"Olhos que condenam" é uma minissérie Original da Netflix com apenas 4 episódios de uma hora de duração, em média (o último tem quase um hora e meia), produzida pela Oprah Winfrey e que recentemente se tornou a "série" mais assistida nos EUA desde o seu lançamento no final de maio! E olha, posso garantir que não foi por acaso!!! "Olhos que condenam" embrulha o estômago de uma forma que chega a incomodar, pois, embora seja uma ficção, foi baseada em fatos reais e esses fatos são cruéis, injustos, doloridos, e tudo de ruim que você possa imaginar! Saber que tudo aquilo realmente aconteceu transforma nossa experiência de uma forma avassaladora! Sem exageros!
A minissérie conta a história de cinco adolescentes do Harlem - quatro negros e um hispânico - que foram condenados por um estupro que, aparentemente, não cometeram. A trajetória de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise é retratada desde os primeiros interrogatórios em 1989 até a absolvição em 2002 de uma forma muito inteligente e dinâmica. "Olhos que condenam" traz para ficção muito do que vimos no documental "Making a Murderer" - com o agravante dos suspeitos serem adolescentes! A narrativa tem a preocupação de mostrar todos os lados da história, independente dos seus valores e isso nos choca, nos faz refletir sobre nossos próprios julgamentos ou preconceitos.
A direção da excelente Ava DuVernay, de "Selma" e do indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017, "A 13ª Emenda", é segura e vital para entendimento de cada detalhe da história. Ela mistura cenas reais da época do crime, com planos muito criativos e inteligentes - ela passeia pela linha do tempo sem a necessidade de legendar cada salto com muita delicadeza. A fotografia também é ótima, mas falha em alguns planos por excesso de inventividade - alguns "blurs" chegam atrapalhar o trabalho dos atores, principalmente nos planos fechados. Aliás, os atores estão ótimos: das crianças aos adultos, passando pela família e pelos advogados - todos muito bem escalados e no tom certo. Destaque para: Jharrel Jerome como Korey Wise, Felicity Huffman como Linda Fairstein e os sempre geniais John Leguizamo e Michael Kenneth William como Raymond Santana Sr. e Bobby McCray, respectivamente.
A verdade é que "Olhos que condenam" é o tipo de minissérie que mexe com a gente pelo simples fato de ter uma história surpreendente, que nos coloca na situação daqueles personagens imediatamente. É difícil não se emocionar, não se revoltar, não sofrer com aquilo que estamos assistindo e esse, na minha opinião, é o grande acerto da Netflix em querer contar essa história absurda. Se você gostou de filmes como "Tempo de Matar" ou do já comentado "Making a Murderer", dê o play sem o menor receio porque vale muito a pena, mesmo!!!
"Olhos que condenam" é uma minissérie Original da Netflix com apenas 4 episódios de uma hora de duração, em média (o último tem quase um hora e meia), produzida pela Oprah Winfrey e que recentemente se tornou a "série" mais assistida nos EUA desde o seu lançamento no final de maio! E olha, posso garantir que não foi por acaso!!! "Olhos que condenam" embrulha o estômago de uma forma que chega a incomodar, pois, embora seja uma ficção, foi baseada em fatos reais e esses fatos são cruéis, injustos, doloridos, e tudo de ruim que você possa imaginar! Saber que tudo aquilo realmente aconteceu transforma nossa experiência de uma forma avassaladora! Sem exageros!
A minissérie conta a história de cinco adolescentes do Harlem - quatro negros e um hispânico - que foram condenados por um estupro que, aparentemente, não cometeram. A trajetória de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise é retratada desde os primeiros interrogatórios em 1989 até a absolvição em 2002 de uma forma muito inteligente e dinâmica. "Olhos que condenam" traz para ficção muito do que vimos no documental "Making a Murderer" - com o agravante dos suspeitos serem adolescentes! A narrativa tem a preocupação de mostrar todos os lados da história, independente dos seus valores e isso nos choca, nos faz refletir sobre nossos próprios julgamentos ou preconceitos.
A direção da excelente Ava DuVernay, de "Selma" e do indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017, "A 13ª Emenda", é segura e vital para entendimento de cada detalhe da história. Ela mistura cenas reais da época do crime, com planos muito criativos e inteligentes - ela passeia pela linha do tempo sem a necessidade de legendar cada salto com muita delicadeza. A fotografia também é ótima, mas falha em alguns planos por excesso de inventividade - alguns "blurs" chegam atrapalhar o trabalho dos atores, principalmente nos planos fechados. Aliás, os atores estão ótimos: das crianças aos adultos, passando pela família e pelos advogados - todos muito bem escalados e no tom certo. Destaque para: Jharrel Jerome como Korey Wise, Felicity Huffman como Linda Fairstein e os sempre geniais John Leguizamo e Michael Kenneth William como Raymond Santana Sr. e Bobby McCray, respectivamente.
A verdade é que "Olhos que condenam" é o tipo de minissérie que mexe com a gente pelo simples fato de ter uma história surpreendente, que nos coloca na situação daqueles personagens imediatamente. É difícil não se emocionar, não se revoltar, não sofrer com aquilo que estamos assistindo e esse, na minha opinião, é o grande acerto da Netflix em querer contar essa história absurda. Se você gostou de filmes como "Tempo de Matar" ou do já comentado "Making a Murderer", dê o play sem o menor receio porque vale muito a pena, mesmo!!!
"Os 7 de Chicago" é uma agradável surpresa no catálogo da Netflix. Esse é o segundo filme dirigido pelo badalado roteirista de "A Rede Social", "A Grande Jogada" e "Steve Jobs", Aaron Sorkin. Mesmo com a certeza de que Sorkin é infinitamente melhor como Roteirista do que como Diretor, aqui ele entrega um filme muito bem realizado tecnicamente e claramente vemos uma evolução artística ao equilibrar muito bem sua capacidade de contar a história com a câmera e uma condução segura no trabalho com os atores - ponto alto do filme!
O filme acompanha a história real do julgamento de sete líderes de grupos completamente independentes entre si que queriam, de alguma forma, protestar contra o aumento absurdo do recrutamento de americanos para lutar na Guerra do Vietnã durante o governo do democrata Lyndon Johnson. A forma encontrada por eles foi aproveitar a Convenção Nacional Democrata de 1968 em Chicago para chamar a atenção do país, afinal todos estariam assistindo. O problema é que essas manifestações, que tinham um caráter pacífico, acabaram se transformando em um enfrentamento bastante violento com a policia local e transformando os "7 de Chicago" em verdadeiros bodes expiatórios de uma tramóia politica muito mais relevante do que parecia inicialmente. Confira o trailer:
Claramente referenciado pelo trabalho de Spike Lee, Sorkin é muito inteligente em não inventar moda ao se apropriar de um conceito narrativo já estabelecido para filmes de tribunal - ele mesmo começou sua carreira com "Questão de Honra" em 1992; um drama de tirar o fôlego que funciona perfeitamente como linha condutora enquanto flashbacks explicam fatos marcantes da história. Na própria "A Rede Social" ele usou muito dessa estratégia! Pois bem, com isso "Os 7 de Chicago" não sofre com o fato de 80% do filme se passar em um único cenário e mesmo com duas horas de filme, a dinâmica é tão fluída que fica impossível não se divertir com que estamos assistindo. Tenho a impressão que esse filme pode correr por fora na temporada de premiações do próximo e ano e não vou me surpreender se beliscar algo em categorias como Ator coadjuvante, Montagem e Roteiro Adaptado.
Já na abertura entendemos a qualidade do roteiro e a força narrativa que veremos a seguir ao apresentar os protagonistas: Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen) e Jerry Rubin (Jeremy Strong), co-fundadores do Partido Internacional da Juventude e líderes da contracultura - ambos com postura aguerrida e confrontadora; Tom Hayden (Eddie Redmayne) e Rennie Davis (Alex Sharp), dois amigos ativistas que prezam pela organização e pelas manifestações não violentas; David Dellinger (John Carroll Lynch), pai de família, pacifista radical e anti-belicista e Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II), co-fundador do Partido dos Panteras Negras e o “oitavo” réu; em poucos minutos, já se estabelecem as posições de cada personagem e a razão pela qual eles estão prestes a se encontrar em Chicago - reparem que as imagens dos personagens na ficção são intercaladas com coberturas jornalísticas da época sobre o Vietnã e sobre tudo que envolve a revolta dos grupos que acabei de citar.
Quando o assistente da promotoria (Joseph Gordon-Levitt) recebe a missão de processar cada um desses líderes, de cara entendemos que tudo não passa de um show político - e aqui eu já preciso citar o incrível trabalho deFrank Langella como o Juiz Julius Hoffman e deMark Rylance como o advogado William Kunstler. Claro que "Os 7 de Chicago" usa de várias licenças poéticas para potencializar o efeito dramático, principalmente na construção desses ótimos personagens. A própria relação que Abbie Hoffman tem com Jerry Rubin serve de exemplo - um pouco estereotipados propositalmente, mas que servem como o alivio cômico perfeito para equilibrar os momentos de tensão que certamente causarão sua revolta.
Para finalizar, talvez o mais fantástico de "Os 7 de Chicago", independente de se tratar de uma história real (e brutal), é que o filme traz muitas sensações para quem assiste, transformando um assunto tão sério (e atual) em um entretenimento de altíssima qualidade - o que eu quero dizer, é que mesmo com o peso dos fatos, você vai rir e se emocionar com a mesma facilidade - e isso é raro! Vale a pena enfatizar que o filme tem uma importância histórica bastante clara e faz uma crítica inteligente e certeira (como vimos em "Infiltrado na Klan", por exemplo): "a democracia e a liberdade tem como maior ameaça o abuso de pessoas despreparadas que por um acaso inexplicável estão no comando de uma política egoísta e medrosa!" Dito isso, vale muito seu play e, claro, uma reflexão! Grande filme!
"Os 7 de Chicago" é uma agradável surpresa no catálogo da Netflix. Esse é o segundo filme dirigido pelo badalado roteirista de "A Rede Social", "A Grande Jogada" e "Steve Jobs", Aaron Sorkin. Mesmo com a certeza de que Sorkin é infinitamente melhor como Roteirista do que como Diretor, aqui ele entrega um filme muito bem realizado tecnicamente e claramente vemos uma evolução artística ao equilibrar muito bem sua capacidade de contar a história com a câmera e uma condução segura no trabalho com os atores - ponto alto do filme!
O filme acompanha a história real do julgamento de sete líderes de grupos completamente independentes entre si que queriam, de alguma forma, protestar contra o aumento absurdo do recrutamento de americanos para lutar na Guerra do Vietnã durante o governo do democrata Lyndon Johnson. A forma encontrada por eles foi aproveitar a Convenção Nacional Democrata de 1968 em Chicago para chamar a atenção do país, afinal todos estariam assistindo. O problema é que essas manifestações, que tinham um caráter pacífico, acabaram se transformando em um enfrentamento bastante violento com a policia local e transformando os "7 de Chicago" em verdadeiros bodes expiatórios de uma tramóia politica muito mais relevante do que parecia inicialmente. Confira o trailer:
Claramente referenciado pelo trabalho de Spike Lee, Sorkin é muito inteligente em não inventar moda ao se apropriar de um conceito narrativo já estabelecido para filmes de tribunal - ele mesmo começou sua carreira com "Questão de Honra" em 1992; um drama de tirar o fôlego que funciona perfeitamente como linha condutora enquanto flashbacks explicam fatos marcantes da história. Na própria "A Rede Social" ele usou muito dessa estratégia! Pois bem, com isso "Os 7 de Chicago" não sofre com o fato de 80% do filme se passar em um único cenário e mesmo com duas horas de filme, a dinâmica é tão fluída que fica impossível não se divertir com que estamos assistindo. Tenho a impressão que esse filme pode correr por fora na temporada de premiações do próximo e ano e não vou me surpreender se beliscar algo em categorias como Ator coadjuvante, Montagem e Roteiro Adaptado.
Já na abertura entendemos a qualidade do roteiro e a força narrativa que veremos a seguir ao apresentar os protagonistas: Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen) e Jerry Rubin (Jeremy Strong), co-fundadores do Partido Internacional da Juventude e líderes da contracultura - ambos com postura aguerrida e confrontadora; Tom Hayden (Eddie Redmayne) e Rennie Davis (Alex Sharp), dois amigos ativistas que prezam pela organização e pelas manifestações não violentas; David Dellinger (John Carroll Lynch), pai de família, pacifista radical e anti-belicista e Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II), co-fundador do Partido dos Panteras Negras e o “oitavo” réu; em poucos minutos, já se estabelecem as posições de cada personagem e a razão pela qual eles estão prestes a se encontrar em Chicago - reparem que as imagens dos personagens na ficção são intercaladas com coberturas jornalísticas da época sobre o Vietnã e sobre tudo que envolve a revolta dos grupos que acabei de citar.
Quando o assistente da promotoria (Joseph Gordon-Levitt) recebe a missão de processar cada um desses líderes, de cara entendemos que tudo não passa de um show político - e aqui eu já preciso citar o incrível trabalho deFrank Langella como o Juiz Julius Hoffman e deMark Rylance como o advogado William Kunstler. Claro que "Os 7 de Chicago" usa de várias licenças poéticas para potencializar o efeito dramático, principalmente na construção desses ótimos personagens. A própria relação que Abbie Hoffman tem com Jerry Rubin serve de exemplo - um pouco estereotipados propositalmente, mas que servem como o alivio cômico perfeito para equilibrar os momentos de tensão que certamente causarão sua revolta.
Para finalizar, talvez o mais fantástico de "Os 7 de Chicago", independente de se tratar de uma história real (e brutal), é que o filme traz muitas sensações para quem assiste, transformando um assunto tão sério (e atual) em um entretenimento de altíssima qualidade - o que eu quero dizer, é que mesmo com o peso dos fatos, você vai rir e se emocionar com a mesma facilidade - e isso é raro! Vale a pena enfatizar que o filme tem uma importância histórica bastante clara e faz uma crítica inteligente e certeira (como vimos em "Infiltrado na Klan", por exemplo): "a democracia e a liberdade tem como maior ameaça o abuso de pessoas despreparadas que por um acaso inexplicável estão no comando de uma política egoísta e medrosa!" Dito isso, vale muito seu play e, claro, uma reflexão! Grande filme!
Imagine-se diferente de todos ao seu redor. Imagine que resolva mostrar ao mundo quem você é, e não há preconceito, luta, injustiça e humilhação que o detenha de alcançar seu grande sonho... simplesmente ser quem você é! "Pose" é isso e muito mais!
A série se passa em meados dos anos 80/90, em Nova York, onde, para sobreviver e se proteger, os transexuais se reúnem em "famílias", sob as diretrizes das chamadas "Mães", que enxergam o melhor em cada um de seus "filhos", e se lançam nos badalados bailes LGBTQ, em busca de oportunidades para mostrar ao mundo toda a sua sensualidade, beleza e ousadia, através dos movimentos inusitados da Dança Vogue - leia-se a diva mor Madonna no hot parade. Confira o trailer:
Antes de mais nada é preciso dizer que a trilha sonora é um elemento a parte - simplesmente incrível! Já o roteiro não suaviza ao expor o fantasma da AIDS e como a doença continuava causando medo e incerteza na comunidade, embora o tratamento já mostrasse alguns resultados importantes - bem diferente de “Halston”dos anos 70 e do mesmo Ryan Murphy (criador da série). Drogas, violência, conteúdo sexual e uma pegada de humor trágico, é um retrato do que enfrentavam os transsexuais, com muita pose, para serem aceitos e respeitados em suas diferenças - e há muita sensibilidade para dimensionar isso naquela sociedade.
Outro ponto que merece destaque, diz respeito ao maior elenco transexual reunido em uma única produção! Blanca (Mj Rodriguez), Elektra (Dominique Jackson), Angel (Indya Moore) e Candy (Angelica Ross) trazem para a tela, o que há por trás de todas as cores e brilhos daquele universo onde não se trata de escolha ou de opção, é simplesmente ser quem realmente é - e olha, não foi por acaso que "Pose" teve 10 indicações ao Emmy, inclusive como "Melhor Elenco em Série Dramática", além de mais de 70 indicações e 30 prêmios em vários festivais pelo mundo.
O fato é que "Pose" brilha dentro e fora de cada um dos personagens, sem perder de vista a elegância e a sutileza para tocar em temas muito desconfortáveis, mas essenciais na discussão sobre tolerância e respeito, onde a voz das minorias reverbera, humildemente, na evolução do ser humano pelos olhos da cultura pop.
Vale o play!
Escrito por Willy Roosevelt com Edição de André Siqueira - uma parceria @tudocine1
Imagine-se diferente de todos ao seu redor. Imagine que resolva mostrar ao mundo quem você é, e não há preconceito, luta, injustiça e humilhação que o detenha de alcançar seu grande sonho... simplesmente ser quem você é! "Pose" é isso e muito mais!
A série se passa em meados dos anos 80/90, em Nova York, onde, para sobreviver e se proteger, os transexuais se reúnem em "famílias", sob as diretrizes das chamadas "Mães", que enxergam o melhor em cada um de seus "filhos", e se lançam nos badalados bailes LGBTQ, em busca de oportunidades para mostrar ao mundo toda a sua sensualidade, beleza e ousadia, através dos movimentos inusitados da Dança Vogue - leia-se a diva mor Madonna no hot parade. Confira o trailer:
Antes de mais nada é preciso dizer que a trilha sonora é um elemento a parte - simplesmente incrível! Já o roteiro não suaviza ao expor o fantasma da AIDS e como a doença continuava causando medo e incerteza na comunidade, embora o tratamento já mostrasse alguns resultados importantes - bem diferente de “Halston”dos anos 70 e do mesmo Ryan Murphy (criador da série). Drogas, violência, conteúdo sexual e uma pegada de humor trágico, é um retrato do que enfrentavam os transsexuais, com muita pose, para serem aceitos e respeitados em suas diferenças - e há muita sensibilidade para dimensionar isso naquela sociedade.
Outro ponto que merece destaque, diz respeito ao maior elenco transexual reunido em uma única produção! Blanca (Mj Rodriguez), Elektra (Dominique Jackson), Angel (Indya Moore) e Candy (Angelica Ross) trazem para a tela, o que há por trás de todas as cores e brilhos daquele universo onde não se trata de escolha ou de opção, é simplesmente ser quem realmente é - e olha, não foi por acaso que "Pose" teve 10 indicações ao Emmy, inclusive como "Melhor Elenco em Série Dramática", além de mais de 70 indicações e 30 prêmios em vários festivais pelo mundo.
O fato é que "Pose" brilha dentro e fora de cada um dos personagens, sem perder de vista a elegância e a sutileza para tocar em temas muito desconfortáveis, mas essenciais na discussão sobre tolerância e respeito, onde a voz das minorias reverbera, humildemente, na evolução do ser humano pelos olhos da cultura pop.
Vale o play!
Escrito por Willy Roosevelt com Edição de André Siqueira - uma parceria @tudocine1
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
Um advogado com princípios muito enraizados que, por uma circunstância de vida, faz uma escolha errada. Não é uma história tão original, mas te prende do começo ao fim!
Roman J. Israel (Denzel Washington) é um inteligente advogado que trabalha há muito tempo em uma firma de advocacia que ajudava pessoas de baixa renda. Roman era uma espécie de coadjuvante, não ia aos tribunais, conhecia todos os casos e ajudava na sua resolução, mas sempre atuando nos bastidores. Quando, inesperadamente, seu sócio morre, o protagonista acaba se envolvendo na situação da empresa e acaba tendo que começar a aparecer mais, porém com a projeção vem a responsabilidade e é aí que Roman J. Israel começa a se perder entre seu idealismo e a necessidade de se transformar em algo maior!
"Roman J. Israel" já se define pelo título - É um filme de personagem e embora eu ache o Denzel Washington um péssimo "perdedor" (vide a cara feia no Oscar 2017), ele está impecável no papel. Foi realmente merecida sua indicação como "Melhor Ator" em 2018. Já o filme, olha, é bom, mas tem um "problema" de roteiro que pode incomodar os mais exigentes - o primeiro ato é muito longo, com isso o clímax e o desfecho são pouco desenvolvidos. Quando a história pega, faltam só 40 minutos para acabar o filme e dá a impressão que tudo acaba sendo resolvido com muita pressa. Tinha um potencial de exploração muito maior (e aí não sei se foi o Estúdio que mandou cortar) porque a trama é bem amarradinha no segundo ato, criando uma sensação de angústia muito grande em quem assiste, mas, infelizmente, acaba rápido demais! O ritmo muda tão drasticamente que no final surge aquele: "Já?"!!!
O diretor é o Dan Gilroy, o mesmo do excelente "Nightcrawler" (O Abutre). Ele constrói muito bem essa atmosfera de tensão (inclusive porque é ele que escreve os roteiros que filma), mas em "Roman J. Israel, Esq.", embora competente demais na direção, seguro e sem querer aparecer muito, achei que acabou derrapando no roteiro pelo elementos que citei acima!
Resumindo: é um filme bom; com uma história realmente boa, mas tinha potencial pra ser um filme muito melhor! Vale o play, será um ótimo entretenimento, mas não é um filme inesquecível!
Um advogado com princípios muito enraizados que, por uma circunstância de vida, faz uma escolha errada. Não é uma história tão original, mas te prende do começo ao fim!
Roman J. Israel (Denzel Washington) é um inteligente advogado que trabalha há muito tempo em uma firma de advocacia que ajudava pessoas de baixa renda. Roman era uma espécie de coadjuvante, não ia aos tribunais, conhecia todos os casos e ajudava na sua resolução, mas sempre atuando nos bastidores. Quando, inesperadamente, seu sócio morre, o protagonista acaba se envolvendo na situação da empresa e acaba tendo que começar a aparecer mais, porém com a projeção vem a responsabilidade e é aí que Roman J. Israel começa a se perder entre seu idealismo e a necessidade de se transformar em algo maior!
"Roman J. Israel" já se define pelo título - É um filme de personagem e embora eu ache o Denzel Washington um péssimo "perdedor" (vide a cara feia no Oscar 2017), ele está impecável no papel. Foi realmente merecida sua indicação como "Melhor Ator" em 2018. Já o filme, olha, é bom, mas tem um "problema" de roteiro que pode incomodar os mais exigentes - o primeiro ato é muito longo, com isso o clímax e o desfecho são pouco desenvolvidos. Quando a história pega, faltam só 40 minutos para acabar o filme e dá a impressão que tudo acaba sendo resolvido com muita pressa. Tinha um potencial de exploração muito maior (e aí não sei se foi o Estúdio que mandou cortar) porque a trama é bem amarradinha no segundo ato, criando uma sensação de angústia muito grande em quem assiste, mas, infelizmente, acaba rápido demais! O ritmo muda tão drasticamente que no final surge aquele: "Já?"!!!
O diretor é o Dan Gilroy, o mesmo do excelente "Nightcrawler" (O Abutre). Ele constrói muito bem essa atmosfera de tensão (inclusive porque é ele que escreve os roteiros que filma), mas em "Roman J. Israel, Esq.", embora competente demais na direção, seguro e sem querer aparecer muito, achei que acabou derrapando no roteiro pelo elementos que citei acima!
Resumindo: é um filme bom; com uma história realmente boa, mas tinha potencial pra ser um filme muito melhor! Vale o play, será um ótimo entretenimento, mas não é um filme inesquecível!
"Seberg", que no Brasil ganhou o subtítulo de "Contra Todos", passou quase despercebido pelos cinemas em 2020 e, sinceramente, merecia mais atenção. Primeiro pela força de uma história real, de fato, surpreendente e segundo pelo excelente trabalho de Kristen Stewart como protagonista.
Para quem não conhece, Seberg foi uma verdadeira estrela de um movimento cinematográfico francês chamado Nouvelle Vague,trabalhando com nomes consagrados como Jean-Luc Godard e François Truffaut. Embora tenha evitado Hollywood ao máximo, Seberg acabou escalada para viverJoana D’Arc de Otto Preminger, porém um acidente durante as filmagens quase matou a atriz queimada. Embora o filme pontue esse fato, é o inicio do romance com Hakim Jamal (Anthony Mackie), integrante dos Panteras Negras, e sua relação com o movimento dos direitos civis, que transformaram uma investigação feita pelo FBI no maior pesadelo da sua vida. Confira o trailer:
O fato do roteiro focar em um breve recorte da vida de Jean Seberg ajuda no desenvolvimento do drama pela qual a atriz passou, mas nos distancia do entendimento sobre o tamanho e a importância que ela tinha como figura pública. Dito isso, demoramos um pouco mais para mergulhar nas aflições da personagem - fato que não aconteceu em "Judy", por exemplo. Porém, assim que nos familiarizamos com o contexto politico e social da época e nos reconhecemos na forma como a atriz reage aos absurdos raciais, claro, tudo passa a fluir melhor. Kristen Stewart tem muito mérito nisso, já que seu trabalho explora todas as camadas de uma estrela, cheia de problemas pessoais, mas incrivelmente a frente do seu tempo. Vince Vaughn como o veterano radical e sem escrúpulos que trabalha no FBI, Carl Kowalski, também merece elogios. Reparem!
O interessante de "Seberg contra Todos", além de apresentar uma personagem forte e uma história que merecia ser contada, é a forma cruel como os fatos vão sendo construídos e como, pouco a pouco, isso vai interferindo na vida (e na sanidade) da protagonista. Saiba que o filme tem um caminho, uma direção clara, que impede maiores distrações, com isso tudo fica engessado e não dá tempo de provocar muitas reflexões como em "Infiltrado na Klan" ou em "Os Sete de Chicago"- para citar produções com eventos de uma mesma época e que trazem muitas referências. Independente disso, a recomendação é das mais tranquilas: trata-se de um ótimo filme, que acabou sendo deixado de lado injustamente e que merece muito o seu play!
Antes de terminar, mais uma observação: Rachel Morrison, jovem indicada ao Oscar na categoria "Melhor Fotografia" por "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi" de 2017, e que também trabalhou em "Pantera Negra" (2018), mais uma vez dá um show - o trabalho dela em "Seberg" é digno de prêmios!
"Seberg", que no Brasil ganhou o subtítulo de "Contra Todos", passou quase despercebido pelos cinemas em 2020 e, sinceramente, merecia mais atenção. Primeiro pela força de uma história real, de fato, surpreendente e segundo pelo excelente trabalho de Kristen Stewart como protagonista.
Para quem não conhece, Seberg foi uma verdadeira estrela de um movimento cinematográfico francês chamado Nouvelle Vague,trabalhando com nomes consagrados como Jean-Luc Godard e François Truffaut. Embora tenha evitado Hollywood ao máximo, Seberg acabou escalada para viverJoana D’Arc de Otto Preminger, porém um acidente durante as filmagens quase matou a atriz queimada. Embora o filme pontue esse fato, é o inicio do romance com Hakim Jamal (Anthony Mackie), integrante dos Panteras Negras, e sua relação com o movimento dos direitos civis, que transformaram uma investigação feita pelo FBI no maior pesadelo da sua vida. Confira o trailer:
O fato do roteiro focar em um breve recorte da vida de Jean Seberg ajuda no desenvolvimento do drama pela qual a atriz passou, mas nos distancia do entendimento sobre o tamanho e a importância que ela tinha como figura pública. Dito isso, demoramos um pouco mais para mergulhar nas aflições da personagem - fato que não aconteceu em "Judy", por exemplo. Porém, assim que nos familiarizamos com o contexto politico e social da época e nos reconhecemos na forma como a atriz reage aos absurdos raciais, claro, tudo passa a fluir melhor. Kristen Stewart tem muito mérito nisso, já que seu trabalho explora todas as camadas de uma estrela, cheia de problemas pessoais, mas incrivelmente a frente do seu tempo. Vince Vaughn como o veterano radical e sem escrúpulos que trabalha no FBI, Carl Kowalski, também merece elogios. Reparem!
O interessante de "Seberg contra Todos", além de apresentar uma personagem forte e uma história que merecia ser contada, é a forma cruel como os fatos vão sendo construídos e como, pouco a pouco, isso vai interferindo na vida (e na sanidade) da protagonista. Saiba que o filme tem um caminho, uma direção clara, que impede maiores distrações, com isso tudo fica engessado e não dá tempo de provocar muitas reflexões como em "Infiltrado na Klan" ou em "Os Sete de Chicago"- para citar produções com eventos de uma mesma época e que trazem muitas referências. Independente disso, a recomendação é das mais tranquilas: trata-se de um ótimo filme, que acabou sendo deixado de lado injustamente e que merece muito o seu play!
Antes de terminar, mais uma observação: Rachel Morrison, jovem indicada ao Oscar na categoria "Melhor Fotografia" por "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi" de 2017, e que também trabalhou em "Pantera Negra" (2018), mais uma vez dá um show - o trabalho dela em "Seberg" é digno de prêmios!
"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" retrata a incrível história real deSarah Breedlove, a primeira mulher negra no mundo a tronar-se milionária. A minissérie de 4 capítulos da Netflix pode até ser reconhecida pela trajetória de sucesso da C.J. Walker e toda revolução que seus produtos representaram no setor de beleza para mulheres negras, mas na verdade, a história fala mesmo é de resiliência - para mim, uma das qualidades essenciais para quem quer (ou precisa) empreender. Confira o trailer:
A impressionante história de uma filha de escravos que se tornou uma das mulheres mais influentes de sua época foi contada na biografia On Her Own Ground, escrita por A'Lelia Bundles. O livro inspirou a série que tem como produtor executivo ninguém menos de LeBron James. Em 1908, na Louisiana, Sul dos Estados Unidos, Sarah Breedlove (Octavia Spencer) sobrevivia como lavadeira até que um dia ela recebeu a visita de Addie Munroe (Carmen Ejogo), uma vendedora que lhe oferecia um certo produto que prometia fazer seu cabelo crescer de uma forma mais rápida e sedosa. Com algum tempo de uso, a vida de Sarah muda completamente, aumentando sua auto-estima e abrindo a possibilidade de revender o produto usando seu depoimento real para convencer as possíveis compradoras. Sua estratégia funciona, porém Munroe impede que Breedlove continue com as vendas por não querer seu produto vinculado à uma lavandeira! Inconformada, ela resolve produzir seu próprio produto, atacando o ponto mais sensível da concorrente: o cheiro ruim que ficava no cabelo após a aplicação. A partir do sucesso do novo produto, "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" pontua todos os momentos cruciais na construção de um império da beleza em uma época em que grande parte dos Estados Unidos vivia sob rígidas leis de segregação racial.
De cara, é preciso dizer que o roteiro da minissérie escrito pela Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson (Bosh) e Janine Sherman (E.R.) tropeça na própria pretensão de se tornar inovador, porém entrega um resultado interessante e satisfatório - muito mais pela força da história de Breedlove do que pelas escolhas criativas das roteiristas. Existem algumas intervenções visuais durante os momentos de reflexão da protagonista que poderiam criar uma certa leveza artística para a minissérie, mas a forma como foi realizada tira completamente do contexto narrativo e não entrega o impacto visual que se propunha - se a culpa é da roteirista, da produção ou da própria diretora, fica difícil cravar, mas o fato é que não funcionou - ficou simples demais! Essa, aliás, é minha única critica em relação a minissérie - até sua proposta musical ao melhor estilo Baz Luhrmann eu gostei, ou seja, ao mesmo tempo em que se constrói uma história de época super engessada, também encontramos cenas importantes sendo embaladas ao som de um hip hop moderno, por exemplo!
A direção de DeMane Davis (de "How to Get Away with Murder") e de Kasi Lemmons (de "Harriet") não impressiona, mas também não compromete - cada uma dirigiu dois capítulos. Já a fotografia de Kira Kelly (de "A 13ª Emenda") está muito bonita, embora seja perceptível o incomodo por ser uma produção sem tantos recursos. Gostei muito do trabalho de arte e um pouco menos da montagem - o resultado final é uma minissérie com uma grande história que mereceria um maior investimento para alcançar o status de forte concorrente na próxima temporada de premiações - e aí nem preciso mencionar a qualidade do trabalho da Octavia Spencer, certo?
Agora, quando nos deparamos com frases impactantes como “o cabelo é nossa herança", "ele diz de onde viemos, onde estivemos e para onde vamos”, “o cabelo pode ser liberdade ou prisão” e “se ela fica bonita, todas nós ficamos bonita”, temos uma tendência natural em diminuir o valor do roteiro perante uma grande história, mas nesse caso o contexto faz todo o sentido, pois esse tipo de escolha serve como um impulso perante uma postura de marca que hoje é até usual, mas que na época foi um grande diferencial. Sarah Breedlove não vendia apenas um produto, ela vendia um novo estilo de vida; e construiu um império graças à coerência do seu discurso com seu propósito - ela queria criar possibilidades reais para uma ascensão social da mulher negra através de um trabalho digno, em um mercado até então dominado pelos brancos e isso acabou se tornando prioridade nos investimentos que ela sempre fez em treinamentos para que centenas de mulheres pudessem trabalhar como cabeleireiras e vendedoras de seus produtos.
Olha, a minissérie é inspiradora, tem uma dinâmica muito interessante e escancara alguns elementos essências para quem quer ou já empreende. Além de uma aula de percepção de mercado, desenvolvimento de produto, comunicação com seu publico (comunidade), estratégia de vendas e pitching; "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" é um excelente entretenimento! Vale muito a pena!
"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" retrata a incrível história real deSarah Breedlove, a primeira mulher negra no mundo a tronar-se milionária. A minissérie de 4 capítulos da Netflix pode até ser reconhecida pela trajetória de sucesso da C.J. Walker e toda revolução que seus produtos representaram no setor de beleza para mulheres negras, mas na verdade, a história fala mesmo é de resiliência - para mim, uma das qualidades essenciais para quem quer (ou precisa) empreender. Confira o trailer:
A impressionante história de uma filha de escravos que se tornou uma das mulheres mais influentes de sua época foi contada na biografia On Her Own Ground, escrita por A'Lelia Bundles. O livro inspirou a série que tem como produtor executivo ninguém menos de LeBron James. Em 1908, na Louisiana, Sul dos Estados Unidos, Sarah Breedlove (Octavia Spencer) sobrevivia como lavadeira até que um dia ela recebeu a visita de Addie Munroe (Carmen Ejogo), uma vendedora que lhe oferecia um certo produto que prometia fazer seu cabelo crescer de uma forma mais rápida e sedosa. Com algum tempo de uso, a vida de Sarah muda completamente, aumentando sua auto-estima e abrindo a possibilidade de revender o produto usando seu depoimento real para convencer as possíveis compradoras. Sua estratégia funciona, porém Munroe impede que Breedlove continue com as vendas por não querer seu produto vinculado à uma lavandeira! Inconformada, ela resolve produzir seu próprio produto, atacando o ponto mais sensível da concorrente: o cheiro ruim que ficava no cabelo após a aplicação. A partir do sucesso do novo produto, "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" pontua todos os momentos cruciais na construção de um império da beleza em uma época em que grande parte dos Estados Unidos vivia sob rígidas leis de segregação racial.
De cara, é preciso dizer que o roteiro da minissérie escrito pela Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson (Bosh) e Janine Sherman (E.R.) tropeça na própria pretensão de se tornar inovador, porém entrega um resultado interessante e satisfatório - muito mais pela força da história de Breedlove do que pelas escolhas criativas das roteiristas. Existem algumas intervenções visuais durante os momentos de reflexão da protagonista que poderiam criar uma certa leveza artística para a minissérie, mas a forma como foi realizada tira completamente do contexto narrativo e não entrega o impacto visual que se propunha - se a culpa é da roteirista, da produção ou da própria diretora, fica difícil cravar, mas o fato é que não funcionou - ficou simples demais! Essa, aliás, é minha única critica em relação a minissérie - até sua proposta musical ao melhor estilo Baz Luhrmann eu gostei, ou seja, ao mesmo tempo em que se constrói uma história de época super engessada, também encontramos cenas importantes sendo embaladas ao som de um hip hop moderno, por exemplo!
A direção de DeMane Davis (de "How to Get Away with Murder") e de Kasi Lemmons (de "Harriet") não impressiona, mas também não compromete - cada uma dirigiu dois capítulos. Já a fotografia de Kira Kelly (de "A 13ª Emenda") está muito bonita, embora seja perceptível o incomodo por ser uma produção sem tantos recursos. Gostei muito do trabalho de arte e um pouco menos da montagem - o resultado final é uma minissérie com uma grande história que mereceria um maior investimento para alcançar o status de forte concorrente na próxima temporada de premiações - e aí nem preciso mencionar a qualidade do trabalho da Octavia Spencer, certo?
Agora, quando nos deparamos com frases impactantes como “o cabelo é nossa herança", "ele diz de onde viemos, onde estivemos e para onde vamos”, “o cabelo pode ser liberdade ou prisão” e “se ela fica bonita, todas nós ficamos bonita”, temos uma tendência natural em diminuir o valor do roteiro perante uma grande história, mas nesse caso o contexto faz todo o sentido, pois esse tipo de escolha serve como um impulso perante uma postura de marca que hoje é até usual, mas que na época foi um grande diferencial. Sarah Breedlove não vendia apenas um produto, ela vendia um novo estilo de vida; e construiu um império graças à coerência do seu discurso com seu propósito - ela queria criar possibilidades reais para uma ascensão social da mulher negra através de um trabalho digno, em um mercado até então dominado pelos brancos e isso acabou se tornando prioridade nos investimentos que ela sempre fez em treinamentos para que centenas de mulheres pudessem trabalhar como cabeleireiras e vendedoras de seus produtos.
Olha, a minissérie é inspiradora, tem uma dinâmica muito interessante e escancara alguns elementos essências para quem quer ou já empreende. Além de uma aula de percepção de mercado, desenvolvimento de produto, comunicação com seu publico (comunidade), estratégia de vendas e pitching; "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" é um excelente entretenimento! Vale muito a pena!
Nada será tão tranquilo ao apertar o play! Sério, na linha do inesquecível "Olhos que Condenam", "Seven Seconds" é realmente visceral ao oferecer uma exploração corajosa e emocionalmente intensa sobre as tensões raciais nos EUA pela perspectiva da corrupção policial e das falhas do sistema de justiça do país. Inspirada no filme russo "Major", de Yuriy Bykov, essa minissérie lançada em 2018 e criada por Veena Sud, adapta com muita inteligência e sensibilidade a narrativa original, porém dentro de um contexto americano, abordando temas que são tanto oportunos quanto atemporais. Com performances de fato poderosas (que garantiu até um Emmy para Regina King), uma narrativa angustiante na sua essência e uma crítica social bastante incisiva, "Seven Seconds", é possível dizer, se estabelece como uma das minisséries mais impactantes dos últimos anos e que, sem dúvida, vai fazer você se perguntar "por que raios eu não assisti essa maravilha antes?".
A trama é desencadeada por um incidente trágico: um jovem afro-americano, Brenton Butler (Daykwon Gaines), é atropelado por um policial branco, Pete Jablonski (Beau Knapp), em Jersey City. O policial, em pânico, decide encobrir o acidente com a ajuda de seus colegas, desencadeando uma série de eventos que expõem as fissuras profundas no sistema de justiça e nas relações raciais. A minissérie acompanha a luta da família Butler, especialmente da mãe de Brenton, Latrice (Regina King), por justiça, enquanto a promotora pública KJ Harper (Clare-Hope Ashitey) tenta navegar pelos obstáculos institucionais que dificultam a busca pela verdade. Confira o trailer:
Veena Sud, conhecida por seu magistral trabalho como showrunner em "The Killing", traz para Netflix sua habilidade em construir mistérios complexos e dramas emocionais. "Seven Seconds", na realidade, não se limita a ser um simples drama policial, muito pelo contrário, ela é uma minissérie que se aprofunda nas questões sociais e raciais com muito tato, apresentando uma narrativa que funciona tanto como um thriller jurídico quanto como um recorte importante de uma sociedade doente. Sud sabe abordar a corrupção policial, o preconceito e a dor da perda com uma elegância que faz com que narrativa fuja do sensacionalismo e provoque discussões, sempre focando na humanidade dos personagens e na complexidade moral das situações que coda uma deles enfrentam. A direção, que envolve vários profissionais ao longo da minissérie, é igualmente eficaz ao criar uma atmosfera de tensão e desespero constantes. A fotografia do Yaron Orbach (de "Paixão Obsessiva") é um primor! Sombria e realista, Orbach utiliza cores frias e uma iluminação 100% naturalista, para acentuar a densidade da narrativa. Repare como as cenas são frequentemente filmadas de maneira a enfatizar o isolamento dos personagens, reforçando a sensação de alienação e da desconexão em uma sociedade marcada pela injustiça.
O roteiro, co-escrito por Sud e sua equipe, é bem estruturado e equilibrado, mesclando a dor do drama pessoal com a dinâmica mais envolvente de uma investigação criminal - nesse sentido, a minissérie faz um excelente trabalho ao capturar a frustração e a raiva de uma comunidade que se sente repetidamente traída por aqueles que deveriam protegê-la. Olha, é de embrulhar o estômago! O ritmo da narrativa é excelente, permitindo que as emoções dos personagens e as implicações de suas ações se desenrolem de maneira orgânica e impactante. Regina King é o coração pulsante dessa proposta - ela captura a dor crua de uma mãe que perde seu filho de forma brutal e injusta. King traz uma intensidade emocional devastadora e poderosa, tornando sua Latrice uma personagem profundamente humana e de fácil conexão. Clare-Hope Ashitey também se destaca retratando uma promotora pública que luta com seus próprios demônios enquanto tenta fazer o que é certo em um sistema corrupto e por isso muito traiçoeiro!
"Seven Seconds" traz temas pesados em um ritmo deliberado que pode ser emocionalmente exaustivo para muitos. No entanto, é justamente essa proposta que aumenta o impacto da minissérie, deixando a audiência de olhos vidrados de um lado e tocada na alma de outro! Poderosa e necessária, a trama oferece uma crítica incisiva sobre as falhas sistêmicas e da injustiça racial. Sem levantar bandeiras desnecessárias, a narrativa deixa a mensagem de uma exploração corajosa sobre as complexidades morais e emocionais envolvidas em casos de brutalidade policial com suas consequências devastadoras. Olha, essa jornada é um desafio que vai te provocar uma reflexão intensa sobre questões essenciais, especialmente sobre o valor da verdade e da humanidade.
Vale muito!
Nada será tão tranquilo ao apertar o play! Sério, na linha do inesquecível "Olhos que Condenam", "Seven Seconds" é realmente visceral ao oferecer uma exploração corajosa e emocionalmente intensa sobre as tensões raciais nos EUA pela perspectiva da corrupção policial e das falhas do sistema de justiça do país. Inspirada no filme russo "Major", de Yuriy Bykov, essa minissérie lançada em 2018 e criada por Veena Sud, adapta com muita inteligência e sensibilidade a narrativa original, porém dentro de um contexto americano, abordando temas que são tanto oportunos quanto atemporais. Com performances de fato poderosas (que garantiu até um Emmy para Regina King), uma narrativa angustiante na sua essência e uma crítica social bastante incisiva, "Seven Seconds", é possível dizer, se estabelece como uma das minisséries mais impactantes dos últimos anos e que, sem dúvida, vai fazer você se perguntar "por que raios eu não assisti essa maravilha antes?".
A trama é desencadeada por um incidente trágico: um jovem afro-americano, Brenton Butler (Daykwon Gaines), é atropelado por um policial branco, Pete Jablonski (Beau Knapp), em Jersey City. O policial, em pânico, decide encobrir o acidente com a ajuda de seus colegas, desencadeando uma série de eventos que expõem as fissuras profundas no sistema de justiça e nas relações raciais. A minissérie acompanha a luta da família Butler, especialmente da mãe de Brenton, Latrice (Regina King), por justiça, enquanto a promotora pública KJ Harper (Clare-Hope Ashitey) tenta navegar pelos obstáculos institucionais que dificultam a busca pela verdade. Confira o trailer:
Veena Sud, conhecida por seu magistral trabalho como showrunner em "The Killing", traz para Netflix sua habilidade em construir mistérios complexos e dramas emocionais. "Seven Seconds", na realidade, não se limita a ser um simples drama policial, muito pelo contrário, ela é uma minissérie que se aprofunda nas questões sociais e raciais com muito tato, apresentando uma narrativa que funciona tanto como um thriller jurídico quanto como um recorte importante de uma sociedade doente. Sud sabe abordar a corrupção policial, o preconceito e a dor da perda com uma elegância que faz com que narrativa fuja do sensacionalismo e provoque discussões, sempre focando na humanidade dos personagens e na complexidade moral das situações que coda uma deles enfrentam. A direção, que envolve vários profissionais ao longo da minissérie, é igualmente eficaz ao criar uma atmosfera de tensão e desespero constantes. A fotografia do Yaron Orbach (de "Paixão Obsessiva") é um primor! Sombria e realista, Orbach utiliza cores frias e uma iluminação 100% naturalista, para acentuar a densidade da narrativa. Repare como as cenas são frequentemente filmadas de maneira a enfatizar o isolamento dos personagens, reforçando a sensação de alienação e da desconexão em uma sociedade marcada pela injustiça.
O roteiro, co-escrito por Sud e sua equipe, é bem estruturado e equilibrado, mesclando a dor do drama pessoal com a dinâmica mais envolvente de uma investigação criminal - nesse sentido, a minissérie faz um excelente trabalho ao capturar a frustração e a raiva de uma comunidade que se sente repetidamente traída por aqueles que deveriam protegê-la. Olha, é de embrulhar o estômago! O ritmo da narrativa é excelente, permitindo que as emoções dos personagens e as implicações de suas ações se desenrolem de maneira orgânica e impactante. Regina King é o coração pulsante dessa proposta - ela captura a dor crua de uma mãe que perde seu filho de forma brutal e injusta. King traz uma intensidade emocional devastadora e poderosa, tornando sua Latrice uma personagem profundamente humana e de fácil conexão. Clare-Hope Ashitey também se destaca retratando uma promotora pública que luta com seus próprios demônios enquanto tenta fazer o que é certo em um sistema corrupto e por isso muito traiçoeiro!
"Seven Seconds" traz temas pesados em um ritmo deliberado que pode ser emocionalmente exaustivo para muitos. No entanto, é justamente essa proposta que aumenta o impacto da minissérie, deixando a audiência de olhos vidrados de um lado e tocada na alma de outro! Poderosa e necessária, a trama oferece uma crítica incisiva sobre as falhas sistêmicas e da injustiça racial. Sem levantar bandeiras desnecessárias, a narrativa deixa a mensagem de uma exploração corajosa sobre as complexidades morais e emocionais envolvidas em casos de brutalidade policial com suas consequências devastadoras. Olha, essa jornada é um desafio que vai te provocar uma reflexão intensa sobre questões essenciais, especialmente sobre o valor da verdade e da humanidade.
Vale muito!
"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.
"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):
Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida".
"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.
Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!
Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.
Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!
"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.
"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):
Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida".
"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.
Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!
Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.
Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!
"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.
O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:
Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.
Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.
"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.
"Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!
"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.
O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:
Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.
Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.
"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.
"Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!
"The Night Of", na verdade, é um remake da HBO de uma série inglesa chamada "Criminal Justice", mas que nessa versão americana dirigida pelo James Marsh (de "A Teoria de Tudo" e vencedor do Oscar pelo documentário "Man on Wire") acabou virando uma incrível e angustiante minissérie de 8 episódios. Embora seja ficção, a história traz muitos elementos narrativos que fizeram de "Making a Murderer"um grande fenômeno em uma época em que as produções de "True Crime" começaram a ganhar um pouco mais de destaque nos catálogos das plataformas de streaming - e te adiando: se você gosta do tema e assistiu a produção da Netflix, vai ficar fácil perceber as similaridades e, claro, você vai se envolver profundamente.
Após ter passado a noite com uma mulher desconhecida, Nasir "Naz" Khan (Riz Ahmed), ao acordar, encontra ela morta, toda esfaqueada. Naz, um jovem descendente paquistanês, acaba sendo acusado de tê-la assassinado. No entanto, as investigações lançam uma luz sobre complexas relações entre alguns casos analisados pela polícia de Nova York e é aí que passamos a acompanhar os bastidores dos procedimentos legais do sistema criminal americano e o inferno que é viver no "feroz purgatório" de Rikers Island, onde os acusados são mantidos enquanto esperam pelo julgamento. Confira o trailer (em inglês):
Eu não conhecia a série original, mas já no primeiro episódio de "The Night Of" ficou claro para mim, a enorme qualidade do roteiro dessa versão. A maneira como eles constroem o drama do protagonista é sensacional - você se importa com o personagem logo de cara e isso vai gerando uma certa sensação de angústia que a cada erro ou vacilo que ele vai cometendo durante a história, só aumenta. Reparem como esse sentimento vai nos corroendo de uma forma, que fica impossível você não se colocar no lugar do personagem!
O roteiro escrito pelos craques Richard Price e Steven Zaillian (baseada na história original do Peter Moffat) é capaz de apresentar e desenvolver uma trama complexa de uma forma inteligente, explorando temas delicados de um jeito extremamente realista. O impacto da mídia e a dinâmica racial/social que permeiam todo o caso funcionam como gatilhos emocionais que, sério, nos tiram do eixo. É muito interessante como o roteiro mergulha profundamente nos detalhes do processo legal, expondo as falhas do sistema e questionando a ideia de que existe uma justiça verdadeira - os dilemas morais e as decisões difíceis enfrentadas pelos personagens tornam a narrativa ao mesmo tempo que intrigante, muito emocionante.
Riz Ahmed entrega uma performance cativante, mostrando um range de emoções muito particular: ele vai desde a ingenuidade inicial até o desespero, mas acho que é a transformação na prisão que mais impressiona. John Turturro (como o advogado de defesa, John Stone) com a maestria de sempre, também merece elogios - sua representação do advogado dedicado, mas imperfeito, é muito autêntica, realista. Outro detalhe que merece sua atenção é a fotografia de "The Night Of"- ela apresenta uma estética sombria e imersiva que se conecta perfeitamente às nossas sensações durante a história criando uma atmosfera de suspense e mistério como poucas vezes vimos. Existe uma sensação latente de opressão que é muito marcante.
Bom, com 13 indicações e 5 troféus na sacola no Emmy de 2017, não tem como negar que essa é uma das melhores minisséries de drama policial produzidas nos últimos tempos! Com a sagacidade de ir além do crime e assim mergulhar no efeito devastador que ele pode ter sobre as famílias das vítimas e dos acusados, "The Night Of", posso afirmar, é uma experiência difícil, que deixa uma marca profunda em quem assiste e, justamente por isso, ela é imperdível!
"The Night Of", na verdade, é um remake da HBO de uma série inglesa chamada "Criminal Justice", mas que nessa versão americana dirigida pelo James Marsh (de "A Teoria de Tudo" e vencedor do Oscar pelo documentário "Man on Wire") acabou virando uma incrível e angustiante minissérie de 8 episódios. Embora seja ficção, a história traz muitos elementos narrativos que fizeram de "Making a Murderer"um grande fenômeno em uma época em que as produções de "True Crime" começaram a ganhar um pouco mais de destaque nos catálogos das plataformas de streaming - e te adiando: se você gosta do tema e assistiu a produção da Netflix, vai ficar fácil perceber as similaridades e, claro, você vai se envolver profundamente.
Após ter passado a noite com uma mulher desconhecida, Nasir "Naz" Khan (Riz Ahmed), ao acordar, encontra ela morta, toda esfaqueada. Naz, um jovem descendente paquistanês, acaba sendo acusado de tê-la assassinado. No entanto, as investigações lançam uma luz sobre complexas relações entre alguns casos analisados pela polícia de Nova York e é aí que passamos a acompanhar os bastidores dos procedimentos legais do sistema criminal americano e o inferno que é viver no "feroz purgatório" de Rikers Island, onde os acusados são mantidos enquanto esperam pelo julgamento. Confira o trailer (em inglês):
Eu não conhecia a série original, mas já no primeiro episódio de "The Night Of" ficou claro para mim, a enorme qualidade do roteiro dessa versão. A maneira como eles constroem o drama do protagonista é sensacional - você se importa com o personagem logo de cara e isso vai gerando uma certa sensação de angústia que a cada erro ou vacilo que ele vai cometendo durante a história, só aumenta. Reparem como esse sentimento vai nos corroendo de uma forma, que fica impossível você não se colocar no lugar do personagem!
O roteiro escrito pelos craques Richard Price e Steven Zaillian (baseada na história original do Peter Moffat) é capaz de apresentar e desenvolver uma trama complexa de uma forma inteligente, explorando temas delicados de um jeito extremamente realista. O impacto da mídia e a dinâmica racial/social que permeiam todo o caso funcionam como gatilhos emocionais que, sério, nos tiram do eixo. É muito interessante como o roteiro mergulha profundamente nos detalhes do processo legal, expondo as falhas do sistema e questionando a ideia de que existe uma justiça verdadeira - os dilemas morais e as decisões difíceis enfrentadas pelos personagens tornam a narrativa ao mesmo tempo que intrigante, muito emocionante.
Riz Ahmed entrega uma performance cativante, mostrando um range de emoções muito particular: ele vai desde a ingenuidade inicial até o desespero, mas acho que é a transformação na prisão que mais impressiona. John Turturro (como o advogado de defesa, John Stone) com a maestria de sempre, também merece elogios - sua representação do advogado dedicado, mas imperfeito, é muito autêntica, realista. Outro detalhe que merece sua atenção é a fotografia de "The Night Of"- ela apresenta uma estética sombria e imersiva que se conecta perfeitamente às nossas sensações durante a história criando uma atmosfera de suspense e mistério como poucas vezes vimos. Existe uma sensação latente de opressão que é muito marcante.
Bom, com 13 indicações e 5 troféus na sacola no Emmy de 2017, não tem como negar que essa é uma das melhores minisséries de drama policial produzidas nos últimos tempos! Com a sagacidade de ir além do crime e assim mergulhar no efeito devastador que ele pode ter sobre as famílias das vítimas e dos acusados, "The Night Of", posso afirmar, é uma experiência difícil, que deixa uma marca profunda em quem assiste e, justamente por isso, ela é imperdível!
"Them" consegue ser ambígua e polêmica desde o título: a série tem sido traduzida por "Eles" e "Outros" nas diferentes plataformas e sites. Nessa série antológica de época, uma família afro-americana se muda para um bairro caucasiano e racista. Acompanhamos seus 10 primeiros dias no novo lar. Confira o trailer:
A qualidade técnica é indiscutível e a ambientação do subúrbio americano dos anos 50 é simplesmente impecável, dos carros à trilha sonora. O contexto histórico também é retratado: na primeira metade do século 20, cerca de 6 milhões de afro-americanos deixaram o sul – rural e ainda segregacionista – em direção a centros urbanos, noutras regiões do país, no movimento conhecido como Grande Migração.
Os elementos de tensão e horror são diversos e muito bem trabalhados: traumas do passado, vizinhança hostil, sociedade racista, pesadelos, entidades ameaçadoras... A realidade é dúbia e a dúvida é sustentada, pelo menos, até o ousado penúltimo episódio – um flashback em preto e branco, focado em um personagem que até então mal havia dado as caras.
Em vários momentos, porém, a ousadia se transforma num flerte com o sadismo: além do horror psicológico, há uma dezena de cenas de violência explícita e até tortura. Isso não seria um problema se a direção não cruzasse a linha da “violência que serve à história”.
A partir do polêmico 5º episódio – onde avisos de gatilho, não à toa, aparecem antes do início – a crítica social sucumbe em detrimento ao horror onde o propósito parece ser chocar a audiência. Basta ver como as recentes produções "Lovecraft Country", "Nós" e "Corra!" trabalham o mesmo tema (racismo), dentro do mesmo gênero (terror), de forma mais equilibrada.
O casal protagonista convence tanto nos momentos dramáticos quanto nos explosivos, o que não é fácil. Interpretações num tom acima ou abaixo, somadas à violência desviada da mensagem central, comprometeriam o resultado final. A principal "vilã" também se destaca: ela ganha camadas e se vê forçada a flexibilizar convicções durante a jornada, sempre com um sorriso amarelo acompanhado de iminentes lágrimas.
Usando alegorias sádicas e excessos narrativos para falar sobre luto, culpa e racismo, "Them" te desafia a assisti-la sem revirar os olhos (ou o estômago) pelo menos uma vez. Uma experiência intensa e perturbadora, que vale mais pela jornada!
Escrito por Ricelli Ribeiro com Edição de André Siqueira - uma parceria@dicastreaming
"Them" consegue ser ambígua e polêmica desde o título: a série tem sido traduzida por "Eles" e "Outros" nas diferentes plataformas e sites. Nessa série antológica de época, uma família afro-americana se muda para um bairro caucasiano e racista. Acompanhamos seus 10 primeiros dias no novo lar. Confira o trailer:
A qualidade técnica é indiscutível e a ambientação do subúrbio americano dos anos 50 é simplesmente impecável, dos carros à trilha sonora. O contexto histórico também é retratado: na primeira metade do século 20, cerca de 6 milhões de afro-americanos deixaram o sul – rural e ainda segregacionista – em direção a centros urbanos, noutras regiões do país, no movimento conhecido como Grande Migração.
Os elementos de tensão e horror são diversos e muito bem trabalhados: traumas do passado, vizinhança hostil, sociedade racista, pesadelos, entidades ameaçadoras... A realidade é dúbia e a dúvida é sustentada, pelo menos, até o ousado penúltimo episódio – um flashback em preto e branco, focado em um personagem que até então mal havia dado as caras.
Em vários momentos, porém, a ousadia se transforma num flerte com o sadismo: além do horror psicológico, há uma dezena de cenas de violência explícita e até tortura. Isso não seria um problema se a direção não cruzasse a linha da “violência que serve à história”.
A partir do polêmico 5º episódio – onde avisos de gatilho, não à toa, aparecem antes do início – a crítica social sucumbe em detrimento ao horror onde o propósito parece ser chocar a audiência. Basta ver como as recentes produções "Lovecraft Country", "Nós" e "Corra!" trabalham o mesmo tema (racismo), dentro do mesmo gênero (terror), de forma mais equilibrada.
O casal protagonista convence tanto nos momentos dramáticos quanto nos explosivos, o que não é fácil. Interpretações num tom acima ou abaixo, somadas à violência desviada da mensagem central, comprometeriam o resultado final. A principal "vilã" também se destaca: ela ganha camadas e se vê forçada a flexibilizar convicções durante a jornada, sempre com um sorriso amarelo acompanhado de iminentes lágrimas.
Usando alegorias sádicas e excessos narrativos para falar sobre luto, culpa e racismo, "Them" te desafia a assisti-la sem revirar os olhos (ou o estômago) pelo menos uma vez. Uma experiência intensa e perturbadora, que vale mais pela jornada!
Escrito por Ricelli Ribeiro com Edição de André Siqueira - uma parceria@dicastreaming
Se você assistir 2 episódios de "Treta", sua percepção será uma. Se você assistir 7, será outra. Se você assistir toda minissérie você vai entender perfeitamente a razão pela qual ela ganhou a maioria (para não dizer os principais) dos prêmios que disputou no Emmy 2023 e no Globo de Ouro 2024. Criada pelo sul-coreano Lee Sung Jin (um dos roteiristas de "Silicon Valley"), essa minissérie pode ser considerada uma das melhores produções da Netflix em todos os tempos - mas já te adiando: essa opinião não será uma unanimidade já que a trama, para alguns, pode parecer esquisita demais, um pouco maçante em alguns episódios e com um final, digamos, fora do usual, ao ponto de exigir muita reflexão para embarcar na proposta do seu criador. Veja, acompanhar a história de dois estranhos que se envolvem em uma briga de trânsito, passam a se perseguir e provocar um ao outro, não é algo tão criativo assim, mas a forma como isso se transforma em uma verdadeira provocação, inteligente eu pontuaria, sobre "causa e consequência", isso sim é! Além, obviamente, de ser um olhar dos mais interessantes sobre a raiva e suas implicações nas relações humanas no mundo moderno - algo que encontramos nas camadas mais profundas de "Parasita", por exemplo.
Danny Cho (Steven Yeun) é um empreiteiro frustrado com sérios problemas financeiros e de auto-estima. Amy Lau (Ali Wong) é uma empresária bem-sucedida, casada e com uma realidade muito diferente de Danny, mas nem por isso mais fácil. O caminho desses dois mundos acaba se cruzando inesperadamente após um desentendimento no trânsito. A raiva causada pelo incidente e o desejo de vingança que toma conta dos dois vão, pouco a pouco, consumindo suas mentes e trazendo consequências caóticas às suas vidas. Confira o trailer:
A partir de um olhar mais cuidadoso, é possível afirmar que a minissérie pode ser considerada imperdível por vários motivos e provavelmente o primeiro que vai te chamar atenção será o roteiro. Original e instigante, o roteiro do próprio Jin oferece uma visão diferente sobre um tema tão comum: a raiva. O texto é bem escrito, é inteligente, e sabe explorar com sensibilidade as nuances psicológicas dos personagens quando tomados por esse sentimento. Aqui não se trata apenas dos atos, mas também dos gatilhos que impulsionam um ser humano a agir de forma irracional em pleno século XXI.
Em segundo lugar, as performances dos premiados Steven Yeun e Ali Wong são simplesmente impecáveis. Yeun, que já havia se destacado em produções como "Minari" (quando foi, inclusive, indicado ao Oscar), mostra mais uma vez seu talento, interpretando um homem ressentido e violento que busca desesperadamente ser amado - sua capacidade de construir um personagem complexo na sua intimidade e simples na sua postura cotidiana, é de se aplaudir de pé. Já Wong entrega uma performance visceral, dando vida para uma mulher forte e impulsiva, mas ao mesmo tempo carente e que luta para ser aceita como mãe, trazendo do seu passado uma série de fantasmas que pontualmente impactam demais nas suas escolhas como ser humano.
A direção de Sung Jin é o terceiro pilar de "Treta". O diretor consegue criar uma atmosfera claustrofóbica e tensa, que reflete o estado emocional dos seus personagens a cada sequência que ele se propõe a construir com uma capacidade artística que me lembrou muito Bong Joon-ho. Ao alinhar uma fotografia elegante e o uso de uma trilha sonoro especialmente eficaz, Jin entrega um verdadeiro tratado crítico e mordaz sobre a sociedade contemporânea que alimenta a raiva e a intolerância a cada "mão na buzina". Saiba que "Beef" (no original) vai ficar na sua cabeça por muito tempo, te fazendo pensar ao ponto de transformar algumas de suas atitudes dependendo da sua sensibilidade e disposição!
Um drama com toques de humor non-sense para dar o play e esquecer (ou lembrar demais) da vida!
Se você assistir 2 episódios de "Treta", sua percepção será uma. Se você assistir 7, será outra. Se você assistir toda minissérie você vai entender perfeitamente a razão pela qual ela ganhou a maioria (para não dizer os principais) dos prêmios que disputou no Emmy 2023 e no Globo de Ouro 2024. Criada pelo sul-coreano Lee Sung Jin (um dos roteiristas de "Silicon Valley"), essa minissérie pode ser considerada uma das melhores produções da Netflix em todos os tempos - mas já te adiando: essa opinião não será uma unanimidade já que a trama, para alguns, pode parecer esquisita demais, um pouco maçante em alguns episódios e com um final, digamos, fora do usual, ao ponto de exigir muita reflexão para embarcar na proposta do seu criador. Veja, acompanhar a história de dois estranhos que se envolvem em uma briga de trânsito, passam a se perseguir e provocar um ao outro, não é algo tão criativo assim, mas a forma como isso se transforma em uma verdadeira provocação, inteligente eu pontuaria, sobre "causa e consequência", isso sim é! Além, obviamente, de ser um olhar dos mais interessantes sobre a raiva e suas implicações nas relações humanas no mundo moderno - algo que encontramos nas camadas mais profundas de "Parasita", por exemplo.
Danny Cho (Steven Yeun) é um empreiteiro frustrado com sérios problemas financeiros e de auto-estima. Amy Lau (Ali Wong) é uma empresária bem-sucedida, casada e com uma realidade muito diferente de Danny, mas nem por isso mais fácil. O caminho desses dois mundos acaba se cruzando inesperadamente após um desentendimento no trânsito. A raiva causada pelo incidente e o desejo de vingança que toma conta dos dois vão, pouco a pouco, consumindo suas mentes e trazendo consequências caóticas às suas vidas. Confira o trailer:
A partir de um olhar mais cuidadoso, é possível afirmar que a minissérie pode ser considerada imperdível por vários motivos e provavelmente o primeiro que vai te chamar atenção será o roteiro. Original e instigante, o roteiro do próprio Jin oferece uma visão diferente sobre um tema tão comum: a raiva. O texto é bem escrito, é inteligente, e sabe explorar com sensibilidade as nuances psicológicas dos personagens quando tomados por esse sentimento. Aqui não se trata apenas dos atos, mas também dos gatilhos que impulsionam um ser humano a agir de forma irracional em pleno século XXI.
Em segundo lugar, as performances dos premiados Steven Yeun e Ali Wong são simplesmente impecáveis. Yeun, que já havia se destacado em produções como "Minari" (quando foi, inclusive, indicado ao Oscar), mostra mais uma vez seu talento, interpretando um homem ressentido e violento que busca desesperadamente ser amado - sua capacidade de construir um personagem complexo na sua intimidade e simples na sua postura cotidiana, é de se aplaudir de pé. Já Wong entrega uma performance visceral, dando vida para uma mulher forte e impulsiva, mas ao mesmo tempo carente e que luta para ser aceita como mãe, trazendo do seu passado uma série de fantasmas que pontualmente impactam demais nas suas escolhas como ser humano.
A direção de Sung Jin é o terceiro pilar de "Treta". O diretor consegue criar uma atmosfera claustrofóbica e tensa, que reflete o estado emocional dos seus personagens a cada sequência que ele se propõe a construir com uma capacidade artística que me lembrou muito Bong Joon-ho. Ao alinhar uma fotografia elegante e o uso de uma trilha sonoro especialmente eficaz, Jin entrega um verdadeiro tratado crítico e mordaz sobre a sociedade contemporânea que alimenta a raiva e a intolerância a cada "mão na buzina". Saiba que "Beef" (no original) vai ficar na sua cabeça por muito tempo, te fazendo pensar ao ponto de transformar algumas de suas atitudes dependendo da sua sensibilidade e disposição!
Um drama com toques de humor non-sense para dar o play e esquecer (ou lembrar demais) da vida!
O que "House of Cards", "Succession", "Billions" e "The Night Of" tem em comum? Dada as suas respectivas perspectivas e contextos, sem dúvida que a "relação com o poder" é o que move seus personagens em suas jornadas mais íntimas. Em "Um Homem por Inteiro" o que encontramos é justamente isso - é como se essa adaptação do livro de Tom Wolfe buscasse o que existe de melhor nessas quatro fontes e transformasse em uma narrativa única, dinâmica, densa e muito envolvente. No entanto aqui cabe uma crítica: a minissérie de seis episódios da Netflix tem tantas camadas para explorar que a impressão que fica é que não seria nada absurdo se tivéssemos, pelo menos, mais dois episódios para tudo se conectar com mais tranquilidade.
Basicamente acompanhamos a trajetória de Charlie Croker (Jeff Daniels), um ex-atleta que construiu um verdadeiro império imobiliário do zero, mas que de repente se vê à beira do abismo após uma série de movimentos financeiros de seus credores. Enfrentando uma iminente falência que resultaria na perda de tudo que conquistou, inclusive seu status de vencedor, Croker passa lutar com todas as suas armas para recuperar seu negócio e se proteger daqueles que querem se aproveitar dessa situação. Confira o trailer:
Ter Regina King (de "This is Us") e Thomas Schlamme (de "House of Cards") na direção e David E. Kelley (de "Big Little Lies") na produção e roteiro, por si só, já colocaria "Um Homem por Inteiro" naquela prateleira de "precisamos assistir"! E acredite, você não vai se decepcionar - mas talvez fique com um certo gostinho de que a trama poderia ir mais longe. O que vemos na tela é uma minissérie que não se limita em ser um drama sobre negócios e ambição como a sinopse sugere. "A Man in Full" (no original) se apropria de temas mais universais como as relações familiares, a quebra de lealdade, a masculinidade tóxica, o racismo e até a redenção, para servir de gatilhos narrativos e assim oferecer uma reflexão mais profunda sobre a natureza humana nos tempos atuais - o próprio autor sugeriu que sua história captura o espírito dos anos 1990 como uma reimaginação para a os Estados Unidos de hoje, oferecendo um cenário instável que reflete desafios contemporâneos sem cortes.
De fato a jornada de Charlie Crokeré um lembrete de que a queda pode ser apenas o início de uma nova ascensão se olhada por uma perspectiva mais estoica. Veja, tanto Wolfe em seu livro, quanto Kelley em seu roteiro, acreditam que a verdadeira riqueza reside nos "valores" e nas "atitudes" do ser humano perante o seu meio, no entanto, o que a narrativa entrega propositalmente é a quebra dessa expectativa, a subversão de uma linha tênue entre o controle e o descontrole, tanto para aqueles que dominam a relação de poder quanto para aqueles que estão em uma posição de vulnerabilidade. Nesse ponto é impossível não citar o elenco que dá vida para personagens totalmente multidimensionais: Jeff Daniels brilha com seu protagonista bronco e resiliente; Diane Lane como Martha Croker, ex-esposa de Charlie, traz um mulher se redescobrindo depois do divórcio, mas que tem na idade sua maior barreira; enquanto Lucy Liu entrega uma performance impressionante pelo tamanho de sua personagem, a Joyce Newman, uma mulher marcada por um passado doloroso. Isso sem falar no núcleo de William Jackson Harper como Wes Jordan e de Jon Michael Hill como Conrad Hensley, que marca a luta por justiça e uma questão racial bastante pertinente. Mas olha, quem brilha mesmo é Tom Pelphrey ele está simplesmente impecável como o ressentido e invejoso, mas ambicioso, Raymond Peepgrass.
"Um Homem por Inteiro" é muito bem realizada e nos envolve rapidamente, especialmente para aqueles que se deliciam com "Succession" e "Billions", porém, com um olhar macro, é perceptível que a minissérie não tem a complexidade e a força crítica do material original de Tom Wolfe. Kelley cumpre o seu papel ao modernizar e simplificar a história para uma audiência menos exigente e mesmo que o resultado não seja tão profundo, a densidade narrativa e a relevância temática continuam lá - sem falar no excelente entretenimento.
Vale su play!
O que "House of Cards", "Succession", "Billions" e "The Night Of" tem em comum? Dada as suas respectivas perspectivas e contextos, sem dúvida que a "relação com o poder" é o que move seus personagens em suas jornadas mais íntimas. Em "Um Homem por Inteiro" o que encontramos é justamente isso - é como se essa adaptação do livro de Tom Wolfe buscasse o que existe de melhor nessas quatro fontes e transformasse em uma narrativa única, dinâmica, densa e muito envolvente. No entanto aqui cabe uma crítica: a minissérie de seis episódios da Netflix tem tantas camadas para explorar que a impressão que fica é que não seria nada absurdo se tivéssemos, pelo menos, mais dois episódios para tudo se conectar com mais tranquilidade.
Basicamente acompanhamos a trajetória de Charlie Croker (Jeff Daniels), um ex-atleta que construiu um verdadeiro império imobiliário do zero, mas que de repente se vê à beira do abismo após uma série de movimentos financeiros de seus credores. Enfrentando uma iminente falência que resultaria na perda de tudo que conquistou, inclusive seu status de vencedor, Croker passa lutar com todas as suas armas para recuperar seu negócio e se proteger daqueles que querem se aproveitar dessa situação. Confira o trailer:
Ter Regina King (de "This is Us") e Thomas Schlamme (de "House of Cards") na direção e David E. Kelley (de "Big Little Lies") na produção e roteiro, por si só, já colocaria "Um Homem por Inteiro" naquela prateleira de "precisamos assistir"! E acredite, você não vai se decepcionar - mas talvez fique com um certo gostinho de que a trama poderia ir mais longe. O que vemos na tela é uma minissérie que não se limita em ser um drama sobre negócios e ambição como a sinopse sugere. "A Man in Full" (no original) se apropria de temas mais universais como as relações familiares, a quebra de lealdade, a masculinidade tóxica, o racismo e até a redenção, para servir de gatilhos narrativos e assim oferecer uma reflexão mais profunda sobre a natureza humana nos tempos atuais - o próprio autor sugeriu que sua história captura o espírito dos anos 1990 como uma reimaginação para a os Estados Unidos de hoje, oferecendo um cenário instável que reflete desafios contemporâneos sem cortes.
De fato a jornada de Charlie Crokeré um lembrete de que a queda pode ser apenas o início de uma nova ascensão se olhada por uma perspectiva mais estoica. Veja, tanto Wolfe em seu livro, quanto Kelley em seu roteiro, acreditam que a verdadeira riqueza reside nos "valores" e nas "atitudes" do ser humano perante o seu meio, no entanto, o que a narrativa entrega propositalmente é a quebra dessa expectativa, a subversão de uma linha tênue entre o controle e o descontrole, tanto para aqueles que dominam a relação de poder quanto para aqueles que estão em uma posição de vulnerabilidade. Nesse ponto é impossível não citar o elenco que dá vida para personagens totalmente multidimensionais: Jeff Daniels brilha com seu protagonista bronco e resiliente; Diane Lane como Martha Croker, ex-esposa de Charlie, traz um mulher se redescobrindo depois do divórcio, mas que tem na idade sua maior barreira; enquanto Lucy Liu entrega uma performance impressionante pelo tamanho de sua personagem, a Joyce Newman, uma mulher marcada por um passado doloroso. Isso sem falar no núcleo de William Jackson Harper como Wes Jordan e de Jon Michael Hill como Conrad Hensley, que marca a luta por justiça e uma questão racial bastante pertinente. Mas olha, quem brilha mesmo é Tom Pelphrey ele está simplesmente impecável como o ressentido e invejoso, mas ambicioso, Raymond Peepgrass.
"Um Homem por Inteiro" é muito bem realizada e nos envolve rapidamente, especialmente para aqueles que se deliciam com "Succession" e "Billions", porém, com um olhar macro, é perceptível que a minissérie não tem a complexidade e a força crítica do material original de Tom Wolfe. Kelley cumpre o seu papel ao modernizar e simplificar a história para uma audiência menos exigente e mesmo que o resultado não seja tão profundo, a densidade narrativa e a relevância temática continuam lá - sem falar no excelente entretenimento.
Vale su play!
"Uma noite em Miami..." tem um roteiro extremamente original, criativo, inteligente; é muito bem dirigido pela estreante Regina King, fotografado pelo Tami Reiker; e o elenco é simplesmente incrível - mas o filme não será uma unanimidade! Na nossa opinião, o filme é excelente, mas é difícil, pois exige uma certa visão de mundo que aproxima a história muito mais dos americanos do que de outras platéias. Embora seja uma ficção, o roteiro usa de muitas referências reais, detalhes históricos que poucos conhecem e que será de difícil identificação - mais ou menos como aconteceu com "Era uma vez em Hollywood" do Tarantino.
O filme é uma adaptação de uma peça de teatro do dramaturgo Kemp Powers. Ele coloca o ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o “rei do soul” Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), o pugilista Muhammed Ali (Eli Goree) e o ator/jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge) juntos em um quarto de hotel, numa noite de 1964 em que celebravam o título mundial de Cassius Clay. É ali que essas importantes personalidades confrontam seus próprios papéis perante a sociedade, sobretudo em relação ao racismo estrutural que imperava naquele momento. Confira o trailer:
Olha que genial: embora contemporâneos, amigos e militantes do movimento por direitos civis dos negros na década de 1960, essa noite que vemos no filme, nunca existiu na realidade, apenas na cabeça de Powers que foi capaz de criar uma atmosfera que transforma um inesperado bate-papo em um momento cheio de reflexões importantes para a sociedade (atual). Como em "Os 7 de Chicago", "One Night in Miami" (título original) faz uma poderosa introdução apresentando os quatro protagonistas individualmente, usando de um conceito narrativo criativo para expor exatamente suas respectivas personalidades e pontuando suas opiniões (e postura) em relação ao segregacionismo da época.
Além de tecnicamente perfeito e de entrar definitivamente em uma corrida por muitas indicações ao Oscar, “Uma Noite em Miami…” é muito inteligente ao evitar polemizar os momentos de racismo e violência contra negros como vemos em outras obras com essa temática. Muito pelo contrário, a obra foca no que é dito nas entrelinhas e na amplitude que essa reflexão ganha na voz de personagens tão marcantes para o movimento - mesmo sendo uma ficção, é de uma força impressionante! O filme é intenso, cadenciado, praticamente construído em diálogos profundos, mas que nos provoca muitas (e muitas) reflexões.
Vale muito a pena e reparem no incrível trabalho de Kingsley Ben-Adir como Malcolm X - é de aplaudir de pé!
"Uma noite em Miami..." tem um roteiro extremamente original, criativo, inteligente; é muito bem dirigido pela estreante Regina King, fotografado pelo Tami Reiker; e o elenco é simplesmente incrível - mas o filme não será uma unanimidade! Na nossa opinião, o filme é excelente, mas é difícil, pois exige uma certa visão de mundo que aproxima a história muito mais dos americanos do que de outras platéias. Embora seja uma ficção, o roteiro usa de muitas referências reais, detalhes históricos que poucos conhecem e que será de difícil identificação - mais ou menos como aconteceu com "Era uma vez em Hollywood" do Tarantino.
O filme é uma adaptação de uma peça de teatro do dramaturgo Kemp Powers. Ele coloca o ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o “rei do soul” Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), o pugilista Muhammed Ali (Eli Goree) e o ator/jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge) juntos em um quarto de hotel, numa noite de 1964 em que celebravam o título mundial de Cassius Clay. É ali que essas importantes personalidades confrontam seus próprios papéis perante a sociedade, sobretudo em relação ao racismo estrutural que imperava naquele momento. Confira o trailer:
Olha que genial: embora contemporâneos, amigos e militantes do movimento por direitos civis dos negros na década de 1960, essa noite que vemos no filme, nunca existiu na realidade, apenas na cabeça de Powers que foi capaz de criar uma atmosfera que transforma um inesperado bate-papo em um momento cheio de reflexões importantes para a sociedade (atual). Como em "Os 7 de Chicago", "One Night in Miami" (título original) faz uma poderosa introdução apresentando os quatro protagonistas individualmente, usando de um conceito narrativo criativo para expor exatamente suas respectivas personalidades e pontuando suas opiniões (e postura) em relação ao segregacionismo da época.
Além de tecnicamente perfeito e de entrar definitivamente em uma corrida por muitas indicações ao Oscar, “Uma Noite em Miami…” é muito inteligente ao evitar polemizar os momentos de racismo e violência contra negros como vemos em outras obras com essa temática. Muito pelo contrário, a obra foca no que é dito nas entrelinhas e na amplitude que essa reflexão ganha na voz de personagens tão marcantes para o movimento - mesmo sendo uma ficção, é de uma força impressionante! O filme é intenso, cadenciado, praticamente construído em diálogos profundos, mas que nos provoca muitas (e muitas) reflexões.
Vale muito a pena e reparem no incrível trabalho de Kingsley Ben-Adir como Malcolm X - é de aplaudir de pé!
"Uma Questão de Química" é uma graça, mas está longe de ser uma comédia ou uma história sobre uma química que faz fama e dinheiro como apresentadora de um programa de culinária na TV. Não é sobre isso, é sim sobre o papel da mulher na sociedade americana do início dos anos 1960 - que cá entre nós, são situações tão absurdas que soa até algo distante, mas olha, ainda acontece! A minissérie criada pelo Lee Eisenberg (do surpreendente "Na Mira do Júri"), baseada na obra de Bonnie Garmus, brilha por levantar discussões e tocar em temas sensíveis que vão dialogar perfeitamente com o universo feminino e com sua luta por transformações que a sociedade precisa reconhecer como essenciais - essa é a proposta do projeto. Veja, toda trama é construída em cima de elementos dramáticos para uma audiência que gosta e se identifica com histórias inspiradoras sobre mulheres que desafiam as normas sociais - e é exatamente isso que ela entrega!
"Lessons in Chemistry" (no original) conta a história de Elizabeth Zott (Brie Larson), uma química brilhante que vive as sombras de um machismo estrutural e que acaba demitida do laboratório onde trabalha por causa de uma gravidez inesperada. Elizabeth, sem muitas opções de trabalho devido a sua condição, decide aceitar um convite inesperado: se tornar apresentadora de um programa de culinária. O interessante é que ela acaba usando seu espaço na TV americana para ir além de receitas, e passa a ensinar às donas de casa sobre feminismo, igualdade e empoderamento. Confira o trailer:
Mesmo que a minissérie se apoie naquela história universal sobre a importância de seguir seus sonhos e nunca desistir de seus objetivos, tecnicamente, o roteiro de Eisenberg acaba falhando quando vai além, justamente por respeitar demais a gramática literária de sua matéria prima. Pessoalmente não acho que isso atrapalhe a experiência, mas é inegável que muitas pontas ficam soltas e principalmente, muitas expectativas acabam sendo quebradas sem fazer muito sentido - a que mais incomoda é a superficialidade com que a trama trata o processo de autodescoberta da protagonista e sua ascensão social/midiática quando ela se torna uma apresentadora de TV. O plot da rodovia também é fraco demais.
A performance de Brie Larson, sem dúvida, é um dos grandes destaques da minissérie - pode apostar que ela será indicada em todas as premiações de 2024. Larson foi capaz de entregar uma Elizabeth Zott complexa e cheia de camadas, mas sem cair no estereótipo da fragilidade que se transforma em poder; nada disso, Zott é uma mulher forte e determinada, claro, mas também é vulnerável e incrivelmente humana - a cena de conexão entre ela e sua filha recém-nascida (que ela nunca desejou) só pelo olhar, é simplesmente genial.
Todo elenco de apoio é excelente, com destaque para Lewis Pullman como Calvin Evans, Kevin Sussman como o produtor Walter Pine e a apaixonante Alice Halsey como Madeline (muita atenção com essa garota, ela é um fenômeno). Obviamente que a direção permite que o elenco brilhe, ela é segura tecnicamente e muito eficiente artisticamente - alinhada a uma produção detalhista, com figurinos e cenários que recriam com fidelidade a época, eu diria que "Uma Questão de Química" é realmente impecável nesse sentido! Então, se você está procurando uma série inspiradora, emocionante e que te fará refletir, pode dar o play que seu entretenimento está garantido pelos próximos 8 episódios!
"Uma Questão de Química" é uma graça, mas está longe de ser uma comédia ou uma história sobre uma química que faz fama e dinheiro como apresentadora de um programa de culinária na TV. Não é sobre isso, é sim sobre o papel da mulher na sociedade americana do início dos anos 1960 - que cá entre nós, são situações tão absurdas que soa até algo distante, mas olha, ainda acontece! A minissérie criada pelo Lee Eisenberg (do surpreendente "Na Mira do Júri"), baseada na obra de Bonnie Garmus, brilha por levantar discussões e tocar em temas sensíveis que vão dialogar perfeitamente com o universo feminino e com sua luta por transformações que a sociedade precisa reconhecer como essenciais - essa é a proposta do projeto. Veja, toda trama é construída em cima de elementos dramáticos para uma audiência que gosta e se identifica com histórias inspiradoras sobre mulheres que desafiam as normas sociais - e é exatamente isso que ela entrega!
"Lessons in Chemistry" (no original) conta a história de Elizabeth Zott (Brie Larson), uma química brilhante que vive as sombras de um machismo estrutural e que acaba demitida do laboratório onde trabalha por causa de uma gravidez inesperada. Elizabeth, sem muitas opções de trabalho devido a sua condição, decide aceitar um convite inesperado: se tornar apresentadora de um programa de culinária. O interessante é que ela acaba usando seu espaço na TV americana para ir além de receitas, e passa a ensinar às donas de casa sobre feminismo, igualdade e empoderamento. Confira o trailer:
Mesmo que a minissérie se apoie naquela história universal sobre a importância de seguir seus sonhos e nunca desistir de seus objetivos, tecnicamente, o roteiro de Eisenberg acaba falhando quando vai além, justamente por respeitar demais a gramática literária de sua matéria prima. Pessoalmente não acho que isso atrapalhe a experiência, mas é inegável que muitas pontas ficam soltas e principalmente, muitas expectativas acabam sendo quebradas sem fazer muito sentido - a que mais incomoda é a superficialidade com que a trama trata o processo de autodescoberta da protagonista e sua ascensão social/midiática quando ela se torna uma apresentadora de TV. O plot da rodovia também é fraco demais.
A performance de Brie Larson, sem dúvida, é um dos grandes destaques da minissérie - pode apostar que ela será indicada em todas as premiações de 2024. Larson foi capaz de entregar uma Elizabeth Zott complexa e cheia de camadas, mas sem cair no estereótipo da fragilidade que se transforma em poder; nada disso, Zott é uma mulher forte e determinada, claro, mas também é vulnerável e incrivelmente humana - a cena de conexão entre ela e sua filha recém-nascida (que ela nunca desejou) só pelo olhar, é simplesmente genial.
Todo elenco de apoio é excelente, com destaque para Lewis Pullman como Calvin Evans, Kevin Sussman como o produtor Walter Pine e a apaixonante Alice Halsey como Madeline (muita atenção com essa garota, ela é um fenômeno). Obviamente que a direção permite que o elenco brilhe, ela é segura tecnicamente e muito eficiente artisticamente - alinhada a uma produção detalhista, com figurinos e cenários que recriam com fidelidade a época, eu diria que "Uma Questão de Química" é realmente impecável nesse sentido! Então, se você está procurando uma série inspiradora, emocionante e que te fará refletir, pode dar o play que seu entretenimento está garantido pelos próximos 8 episódios!
Se você está procurando uma jornada realmente angustiante e que vai te tirar completamente da zona de conforto, você está no review certo! "Your Honor", criada por Peter Moffat (de "A Grande Entrevista") e lançada em 2020 pela Showtime, era para ser uma minissérie, mas graças a sua narrativa envolvente, o sucesso foi tão grande que acabou virando série - e funcionou demais! O fato é que aqui temos um drama com fortes elementos de suspense (psicológico) que mergulha nas profundezas da moralidade, da ética e das complexas dinâmicas de poder. Estrelada por Bryan Cranston (o inesquecível Walter White), "Your Honor" explora com muita inteligência o quão longe uma pessoa está disposta a ir para proteger alguém que ama, especialmente quando o dever e a justiça entram em conflito direto com os laços familiares. Com uma narrativa tensa na sua essência e performances bastante impactantes, "Your Honor" vai te fisgar com a mais absoluta certeza!
A série, basicamente, segue Michael Desiato (Bryan Cranston), um respeitado juiz de Nova Orleans, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando seu filho adolescente, Adam (Hunter Doohan), se envolve em um acidente que resulta na morte de um jovem. O dilema moral de Michael começa quando ele descobre que a vítima é o filho de um perigoso chefe do crime, Jimmy Baxter (Michael Stuhlbarg). Enfrentando uma escolha impossível entre entregar seu filho à justiça ou protegê-lo a qualquer custo, Michael se vê descendo em uma espiral de mentiras, manipulações e decisões que desafiam todos os princípios que ele sempre defendeu. Confira o trailer:
Peter Moffat, conhecido por seu trabalho em dramas jurídicos como "Criminal Justice" (que inclusive inspirou o inesquecível "The Night Of" da HBO), traz novamente para tela uma abordagem introspectiva e sombria das mais incômodas! "Your Honor" não é apenas um thriller investigativo, mas sim um estudo sensível das escolhas que fazemos sob pressão e suas complicadas consequências. É impressionante como Moffat constrói a narrativa de maneira meticulosa, tecendo uma rede de dilemas morais (carregadas de decepções) que se desdobram em um ritmo crescente que soa insuportável! Veja, como em "The Night Of" , a série é marcada por um senso constante de tensão e inevitabilidade, com cada decisão levando a outra situação ainda mais complexa - a sensação de que "vai dar m..." é quase insuportável! A direção, liderada por nomes como Edward Berger (de "Nada de Novo no Front") e Clark Johnson (de "Bosch"), sabe disso, então utiliza um conceito narrativo e visual que enfatiza esse ambiente mais opressor de Nova Orleans - como em "Ozark", a atmosfera é fria, refletindo o desespero e a tensão emocional contínua dos personagens. Essas escolhas ajudam a criar uma dinâmica sufocante, onde as paredes parecem se fechar ao redor de Michael à medida que suas ações o colocam em uma posição cada vez mais insustentável.
Bryan Cranston, que já demonstrou seu talento em papéis moralmente ambíguos como em "Breaking Bad", captura com perfeição a dualidade de um homem dividido entre seu papel de juiz imparcial e suas responsabilidades como pai desesperado. Sua atuação é carregada de detalhes, transmitindo o peso das decisões que Michael toma, mesmo quando ele sabe que estão erradas. Hunter Doohan, como Adam, também entrega uma performance sólida, retratando a fragilidade e o medo de um jovem que cometeu um erro trágico e irresponsável - você vai se irritar com ele. Te garanto! Já Michael Stuhlbarg, como Jimmy Baxter, é um antagonista exemplar. Ele traz uma intensidade controlada ao personagem, fazendo de Baxter uma figura ameaçadora, mas também profundamente humana - o que contribui significativamente para a complexidade que a narrativa se propõe a construir. Em "Your Honor" nada é simples!
"Your Honor" é uma exploração poderosa e emocionalmente carregada de como o poder, o medo e o amor paternal podem levar uma pessoa a cruzar linhas que nunca imaginou atravessar - é impossível não se pegar pensando sobre decisão tomaria em uma determinada situação! A série parte desse principio: questionar o significado de ser justo perante o imponderável e até onde um pai estaria disposto a ir para proteger seu filho, mesmo sabendo que o preço a se pagar pode ser caro demais!
Envolvente e provocativa, "Your Honor" vale muito o seu play, mas esteja preparado para perder o fôlego como poucas vezes você experienciou!
Se você está procurando uma jornada realmente angustiante e que vai te tirar completamente da zona de conforto, você está no review certo! "Your Honor", criada por Peter Moffat (de "A Grande Entrevista") e lançada em 2020 pela Showtime, era para ser uma minissérie, mas graças a sua narrativa envolvente, o sucesso foi tão grande que acabou virando série - e funcionou demais! O fato é que aqui temos um drama com fortes elementos de suspense (psicológico) que mergulha nas profundezas da moralidade, da ética e das complexas dinâmicas de poder. Estrelada por Bryan Cranston (o inesquecível Walter White), "Your Honor" explora com muita inteligência o quão longe uma pessoa está disposta a ir para proteger alguém que ama, especialmente quando o dever e a justiça entram em conflito direto com os laços familiares. Com uma narrativa tensa na sua essência e performances bastante impactantes, "Your Honor" vai te fisgar com a mais absoluta certeza!
A série, basicamente, segue Michael Desiato (Bryan Cranston), um respeitado juiz de Nova Orleans, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando seu filho adolescente, Adam (Hunter Doohan), se envolve em um acidente que resulta na morte de um jovem. O dilema moral de Michael começa quando ele descobre que a vítima é o filho de um perigoso chefe do crime, Jimmy Baxter (Michael Stuhlbarg). Enfrentando uma escolha impossível entre entregar seu filho à justiça ou protegê-lo a qualquer custo, Michael se vê descendo em uma espiral de mentiras, manipulações e decisões que desafiam todos os princípios que ele sempre defendeu. Confira o trailer:
Peter Moffat, conhecido por seu trabalho em dramas jurídicos como "Criminal Justice" (que inclusive inspirou o inesquecível "The Night Of" da HBO), traz novamente para tela uma abordagem introspectiva e sombria das mais incômodas! "Your Honor" não é apenas um thriller investigativo, mas sim um estudo sensível das escolhas que fazemos sob pressão e suas complicadas consequências. É impressionante como Moffat constrói a narrativa de maneira meticulosa, tecendo uma rede de dilemas morais (carregadas de decepções) que se desdobram em um ritmo crescente que soa insuportável! Veja, como em "The Night Of" , a série é marcada por um senso constante de tensão e inevitabilidade, com cada decisão levando a outra situação ainda mais complexa - a sensação de que "vai dar m..." é quase insuportável! A direção, liderada por nomes como Edward Berger (de "Nada de Novo no Front") e Clark Johnson (de "Bosch"), sabe disso, então utiliza um conceito narrativo e visual que enfatiza esse ambiente mais opressor de Nova Orleans - como em "Ozark", a atmosfera é fria, refletindo o desespero e a tensão emocional contínua dos personagens. Essas escolhas ajudam a criar uma dinâmica sufocante, onde as paredes parecem se fechar ao redor de Michael à medida que suas ações o colocam em uma posição cada vez mais insustentável.
Bryan Cranston, que já demonstrou seu talento em papéis moralmente ambíguos como em "Breaking Bad", captura com perfeição a dualidade de um homem dividido entre seu papel de juiz imparcial e suas responsabilidades como pai desesperado. Sua atuação é carregada de detalhes, transmitindo o peso das decisões que Michael toma, mesmo quando ele sabe que estão erradas. Hunter Doohan, como Adam, também entrega uma performance sólida, retratando a fragilidade e o medo de um jovem que cometeu um erro trágico e irresponsável - você vai se irritar com ele. Te garanto! Já Michael Stuhlbarg, como Jimmy Baxter, é um antagonista exemplar. Ele traz uma intensidade controlada ao personagem, fazendo de Baxter uma figura ameaçadora, mas também profundamente humana - o que contribui significativamente para a complexidade que a narrativa se propõe a construir. Em "Your Honor" nada é simples!
"Your Honor" é uma exploração poderosa e emocionalmente carregada de como o poder, o medo e o amor paternal podem levar uma pessoa a cruzar linhas que nunca imaginou atravessar - é impossível não se pegar pensando sobre decisão tomaria em uma determinada situação! A série parte desse principio: questionar o significado de ser justo perante o imponderável e até onde um pai estaria disposto a ir para proteger seu filho, mesmo sabendo que o preço a se pagar pode ser caro demais!
Envolvente e provocativa, "Your Honor" vale muito o seu play, mas esteja preparado para perder o fôlego como poucas vezes você experienciou!