e seu play só vai comprovar a enorme qualidade do filme!

Up-date: "A Forma da Água" ganhou em quatro categorias no Oscar 2020: Melhor Trilha Sonora, Melhor Desenho de Produção, Melhor Diretor e Melhor Filme!

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Amor e Monstros

Verdade seja dita: não é fácil encontrar bons "blockbusters". Histórias batidas, atores no piloto automático e CGI caro/ruim são a receita de dezenas de títulos lançados ano após ano. Felizmente, "Amor e Monstros" é diferente. Em poucos minutos, o filme estabelece o contexto daquele mundo pós-apocalíptico: a humanidade perdeu o topo da cadeia alimentar e a soberania da superfície terrestre. Os poucos que sobraram foram relegados a (sobre)viver em bunkers e abrigos subterrâneos.

Após 7 anos, o medroso Joel (Dylan O’Brien) encarna o Thomas de Maze Runner para correr até a sua amada Aimee (Jessica Henwick). No caminho, encontra alguns aliados e vários monstros. A premissa simples parece uma mistura de Zumbilândia com Sessão da Tarde, mas eu garanto: a execução é impecável! Confira o trailer:

Conhecemos um mundo selvagem, verde, pitoresco e ameaçador. Desde Aniquilação (2018) a natureza anômala não era retratada de forma tão estupenda. Os efeitos visuais, reconhecidos pela academia do Oscar com uma indicação na categoria, são incríveis: da computação gráfica que cria os monstros aos efeitos práticos empregados nas cenas de ação. A facilidade do filme em transitar por vários gêneros chama atenção. Além do "terrir" (terror + comédia), vemos uma aventura cheia de ação e suspense, com um tempero de ficção científica - mérito do diretorMichael Matthews. Destaque para o bom elenco coadjuvante, especialmente Michael Rooker como Clyde e a sagaz Minnow de Ariana Greenblatt, sem falar no "Melhor Cachorro de 2021" - Boy é ótimo!

"Love and Monsters" (título original) pode ainda deixar reflexões sobre a importância da comunicação e do enfrentamento dos medos. Mas antes disso, deve ser encarado como um entretenimento ótimo e empolgante, capaz de assustar e divertir na mesma proporção.

A verdade é que o filme poderia ser uma premiada animação da Pixar - o contexto narrativo da jornada do herói e do auto-conhecimento está todo ali, porém é um "Cinema Pipoca" acima da média, acredite!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming 

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Verdade seja dita: não é fácil encontrar bons "blockbusters". Histórias batidas, atores no piloto automático e CGI caro/ruim são a receita de dezenas de títulos lançados ano após ano. Felizmente, "Amor e Monstros" é diferente. Em poucos minutos, o filme estabelece o contexto daquele mundo pós-apocalíptico: a humanidade perdeu o topo da cadeia alimentar e a soberania da superfície terrestre. Os poucos que sobraram foram relegados a (sobre)viver em bunkers e abrigos subterrâneos.

Após 7 anos, o medroso Joel (Dylan O’Brien) encarna o Thomas de Maze Runner para correr até a sua amada Aimee (Jessica Henwick). No caminho, encontra alguns aliados e vários monstros. A premissa simples parece uma mistura de Zumbilândia com Sessão da Tarde, mas eu garanto: a execução é impecável! Confira o trailer:

Conhecemos um mundo selvagem, verde, pitoresco e ameaçador. Desde Aniquilação (2018) a natureza anômala não era retratada de forma tão estupenda. Os efeitos visuais, reconhecidos pela academia do Oscar com uma indicação na categoria, são incríveis: da computação gráfica que cria os monstros aos efeitos práticos empregados nas cenas de ação. A facilidade do filme em transitar por vários gêneros chama atenção. Além do "terrir" (terror + comédia), vemos uma aventura cheia de ação e suspense, com um tempero de ficção científica - mérito do diretorMichael Matthews. Destaque para o bom elenco coadjuvante, especialmente Michael Rooker como Clyde e a sagaz Minnow de Ariana Greenblatt, sem falar no "Melhor Cachorro de 2021" - Boy é ótimo!

"Love and Monsters" (título original) pode ainda deixar reflexões sobre a importância da comunicação e do enfrentamento dos medos. Mas antes disso, deve ser encarado como um entretenimento ótimo e empolgante, capaz de assustar e divertir na mesma proporção.

A verdade é que o filme poderia ser uma premiada animação da Pixar - o contexto narrativo da jornada do herói e do auto-conhecimento está todo ali, porém é um "Cinema Pipoca" acima da média, acredite!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming 

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Dumbo

Talvez o maior mérito do "Cinema" seja nos transportar para dentro da Fantasia com tanta veracidade que as duas horas de uma projeção ficam reverberando na nossa imaginação por muito tempo. "Dumbo" talvez não seja um grande filme no sentido narrativo, mas visualmente é e, mais importante, tem a alma da Disney!!! Tenho a mais absoluta certeza que se Walt fosse vivo, terminaria de assistir "Dumbo", olharia para o lado e diria para seu irmão: "Valeu a pena"!!! "Dumbo" é um filme que equilibra muito bem o que Walt acreditava, seus ideais como criador, com a tecnologia necessária para dar vida para um elefante voador. É impressionante, e te garanto, ele te transporta para um mundo de fantasia já nas primeiras cenas!!

Um circo decadente, passando por dificuldades financeiras acaba encontrando em um elefante recém-nascido, a oportunidade de se reerguer. O pequeno elefante, embora pareça uma aberração por ter orelhas enormes, acaba descobrindo uma capacidade muito curiosa: a de voar! Isso chama atenção de um grande empresário que está inovando o mercado de entretenimento da época com uma espécie de Parque Temático chamado "Dreamland". Ter Dumbo como atração seria a certeza de mais público e, claro, investimentos; mesmo que para isso seja necessário sacrificar o antigo circo e dispensar todos os outros artistas que não empolgariam mais nenhuma platéia! 

Dito isso, alguns elementos dessa versão live-action do clássico de 1941 merecem destaque: Eu achei a adaptação muito coerente com os dias atuais e, em alguns momentos, muito corajosa, afinal o "showbiz acima de tudo" nunca pode ser considerado o objetivo principal (tá, eu sei que minha visão é muito romântica...rs). Tim Burton foi muito sagaz em desconstruir o ideal de Walt, mas se apropriando da sua visão empreendedora, para dar vida ao vilão do filme - e olhem só, em um filme da Disney!!! O uso de animais em Circos também já me parece uma discussão batida, mas o filme faz questão de manter viva e faz isso com muita inteligência. A cena do descontrole da mãe de Dumbo ao ver o filho em perigo é muito interessante e faz pensar nas consequências de algumas escolhas. A troca de universos também ficou bem bacana: primeiro a tradição, o clássico que não se renovou, o Circo como entretenimento em tempos de guerra, mesmo com a cor na tela, está menos saturada, mais lavada, com muito marrom no figurino e na cenografia. Já na modernidade ostensiva de "Dreamland", as cores vibram com as luzes, o contraste é muito maior e vivo!!! É um lindo trabalho de direção de arte integrado com a pós produção, uma marca dos filmes do Tim Burton, inclusive!!! A fotografia é muito bonita e traz sensações muito relevantes para quem assiste: reparem na cena em que o personagem do Michael Keaton convida o personagem do Danny DeVito para ser seu sócio - a construção do quadro é perfeita, pois ao mesmo tempo que mostra a beleza da natureza, com um Circo decadente ao fundo, transmite o vazio de uma decisão que deixa de lado a essência da arte pelo dinheiro e pelo sucesso - mérito do inglês Ben Davis, diretor de fotografia de quase todos os filmes da Marvel!!! 

Dois pontos acho que mereciam um cuidado maior no filme. O primeiro é a escolha do elenco infantil. Achei os dois atores fracos e sem nenhum carisma. E o outro ponto: o Dumbo aparece em muitas apresentações voando e isso tira um pouco da emoção do 3º ato, onde na história original ele se obriga a voar e enfrentar seus medos para salvar as crianças do incêndio. Não sei, faltou a emoção de um grande final!!!! Na minha opinião, isso não prejudica a experiência de voltar a infância e revisitar uma história que fez parte da vida de todos nós. Vale muito a pena, é um filme para a família e ainda, no final, faz uma linda homenagem ao cinema.

PS: "Dumbo" é quase um ensaio para o que veremos em Rei Leão!!! A Composição dos animais em CG com a integração dos cenários reais, olha, é digna de Oscar, podem anotar!!! 

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Talvez o maior mérito do "Cinema" seja nos transportar para dentro da Fantasia com tanta veracidade que as duas horas de uma projeção ficam reverberando na nossa imaginação por muito tempo. "Dumbo" talvez não seja um grande filme no sentido narrativo, mas visualmente é e, mais importante, tem a alma da Disney!!! Tenho a mais absoluta certeza que se Walt fosse vivo, terminaria de assistir "Dumbo", olharia para o lado e diria para seu irmão: "Valeu a pena"!!! "Dumbo" é um filme que equilibra muito bem o que Walt acreditava, seus ideais como criador, com a tecnologia necessária para dar vida para um elefante voador. É impressionante, e te garanto, ele te transporta para um mundo de fantasia já nas primeiras cenas!!

Um circo decadente, passando por dificuldades financeiras acaba encontrando em um elefante recém-nascido, a oportunidade de se reerguer. O pequeno elefante, embora pareça uma aberração por ter orelhas enormes, acaba descobrindo uma capacidade muito curiosa: a de voar! Isso chama atenção de um grande empresário que está inovando o mercado de entretenimento da época com uma espécie de Parque Temático chamado "Dreamland". Ter Dumbo como atração seria a certeza de mais público e, claro, investimentos; mesmo que para isso seja necessário sacrificar o antigo circo e dispensar todos os outros artistas que não empolgariam mais nenhuma platéia! 

Dito isso, alguns elementos dessa versão live-action do clássico de 1941 merecem destaque: Eu achei a adaptação muito coerente com os dias atuais e, em alguns momentos, muito corajosa, afinal o "showbiz acima de tudo" nunca pode ser considerado o objetivo principal (tá, eu sei que minha visão é muito romântica...rs). Tim Burton foi muito sagaz em desconstruir o ideal de Walt, mas se apropriando da sua visão empreendedora, para dar vida ao vilão do filme - e olhem só, em um filme da Disney!!! O uso de animais em Circos também já me parece uma discussão batida, mas o filme faz questão de manter viva e faz isso com muita inteligência. A cena do descontrole da mãe de Dumbo ao ver o filho em perigo é muito interessante e faz pensar nas consequências de algumas escolhas. A troca de universos também ficou bem bacana: primeiro a tradição, o clássico que não se renovou, o Circo como entretenimento em tempos de guerra, mesmo com a cor na tela, está menos saturada, mais lavada, com muito marrom no figurino e na cenografia. Já na modernidade ostensiva de "Dreamland", as cores vibram com as luzes, o contraste é muito maior e vivo!!! É um lindo trabalho de direção de arte integrado com a pós produção, uma marca dos filmes do Tim Burton, inclusive!!! A fotografia é muito bonita e traz sensações muito relevantes para quem assiste: reparem na cena em que o personagem do Michael Keaton convida o personagem do Danny DeVito para ser seu sócio - a construção do quadro é perfeita, pois ao mesmo tempo que mostra a beleza da natureza, com um Circo decadente ao fundo, transmite o vazio de uma decisão que deixa de lado a essência da arte pelo dinheiro e pelo sucesso - mérito do inglês Ben Davis, diretor de fotografia de quase todos os filmes da Marvel!!! 

Dois pontos acho que mereciam um cuidado maior no filme. O primeiro é a escolha do elenco infantil. Achei os dois atores fracos e sem nenhum carisma. E o outro ponto: o Dumbo aparece em muitas apresentações voando e isso tira um pouco da emoção do 3º ato, onde na história original ele se obriga a voar e enfrentar seus medos para salvar as crianças do incêndio. Não sei, faltou a emoção de um grande final!!!! Na minha opinião, isso não prejudica a experiência de voltar a infância e revisitar uma história que fez parte da vida de todos nós. Vale muito a pena, é um filme para a família e ainda, no final, faz uma linda homenagem ao cinema.

PS: "Dumbo" é quase um ensaio para o que veremos em Rei Leão!!! A Composição dos animais em CG com a integração dos cenários reais, olha, é digna de Oscar, podem anotar!!! 

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Elementos

Elementos

Lindo e leve como uma animação da Pixar deve ser, mas é preciso que se diga: fica a impressão que faltou alguma coisa! Calma, esse "mas" não impacta em absolutamente nada nossa experiência como audiência se olharmos para o filme isoladamente - o grande problema é justamente quando olhamos para trás e o comparamos com "Divertidamente", por exemplo, já que o conceito narrativo dos dois filmes é muito próximo. De cara, é preciso elogiar a criação do universo de Element City e a forma como o diretor Peter Sohn (de "O Bom Dinossauro") transforma os elementos (fogo, água, terra, ar) em personagens tão simpáticos, no entanto, e tirando a relação entre os protagonistas Faísca (fogo) e Gota (água), parece que falta desenvolvimento para que todos tenham uma importância, de fato, essencial para a história - um detalhe que já pareceu ter sido mais bem cuidado pelo Estúdio.

Na cidade de "Elementos", todos vivem em harmonia desde que respeitem a regra de não se misturar. No entanto, há alguns anos, os pais de Faísca chegaram ao local, como imigrantes, lutando por uma vida melhor. Aos poucos, montaram uma loja e conseguiram sustentar a filha única, que agora deve seguir os passos do pai na administração do negócio de família, porém uma amizade improvável coloca todas as relações daquele universo em uma outra perspectiva. Confira o trailer:

É perceptível nos olhos atentos da audiência o quanto a premissa de "Elementos" soa original e criativa - funcionando como potencial gatilho para que as brechas do roteiro nem ao menos sejam percebidas. A ideia de explorar as relações entre os elementos que vivem em harmonia, mas soam preconceituosos entre eles, é fascinante e abre espaço para uma série de metáforas e reflexões das mais interessantes - ao assistirmos com nossos pequenos, a sensação de estarmos mostrando a realidade e como é importante transforma-la em algo melhor, é realmente potente.

A história escrita por 3 roteiristas (John Hoberg, Kat Likkel e Brenda Hsueh) que nunca trabalharam antes com animações e que possuem uma carreira na televisão, em séries de comédia, ajuda a criar uma fluidez interessante para a narrativa - ela é bem contada e envolvente, com personagens carismáticos e um desenvolvimento emocional sincero, mas que não se apega a tantos detalhes. Veja, o ponto alto do filme parece ser uma linha temática que discute a imigração e as relações sociais entre indivíduos de diferentes raças. Essa abordagem ganha uma representação encantadora na forma gráfica de uma cidade, com bairros completamente diferentes e uma interação igualmente distinta entre os elementos e os espaços urbanos - algo como a mente da garotinha de onze anos, Riley, que ao ser guiada por suas Emoções (Alegria, Nojinho, Medo, Raiva e Tristeza) conectava elementos diferentes em um mesmo universo. A grande diferença, no entanto, é o valor dos detalhes que em  "Divertidamente" fazia muito mais sentido, tudo tinha uma razão de ser e o impacto nos personagens - isso, inclusive, criava uma "identificação" com um público maior.

Sinceramente acho que "Elementos" é o tipo da animação que vai agradar a todos, mas vai impactar mais alguns perfis de audiência. Como obra, tem uma história divertida e emocionante (especialmente se você já tiver filhos) que tem muito a dizer sobre aceitação e diversidade. Como não poderia deixar de ser, a trilha sonora é brilhante, com músicas que sabem exatamente onde nos tocar, e o visual, olha, sensacional - quebrando aquele principio que soava como o maior desafio dos animadores: o de replicar a complexidade da água e do fogo em CGI sem parecer papel celofane se mexendo. Lindo de ver!

Vale seu play!

Assista Agora

Lindo e leve como uma animação da Pixar deve ser, mas é preciso que se diga: fica a impressão que faltou alguma coisa! Calma, esse "mas" não impacta em absolutamente nada nossa experiência como audiência se olharmos para o filme isoladamente - o grande problema é justamente quando olhamos para trás e o comparamos com "Divertidamente", por exemplo, já que o conceito narrativo dos dois filmes é muito próximo. De cara, é preciso elogiar a criação do universo de Element City e a forma como o diretor Peter Sohn (de "O Bom Dinossauro") transforma os elementos (fogo, água, terra, ar) em personagens tão simpáticos, no entanto, e tirando a relação entre os protagonistas Faísca (fogo) e Gota (água), parece que falta desenvolvimento para que todos tenham uma importância, de fato, essencial para a história - um detalhe que já pareceu ter sido mais bem cuidado pelo Estúdio.

Na cidade de "Elementos", todos vivem em harmonia desde que respeitem a regra de não se misturar. No entanto, há alguns anos, os pais de Faísca chegaram ao local, como imigrantes, lutando por uma vida melhor. Aos poucos, montaram uma loja e conseguiram sustentar a filha única, que agora deve seguir os passos do pai na administração do negócio de família, porém uma amizade improvável coloca todas as relações daquele universo em uma outra perspectiva. Confira o trailer:

É perceptível nos olhos atentos da audiência o quanto a premissa de "Elementos" soa original e criativa - funcionando como potencial gatilho para que as brechas do roteiro nem ao menos sejam percebidas. A ideia de explorar as relações entre os elementos que vivem em harmonia, mas soam preconceituosos entre eles, é fascinante e abre espaço para uma série de metáforas e reflexões das mais interessantes - ao assistirmos com nossos pequenos, a sensação de estarmos mostrando a realidade e como é importante transforma-la em algo melhor, é realmente potente.

A história escrita por 3 roteiristas (John Hoberg, Kat Likkel e Brenda Hsueh) que nunca trabalharam antes com animações e que possuem uma carreira na televisão, em séries de comédia, ajuda a criar uma fluidez interessante para a narrativa - ela é bem contada e envolvente, com personagens carismáticos e um desenvolvimento emocional sincero, mas que não se apega a tantos detalhes. Veja, o ponto alto do filme parece ser uma linha temática que discute a imigração e as relações sociais entre indivíduos de diferentes raças. Essa abordagem ganha uma representação encantadora na forma gráfica de uma cidade, com bairros completamente diferentes e uma interação igualmente distinta entre os elementos e os espaços urbanos - algo como a mente da garotinha de onze anos, Riley, que ao ser guiada por suas Emoções (Alegria, Nojinho, Medo, Raiva e Tristeza) conectava elementos diferentes em um mesmo universo. A grande diferença, no entanto, é o valor dos detalhes que em  "Divertidamente" fazia muito mais sentido, tudo tinha uma razão de ser e o impacto nos personagens - isso, inclusive, criava uma "identificação" com um público maior.

Sinceramente acho que "Elementos" é o tipo da animação que vai agradar a todos, mas vai impactar mais alguns perfis de audiência. Como obra, tem uma história divertida e emocionante (especialmente se você já tiver filhos) que tem muito a dizer sobre aceitação e diversidade. Como não poderia deixar de ser, a trilha sonora é brilhante, com músicas que sabem exatamente onde nos tocar, e o visual, olha, sensacional - quebrando aquele principio que soava como o maior desafio dos animadores: o de replicar a complexidade da água e do fogo em CGI sem parecer papel celofane se mexendo. Lindo de ver!

Vale seu play!

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Emoji - O Filme

Ao longo do anos, é inegável como algumas animações se destacaram como verdadeiros marcos culturais e visuais, essencialmente se produzidas pelas Disney/Pixar. Seguindo esse raciocínio, é bem possível afirmar que "Divertidamente" vai aparecer em 9 de 10 listas entre as melhores de todos os tempos. Com a premissa de desvendar o que acontece dentro da cabeça de uma pré-adolescente pelo olhar lúdico da "personificação" das emoções, a animação de 2015 conseguiu a proeza de disputar o Oscar de "Melhor Roteiro Original" no ano seguinte - além, obviamente, de levar o prêmio como "Melhor Animação do Ano" (uma barbada). Pois bem, "Emoji - O Filme", dirigido pelo Tony Leondis (de "Kung Fu Panda"), é um filme que basicamente repete os mesmos elementos narrativos, sem tanta genialidade é verdade (mas com ótimas sacadas), em um universo, digamos, mais tecnológico, onde as emoções, nesse caso, não estão personificadas e sim programadas, ou representadas, na forma de "emojis". 

O filme se passa dentro do celular de Alex, um tímido adolescente que está descobrindo o amor. Lá, no coração da cidade de Textópolis, onde os emojis vivem e trabalham para cumprir seu papel de comunicar um sentimento, Gene (T.J. Miller), um emoji com uma nova capacidade de mudar de expressão, luta para encontrar seu lugar no mundo - ou, pelo menos, entre os "favoritos" de Alex. Com a ajuda de Hi-5 (James Corden), um emoji já fora de moda, e Jailbreak (Anna Faris), uma pseudo-hacker brilhante, ele embarca em uma jornada épica para encontrar um jeito que o salvará de ser apagado para sempre depois de colocar Alex em uma situação bastante desconfortável perante seu crush. Confira o trailer:

Eu diria que "Emoji - O Filme" é um bom entretenimento, nem tão profundo, nem tão bobinho, ou seja, ele chega até a surpreender por explorar de maneira inteligente um conceito aparentemente simples e transformá-lo em uma experiência visualmente estimulante e emocionalmente envolvente. A primeira coisa que chama a atenção é a qualidade da animação - muito mérito da Sony Pictures Animation que vem em plena ascendência no desenvolvimento de seus projetos. Cada emoji, muito bem detalhado dentro daquele estilo menos rebuscado dos apps de envio de texto, acabam representando um certo contraste com o universo mais tecnológico dentro do celular de Alex. Como em "Divertidamente", é toda aquele cenário mais lúdico que estabelece a aventura dos personagens, surgindo como um verdadeiro espetáculo de cores, texturas e luzes, que cativam a audiência desde o primeiro momento - especialmente aqueles que reconhecem algumas piadas nerds ao melhor estilo "Silicon Valley" (da HBO).

O roteiro de Tony Leondis, Eric Siegel e Mike White me pareceu muito sagaz, criando uma experiência bastante agradável. O filme não se contenta em ser apenas uma história divertida sobre emojis se aventurando pelo desconhecido, mas também é capaz de mergulhar em temas um pouco mais profundos, como a busca pela identidade e a importância de ser autêntico, mas sem soar verborrágico demais. A jornada de Gene para aceitar sua habilidade de ter múltiplas expressões, encontrar seu lugar no mundo, mesmo sob o olhar preocupado de seus pais mais tradicionais, é realmente uma mensagem poderosa para pessoas de todas as idades e que certamente vai te fazer refletir - mais uma vez, como "Divertidamente", é impossível não criar paralelos mentais sobre nossa própria história. Além disso, claro, o elenco de voz é ótimo: T.J. Miller é uma mistura perfeita de vulnerabilidade e humor, enquanto James Corden e Anna Faris acrescentam camadas fascinantes aos seus personagens - do humor "sem noção" ao "mal humor" mais charmoso.

Mesmo que possa parecer redundante, a química entre o elenco, as animações e o contexto estabelecido pelo roteiro, faz com que as emoções dos emojis sejam de fato palpáveis - e eu diria que a trilha sonora vibrante e o desenho de som bem conectados com nossa realidade, só aumentam a diversão dessa jornada. Resumindo, "Emoji - O Filme" não é genial, mas nos leva para uma viagem interessante, divertida e leve através do mundo dos emojis com muita simpatia. Então se você está em busca de uma opção para toda a família, este é o filme que você estava esperando - não será inesquecível, mas também não vai te decepcionar!

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Ao longo do anos, é inegável como algumas animações se destacaram como verdadeiros marcos culturais e visuais, essencialmente se produzidas pelas Disney/Pixar. Seguindo esse raciocínio, é bem possível afirmar que "Divertidamente" vai aparecer em 9 de 10 listas entre as melhores de todos os tempos. Com a premissa de desvendar o que acontece dentro da cabeça de uma pré-adolescente pelo olhar lúdico da "personificação" das emoções, a animação de 2015 conseguiu a proeza de disputar o Oscar de "Melhor Roteiro Original" no ano seguinte - além, obviamente, de levar o prêmio como "Melhor Animação do Ano" (uma barbada). Pois bem, "Emoji - O Filme", dirigido pelo Tony Leondis (de "Kung Fu Panda"), é um filme que basicamente repete os mesmos elementos narrativos, sem tanta genialidade é verdade (mas com ótimas sacadas), em um universo, digamos, mais tecnológico, onde as emoções, nesse caso, não estão personificadas e sim programadas, ou representadas, na forma de "emojis". 

O filme se passa dentro do celular de Alex, um tímido adolescente que está descobrindo o amor. Lá, no coração da cidade de Textópolis, onde os emojis vivem e trabalham para cumprir seu papel de comunicar um sentimento, Gene (T.J. Miller), um emoji com uma nova capacidade de mudar de expressão, luta para encontrar seu lugar no mundo - ou, pelo menos, entre os "favoritos" de Alex. Com a ajuda de Hi-5 (James Corden), um emoji já fora de moda, e Jailbreak (Anna Faris), uma pseudo-hacker brilhante, ele embarca em uma jornada épica para encontrar um jeito que o salvará de ser apagado para sempre depois de colocar Alex em uma situação bastante desconfortável perante seu crush. Confira o trailer:

Eu diria que "Emoji - O Filme" é um bom entretenimento, nem tão profundo, nem tão bobinho, ou seja, ele chega até a surpreender por explorar de maneira inteligente um conceito aparentemente simples e transformá-lo em uma experiência visualmente estimulante e emocionalmente envolvente. A primeira coisa que chama a atenção é a qualidade da animação - muito mérito da Sony Pictures Animation que vem em plena ascendência no desenvolvimento de seus projetos. Cada emoji, muito bem detalhado dentro daquele estilo menos rebuscado dos apps de envio de texto, acabam representando um certo contraste com o universo mais tecnológico dentro do celular de Alex. Como em "Divertidamente", é toda aquele cenário mais lúdico que estabelece a aventura dos personagens, surgindo como um verdadeiro espetáculo de cores, texturas e luzes, que cativam a audiência desde o primeiro momento - especialmente aqueles que reconhecem algumas piadas nerds ao melhor estilo "Silicon Valley" (da HBO).

O roteiro de Tony Leondis, Eric Siegel e Mike White me pareceu muito sagaz, criando uma experiência bastante agradável. O filme não se contenta em ser apenas uma história divertida sobre emojis se aventurando pelo desconhecido, mas também é capaz de mergulhar em temas um pouco mais profundos, como a busca pela identidade e a importância de ser autêntico, mas sem soar verborrágico demais. A jornada de Gene para aceitar sua habilidade de ter múltiplas expressões, encontrar seu lugar no mundo, mesmo sob o olhar preocupado de seus pais mais tradicionais, é realmente uma mensagem poderosa para pessoas de todas as idades e que certamente vai te fazer refletir - mais uma vez, como "Divertidamente", é impossível não criar paralelos mentais sobre nossa própria história. Além disso, claro, o elenco de voz é ótimo: T.J. Miller é uma mistura perfeita de vulnerabilidade e humor, enquanto James Corden e Anna Faris acrescentam camadas fascinantes aos seus personagens - do humor "sem noção" ao "mal humor" mais charmoso.

Mesmo que possa parecer redundante, a química entre o elenco, as animações e o contexto estabelecido pelo roteiro, faz com que as emoções dos emojis sejam de fato palpáveis - e eu diria que a trilha sonora vibrante e o desenho de som bem conectados com nossa realidade, só aumentam a diversão dessa jornada. Resumindo, "Emoji - O Filme" não é genial, mas nos leva para uma viagem interessante, divertida e leve através do mundo dos emojis com muita simpatia. Então se você está em busca de uma opção para toda a família, este é o filme que você estava esperando - não será inesquecível, mas também não vai te decepcionar!

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Finch

"Finch" é para você que procura entretenimento leve, com algum laço emocional e um toque de reflexão sobre as relações humanas, mesmo que, mais uma vez, Tom Hanks esteja praticamente sozinho em cena. Veja, se em "Náufrago" (de 2000), Hanks se relacionou com uma bola de vôlei e provou ser possível sobreviver em uma ilha deserta após um acidente aéreo, em "Finch" o conceito é praticamente o mesmo, mas dessa vez o personagem nos entrega uma espécie de manual de sobrevivência no fim do mundo e seus companheiros de jornada são: um cachorro (muito simpático por sinal) e um robô (muito bem desenhado) que está aprendendo a viver.

Na trama, Hanks interpreta Finch, um engenheiro de robótica e um dos poucos sobreviventes de um evento solar cataclísmico que praticamente dizimou a humanidade. Ao adquirir uma doença terminal, ele decide criar um robô (vivido por Caleb Landry Jones) para que ele possa cuidar do seu cachorro, Goodyear, quando morrer. Ao perceber que uma enorme tempestade se aproxima, os três embarcam em uma peculiar jornada de sobrevivência em meio a uma América completamente destruída, onde Finch precisa ensinar para um robô o real significado de ser um humano e como as relações de confiança podem criar laços tão profundos e sentimentais que nos movem na busca de algo maior, e muitas vezes inexplicável. Confira o trailer (em inglês):

Miguel Sapochnik (o cara por trás da Batalha dos Bastardos em "Game of Thrones"), dirige um filme que tinha tudo para ser "mais do mesmo", mas que não é, pela enorme habilidade de um roteiro aqui assinado por Craig Luck e Ivor Powell, que usa de alegorias para construir uma relação imperfeita entre os personagens - como aliás, é na vida real. Se em "Náufrago" o diretor Robert Zemeckis ("De volta para o Futuro") preferiu buscar na fantasia uma condição realista e dramática, Sapochnik faz justamente o caminho inverso ao respeitar a história como uma fantástica jornada de descobertas sem a necessidade de trazer o peso ou impacto dramático além do universo onde os personagens estão inseridos. Como em "O Mágico de Óz", vamos descobrindo os motivos da transformação do mundo em um caos junto com um dos personagens - nossa Dorothy é o robô Jeff. E aqui cabe um elogio: o ator Caleb Landry Jones que dá voz (e vida) ao robô, juntamente com o time de design de produção e de efeitos especiais, conseguem entregar um personagem com verdade, ingênuo até, mas divertido - basicamente um bebê robô perfeito que precisa aprender a se virar em um mundo imperfeito.

Embora você vá encontrar uma ou outra cena com mais ação (eu destacaria a cena do tornado e do hospital), "Finch" é essencialmente um drama existencial dentro de um road movie - um "Amor e Monstros"mais adulto e menos blockbuster. O fato é que Tom Hanks impulsiona a história com sua enorme capacidade de nos tocar, enquanto um time excepcional cria personagens coadjuvantes encantadores, dando um ar de leveza para a trama, mesmo nos momentos mais sensíveis. Sapochnik que sai das grandes séries e praticamente estreia em um longa-metragem, mostra que sua capacidade de construir narrativas visuais que vão além do "movimento"e da "ação" - existe "alma" e "reflexão" no seu trabalho!

Vale o play!

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"Finch" é para você que procura entretenimento leve, com algum laço emocional e um toque de reflexão sobre as relações humanas, mesmo que, mais uma vez, Tom Hanks esteja praticamente sozinho em cena. Veja, se em "Náufrago" (de 2000), Hanks se relacionou com uma bola de vôlei e provou ser possível sobreviver em uma ilha deserta após um acidente aéreo, em "Finch" o conceito é praticamente o mesmo, mas dessa vez o personagem nos entrega uma espécie de manual de sobrevivência no fim do mundo e seus companheiros de jornada são: um cachorro (muito simpático por sinal) e um robô (muito bem desenhado) que está aprendendo a viver.

Na trama, Hanks interpreta Finch, um engenheiro de robótica e um dos poucos sobreviventes de um evento solar cataclísmico que praticamente dizimou a humanidade. Ao adquirir uma doença terminal, ele decide criar um robô (vivido por Caleb Landry Jones) para que ele possa cuidar do seu cachorro, Goodyear, quando morrer. Ao perceber que uma enorme tempestade se aproxima, os três embarcam em uma peculiar jornada de sobrevivência em meio a uma América completamente destruída, onde Finch precisa ensinar para um robô o real significado de ser um humano e como as relações de confiança podem criar laços tão profundos e sentimentais que nos movem na busca de algo maior, e muitas vezes inexplicável. Confira o trailer (em inglês):

Miguel Sapochnik (o cara por trás da Batalha dos Bastardos em "Game of Thrones"), dirige um filme que tinha tudo para ser "mais do mesmo", mas que não é, pela enorme habilidade de um roteiro aqui assinado por Craig Luck e Ivor Powell, que usa de alegorias para construir uma relação imperfeita entre os personagens - como aliás, é na vida real. Se em "Náufrago" o diretor Robert Zemeckis ("De volta para o Futuro") preferiu buscar na fantasia uma condição realista e dramática, Sapochnik faz justamente o caminho inverso ao respeitar a história como uma fantástica jornada de descobertas sem a necessidade de trazer o peso ou impacto dramático além do universo onde os personagens estão inseridos. Como em "O Mágico de Óz", vamos descobrindo os motivos da transformação do mundo em um caos junto com um dos personagens - nossa Dorothy é o robô Jeff. E aqui cabe um elogio: o ator Caleb Landry Jones que dá voz (e vida) ao robô, juntamente com o time de design de produção e de efeitos especiais, conseguem entregar um personagem com verdade, ingênuo até, mas divertido - basicamente um bebê robô perfeito que precisa aprender a se virar em um mundo imperfeito.

Embora você vá encontrar uma ou outra cena com mais ação (eu destacaria a cena do tornado e do hospital), "Finch" é essencialmente um drama existencial dentro de um road movie - um "Amor e Monstros"mais adulto e menos blockbuster. O fato é que Tom Hanks impulsiona a história com sua enorme capacidade de nos tocar, enquanto um time excepcional cria personagens coadjuvantes encantadores, dando um ar de leveza para a trama, mesmo nos momentos mais sensíveis. Sapochnik que sai das grandes séries e praticamente estreia em um longa-metragem, mostra que sua capacidade de construir narrativas visuais que vão além do "movimento"e da "ação" - existe "alma" e "reflexão" no seu trabalho!

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Ghostbusters - Mais Além

O que mais chama atenção em "Ghostbusters - Mais Além", sem a menor dúvida, é o elemento nostálgico - principalmente se você estiver na casa dos 45 anos e lembrar do que representou o filme original para a cultura pop da época. Já para os mais novos, a comparação com "Stranger Things" será natural e isso, de fato, pode prejudicar sua percepção sobre a proposta do filme. Claro que existem similaridades, mas o tom é completamente outro e basta assistir ao "Ghostbusters" de 1984 para entender que a estrutura narrativa do novo filme é muito semelhante, menos densa que a série da Netflix, mas também muito divertida - alinhar as expectativas é a principal premissa para que sua experiência seja divertida aqui!

Depois de se mudar com seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace), para uma pequena cidade, Callie (Carrie Coon) acaba descobrindo sobre os escombros de seu passado uma conexão inesperada com os Caça-Fantasmas por meio da herança deixada para trás por seu pai. Confira o trailer:

Mesmo não sendo uma continuação direta (simplesmente ignorando os filmes de 1989 e o reboot de 2016), eu sugiro que antes do play, você assista o "Ghostbusters" original, pois, muito mais do que uma revitalização da franquia (que nunca decolou, convenhamos),  "Ghostbusters - Afterlife" (no original) é uma grande homenagem, cheio de elementos emocionais e referências narrativas que impactam diretamente na nossa jornada como audiência - e aqui cabe um comentário que pode gerar certa polêmica: eu não tenho certeza se esse filme funciona tão bem isoladamente, quanto dentro de um contexto histórico e , principalmente, afetivo.

Mas "afetivo"? Sim e cito dois pontos cruciais que justificam essa tese. O primeiro é o fato de Jason Reitman (do imperdível "Tully") ser filho do diretor Ivan Reitman, responsável pelos dois primeiros filmes - é incrível como Jason moderniza seu conceito cinematográfico, construindo belíssimas cenas com a ajuda do fotógrafo Eric Steelberg (também de "Tully"), entregando um filme visualmente impecável, sem perder aquele estilo narrativo que fez muito sucesso nos anos 80 com os clássicos "Goonies", "Gremlins" e até "E.T.". A sensação de estarmos assistindo um filme "datado", que exige uma boa dose de suspensão da realidade (mesmo sendo fantasia), nos acompanha durante toda a história - e é proposital, então se acostume. Já o segundo fato diz respeito ao subtítulo em inglês (claro). "Afterlife" nos remete a algo como "o que acontece depois que morremos" - é quando a arte imita a vida,  já que Harold Ramis (o Caça Fantasma original Egan Spangler) nos deixou em 2014. E é a partir da sua "morte" em "Ghostbusters - Mais Além" que essa jornada começa (eu diria, inclusive, que as cenas finais são emocionantes justamente por essa conexão entre presente e passado, entre ficção e realidade)!

"Ghostbusters - Mais Além" está recheado de easter-eggs que passam pelos diálogos (muitos deles com um certo tom de humor - como quando o xerife pergunta para quem Phoebe gostaria de ligar?), pelos cenários, até chegar nos objetos de cena onde encontramos com as mochilas de prótons, com várias Ghost Trap e, claro, com o inesquecível Ectomóvel, o Ecto-1 - sem falar nas participações mais que especiais de vários personagens do filme original! Dito isso, é impossível não se conectar emocionalmente com a história, mesmo não sendo um primor de roteiro; por outro lado é de se elogiar que o elenco formado por Finn Wolfhard, McKenna Grace, Celeste O 'Connor e o estreante (e impagável) Logan Kim, tenha deixado muito claro sua capacidade de perpetuar uma franquia que precisava se revitalizar e que agora sabe exatamente qual o melhor caminho à seguir.

Vale a pena pelo entretenimento e pela nostalgia!

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O que mais chama atenção em "Ghostbusters - Mais Além", sem a menor dúvida, é o elemento nostálgico - principalmente se você estiver na casa dos 45 anos e lembrar do que representou o filme original para a cultura pop da época. Já para os mais novos, a comparação com "Stranger Things" será natural e isso, de fato, pode prejudicar sua percepção sobre a proposta do filme. Claro que existem similaridades, mas o tom é completamente outro e basta assistir ao "Ghostbusters" de 1984 para entender que a estrutura narrativa do novo filme é muito semelhante, menos densa que a série da Netflix, mas também muito divertida - alinhar as expectativas é a principal premissa para que sua experiência seja divertida aqui!

Depois de se mudar com seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace), para uma pequena cidade, Callie (Carrie Coon) acaba descobrindo sobre os escombros de seu passado uma conexão inesperada com os Caça-Fantasmas por meio da herança deixada para trás por seu pai. Confira o trailer:

Mesmo não sendo uma continuação direta (simplesmente ignorando os filmes de 1989 e o reboot de 2016), eu sugiro que antes do play, você assista o "Ghostbusters" original, pois, muito mais do que uma revitalização da franquia (que nunca decolou, convenhamos),  "Ghostbusters - Afterlife" (no original) é uma grande homenagem, cheio de elementos emocionais e referências narrativas que impactam diretamente na nossa jornada como audiência - e aqui cabe um comentário que pode gerar certa polêmica: eu não tenho certeza se esse filme funciona tão bem isoladamente, quanto dentro de um contexto histórico e , principalmente, afetivo.

Mas "afetivo"? Sim e cito dois pontos cruciais que justificam essa tese. O primeiro é o fato de Jason Reitman (do imperdível "Tully") ser filho do diretor Ivan Reitman, responsável pelos dois primeiros filmes - é incrível como Jason moderniza seu conceito cinematográfico, construindo belíssimas cenas com a ajuda do fotógrafo Eric Steelberg (também de "Tully"), entregando um filme visualmente impecável, sem perder aquele estilo narrativo que fez muito sucesso nos anos 80 com os clássicos "Goonies", "Gremlins" e até "E.T.". A sensação de estarmos assistindo um filme "datado", que exige uma boa dose de suspensão da realidade (mesmo sendo fantasia), nos acompanha durante toda a história - e é proposital, então se acostume. Já o segundo fato diz respeito ao subtítulo em inglês (claro). "Afterlife" nos remete a algo como "o que acontece depois que morremos" - é quando a arte imita a vida,  já que Harold Ramis (o Caça Fantasma original Egan Spangler) nos deixou em 2014. E é a partir da sua "morte" em "Ghostbusters - Mais Além" que essa jornada começa (eu diria, inclusive, que as cenas finais são emocionantes justamente por essa conexão entre presente e passado, entre ficção e realidade)!

"Ghostbusters - Mais Além" está recheado de easter-eggs que passam pelos diálogos (muitos deles com um certo tom de humor - como quando o xerife pergunta para quem Phoebe gostaria de ligar?), pelos cenários, até chegar nos objetos de cena onde encontramos com as mochilas de prótons, com várias Ghost Trap e, claro, com o inesquecível Ectomóvel, o Ecto-1 - sem falar nas participações mais que especiais de vários personagens do filme original! Dito isso, é impossível não se conectar emocionalmente com a história, mesmo não sendo um primor de roteiro; por outro lado é de se elogiar que o elenco formado por Finn Wolfhard, McKenna Grace, Celeste O 'Connor e o estreante (e impagável) Logan Kim, tenha deixado muito claro sua capacidade de perpetuar uma franquia que precisava se revitalizar e que agora sabe exatamente qual o melhor caminho à seguir.

Vale a pena pelo entretenimento e pela nostalgia!

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Lightyear

"Lightyear" é um ótimo entretenimento, divertido, dinâmico e tecnicamente impressionante, mas... parece não ter a "alma" da Pixar - pelo menos aquela que nos faz ficar sentados alguns segundos, refletindo ou retomando o ar,  assim que os créditos começam a subir. Por outro lado, talvez seja o filme com mais cenas de ação que o Estúdio já produziu - e olha que estamos falando do mesmo universo de Toy Story.

"Lightyear" é uma aventura de ação com toques de ficção científica que apresenta a história de origem de Buzz Lightyear - o herói "real" que inspirou o brinquedo que ganhou fama em Toy Story (1995). O filme segue o lendário Patrulheiro Espacial em uma missão de reconhecimento em um planeta hostil e que, por uma avaliação errada, deixa ele e sua equipe presos e completamente abandonados a 4,2 milhões de anos-luz da Terra. Enquanto Buzz tenta encontrar uma forma de se redimir e voltar para casa através do espaço e do tempo, ele percebe que a cada tentativa que duram horas para ele, representam anos para quem fica no planeta. Para complicar ainda mais a situação, conhecemos Zurg, uma presença alienígena imponente com um exército de robôs implacáveis. Confira o trailer:

“Em 1995, Andy ganhou um brinquedo. O brinquedo era de seu filme favorito. Esse era o filme” - é assim que "Lightyear" nos é apresentado e imediatamente já entendemos exatamente onde o filme quer nos levar (ou pelo menos quais os laços emocionais ele quer estabelecer). Pela primeira vez, a franquia nos coloca na posição do personagemAndy para entender o que ele viveu e não, como de costume, nos provocar na criação de paralelos com nossa própria infância - não que isso não aconteça, mas a dinâmica frenética do filme não nos permite esse exercício (é nesse sentido que comento sobre a "alma" da Pixar). No roteiro não existe tempo para alívios emocionais, é conflito a todo momento. Porém, é inegável que ao terminar o filme, entendemos perfeitamente porquê Andy deixou de lado seu Woody para brincar com seu novo brinquedo, o patrulheiro espacial Buzz Lightyear.

O que eu quero dizer é que, como construção de um universo particular e mesmo depois da conclusão gloriosa de "Toy Story 4""Lightyear" funciona muito bem como aquela peça que faltava em um enorme quebra-cabeça, porém a grande pergunta que fica é: precisávamos mesmo dessa peça? Muitos vão dizer que não, outros vão afirmar que esse prequel é essencial, mas aquela unanimidade que estamos acostumados a encontrar em cada lançamento de uma animação da Pixar, de fato, não vai existir.

Do ponto de vista técnico, o filme é excepcionalmente bem feito: as texturas são impressionantes e o uso marcante das sombras desperta sensações profundas como se estivéssemos assistindo um live-action. Em muitos momentos você vai colocar em dúvida que se trata de um animação mesmo - apenas para exemplificar, mesmo que pouco relevante para a história, reparem no take onde vemos as engrenagens da nave de "Lightyear" se liberarem para o lançamento. É impressionante a qualidade da animação!

A conclusão é a seguinte: se você estiver procurando por um filme que evoca a imaginação e a memória mais emotiva da mesma forma que Toy Story fez em quatro filmes, você ficará desapontado - "Lightyear" não é e nem se propõe a ser um filme inesquecível. Sua escolha narrativa é quase uma homenagem aos clássicos de ficção científica, com uma dinâmica muito envolvente e com o foco simplesmente na ação e no entretenimento.

Vale muito pela diversão! 

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"Lightyear" é um ótimo entretenimento, divertido, dinâmico e tecnicamente impressionante, mas... parece não ter a "alma" da Pixar - pelo menos aquela que nos faz ficar sentados alguns segundos, refletindo ou retomando o ar,  assim que os créditos começam a subir. Por outro lado, talvez seja o filme com mais cenas de ação que o Estúdio já produziu - e olha que estamos falando do mesmo universo de Toy Story.

"Lightyear" é uma aventura de ação com toques de ficção científica que apresenta a história de origem de Buzz Lightyear - o herói "real" que inspirou o brinquedo que ganhou fama em Toy Story (1995). O filme segue o lendário Patrulheiro Espacial em uma missão de reconhecimento em um planeta hostil e que, por uma avaliação errada, deixa ele e sua equipe presos e completamente abandonados a 4,2 milhões de anos-luz da Terra. Enquanto Buzz tenta encontrar uma forma de se redimir e voltar para casa através do espaço e do tempo, ele percebe que a cada tentativa que duram horas para ele, representam anos para quem fica no planeta. Para complicar ainda mais a situação, conhecemos Zurg, uma presença alienígena imponente com um exército de robôs implacáveis. Confira o trailer:

“Em 1995, Andy ganhou um brinquedo. O brinquedo era de seu filme favorito. Esse era o filme” - é assim que "Lightyear" nos é apresentado e imediatamente já entendemos exatamente onde o filme quer nos levar (ou pelo menos quais os laços emocionais ele quer estabelecer). Pela primeira vez, a franquia nos coloca na posição do personagemAndy para entender o que ele viveu e não, como de costume, nos provocar na criação de paralelos com nossa própria infância - não que isso não aconteça, mas a dinâmica frenética do filme não nos permite esse exercício (é nesse sentido que comento sobre a "alma" da Pixar). No roteiro não existe tempo para alívios emocionais, é conflito a todo momento. Porém, é inegável que ao terminar o filme, entendemos perfeitamente porquê Andy deixou de lado seu Woody para brincar com seu novo brinquedo, o patrulheiro espacial Buzz Lightyear.

O que eu quero dizer é que, como construção de um universo particular e mesmo depois da conclusão gloriosa de "Toy Story 4""Lightyear" funciona muito bem como aquela peça que faltava em um enorme quebra-cabeça, porém a grande pergunta que fica é: precisávamos mesmo dessa peça? Muitos vão dizer que não, outros vão afirmar que esse prequel é essencial, mas aquela unanimidade que estamos acostumados a encontrar em cada lançamento de uma animação da Pixar, de fato, não vai existir.

Do ponto de vista técnico, o filme é excepcionalmente bem feito: as texturas são impressionantes e o uso marcante das sombras desperta sensações profundas como se estivéssemos assistindo um live-action. Em muitos momentos você vai colocar em dúvida que se trata de um animação mesmo - apenas para exemplificar, mesmo que pouco relevante para a história, reparem no take onde vemos as engrenagens da nave de "Lightyear" se liberarem para o lançamento. É impressionante a qualidade da animação!

A conclusão é a seguinte: se você estiver procurando por um filme que evoca a imaginação e a memória mais emotiva da mesma forma que Toy Story fez em quatro filmes, você ficará desapontado - "Lightyear" não é e nem se propõe a ser um filme inesquecível. Sua escolha narrativa é quase uma homenagem aos clássicos de ficção científica, com uma dinâmica muito envolvente e com o foco simplesmente na ação e no entretenimento.

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Luca

"Luca" é um graça! A animação da Pixar traz a essência de "Coco"com aquele toque narrativo de "A Pequena Sereia" - e talvez, só por essa definição já dá para se ter uma idéia de quão graciosa é a jornada do pequeno Luca e de seu amigo Alberto em um mundo cheio de descobertas e, principalmente, imaginação!

Veja, Luca (Jacob Tremblay) é um monstro-marinho que vive nos oceanos as responsabilidades colocadas por sua família: pastorear os peixes. Com uma rotina repetitiva, Luca começa a ter curiosidade pela vida da superfície, principalmente ao recolher alguns objetos humanos que caíram no mar. Sem o apoio da zelosa família, Luca anseia pela primeira transformação em humano e ao conhecer Alberto (Jack Dylan Grazer), menino com as mesmas habilidades de Luca, o caminho para a aventura finalmente parece possível. Em uma charmosa vila italiana, Giulia (Emma Berman) entra para o grupo, ensinando os garotos a experimentar novos sentimentos, como colaboração, senso de justiça e até ciúme. É Giulia que também lhes apresenta o "Triatlo de Portorosso", competição que consiste em nadar, comer massa e pedalar, onde o prêmio final possibilitaria Luca e Alberto de realizarem um grande sonho: comprar uma vespa e assim ter a liberdade para conhecer o mundo! Confira o trailer:

É impressionante como toda a construção da história se apoia em arquétipos que, certamente, fizeram parte da vida dos mais velhos - e que farão parte de uma fase muito importante da vida dos mais novos. O filme mostra com muita a sensibilidade a nostalgia da infância, com suas descobertas, emoções e surpresas de uma temporada de verão - nesse caso, inclusive, brilhantemente apropriada das mais belas paisagens do sul da Itália, com suas cores e sabores. Com o perfeito equilíbrio entre a inovação técnica e a tradição narrativa, a Pixar se aproxima da Disney como poucas vezes, entregando uma trama infinitamente mais simples do que "Soul" ou até de "Divertidamente" - e nem por isso menos genial. De fato, me parece que as crianças foram as maiores homenageadas.  

"Luca" é para assistir sorrindo! É uma linda e emocionante história de amizade, com muita aventura e que se torna algo maior por mostrar importância de aceitar a diferença, de permitir se relacionar com o novo e de sonhar. A história tem uma forte identidade infantil, mas com os aprendizados que os adultos podem (e devem) nos dar. Eu diria até que "Luca" é um ensaio sobre a construção de caráter e um exemplo de narrativa autobiográfica que o diretor Enrico Casarosa nos presenteou com muita magia!

"Luca" chegou quietinho, mas vai se tornar inesquecível - pode ter certeza! Lindo para se aplaudir de pé!

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"Luca" é um graça! A animação da Pixar traz a essência de "Coco"com aquele toque narrativo de "A Pequena Sereia" - e talvez, só por essa definição já dá para se ter uma idéia de quão graciosa é a jornada do pequeno Luca e de seu amigo Alberto em um mundo cheio de descobertas e, principalmente, imaginação!

Veja, Luca (Jacob Tremblay) é um monstro-marinho que vive nos oceanos as responsabilidades colocadas por sua família: pastorear os peixes. Com uma rotina repetitiva, Luca começa a ter curiosidade pela vida da superfície, principalmente ao recolher alguns objetos humanos que caíram no mar. Sem o apoio da zelosa família, Luca anseia pela primeira transformação em humano e ao conhecer Alberto (Jack Dylan Grazer), menino com as mesmas habilidades de Luca, o caminho para a aventura finalmente parece possível. Em uma charmosa vila italiana, Giulia (Emma Berman) entra para o grupo, ensinando os garotos a experimentar novos sentimentos, como colaboração, senso de justiça e até ciúme. É Giulia que também lhes apresenta o "Triatlo de Portorosso", competição que consiste em nadar, comer massa e pedalar, onde o prêmio final possibilitaria Luca e Alberto de realizarem um grande sonho: comprar uma vespa e assim ter a liberdade para conhecer o mundo! Confira o trailer:

É impressionante como toda a construção da história se apoia em arquétipos que, certamente, fizeram parte da vida dos mais velhos - e que farão parte de uma fase muito importante da vida dos mais novos. O filme mostra com muita a sensibilidade a nostalgia da infância, com suas descobertas, emoções e surpresas de uma temporada de verão - nesse caso, inclusive, brilhantemente apropriada das mais belas paisagens do sul da Itália, com suas cores e sabores. Com o perfeito equilíbrio entre a inovação técnica e a tradição narrativa, a Pixar se aproxima da Disney como poucas vezes, entregando uma trama infinitamente mais simples do que "Soul" ou até de "Divertidamente" - e nem por isso menos genial. De fato, me parece que as crianças foram as maiores homenageadas.  

"Luca" é para assistir sorrindo! É uma linda e emocionante história de amizade, com muita aventura e que se torna algo maior por mostrar importância de aceitar a diferença, de permitir se relacionar com o novo e de sonhar. A história tem uma forte identidade infantil, mas com os aprendizados que os adultos podem (e devem) nos dar. Eu diria até que "Luca" é um ensaio sobre a construção de caráter e um exemplo de narrativa autobiográfica que o diretor Enrico Casarosa nos presenteou com muita magia!

"Luca" chegou quietinho, mas vai se tornar inesquecível - pode ter certeza! Lindo para se aplaudir de pé!

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Luck

Prepare-se, você vai assistir "Luck" com um sorriso no rosto, mesmo quando a emoção tomar conta do seu coração! Bem na linha de "Divertida Mente", enorme sucesso de 2015 da Pixar, essa produção do Estúdio Skydance Animation tem o carisma necessário para discutir conceitos complexos e subjetivos através da simbologia e da criatividade. A linha tênue entre a "sorte" e o "azar" (e como esses dois elementos são tão importantes na nossa vida) é uma espécie de fio condutor para uma narrativa muito agradável e bem desenvolvida, que traz de volta John Lasseter ao mundo das animações que ele mesmo ajudou a colocar em outro patamar!

Sam Greenfield (Eva Noblezada) é a pessoa mais azarada do mundo, até que um belo dia ela encontra a desconhecida "Terra da Sorte" graças ao vacilo do rabugento gato preto, Bob (Simon Pegg). Como humanos não são permitidos nesse mundo fantástico, sua única chance é juntar-se às criaturas mágicas que lá vivem para tentar entender como a dinâmica de duas instituições milenares, a Sorte e o Azar, podem influenciar no nosso cotidiano. Confira o trailer:

É inegável que "Luck" possui inúmeras intenções louváveis dentro do seu texto, porém é preciso dizer que, embora parta de uma ideia original, o roteiro soa como uma readaptação clara de "Divertida Mente" -  na produção da Pixar se discutia a complexidade e os efeitos da emoção no nosso desenvolvimento como ser humano a partir da semiótica, aqui o que temos é o mesmo conceito, porém com o foco na "sorte" e no "azar". As semelhanças, na minha opinião, mais ajudam do que atrapalha, já que nossa memória emotiva faz com que o envolvimento com a personagem e seus complexos sejam imediatos - o que nos permite mergulhar naquele mundo sem muita preocupação com o que vamos encontrar, afinal, já sabemos que, com Lasseter no comando, criatividade não faltaria. De fato as "sacadas" que simbolizam esse universo fantástico são excelentes.

Escrito por Kiel Murray (de "Raya e o Último Dragão") e dirigido por Peggy Holmes em seu primeiro grande projeto, os "ex-Disney" não decepcionam. "Luck" é tecnicamente muito bem executado e tem personagens bastante carismáticos - Sam, Bob e Gerry (Colin O'Donoghue) cumprem bem esse papel. Talvez o único elemento que ainda precise um pouco mais de cuidado e de trabalho de seus realizadores seja justamente o elo de conexão entre o mágico e o real - aqui temos muitos conceitos jogados no lindo cenário, mas com pouco impacto com o contexto dos personagens. Diferente de "Divertida Mente", algumas boas idéias ficam perdidas, são apenas citadas rapidamente e certamente teriam força para serem melhores aproveitadas - o mundo do "Azar", que vira nossa vida de ponta cabeça, é um desses exemplos.

"Luck" é um filme sem grandes pretensões, quase um teste de fogo da Skydance Animation que mostra muito mais potencial do que grandiosidade nesse debute. Lançado estrategicamente para o streaming, o filme é adorável, bem realizado e nos traz ótimas sensações durante toda a trama. É o tipo da animação que agrada os adultos e as crianças por razões diferentes, mas igualmente importantes e diria até, essenciais para um entretenimento de qualidade em família.

Vale muito o seu play! 

Assista Agora

Prepare-se, você vai assistir "Luck" com um sorriso no rosto, mesmo quando a emoção tomar conta do seu coração! Bem na linha de "Divertida Mente", enorme sucesso de 2015 da Pixar, essa produção do Estúdio Skydance Animation tem o carisma necessário para discutir conceitos complexos e subjetivos através da simbologia e da criatividade. A linha tênue entre a "sorte" e o "azar" (e como esses dois elementos são tão importantes na nossa vida) é uma espécie de fio condutor para uma narrativa muito agradável e bem desenvolvida, que traz de volta John Lasseter ao mundo das animações que ele mesmo ajudou a colocar em outro patamar!

Sam Greenfield (Eva Noblezada) é a pessoa mais azarada do mundo, até que um belo dia ela encontra a desconhecida "Terra da Sorte" graças ao vacilo do rabugento gato preto, Bob (Simon Pegg). Como humanos não são permitidos nesse mundo fantástico, sua única chance é juntar-se às criaturas mágicas que lá vivem para tentar entender como a dinâmica de duas instituições milenares, a Sorte e o Azar, podem influenciar no nosso cotidiano. Confira o trailer:

É inegável que "Luck" possui inúmeras intenções louváveis dentro do seu texto, porém é preciso dizer que, embora parta de uma ideia original, o roteiro soa como uma readaptação clara de "Divertida Mente" -  na produção da Pixar se discutia a complexidade e os efeitos da emoção no nosso desenvolvimento como ser humano a partir da semiótica, aqui o que temos é o mesmo conceito, porém com o foco na "sorte" e no "azar". As semelhanças, na minha opinião, mais ajudam do que atrapalha, já que nossa memória emotiva faz com que o envolvimento com a personagem e seus complexos sejam imediatos - o que nos permite mergulhar naquele mundo sem muita preocupação com o que vamos encontrar, afinal, já sabemos que, com Lasseter no comando, criatividade não faltaria. De fato as "sacadas" que simbolizam esse universo fantástico são excelentes.

Escrito por Kiel Murray (de "Raya e o Último Dragão") e dirigido por Peggy Holmes em seu primeiro grande projeto, os "ex-Disney" não decepcionam. "Luck" é tecnicamente muito bem executado e tem personagens bastante carismáticos - Sam, Bob e Gerry (Colin O'Donoghue) cumprem bem esse papel. Talvez o único elemento que ainda precise um pouco mais de cuidado e de trabalho de seus realizadores seja justamente o elo de conexão entre o mágico e o real - aqui temos muitos conceitos jogados no lindo cenário, mas com pouco impacto com o contexto dos personagens. Diferente de "Divertida Mente", algumas boas idéias ficam perdidas, são apenas citadas rapidamente e certamente teriam força para serem melhores aproveitadas - o mundo do "Azar", que vira nossa vida de ponta cabeça, é um desses exemplos.

"Luck" é um filme sem grandes pretensões, quase um teste de fogo da Skydance Animation que mostra muito mais potencial do que grandiosidade nesse debute. Lançado estrategicamente para o streaming, o filme é adorável, bem realizado e nos traz ótimas sensações durante toda a trama. É o tipo da animação que agrada os adultos e as crianças por razões diferentes, mas igualmente importantes e diria até, essenciais para um entretenimento de qualidade em família.

Vale muito o seu play! 

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O Homem do Norte

"O Homem do Norte" é impressionante visualmente, embora sua narrativa seja um pouco apressada - principalmente no prólogo. E aí, meu amigo, a culpa é do formato de longa-metragem que não permite um cuidado maior na hora de construir uma história repleta de simbolismos que impactam diretamente em inúmeras camadas da personalidade de cada personagem. Em “The Northman” (no original) é possível encontrar todo o talento e a identidade de Robert Eggers, cineasta responsável pelo “A Bruxa” e pelo surreal "O Farol", em uma atmosfera que equilibra perfeitamente fortes elementos teatrais shakespeareanos, ao melhor estilo “A Tragédia de Hamlet”, com épicos de ação, guerra e traição, daqueles grandiosos, como "300" e até "Game of Thrones".

O filme acompanha a história do Príncipe Amleth (Alexander Skarsgard), cuja missão de vida, assim profetizada, é vingar a morte do seu pai, o Rei Aurvandil (Ethan Hawke), que foi covardemente assassinado pelas mãos de seu tio bastardo, Fjölnir (Claes Bang), e assim salvar a sua mãe, a Rainha Gudrún (Nicole Kidman). Vamos ao trailer:

Esse é o primeiro grande filme (em orçamento) de Eggers, um diretor que ganhou notoriedade pela forma como transitou no cinema independente com projetos de gênero (no caso dramas, com fortes referências de terror e suspense psicológico) que fizeram muito sucesso entre os críticos e o público. Aqui, o diretor busca nos contos nórdicos da mitologia viking, um história sangrenta sobre vingança. Aliás, vale dizer que foi Shakespeare quem revisitou a história do Príncipe Amleth e a adaptou aos moldes da sociedade inglesa e não o contrário. Veja, Eggers não reproduz com fidelidade o conto escrito pelo historiador dinamarquês Saxo Grammaticus, que viveu entre os séculos XII e XIII., já que seu Amleth foi, propositalmente, apenas um recorte de uma saga fantástica muito maior, a "Gesta Danorum" - conhecida como a mais importante história medieval da Dinamarca.

Cinematograficamente falando, "O Homem do Norte" chama atenção por alguns elementos que não me surpreenderei se forem lembrados no próximo Oscar. O primeiro, sem dúvida, é a belíssima fotografia do seu parceiro de longa data, Jarin Blaschke - é incrível como Blaschke vai pontuando cada um dos capítulos do filme com cores e enquadramentos que são facilmente percebidos pelo tom dramático da evolução da história. Além de criativo, os planos são perfeitos tecnicamente. O outro ponto que merece nosso aplauso é a trilha sonora - fantástica! Os estreantes Robin Carolan e Sebastian Gainsborough dão um show! E para finalizar, o desenho de produção e o departamento de arte, puxa, impecáveis - reparem como os rituais (que vimos muito na série "Vikings") se integram perfeitamente no cotidiano e nos costumes daquele povo, com o roteiro que respeita a simbologia mitológica da história. A cena em que Björk revela ao Príncipe Amleth sua profecia, talvez seja o maior exemplo disso!

Com elenco afinado e muito bem inseridos na proposta conceitual do diretor, “O Homem do Norte” é um impressionante e verdadeiro espectáculo visual, rico em toda sua essência como obra cinematográfica e honesto com o estilo já estabelecido de Robert Eggers - talvez a única concessão do diretor tenha sido no idioma do filme, que para Eggers faria mais sentido se fosse falado só em nórdico antigo. Em todo caso, você pode esperar uma jornada sangrenta, brutal e empolgante; eu diria que é uma verdadeira viagem no tempo de um trabalho orientado pelos detalhes e pela precisão técnica e artística, mas sem esquecer daquele tempero independente de uma narrativa autoral.

Vale muito a pena!

Assista Agora

"O Homem do Norte" é impressionante visualmente, embora sua narrativa seja um pouco apressada - principalmente no prólogo. E aí, meu amigo, a culpa é do formato de longa-metragem que não permite um cuidado maior na hora de construir uma história repleta de simbolismos que impactam diretamente em inúmeras camadas da personalidade de cada personagem. Em “The Northman” (no original) é possível encontrar todo o talento e a identidade de Robert Eggers, cineasta responsável pelo “A Bruxa” e pelo surreal "O Farol", em uma atmosfera que equilibra perfeitamente fortes elementos teatrais shakespeareanos, ao melhor estilo “A Tragédia de Hamlet”, com épicos de ação, guerra e traição, daqueles grandiosos, como "300" e até "Game of Thrones".

O filme acompanha a história do Príncipe Amleth (Alexander Skarsgard), cuja missão de vida, assim profetizada, é vingar a morte do seu pai, o Rei Aurvandil (Ethan Hawke), que foi covardemente assassinado pelas mãos de seu tio bastardo, Fjölnir (Claes Bang), e assim salvar a sua mãe, a Rainha Gudrún (Nicole Kidman). Vamos ao trailer:

Esse é o primeiro grande filme (em orçamento) de Eggers, um diretor que ganhou notoriedade pela forma como transitou no cinema independente com projetos de gênero (no caso dramas, com fortes referências de terror e suspense psicológico) que fizeram muito sucesso entre os críticos e o público. Aqui, o diretor busca nos contos nórdicos da mitologia viking, um história sangrenta sobre vingança. Aliás, vale dizer que foi Shakespeare quem revisitou a história do Príncipe Amleth e a adaptou aos moldes da sociedade inglesa e não o contrário. Veja, Eggers não reproduz com fidelidade o conto escrito pelo historiador dinamarquês Saxo Grammaticus, que viveu entre os séculos XII e XIII., já que seu Amleth foi, propositalmente, apenas um recorte de uma saga fantástica muito maior, a "Gesta Danorum" - conhecida como a mais importante história medieval da Dinamarca.

Cinematograficamente falando, "O Homem do Norte" chama atenção por alguns elementos que não me surpreenderei se forem lembrados no próximo Oscar. O primeiro, sem dúvida, é a belíssima fotografia do seu parceiro de longa data, Jarin Blaschke - é incrível como Blaschke vai pontuando cada um dos capítulos do filme com cores e enquadramentos que são facilmente percebidos pelo tom dramático da evolução da história. Além de criativo, os planos são perfeitos tecnicamente. O outro ponto que merece nosso aplauso é a trilha sonora - fantástica! Os estreantes Robin Carolan e Sebastian Gainsborough dão um show! E para finalizar, o desenho de produção e o departamento de arte, puxa, impecáveis - reparem como os rituais (que vimos muito na série "Vikings") se integram perfeitamente no cotidiano e nos costumes daquele povo, com o roteiro que respeita a simbologia mitológica da história. A cena em que Björk revela ao Príncipe Amleth sua profecia, talvez seja o maior exemplo disso!

Com elenco afinado e muito bem inseridos na proposta conceitual do diretor, “O Homem do Norte” é um impressionante e verdadeiro espectáculo visual, rico em toda sua essência como obra cinematográfica e honesto com o estilo já estabelecido de Robert Eggers - talvez a única concessão do diretor tenha sido no idioma do filme, que para Eggers faria mais sentido se fosse falado só em nórdico antigo. Em todo caso, você pode esperar uma jornada sangrenta, brutal e empolgante; eu diria que é uma verdadeira viagem no tempo de um trabalho orientado pelos detalhes e pela precisão técnica e artística, mas sem esquecer daquele tempero independente de uma narrativa autoral.

Vale muito a pena!

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O Rei Leão

É inegável a qualidade da história, agora em "live action", de "O Rei Leão", mas o filme é muito mais que isso - a releitura da animação de 1994 tem o que de melhor podemos encontrar em CG atualmente. Falo isso com a maior tranquilidade: se você assistiu "Dumbo" e se impressionou com a qualidade da textura da pele do elefantinho e com a aplicação dos outros animais em um cenário selvagem na última cena do filme, já te aviso: aquilo não passou de uma versão "beta" do que você vai assistir em "O Rei Leão".

Tudo está fantástico visualmente: a água, o fogo, os pêlos, a luz, a composição é extremamente orgânica... porém é preciso admitir (por mais que possa nos doer): a experiência de assistir novamente uma história que foi tão marcante em um momento das nossas vidas, não é tão sensacional como imaginaria que pudesse ser (ou como foi em 1994) - mas vou explicar melhor para não parecer que não gostei do filme. O filme é muito bom, merece ser visto, é divertido da mesma forma, só que se você assistiu a animação, provavelmente não vai se emocionar pela história.... vai se emocionar pela nostalgia! Confira o trailer:

A história é exatamente a mesma: vemos a jornada do jovem Simba que, após o assassinato de seu pai, o rei Mufasa, precisa fugir já que seu tio Star o culpa pela morte. Com a ajuda dos seus dois novos amigos, Timon e Pumbba, Simba cresce e descobre um outro propósito de vida, mas que é interrompido no encontro com sua melhor amiga de infância Nala. Sabendo por ela que seu tio está destruindo o Reino, Simba resolve retornar para reivindicar sua posição de herdeiro do rei e trazer novamente paz para o Reino. Embora essa nova versão tenha 30 minutos a mais que a animação original,  90% das cenas são iguais. O fato é que na nova versão ganhamos com a tecnologia, com planos muito bem filmados, movimentos de câmera muito inventivos e composições quase perfeitas. Ganhamos com o visual, com a perfeição dos animais, com o lindo cenário que parece ter sido tirado de um documentário da National Geographic.

O filme é lindo e espero que a nova geração se relacione com a história da mesma forma com que fizemos em 94. Para nós, maiores de 30 anos, o novo "Rei Leão" é um convite à nostalgia, à memória emotiva, ao saudosismo... Para os mais novos, a oportunidade de experienciar uma bela narrativa, com animais incrivelmente "reais" e lindas mensagens que podem trazer algum sentimento e aprendizado. A verdade é que são outros tempos e seria até injusto querer comparar as duas obras. Para mim, foi divertido, mas faltou aquele "algo mais"; para quem está assistindo pela primeira vez, provavelmente, terá mais valor!

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É inegável a qualidade da história, agora em "live action", de "O Rei Leão", mas o filme é muito mais que isso - a releitura da animação de 1994 tem o que de melhor podemos encontrar em CG atualmente. Falo isso com a maior tranquilidade: se você assistiu "Dumbo" e se impressionou com a qualidade da textura da pele do elefantinho e com a aplicação dos outros animais em um cenário selvagem na última cena do filme, já te aviso: aquilo não passou de uma versão "beta" do que você vai assistir em "O Rei Leão".

Tudo está fantástico visualmente: a água, o fogo, os pêlos, a luz, a composição é extremamente orgânica... porém é preciso admitir (por mais que possa nos doer): a experiência de assistir novamente uma história que foi tão marcante em um momento das nossas vidas, não é tão sensacional como imaginaria que pudesse ser (ou como foi em 1994) - mas vou explicar melhor para não parecer que não gostei do filme. O filme é muito bom, merece ser visto, é divertido da mesma forma, só que se você assistiu a animação, provavelmente não vai se emocionar pela história.... vai se emocionar pela nostalgia! Confira o trailer:

A história é exatamente a mesma: vemos a jornada do jovem Simba que, após o assassinato de seu pai, o rei Mufasa, precisa fugir já que seu tio Star o culpa pela morte. Com a ajuda dos seus dois novos amigos, Timon e Pumbba, Simba cresce e descobre um outro propósito de vida, mas que é interrompido no encontro com sua melhor amiga de infância Nala. Sabendo por ela que seu tio está destruindo o Reino, Simba resolve retornar para reivindicar sua posição de herdeiro do rei e trazer novamente paz para o Reino. Embora essa nova versão tenha 30 minutos a mais que a animação original,  90% das cenas são iguais. O fato é que na nova versão ganhamos com a tecnologia, com planos muito bem filmados, movimentos de câmera muito inventivos e composições quase perfeitas. Ganhamos com o visual, com a perfeição dos animais, com o lindo cenário que parece ter sido tirado de um documentário da National Geographic.

O filme é lindo e espero que a nova geração se relacione com a história da mesma forma com que fizemos em 94. Para nós, maiores de 30 anos, o novo "Rei Leão" é um convite à nostalgia, à memória emotiva, ao saudosismo... Para os mais novos, a oportunidade de experienciar uma bela narrativa, com animais incrivelmente "reais" e lindas mensagens que podem trazer algum sentimento e aprendizado. A verdade é que são outros tempos e seria até injusto querer comparar as duas obras. Para mim, foi divertido, mas faltou aquele "algo mais"; para quem está assistindo pela primeira vez, provavelmente, terá mais valor!

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Pinóquio

Essa versão de "Pinóquio" feita em animação stop-motion pelo diretor Guillermo del Toro é uma graça! Além de uma estética espetacular (com uma técnica que mistura o artesanal da animação com composições em CGI de cair o queixo), o roteiro ainda explora temas delicados e relevantes sobre relações familiares, politica, bullying, luto e, claro, sobre a importância de aceitar as diferenças. Lindo como uma poesia visual, "Pinocchio" (no original - que ainda leva o nome de Del Toro em seu título para deixar claro sua chancela), na minha opinião, é a melhor animação de 2022 e com potencial de ser bastante celebrada na temporada de premiações.

Situada nos anos 1930, na Itália facista da Segunda Guerra, acompanhamos a jornada de um pai solitário, Geppetto (David Bradley), e seu desejo em dar vida para um boneco de madeira na tentativa de suprir a saudade de seu filho recém falecido. Com a ajuda dos espíritos mágicos, Pinóquio (Gregory Mann) ganha vida, porém sua condição cria uma atmosfera de confusão por ser tão diferente das outras crianças e pelo seu desejo de ser amado pelo pai. Quando Pinóquio foge de casa buscando encontrar seu lugar no mundo, ele se depara com uma série de perigos em uma aventura que vai muito além do clássico de Carlo Collodi. Confira o trailer:

Ao lado de Mark Gustafson (de "The PJs" e "Claymation Easter"), Del Toro busca discutir a relação entre pai e filho deixando de lado aquele tom de "conto de fadas" (eternizada pela versão Disney de 1940) em prol de uma narrativa mais contemporânea no seu contexto, onde mesmo em um universo de fantasia, ainda constrói uma trama com o intuito de gerar identificação de uma forma mais palpável, transportando para Geppetto a responsabilidade de lidar com suas escolhas - seja em uma posição de super proteção afetiva ao tentar impedir que Pinóquio se conecte com o mundo e sofra por ser diferente, seja se resguardar para não perder a própria reputação diante dessa mesma "diferença".

Obviamente que é possível encontrar na adaptação, muito do que já conhecemos da obra clássica de Collodi - principalmente no que diz respeito ao arquétipo da inocência em sua forma mais pura e em que condições o meio é capaz de tornar essa inocência influenciável. É muito interessante como Del Toro e Gustafson vão criando camadas muito mais profundas nos personagens secundários que ajudam a moldar a personalidade do protagonista a partir das lições aprendidas por ele durante a jornada - essa dinâmica cria um caráter menos infantil ao roteiro, promovendo uma experiência única que, eu diria, impacta mais os pais do que os filhos. Não serão raros os momentos em que você vai se pegar refletindo sobre a maneira como você se relaciona com seu filho e como isso poderia impactar em suas escolhas futuras.

Mesmo apresentado como um musical, "Pinóquio" é muito mais Pixar do que Disney, ou seja, o que vale é o que está sendo falado - as (poucas) performances musicais funcionam muito mais como uma ferramenta de gatilho emocional do que propriamente como uma estratégia narrativa que vai conduzir a trama até o seu final. Mesmo sem essa responsabilidade, as músicas são realmente lindas e acredite, a trilha sonora assinada por Alexandre Desplat, é só um dos vários elementos técnicos e artísticos que chegam como forte concorrente ao próximo Oscar - pode anotar!

Vale muito a pena!

Up-date: "Pinóquio" foi o grande vencedor do Oscar 2023 na categoria "Melhor Animação"!

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Essa versão de "Pinóquio" feita em animação stop-motion pelo diretor Guillermo del Toro é uma graça! Além de uma estética espetacular (com uma técnica que mistura o artesanal da animação com composições em CGI de cair o queixo), o roteiro ainda explora temas delicados e relevantes sobre relações familiares, politica, bullying, luto e, claro, sobre a importância de aceitar as diferenças. Lindo como uma poesia visual, "Pinocchio" (no original - que ainda leva o nome de Del Toro em seu título para deixar claro sua chancela), na minha opinião, é a melhor animação de 2022 e com potencial de ser bastante celebrada na temporada de premiações.

Situada nos anos 1930, na Itália facista da Segunda Guerra, acompanhamos a jornada de um pai solitário, Geppetto (David Bradley), e seu desejo em dar vida para um boneco de madeira na tentativa de suprir a saudade de seu filho recém falecido. Com a ajuda dos espíritos mágicos, Pinóquio (Gregory Mann) ganha vida, porém sua condição cria uma atmosfera de confusão por ser tão diferente das outras crianças e pelo seu desejo de ser amado pelo pai. Quando Pinóquio foge de casa buscando encontrar seu lugar no mundo, ele se depara com uma série de perigos em uma aventura que vai muito além do clássico de Carlo Collodi. Confira o trailer:

Ao lado de Mark Gustafson (de "The PJs" e "Claymation Easter"), Del Toro busca discutir a relação entre pai e filho deixando de lado aquele tom de "conto de fadas" (eternizada pela versão Disney de 1940) em prol de uma narrativa mais contemporânea no seu contexto, onde mesmo em um universo de fantasia, ainda constrói uma trama com o intuito de gerar identificação de uma forma mais palpável, transportando para Geppetto a responsabilidade de lidar com suas escolhas - seja em uma posição de super proteção afetiva ao tentar impedir que Pinóquio se conecte com o mundo e sofra por ser diferente, seja se resguardar para não perder a própria reputação diante dessa mesma "diferença".

Obviamente que é possível encontrar na adaptação, muito do que já conhecemos da obra clássica de Collodi - principalmente no que diz respeito ao arquétipo da inocência em sua forma mais pura e em que condições o meio é capaz de tornar essa inocência influenciável. É muito interessante como Del Toro e Gustafson vão criando camadas muito mais profundas nos personagens secundários que ajudam a moldar a personalidade do protagonista a partir das lições aprendidas por ele durante a jornada - essa dinâmica cria um caráter menos infantil ao roteiro, promovendo uma experiência única que, eu diria, impacta mais os pais do que os filhos. Não serão raros os momentos em que você vai se pegar refletindo sobre a maneira como você se relaciona com seu filho e como isso poderia impactar em suas escolhas futuras.

Mesmo apresentado como um musical, "Pinóquio" é muito mais Pixar do que Disney, ou seja, o que vale é o que está sendo falado - as (poucas) performances musicais funcionam muito mais como uma ferramenta de gatilho emocional do que propriamente como uma estratégia narrativa que vai conduzir a trama até o seu final. Mesmo sem essa responsabilidade, as músicas são realmente lindas e acredite, a trilha sonora assinada por Alexandre Desplat, é só um dos vários elementos técnicos e artísticos que chegam como forte concorrente ao próximo Oscar - pode anotar!

Vale muito a pena!

Up-date: "Pinóquio" foi o grande vencedor do Oscar 2023 na categoria "Melhor Animação"!

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Pobres Criaturas

"Pobres Criaturas" é realmente excelente, mas não se deixe levar por tantos elogios da critica e do público - e muito menos pelos quatro Oscars que o filme abocanhou em 2024. Sim, nem todos vão gostar do filme, mas saiba que quem gostar, na verdade vai amar! Escrevo isso com a mais absoluta tranquilidade, pois o filme é uma experiência cinematográfica única, que te fará rir, pensar e questionar a própria natureza humana de uma forma bastante particular. Por essa perspectiva, o filme é imperdível. Dirigido pelo aclamado Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"), "Poor Things" (no original) tem uma dinâmica visual impressionante e uma narrativa pouco usual, orbitando entre uma comédia mais ácida e o drama totalmente existencialista - daqueles que desafiam as convenções sociais e exploram temas como identidade, gênero, sexualidade e morte, tudo junto e misturado. Profundo, não? Sim, muito, no entanto só dê o play se estiver disposto a mergulhar na proposta mais conceitual do diretor com seu estilo mais teatral, criativo e muito inventivo.

Baseado no livro homônimo de Alasdair Grey e referenciando o clássico "Frankenstein", a história se passa em uma atmosfera vitoriana atemporal e acompanha Bella Baxter (Emma Stone), trazida de volta à vida após se jogar de uma ponte. O experimento realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo, é um sucesso, no entanto Bella, querendo conhecer mais do mundo, foge com um advogado e graças a maturidade que vai adquirindo passa exigir igualdade e liberdade. Confira o trailer:

Todos sabemos que o grego Yorgos Lanthimos é conhecido por seu estilo peculiar, que combina o humor negro com temas mais sérios em uma abordagem quase sempre perturbadora. Pois bem, aqui ele utiliza da sua assinatura como cineasta para recriar, com muita simbologia e sensibilidade, o cabo de guerra intenso entre o desejo e a razão - claro, com aquele toque de monstruosidade que tende a penalizar, com a mesma força, mas de modos distintos, os homens e as mulheres. Reparem como, em cinco "capítulos", o desenvolvimento da mente de Bella vai se transformando e a experiência de conhecer o mundo (e sair daquilo que a limitava) faz com que ela se aproxime cada vez mais do seu corpo amadurecido. É lindo de perceber esses detalhes a partir de planos simétricos e lentes completamente anguladas, criando uma atmosfera surreal e desconcertante, perfeita para os diálogos secos e sarcásticos do roteiro de Tony McNamara (duas vezes indicado ao Oscar) que coloca frente a frente modos tão diferentes de pensar e agir.

Obviamente que o elenco de "Pobres Criaturas" é a cereja do bolo dessa overdose visual de cor e estilo. Impecável em todas as camadas, eu diria que esse é o melhor trabalho (até aqui) da atriz Emma Stone - ela é capaz de entregar uma performance multifacetada e complexa, mesmo mergulhada no esteriótipo que vai se desconstruindo de acordo com o seu ganho de maturidade. Stone captura perfeitamente a confusão, a frustração e a resiliência de Bella perante suas descobertas, em todas as suas fases. Willem Dafoe, meu Deus, também está excelente como o Dr. Baxter - um personagem excêntrico e enigmático, sempre com aquele toque de sadismo tão sutil e ao mesmo tempo tão potente. Outro que merece destaque, claro, é Mark Ruffalo - simplesmente impecável, mais uma vez!

"Pobres Criaturas" é um filme que não se encaixa em nenhuma dessas prateleiras mais tradicionais do cinema atual. Ele é uma comédia, um drama e um filme de terror clássico, tudo ao mesmo tempo - uma mistura de "A Tragédia de Macbeth" com "A Invenção de Hugo Cabret" e aquele toque final de "Irma Vep" ou de "Hereditário". Veja, Lanthimos não tem, e nunca terá, medo de abordar temas ou tabus e ainda assim desafiar as expectativas da audiência com textos e cenas de fato impactantes, então esteja preparado para se chocar. Para aqueles mais tradicionais, sugiro passar longe dessa recomendação. Já para aqueles que vão se aventurar nesse mundo estranho e fascinante do diretor, muito possivelmente, serão recompensados com uma obra de arte singular e memorável.

Vale muito o seu play!

Up-date: "Pobres Criaturas" ganhou em quatro categorias no Oscar 2024, inclusive de Melhor Atriz!

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"Pobres Criaturas" é realmente excelente, mas não se deixe levar por tantos elogios da critica e do público - e muito menos pelos quatro Oscars que o filme abocanhou em 2024. Sim, nem todos vão gostar do filme, mas saiba que quem gostar, na verdade vai amar! Escrevo isso com a mais absoluta tranquilidade, pois o filme é uma experiência cinematográfica única, que te fará rir, pensar e questionar a própria natureza humana de uma forma bastante particular. Por essa perspectiva, o filme é imperdível. Dirigido pelo aclamado Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"), "Poor Things" (no original) tem uma dinâmica visual impressionante e uma narrativa pouco usual, orbitando entre uma comédia mais ácida e o drama totalmente existencialista - daqueles que desafiam as convenções sociais e exploram temas como identidade, gênero, sexualidade e morte, tudo junto e misturado. Profundo, não? Sim, muito, no entanto só dê o play se estiver disposto a mergulhar na proposta mais conceitual do diretor com seu estilo mais teatral, criativo e muito inventivo.

Baseado no livro homônimo de Alasdair Grey e referenciando o clássico "Frankenstein", a história se passa em uma atmosfera vitoriana atemporal e acompanha Bella Baxter (Emma Stone), trazida de volta à vida após se jogar de uma ponte. O experimento realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo, é um sucesso, no entanto Bella, querendo conhecer mais do mundo, foge com um advogado e graças a maturidade que vai adquirindo passa exigir igualdade e liberdade. Confira o trailer:

Todos sabemos que o grego Yorgos Lanthimos é conhecido por seu estilo peculiar, que combina o humor negro com temas mais sérios em uma abordagem quase sempre perturbadora. Pois bem, aqui ele utiliza da sua assinatura como cineasta para recriar, com muita simbologia e sensibilidade, o cabo de guerra intenso entre o desejo e a razão - claro, com aquele toque de monstruosidade que tende a penalizar, com a mesma força, mas de modos distintos, os homens e as mulheres. Reparem como, em cinco "capítulos", o desenvolvimento da mente de Bella vai se transformando e a experiência de conhecer o mundo (e sair daquilo que a limitava) faz com que ela se aproxime cada vez mais do seu corpo amadurecido. É lindo de perceber esses detalhes a partir de planos simétricos e lentes completamente anguladas, criando uma atmosfera surreal e desconcertante, perfeita para os diálogos secos e sarcásticos do roteiro de Tony McNamara (duas vezes indicado ao Oscar) que coloca frente a frente modos tão diferentes de pensar e agir.

Obviamente que o elenco de "Pobres Criaturas" é a cereja do bolo dessa overdose visual de cor e estilo. Impecável em todas as camadas, eu diria que esse é o melhor trabalho (até aqui) da atriz Emma Stone - ela é capaz de entregar uma performance multifacetada e complexa, mesmo mergulhada no esteriótipo que vai se desconstruindo de acordo com o seu ganho de maturidade. Stone captura perfeitamente a confusão, a frustração e a resiliência de Bella perante suas descobertas, em todas as suas fases. Willem Dafoe, meu Deus, também está excelente como o Dr. Baxter - um personagem excêntrico e enigmático, sempre com aquele toque de sadismo tão sutil e ao mesmo tempo tão potente. Outro que merece destaque, claro, é Mark Ruffalo - simplesmente impecável, mais uma vez!

"Pobres Criaturas" é um filme que não se encaixa em nenhuma dessas prateleiras mais tradicionais do cinema atual. Ele é uma comédia, um drama e um filme de terror clássico, tudo ao mesmo tempo - uma mistura de "A Tragédia de Macbeth" com "A Invenção de Hugo Cabret" e aquele toque final de "Irma Vep" ou de "Hereditário". Veja, Lanthimos não tem, e nunca terá, medo de abordar temas ou tabus e ainda assim desafiar as expectativas da audiência com textos e cenas de fato impactantes, então esteja preparado para se chocar. Para aqueles mais tradicionais, sugiro passar longe dessa recomendação. Já para aqueles que vão se aventurar nesse mundo estranho e fascinante do diretor, muito possivelmente, serão recompensados com uma obra de arte singular e memorável.

Vale muito o seu play!

Up-date: "Pobres Criaturas" ganhou em quatro categorias no Oscar 2024, inclusive de Melhor Atriz!

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Red: Crescer é Uma Fera

“Red: Crescer É Uma Fera” é uma belíssima e divertida animação sobre crescimento e desafios da adolescência - bem ao "estilo Pixar" (como não poderia ser diferente, mas que se justifica por si só).

Na trama, Mei, uma adolescente de 13 anos que quando fica muito nervosa, agitada, emocionada ou estressada, se transforma em um panda vermelho gigante, e isso só resulta em mais problemas para a jovem. Confira o trailer (dublado):

Como o próprio trailer deixa muito claro, “Red: Crescer É Uma Fera” explora o amadurecimento e as inseguranças dessa fase tão particular da vida de uma garota que sempre foi reprimida pela mãe - e por isso está dividida entre ser a filha obediente ou se permitir ser seu novo "eu", que parece muito mais disposto a viver suas aventuras e emoções. Através dessa transformação incomum, a animação foi muito feliz ao usar de uma inteligente metáfora para discutir os desafios da adolescência e assim explorar o maior conflito interno da protagonista: viver uma vida dupla - já que fora de casa ela esbanja auto-confiança e dentro é como se vivesse em um casulo por medo do que sua mãe possa achar sobre seus gostos, desejos e vontades.

O roteiro além de abordar questões culturais, certamente fará os pais refletirem sobre algumas decisões em relação aos filhos, mas também garantirá aos pequeninos diversão, boas doses de fofura e muito humor genuíno. O público adulto, aliás, também vai se conectar com a história pelo elemento nostálgico, já que Mei usa um bichinho virtual, é apaixonada por uma boys band, os "4-Town" (que lembra bastante N’Sync e Backstreet Boys), além das revistas que logo remetem as famosas "Caprichos".

Dirigido por Domee Shi, que venceu o Oscar por Melhor Curta-Metragem de Animação por ”Bao”, o filme repete um pouco o conceito narrativo das relações entre mães e filhos, por isso percebe-se um certo cuidado nesse tratamento, já que a mãe não soa apenas como alguém autoritária, mas também alguém que ama sua filha e procura da maneira exagerada (como qualquer mãe) manter esse laço familiar tão forte.

O relacionamento "mãe e filha" facilmente vai conectar a audiência, pois o que vemos na tela é o que de fato acontece em muitas famílias - encontrar o equilíbrio perfeito entre uma mãe superprotetora e uma criança que também precisa de momentos de lazer, nem sempre é tarefa das mais fáceis. Sendo assim, como a maioria das animações da Pixar, na reta final a megalomania acaba tomando conta da narrativa e o foco mais certeiro dos primeiros atos, se dissolve em uma aventura mais genérica. Prejudica? Não, mas é um fato. Ainda assim, ”Red: Crescer é Uma Fera” finaliza com uma belíssima mensagem sobre amadurecimento e amor que vale a pena ser apreciada.

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“Red: Crescer É Uma Fera” é uma belíssima e divertida animação sobre crescimento e desafios da adolescência - bem ao "estilo Pixar" (como não poderia ser diferente, mas que se justifica por si só).

Na trama, Mei, uma adolescente de 13 anos que quando fica muito nervosa, agitada, emocionada ou estressada, se transforma em um panda vermelho gigante, e isso só resulta em mais problemas para a jovem. Confira o trailer (dublado):

Como o próprio trailer deixa muito claro, “Red: Crescer É Uma Fera” explora o amadurecimento e as inseguranças dessa fase tão particular da vida de uma garota que sempre foi reprimida pela mãe - e por isso está dividida entre ser a filha obediente ou se permitir ser seu novo "eu", que parece muito mais disposto a viver suas aventuras e emoções. Através dessa transformação incomum, a animação foi muito feliz ao usar de uma inteligente metáfora para discutir os desafios da adolescência e assim explorar o maior conflito interno da protagonista: viver uma vida dupla - já que fora de casa ela esbanja auto-confiança e dentro é como se vivesse em um casulo por medo do que sua mãe possa achar sobre seus gostos, desejos e vontades.

O roteiro além de abordar questões culturais, certamente fará os pais refletirem sobre algumas decisões em relação aos filhos, mas também garantirá aos pequeninos diversão, boas doses de fofura e muito humor genuíno. O público adulto, aliás, também vai se conectar com a história pelo elemento nostálgico, já que Mei usa um bichinho virtual, é apaixonada por uma boys band, os "4-Town" (que lembra bastante N’Sync e Backstreet Boys), além das revistas que logo remetem as famosas "Caprichos".

Dirigido por Domee Shi, que venceu o Oscar por Melhor Curta-Metragem de Animação por ”Bao”, o filme repete um pouco o conceito narrativo das relações entre mães e filhos, por isso percebe-se um certo cuidado nesse tratamento, já que a mãe não soa apenas como alguém autoritária, mas também alguém que ama sua filha e procura da maneira exagerada (como qualquer mãe) manter esse laço familiar tão forte.

O relacionamento "mãe e filha" facilmente vai conectar a audiência, pois o que vemos na tela é o que de fato acontece em muitas famílias - encontrar o equilíbrio perfeito entre uma mãe superprotetora e uma criança que também precisa de momentos de lazer, nem sempre é tarefa das mais fáceis. Sendo assim, como a maioria das animações da Pixar, na reta final a megalomania acaba tomando conta da narrativa e o foco mais certeiro dos primeiros atos, se dissolve em uma aventura mais genérica. Prejudica? Não, mas é um fato. Ainda assim, ”Red: Crescer é Uma Fera” finaliza com uma belíssima mensagem sobre amadurecimento e amor que vale a pena ser apreciada.

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Sherlock

A série inglesa "Sherlock" é tipo do projeto que merece respeito, inicialmente pela ousadia dos produtores, afinal tirar um personagem clássico da era vitoriana e colocar nos dias de hoje não deve ter sido uma idéia que tenha agradado a todos os executivos ingleses. Pois então, é o que sempre digo: quer ser um executivo de tv de sucesso? Então saia da zona de conforto e banque uma idéia criativa, mesmo que pareça muito arrojada no primeiro momento. Embora o personagem seja muito atual e o enredo excelente, o roteiro do piloto criou uma atmosfera nostálgica e misturou a modernidade com tecnologia, ao melhor estilo "CSI", com maestria! Imagine um personagem clássico desvendando assassinatos em uma Londres atual!

Protagonizada pelo Benedict Cumberbatch (como Sherlock Holmes) e Martin Freeman (como Dr. John Watson), a série alcançou um nível de excelência impressionante e o sucesso de público fez com que a série tivesse 4 temporadas até aqui. Muitos podem ter negado a obra por sua, digamos, modernização, porém essa preocupação se mostrou infundada de cara: já ao assistirmos o primeiro episódio de "Um Estudo em Rosa" (adaptado de "Um Estudo em Vermelho", na obra original), vemos uma Baker Street no século XXI e um Sherlock Holmes usando GPS, computador e celular, porém a alma do personagem e a construção da trama seguem os elementos básicos de mistério que conduziram o personagem em várias adaptações para a cinema e para a TV, mas nesse caso, com muito mais originalidade!

Os figurinos, os cenários, a fotografia e a edição estão, de fato, impecáveis. O trabalho de pós-produção e efeitos dão o tom mais inovador e uma dinâmica moderna para a série. Reparem como nos planos mais abertos existe uma certa distorção, criando uma sensação nostálgica ao mesmo tempo em que vemos todo aquele realismo! Embora Sherlock Holmes seja apresentado como uma espécie de sociopata funcional e Watson exatamente seu oposto e menos submisso que em outras versões, é fácil afirmar que a série, que a identificação com os personagens continua sendo o ponto alto da série e a relação que se estabelece entre os dois resulta em um excelente entretenimento.

Olha, "Sherlock" é isso: uma mistura de magia com realismo. Vale muito a pena!!! Um conceito visual interessante e uma produção primorosa, digno de "blockbuster". A BBC acertou, arriscou e colheu os resultados! Grande série!!! Vale muito o play!!!

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A série inglesa "Sherlock" é tipo do projeto que merece respeito, inicialmente pela ousadia dos produtores, afinal tirar um personagem clássico da era vitoriana e colocar nos dias de hoje não deve ter sido uma idéia que tenha agradado a todos os executivos ingleses. Pois então, é o que sempre digo: quer ser um executivo de tv de sucesso? Então saia da zona de conforto e banque uma idéia criativa, mesmo que pareça muito arrojada no primeiro momento. Embora o personagem seja muito atual e o enredo excelente, o roteiro do piloto criou uma atmosfera nostálgica e misturou a modernidade com tecnologia, ao melhor estilo "CSI", com maestria! Imagine um personagem clássico desvendando assassinatos em uma Londres atual!

Protagonizada pelo Benedict Cumberbatch (como Sherlock Holmes) e Martin Freeman (como Dr. John Watson), a série alcançou um nível de excelência impressionante e o sucesso de público fez com que a série tivesse 4 temporadas até aqui. Muitos podem ter negado a obra por sua, digamos, modernização, porém essa preocupação se mostrou infundada de cara: já ao assistirmos o primeiro episódio de "Um Estudo em Rosa" (adaptado de "Um Estudo em Vermelho", na obra original), vemos uma Baker Street no século XXI e um Sherlock Holmes usando GPS, computador e celular, porém a alma do personagem e a construção da trama seguem os elementos básicos de mistério que conduziram o personagem em várias adaptações para a cinema e para a TV, mas nesse caso, com muito mais originalidade!

Os figurinos, os cenários, a fotografia e a edição estão, de fato, impecáveis. O trabalho de pós-produção e efeitos dão o tom mais inovador e uma dinâmica moderna para a série. Reparem como nos planos mais abertos existe uma certa distorção, criando uma sensação nostálgica ao mesmo tempo em que vemos todo aquele realismo! Embora Sherlock Holmes seja apresentado como uma espécie de sociopata funcional e Watson exatamente seu oposto e menos submisso que em outras versões, é fácil afirmar que a série, que a identificação com os personagens continua sendo o ponto alto da série e a relação que se estabelece entre os dois resulta em um excelente entretenimento.

Olha, "Sherlock" é isso: uma mistura de magia com realismo. Vale muito a pena!!! Um conceito visual interessante e uma produção primorosa, digno de "blockbuster". A BBC acertou, arriscou e colheu os resultados! Grande série!!! Vale muito o play!!!

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Soul

"Soul" é mais uma daquelas animações da Pixar que temos vontade de agradecer assim que ela termina, só pela oportunidade de ter assistido algo tão bacana! A delicadeza como assuntos tão profundos são retratados e a criatividade para transformar cada um dos elementos narrativos em signos que nos ajudam refletir a todo momento, é de uma sabedoria impressionante, embora, e é preciso que se diga, o filme não tenha alcançado o brilhantismo e a originalidade de "Divertidamente" ou de "A Vida é uma Festa" - o que não tem problema algum na verdade. Tenho, inclusive, a impressão que mesmo assim, "Soul" pode ser considerado um dos melhores filmes de 2020, pelo roteiro inteligente e pela qualidade técnica - essa sim, impecável!

Insatisfeito com a sua vida como professor, o sonhador Joe Gardner (Jamie Foxx) tem certeza absoluta que nasceu para ser um astro da música - esse era sua missão! Porém, após inúmeras tentativas fracassadas, sua auto-confiança parece estar tão abalada quanto a enorme pressão que sofre da família para encontrar um trabalho "de verdade". Até que ele recebe a oportunidade de sua vida ao ser convidado para tocar em um show de uma famosa banda de jazz. Acontece que tudo muda quando o Gardner sofre um repentino acidente e morre. Já no mundo astral, ele precisa encontrar uma forma de retornar a Terra para cumprir sua missão e dar um propósito a sua existência e para isso ele vai contar com a ajuda de 22, uma alma que precisa reencarnar, mas que tem verdadeiro pavor de lidar com a possibilidade de voltar a viver.

"Soul" é perfeito tecnicamente! A construção de Nova York chega a impressionar - sério, em vários momentos, não dá para saber se estamos diante de um live-action ou de uma animação, tamanho é o realismo. Outro elemento que me impressionou diz respeito a mixagem: tanto o desenho de som quanto a trilha sonora são tão bem ajustados que eu diria que é justamente eles que criam a dinâmica narrativa que a história pede - as sequências de jazz são de cair o queixo tanto quanto os momentos de silêncio que se equilibram com as músicas mais etéreas e que nos levam até uma outra dimensão. É quase um experiência sensorial - reparem! 

Olha, o filme é sensível, agradável, profundo e super reflexivo, além de muito simpático na composição de cada um dos seus personagens ao melhor "estilo Pixar" - aqui cabe o registro: Jamie Foxx e Tina Fey (22) estão afinadíssimos! "Soul", como o próprio nome sugere, vale muito a pena, pelo que vemos e pelo que sentimos!

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"Soul" é mais uma daquelas animações da Pixar que temos vontade de agradecer assim que ela termina, só pela oportunidade de ter assistido algo tão bacana! A delicadeza como assuntos tão profundos são retratados e a criatividade para transformar cada um dos elementos narrativos em signos que nos ajudam refletir a todo momento, é de uma sabedoria impressionante, embora, e é preciso que se diga, o filme não tenha alcançado o brilhantismo e a originalidade de "Divertidamente" ou de "A Vida é uma Festa" - o que não tem problema algum na verdade. Tenho, inclusive, a impressão que mesmo assim, "Soul" pode ser considerado um dos melhores filmes de 2020, pelo roteiro inteligente e pela qualidade técnica - essa sim, impecável!

Insatisfeito com a sua vida como professor, o sonhador Joe Gardner (Jamie Foxx) tem certeza absoluta que nasceu para ser um astro da música - esse era sua missão! Porém, após inúmeras tentativas fracassadas, sua auto-confiança parece estar tão abalada quanto a enorme pressão que sofre da família para encontrar um trabalho "de verdade". Até que ele recebe a oportunidade de sua vida ao ser convidado para tocar em um show de uma famosa banda de jazz. Acontece que tudo muda quando o Gardner sofre um repentino acidente e morre. Já no mundo astral, ele precisa encontrar uma forma de retornar a Terra para cumprir sua missão e dar um propósito a sua existência e para isso ele vai contar com a ajuda de 22, uma alma que precisa reencarnar, mas que tem verdadeiro pavor de lidar com a possibilidade de voltar a viver.

"Soul" é perfeito tecnicamente! A construção de Nova York chega a impressionar - sério, em vários momentos, não dá para saber se estamos diante de um live-action ou de uma animação, tamanho é o realismo. Outro elemento que me impressionou diz respeito a mixagem: tanto o desenho de som quanto a trilha sonora são tão bem ajustados que eu diria que é justamente eles que criam a dinâmica narrativa que a história pede - as sequências de jazz são de cair o queixo tanto quanto os momentos de silêncio que se equilibram com as músicas mais etéreas e que nos levam até uma outra dimensão. É quase um experiência sensorial - reparem! 

Olha, o filme é sensível, agradável, profundo e super reflexivo, além de muito simpático na composição de cada um dos seus personagens ao melhor "estilo Pixar" - aqui cabe o registro: Jamie Foxx e Tina Fey (22) estão afinadíssimos! "Soul", como o próprio nome sugere, vale muito a pena, pelo que vemos e pelo que sentimos!

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Stranger Things

Quando eu assisti o trailer de "Stranger Things" pela primeira vez, eu fiz questão de agradecer a Netflix. Quando assisti o primeiro episódio, pensei: "não custa nada agradecer de novo... Obrigado Netflix!!!!"

Em novembro de 1983, na pequena cidade de Hawkins, Indiana, um garoto de 12 anos, Will Byers (Noah Schnapp) desaparece misteriosamente. A mãe de Will, Joyce (Winona Ryder), tenta encontrá-lo-lo de todas as formas, enquanto o chefe de polícia Jim Hopper (David Harbour) começa a investigar uma enorme conspiração governamental e os amigos de Will: Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin), uma série de eventos sobrenaturais!

Durante a 1ª Temporada é impossível não se identificar e se divertir com uma quantidade enorme de referências de filmes que fizeram história nos anos 80 e que marcaram uma geração. Da fotografia aos movimentos de câmera, sem esquecer de uma narrativa bem desenvolvida, muito bem pontuada com elementos de  suspense, fantasia e mistério, "Stranger Things" se tornou um verdadeiro fenômeno desde o seu lançamento.

A idéia da série desenvolvida por Matt Duffer e Ross Duffer, é genial, eu diria imperdível!! Recomendo de olhos fechados, porque vale muito o play!!!

Na 2ª Temporada a história continua de onde parou na temporada anterior - com ainda mais referências de sucessos dos anos 80! Inclusive, os diretores fizeram questão de reproduzir takes "idênticos", no que diz respeito a posicionamento de câmera e enquadramento, de filmes clássicos!!! Ficou Genial!!! A série em si é puro entretenimento e com uma completa abstração da realidade a diversão está garantida, mas é preciso dizer: o roteiro não é tão redondo e algumas bobagens foram criadas sem o menor propósito: a história paralela da Eleven é um erro grotesco dos roteiristas - o episódio 7, por exemplo, ficou totalmente fora de contexto - a não ser que tivesse existido um link muito inteligente com a 3ª temporada (o que já sabemos, não aconteceu).

Stranger Things 2 (como foi chamada pela própria Netflix) não é aquela belezura da primeira temporada, mas ainda foi muito bacana, divertida! 

Já depois de 8 episódios da terceira temporada de "Stranger Things", era possível encontrar vários méritos! Um deles é o fato dos responsáveis pela série terem feito um exercício de humildade e repensado algumas das bobagens que vimos na temporada passada. Outro ponto que me chamou atenção foi a maneira como eles respeitaram o crescimento dos protagonistas e não fizeram desse "problema" uma bengala. A série cresceu com eles, aproveitou os desafios da adolescência de uma maneira muito inteligente e isso só reforçou os conflitos pessoais de cada um dos personagens de uma forma muito orgânica. Um grande exemplo é a forma como o Will encara os novos interesses de Mike e Lucas; e como ele sofre com isso. Sem spoilers, mas tem uma cena linda onde Will quer jogar D&D e Mike e Lucas estão só preocupados com Max e Eleven - é genuína a decepção, a raiva, o desapontamento do Will e é natural essa diferença de prioridades nessa fase! Para terminar, outro ponto que merece nossa atenção é o fato de como foi resgatada aquela atmosfera da primeira temporada e como eles fizeram o link com algumas cenas-chave da segunda, alinhando toda a narrativa e mostrando para quem assiste o que exatamente é preciso saber para se continuar a jornada!

Essa 3ª Temporada  se passa no verão de 1985, em meio as férias escolares, com a inauguração de um novo shopping que muda completamente a dinâmica da pacata cidade de Hawkins. O clima é outro, e isso reflete na direção de arte mais colorida e em uma fotografia menos assustadora - até quando os novos fenômenos começam a se manifestar, já não existe mais aquele compromisso com o suspense, com sustos e com aquela tensão quase Shyamalan (digamos que temos mais de Spielberg nessa temporada).  A transição dessa atmosfera é muito bacana, pois o roteiro passou a equilibrar, sabiamente, os momentos de aventura, os de terror trash (total anos 80, diga-se de passagem), de espionagem e até de romance. O fato é que o "mal" não foi extinto definitivamente e é preciso enfrenta-lo (claro!), porém os roteiristas transformaram tão bem a dinâmica da série inserindo vários níveis desse "mal" e dividindo em grupos de personagens para resolver um enorme quebra-cabeça para vence-lo - com isso a ação não para e você não vê o episódio passar. Aqui vale um elogio: as cenas do Dustin com o Steve (que já tinham chamado a atenção da temporada anterior) agora contam com o ótimo alívio cômico de Robin e da excelente Erica (irmã de Lucas). 

É com muita tranquilidade que eu atesto que o desafio de manter o nível de construção narrativa original foi vencido com muita inteligência - desde o trailer estava curioso e cheguei a comentar naquele post. "Stranger Things 3" é tão ou mais divertida até que a 1ª Temporada. Está madura, respeitou o passar dos anos, foi criativa em se alinhar a isso, arriscou nas escolhas estéticas e funcionou perfeitamente - até quando as referências nos remetem à filmes como "A coisa" ou "A volta dos mortos-vivos"!

Sempre estivemos dispostos a encarar o universo "Stranger Things" com muita suspensão da realidade e é isso que nos permite um ótimo entretenimento - essa temporada só serviu para nos deixar ainda mais apaixonados pela série e agradecendo a recente entrevista do produtor Shawn Levy que garantiu uma quarta temporada e uma quinta fecharão o ciclo e com isso teremos um final! Me parece que fôlego tem, basta não querer inventar moda que já sabemos não funcionar!!! 

Vale muito o seu play!!!!! Vale muito a maratona!!!!

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Quando eu assisti o trailer de "Stranger Things" pela primeira vez, eu fiz questão de agradecer a Netflix. Quando assisti o primeiro episódio, pensei: "não custa nada agradecer de novo... Obrigado Netflix!!!!"

Em novembro de 1983, na pequena cidade de Hawkins, Indiana, um garoto de 12 anos, Will Byers (Noah Schnapp) desaparece misteriosamente. A mãe de Will, Joyce (Winona Ryder), tenta encontrá-lo-lo de todas as formas, enquanto o chefe de polícia Jim Hopper (David Harbour) começa a investigar uma enorme conspiração governamental e os amigos de Will: Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin), uma série de eventos sobrenaturais!

Durante a 1ª Temporada é impossível não se identificar e se divertir com uma quantidade enorme de referências de filmes que fizeram história nos anos 80 e que marcaram uma geração. Da fotografia aos movimentos de câmera, sem esquecer de uma narrativa bem desenvolvida, muito bem pontuada com elementos de  suspense, fantasia e mistério, "Stranger Things" se tornou um verdadeiro fenômeno desde o seu lançamento.

A idéia da série desenvolvida por Matt Duffer e Ross Duffer, é genial, eu diria imperdível!! Recomendo de olhos fechados, porque vale muito o play!!!

Na 2ª Temporada a história continua de onde parou na temporada anterior - com ainda mais referências de sucessos dos anos 80! Inclusive, os diretores fizeram questão de reproduzir takes "idênticos", no que diz respeito a posicionamento de câmera e enquadramento, de filmes clássicos!!! Ficou Genial!!! A série em si é puro entretenimento e com uma completa abstração da realidade a diversão está garantida, mas é preciso dizer: o roteiro não é tão redondo e algumas bobagens foram criadas sem o menor propósito: a história paralela da Eleven é um erro grotesco dos roteiristas - o episódio 7, por exemplo, ficou totalmente fora de contexto - a não ser que tivesse existido um link muito inteligente com a 3ª temporada (o que já sabemos, não aconteceu).

Stranger Things 2 (como foi chamada pela própria Netflix) não é aquela belezura da primeira temporada, mas ainda foi muito bacana, divertida! 

Já depois de 8 episódios da terceira temporada de "Stranger Things", era possível encontrar vários méritos! Um deles é o fato dos responsáveis pela série terem feito um exercício de humildade e repensado algumas das bobagens que vimos na temporada passada. Outro ponto que me chamou atenção foi a maneira como eles respeitaram o crescimento dos protagonistas e não fizeram desse "problema" uma bengala. A série cresceu com eles, aproveitou os desafios da adolescência de uma maneira muito inteligente e isso só reforçou os conflitos pessoais de cada um dos personagens de uma forma muito orgânica. Um grande exemplo é a forma como o Will encara os novos interesses de Mike e Lucas; e como ele sofre com isso. Sem spoilers, mas tem uma cena linda onde Will quer jogar D&D e Mike e Lucas estão só preocupados com Max e Eleven - é genuína a decepção, a raiva, o desapontamento do Will e é natural essa diferença de prioridades nessa fase! Para terminar, outro ponto que merece nossa atenção é o fato de como foi resgatada aquela atmosfera da primeira temporada e como eles fizeram o link com algumas cenas-chave da segunda, alinhando toda a narrativa e mostrando para quem assiste o que exatamente é preciso saber para se continuar a jornada!

Essa 3ª Temporada  se passa no verão de 1985, em meio as férias escolares, com a inauguração de um novo shopping que muda completamente a dinâmica da pacata cidade de Hawkins. O clima é outro, e isso reflete na direção de arte mais colorida e em uma fotografia menos assustadora - até quando os novos fenômenos começam a se manifestar, já não existe mais aquele compromisso com o suspense, com sustos e com aquela tensão quase Shyamalan (digamos que temos mais de Spielberg nessa temporada).  A transição dessa atmosfera é muito bacana, pois o roteiro passou a equilibrar, sabiamente, os momentos de aventura, os de terror trash (total anos 80, diga-se de passagem), de espionagem e até de romance. O fato é que o "mal" não foi extinto definitivamente e é preciso enfrenta-lo (claro!), porém os roteiristas transformaram tão bem a dinâmica da série inserindo vários níveis desse "mal" e dividindo em grupos de personagens para resolver um enorme quebra-cabeça para vence-lo - com isso a ação não para e você não vê o episódio passar. Aqui vale um elogio: as cenas do Dustin com o Steve (que já tinham chamado a atenção da temporada anterior) agora contam com o ótimo alívio cômico de Robin e da excelente Erica (irmã de Lucas). 

É com muita tranquilidade que eu atesto que o desafio de manter o nível de construção narrativa original foi vencido com muita inteligência - desde o trailer estava curioso e cheguei a comentar naquele post. "Stranger Things 3" é tão ou mais divertida até que a 1ª Temporada. Está madura, respeitou o passar dos anos, foi criativa em se alinhar a isso, arriscou nas escolhas estéticas e funcionou perfeitamente - até quando as referências nos remetem à filmes como "A coisa" ou "A volta dos mortos-vivos"!

Sempre estivemos dispostos a encarar o universo "Stranger Things" com muita suspensão da realidade e é isso que nos permite um ótimo entretenimento - essa temporada só serviu para nos deixar ainda mais apaixonados pela série e agradecendo a recente entrevista do produtor Shawn Levy que garantiu uma quarta temporada e uma quinta fecharão o ciclo e com isso teremos um final! Me parece que fôlego tem, basta não querer inventar moda que já sabemos não funcionar!!! 

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The Old Guard

"The Old Guard" é claramente a tentativa da Netflix de emplacar uma franquia de herói consistente com seu selo "Originals" e de quebra ainda fidelizar um público que pode migrar de plataforma com a chegada do Disney+. Dito isso, é preciso analisar o filme sob dois aspectos: o primeiro, mercadológico - baseado na HQ daImage Comics, escrita pelo Greg Rucka e desenhada pelo Leandro Fernández, "The Old Guard" caiu como uma luva dentro da estratégia da Netflix desde o momento em que ela trás para o time criativo o próprio Rucka para escrever o roteiro. Outro golaço foi escolher Charlize Theron como protagonista, já acostumada com a dinâmica de heroína em filmes de ação/ficção como em "Prometheus", "Mad Max: Estrada da Fúria" e até mesmo em "Atômica". O segundo aspecto relevante, sem dúvida, diz respeito à história escolhida - ao trazer a memória afetiva de "Highlander – O Guerreiro Imortal", o filme usa e abusa de uma narrativa atual (bem no estilo Marvel) ao mesmo tempo em que tenta construir uma mitologia própria (em flashbacks) que possibilita inúmeras ramificações dramáticas que podem resultar em várias sequências - a "cena pós crédito" (que na verdade nem é pós crédito, mas serve como uma espécie de "gancho") é um exemplo descarado desse planejamento. Bom, vamos ao trailer e depois voltamos para a discussão:

"The Old Guard" acompanha Andrômaca ou Andy (Charlize Theron) uma espécie de guerreira imortal que lidera uma equipe com outros três imortais, Booker (Matthias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicki (Luca Marinelli), que se encontraram ao longo dos séculos para lutar, como o próprio Booker diz, "por aquilo que eles acreditam ser o certo". Porém eles passam a ser perseguidos por um bilionário, Merrick (Harry Melling), CEO de uma gigante da industria farmacêutica, que pretende captura-los e assim descobrir os segredos dessa longevidade. É aí que entra Nile Freeman (KiKi Layne), uma soldada americana que depois de muitos séculos surge como uma nova imortal e precisa do auxílio de Andy para entender essa nova condição até se tornar mais um membro da equipe.

De fato, "The Old Guard" tem potencial para ser uma franquia de sucesso. Nesse primeiro filme encontramos a ação que o gênero sugere, a discussão filosófica e íntima que os personagens precisam e ainda uma série elementos fantásticos que nos acompanham e nos instigam até o final. Se tem algo que não funciona, certamente é o vilão de Harry Melling - sua motivação é fraca e a performance completamente estereotipada, mas sobre isso falaremos mais adiante. No geral achei o filme divertido, dinâmico (nem sentimos as duas horas de duração) e interessante por tudo que é contado, mas mais ainda por um background que ainda vai ser explorado. Se você gosta de filme de herói, com uma pegada bem de fantasia, pode dar o play sem medo! 

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"The Old Guard" é claramente a tentativa da Netflix de emplacar uma franquia de herói consistente com seu selo "Originals" e de quebra ainda fidelizar um público que pode migrar de plataforma com a chegada do Disney+. Dito isso, é preciso analisar o filme sob dois aspectos: o primeiro, mercadológico - baseado na HQ daImage Comics, escrita pelo Greg Rucka e desenhada pelo Leandro Fernández, "The Old Guard" caiu como uma luva dentro da estratégia da Netflix desde o momento em que ela trás para o time criativo o próprio Rucka para escrever o roteiro. Outro golaço foi escolher Charlize Theron como protagonista, já acostumada com a dinâmica de heroína em filmes de ação/ficção como em "Prometheus", "Mad Max: Estrada da Fúria" e até mesmo em "Atômica". O segundo aspecto relevante, sem dúvida, diz respeito à história escolhida - ao trazer a memória afetiva de "Highlander – O Guerreiro Imortal", o filme usa e abusa de uma narrativa atual (bem no estilo Marvel) ao mesmo tempo em que tenta construir uma mitologia própria (em flashbacks) que possibilita inúmeras ramificações dramáticas que podem resultar em várias sequências - a "cena pós crédito" (que na verdade nem é pós crédito, mas serve como uma espécie de "gancho") é um exemplo descarado desse planejamento. Bom, vamos ao trailer e depois voltamos para a discussão:

"The Old Guard" acompanha Andrômaca ou Andy (Charlize Theron) uma espécie de guerreira imortal que lidera uma equipe com outros três imortais, Booker (Matthias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicki (Luca Marinelli), que se encontraram ao longo dos séculos para lutar, como o próprio Booker diz, "por aquilo que eles acreditam ser o certo". Porém eles passam a ser perseguidos por um bilionário, Merrick (Harry Melling), CEO de uma gigante da industria farmacêutica, que pretende captura-los e assim descobrir os segredos dessa longevidade. É aí que entra Nile Freeman (KiKi Layne), uma soldada americana que depois de muitos séculos surge como uma nova imortal e precisa do auxílio de Andy para entender essa nova condição até se tornar mais um membro da equipe.

De fato, "The Old Guard" tem potencial para ser uma franquia de sucesso. Nesse primeiro filme encontramos a ação que o gênero sugere, a discussão filosófica e íntima que os personagens precisam e ainda uma série elementos fantásticos que nos acompanham e nos instigam até o final. Se tem algo que não funciona, certamente é o vilão de Harry Melling - sua motivação é fraca e a performance completamente estereotipada, mas sobre isso falaremos mais adiante. No geral achei o filme divertido, dinâmico (nem sentimos as duas horas de duração) e interessante por tudo que é contado, mas mais ainda por um background que ainda vai ser explorado. Se você gosta de filme de herói, com uma pegada bem de fantasia, pode dar o play sem medo! 

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